Consolidação
O mercado do café esta semana teve uma variação entre uma mínima de 237,20 e uma máxima de 247,35 cents de dólar por libra peso.
Um mercado com muita volatilidade e difícil de trabalhar durante a semana.
No mercado físico o que tem se notado que as grandes casas não estão mostrando interesse de fazer grandes aquisições, comprando da Mao para boca e os produtores por sua vez também não querendo fazer grandes vendas acreditando que o mercado pode ser melhor começam um jogo de gato e rato onde o vendedor tem que vender e comprador têm que comprar, ou seja, sem grandes ganhadores.
Para o produtor o mercado ainda se mostra com bom retorno financeiro mesmo o mercado tendo feito uma correção grande desde maio de 2011, o que o produtor sempre tem que levar em consideração.
No campo da macro economia uma semana e um fim de semana agitado onde o olho do mundo inteiro se volta para Washington D.C, qual será o acordo firmado para que os EUA possam pagar o cartão de credito com o cheque especial e qual será a taxa de juro que pagara para o mercado. Com uma divida humanamente impagável a pergunta não seria se teremos default ou calote, mas sim quando ele virá, pois a divida realmente não tem solução, espero que já tenha partido desta para uma melhor quando isto acontecer não gostaria de viver este momento tenso.
Mesmo em caso de não termos acordo imediato entre os poderosos do mundo não acredito em calote, mas um simples rebaixamento pelas agencias de rating da nota dos EUA seria um desastre. Os grandes fundos que são o que dão sustentação a todas as bolsas do mundo inclusive a do café, e os maiores detentores dos títulos americanos, usam os títulos do governo como garantia e margem para manter suas posições nas bolsas, ou seja, suas garantias não teriam mais o mesmo valor e teriam que se desfazer de uma fez de suas posições, pois as garantias não mais valeriam, portanto seria um grande colapso nas bolsas, não teria dinheiro nem investidores necessários para comprar tudo que estaria à venda, realmente o fim do mundo.
Com todos estes problemas o café se resistiu bem na semana e mesmo fazendo novo fundo o mercado não se mostrou vendedor e na Sexta feira fechou com pequenos ganhos, ao contrário de outras commodities que fecharam com grandes baixas, pode querer dizer que um pull back até as medias não estaria descartado e vamos prestar atenção neste aspecto, pois poderemos ter um trade na ponta compradora, temos indicadores como MACD estocástico e IFR dando reforço a esta teoria, o trade na ponta vendedora foi desfeito na sexta ultima e nova posição será feita na compra se romper com volume 244,00 ou venda se romper 237,20 com volume, o momento é de assistir os poderosos tomar suas decisões, mas se mercado fizer esta correção para as medias teremos alvo para 255,00 na Ice, e o produtor que esta afastado das vendas deveria abrir suas baterias e realizar algum café com preços melhores. O final do contrato de setembro, o contrato mais liquido da bolsa, tem como data base dia 23 agosto de 2011, data onde os participantes do mercado recebem a intimação se vão entregar a mercadoria ou se desfazer das posições, e as opções para 12 de agosto. Estas posições já estão adiantadas e deveremos ter um rali depois de que as posições sejam trocadas, e os últimos ralis que tivemos para o fechamento do contrato de maio e julho foram para baixo e saímos de 311,00 para o fundo desta semana em 317,20, portanto se tivermos esta correção pode realmente ser uma boa fixar alguma coisa de café.
Os fundos segundo a CFTC diluíram suas posições segundo seu ultimo relatório que sai todas as sextas feiras, diminuíram em 2.016 lotes tendo agora 6.781 lotes comprados o que é muito baixo para um rali para cima, vamos ficar atentos.
Uma boa semana a todos e bons negócios.
Wagner Pimentel
WWW.cafezinhocomamigos.blogspot.com
domingo, 31 de julho de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
Café sobe na ICE, mas sem consistência para testar resistências
Café sobe na ICE, mas sem consistência para testar resistências
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta sexta-feira com ganhos ligeiros, em uma sessão calma, que se diferenciou consideravelmente da volatilidade registrada ao longo dos últimos dias. Uma tentativa inicial de se tentar derrubar os preços foi verificada, mas não teve prosseguimento. Com isso, especuladores passaram a comprar e cobrir posições, acompanhados, em menor grau, de indústrias de torrefação, o que deu espaço para uma evolução dos preços. No entanto, da mesma forma que observado recentemente, em uma tentativa de reação do mercado, os ganhos foram consideravelmente limitados, com resistências básicas sendo preservadas e com a posição setembro, ao final do dia, não conseguindo nem sequer se posicionar acima do nível psicológico de 240,00 centavos por libra. Operadores ressaltaram que o mercado apenas "corrigiu algumas rotas" no dia, sendo que muitos continuam a trabalhar com cenários baixistas. Fundamentalmente, o dia foi caracterizado por falta de novidades, com a questão climática do Brasil tendo cada vez menos força na agenda dos operadores. O mercado externo manteve o clima tenso. As bolsas de valores recuaram, ainda que com uma intensidade menor que a observada na quinta-feira, assim como várias commodities experimentaram perdas, refletindo as incertezas sobre um possível calote dos Estados Unidos, o que poderia ser um balde de água gelada na caminhada dos mercados na tentativa de recuperação econômica após a crise de 2008/2009. No encerramento do dia, o setembro em Nova Iorque teve alta de 90 pontos com 239,55 centavos, sendo a máxima em 242,40 e a mínima em 238,30 centavos por libra, com o dezembro registrando oscilação positiva de 60 pontos, com a libra a 243,60 centavos, sendo a máxima em 246,50 e a mínima em 242,55 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição setembro registrou alta de 8 dólares, com 2.092 dólares por tonelada, com o novembro tendo valorização de 9 dólares, com 2.125 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, os bearish (baixistas) não conseguiram testar a mínima da sessão anterior, em 237,20 centavos. Diante dessa falta de prosseguimento da atividade de liquidação, algumas recompras passaram a ser processadas, o que permtitiu alguns ganhos. Acima dos 240,00 centavos, no entanto, o setembro voltou a sofrer com os vendedores, o que culminou em um fechamento tímido. Graficamente, apontam os analistas, o mercado mantém o perfil baixistas. "Apesar de conseguirmos operar sem seguir a tendência externa, o comportamento do dia não foi dos mais animadores. Não se manter acima dos 240,00 é um indicativo que ainda sofremos com a ação dos baixistas, que se mantêm fortalecidos", disse um trader. “Com mais recuo nas cotações do café nas bolsas de futuro, o mercado físico brasileiro de café se retraiu e foram esporádicos os negócios fechados. Só vendeu quem precisou de dinheiro rápido para fazer frente às despesas de colheita e de final de mês. Os cafeicultores em sua maioria estão com as atenções voltadas para os trabalhos de colheita e benefício, começando a entregar lotes vendidos antecipadamente, no final do ano passado e no início deste ano. Se do lado da economia as incertezas são muitas, nos fundamentos as informações que chegam apontam para um quadro de solidez, apesar de algumas análises que insistem em enxergar normalização da situação a partir de uma grande florada no Brasil em setembro", apontou o Escritório Carvalhaes, em seu comentário semanal. As exportações de café do Brasil em julho, até o dia 28, somaram 1.747.270 sacas, contra 1.413.289 sacas registradas no mesmo período de junho, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 3.396 sacas indo para 1.534.713 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 16.601 lotes, com as opções tendo 2.273 calls e 4.264 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 242,40-242,50, 243,00, 243,50, 244,00, 244,50-244,60, 245,00, 245,30, 245,50, 246,00, 246,50, 247,00, 247,35, 247,50, 248,00, 248,50, 249,00 e 249,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 238,30, 238,00, 237,50, 237,20, 237,00, 236,50, 236,00, 235,50, 235,10-235,00, 234,50, 234,00, 233,50, 233,00, 232,50 e 232,00 centavos por libra.
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta sexta-feira com ganhos ligeiros, em uma sessão calma, que se diferenciou consideravelmente da volatilidade registrada ao longo dos últimos dias. Uma tentativa inicial de se tentar derrubar os preços foi verificada, mas não teve prosseguimento. Com isso, especuladores passaram a comprar e cobrir posições, acompanhados, em menor grau, de indústrias de torrefação, o que deu espaço para uma evolução dos preços. No entanto, da mesma forma que observado recentemente, em uma tentativa de reação do mercado, os ganhos foram consideravelmente limitados, com resistências básicas sendo preservadas e com a posição setembro, ao final do dia, não conseguindo nem sequer se posicionar acima do nível psicológico de 240,00 centavos por libra. Operadores ressaltaram que o mercado apenas "corrigiu algumas rotas" no dia, sendo que muitos continuam a trabalhar com cenários baixistas. Fundamentalmente, o dia foi caracterizado por falta de novidades, com a questão climática do Brasil tendo cada vez menos força na agenda dos operadores. O mercado externo manteve o clima tenso. As bolsas de valores recuaram, ainda que com uma intensidade menor que a observada na quinta-feira, assim como várias commodities experimentaram perdas, refletindo as incertezas sobre um possível calote dos Estados Unidos, o que poderia ser um balde de água gelada na caminhada dos mercados na tentativa de recuperação econômica após a crise de 2008/2009. No encerramento do dia, o setembro em Nova Iorque teve alta de 90 pontos com 239,55 centavos, sendo a máxima em 242,40 e a mínima em 238,30 centavos por libra, com o dezembro registrando oscilação positiva de 60 pontos, com a libra a 243,60 centavos, sendo a máxima em 246,50 e a mínima em 242,55 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição setembro registrou alta de 8 dólares, com 2.092 dólares por tonelada, com o novembro tendo valorização de 9 dólares, com 2.125 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, os bearish (baixistas) não conseguiram testar a mínima da sessão anterior, em 237,20 centavos. Diante dessa falta de prosseguimento da atividade de liquidação, algumas recompras passaram a ser processadas, o que permtitiu alguns ganhos. Acima dos 240,00 centavos, no entanto, o setembro voltou a sofrer com os vendedores, o que culminou em um fechamento tímido. Graficamente, apontam os analistas, o mercado mantém o perfil baixistas. "Apesar de conseguirmos operar sem seguir a tendência externa, o comportamento do dia não foi dos mais animadores. Não se manter acima dos 240,00 é um indicativo que ainda sofremos com a ação dos baixistas, que se mantêm fortalecidos", disse um trader. “Com mais recuo nas cotações do café nas bolsas de futuro, o mercado físico brasileiro de café se retraiu e foram esporádicos os negócios fechados. Só vendeu quem precisou de dinheiro rápido para fazer frente às despesas de colheita e de final de mês. Os cafeicultores em sua maioria estão com as atenções voltadas para os trabalhos de colheita e benefício, começando a entregar lotes vendidos antecipadamente, no final do ano passado e no início deste ano. Se do lado da economia as incertezas são muitas, nos fundamentos as informações que chegam apontam para um quadro de solidez, apesar de algumas análises que insistem em enxergar normalização da situação a partir de uma grande florada no Brasil em setembro", apontou o Escritório Carvalhaes, em seu comentário semanal. As exportações de café do Brasil em julho, até o dia 28, somaram 1.747.270 sacas, contra 1.413.289 sacas registradas no mesmo período de junho, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 3.396 sacas indo para 1.534.713 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 16.601 lotes, com as opções tendo 2.273 calls e 4.264 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 242,40-242,50, 243,00, 243,50, 244,00, 244,50-244,60, 245,00, 245,30, 245,50, 246,00, 246,50, 247,00, 247,35, 247,50, 248,00, 248,50, 249,00 e 249,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 238,30, 238,00, 237,50, 237,20, 237,00, 236,50, 236,00, 235,50, 235,10-235,00, 234,50, 234,00, 233,50, 233,00, 232,50 e 232,00 centavos por libra.
A Magia dos Mercados.
A Magia dos Mercados.
Os mercados financeiros e de futuros possuem uma atração natural, onde muitas pessoas são atraídas para estes mercados a procura de fortuna. Como existem historias fantásticas de pessoas que fizeram verdadeiras fortunas nestes mercados o fascínio é geral.
Para entrar neste mercado precisa se de ter algum conhecimento e o conhecimento que vou descrever agora eu chamo de a magia dos mercados e ou a magia dos movimentos.
A razão áurea ou a proporção áurea, chamado de o numero de ouro é uma constante matemática denotada pela letra grega phi, ou o numero de phi.
Este numero extraído da seqüência de Fibonacci, seqüência apresentada ao mundo pelo matemático italiano Leonardo Fibonacci no ano de 1.202 e atualizado em 1.254, nos traz a seqüência numérica de 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233,..., assim por diante a seqüência consiste em somar sempre os dois últimos números para encontrar o próximo.
Dentro desta seqüência encontra se uma Constancia onde a divisão do numero maior pelo menor encontraremos sempre o mesmo numero e a divisão do menor pelo maior também o mesmo numero, o numero de phi e o phizinho. O phi numero maior é encontrado em tudo que possui uma relação de crescimento , o universo, a concha do caracol, as sementes do girassol,as ondas do mar, no corpo humano, no DNA das células em tudo que temos movimentos e crescimento possui a razão ou proporção áurea .
A magia dos movimentos no mercado financeiro se baseia na constante movimentação dos mercados financeiros como uma leitura pratica de alvos e tamanhos dos movimentos.
Junta se a isso as ondas Elliot, mas não em sua integralidade, pois a teoria de Elliot por sua grande quantidade de exceções se torna ambígua em alguns de seus entendimentos, mas a teoria dos fractais cinco, três é perfeita em sua criação e esta contida dentro da seqüência de Fibonacci trazendo uma tradução mais simplificada das ondas e dos movimentos dos mercados.
A magia dos mercados consiste em achar a proporção dos movimentos de cada ativo e notar que os movimentos têm uma mesma proporção de tamanho, mas não a mesma seqüência.
Em uma retração de Fibonacci de um determinado ativo, ferramenta muita usada por operadores para analise técnica dos mercados e na procura dos alvos. Na retração de um ativo, portanto esta a solução dos problemas dos operadores em geral, uma retração que sairia de 0 chegando em 100%%, temos a subtração de 100% por phizinho ou 0, 618 e encontramos 0,382% estes seriam os tamanhos dos movimentos.
Sabendo que a proporção perfeita da seqüência de Fibonacci ficaria até o numero 8, vamos batizar os movimentos, chamado aqui de movimentos mágicos do mercado por 0, 382% de
Movimento de 3,o movimento de 5 é o movimento do meio o que seria 0,618% e perfeito seria o movimento de 8 , o que seria dentro de um ativo a retração completa de um determinado ativo em 100%, portanto assim temos os movimentos de 3 de 5 e de 8.
A função de se estudar os movimentos do mercado seria de tentar encontrar os alvos dos mercados e dos ativos, dando uma entrada mais coesa com risco menor e um risco ganho maior o mais interessante de tudo, portanto ao identificarmos os movimentos de um ativo, não precisamos sair correndo atrás do mercado, saberemos onde o mercado fará uma parada para continuar o movimento ou onde ele ira montara padrão de inversão do movimento dando assim uma oportunidade de compra ou venda no ativo.
Nunca se sabe qual seria o tamanho do movimento de alta ou de baixa, mas se soubermos o tamanho do movimento sabemos que o menor tamanho do movimento seria o movimento de3 e ao terminar este movimento já ficaríamos preparados para saída do ativo ou a permanência nele e se tivermos fora a entrada, assim temos mais segurança na operação e na colocação dos stops.
O movimento 3, de 5 ou de 8 não existe uma seqüência, o mercado pode fazer um movimento de 3 e de depois outro de 3, ou um movimento de 5 depois outro de 3, e ate fazer um de oito se o mercado estiver muito agressivo o que tem que se entender, que o menor seria o movimento de três que esta contido nos outros dois tamanhos de movimento e ver a seqüência do mercado.
A teoria de Dow Jones conhecida como teoria de topos e fundos nos ajuda também a identificar os movimentos, portanto em uma tendência de alta temos topos e fundos ascendentes e numa tendência de baixa temos topos e fundos descendentes, podemos assim ao localizar a magia dos movimentos encontrarem facilmente seus alvos.
Nos movimentos temos valores diferentes para os diferentes tempos gráficos, mas todos fazem parte de uma mesma seqüência, no intraday temos um tamanho de movimento e no diário teremos outro tamanho de movimento, onde daremos alguns exemplos.
A falha do set up existe? Sim existe, mas também temos como prever dentro do movimento onde seria a falha. A falha ficaria em 70% do tamanho do movimento, portanto ao identificarmos um movimento sabemos que o menor tamanho seria o tamanho 3 com falha em 70%.
Neste ponto entra as ondas de Elliot, ao saber que a quinta onda é a onda temos uma maior probabilidade de falha neste ponto esperaremos também um movimento falho em 70%.
Outra ferramenta importante para identificar o movimento é o estudo de candlestick, pois ao encontrarmos uma candle de reversão podemos esperar um movimento pré determinado.
A expansão dos movimentos também existe onde ele pode ultrapassar em 30% o seu tamanho, mas quando um movimento ultrapassa seu tamanho costuma voltar par pedir bênção para o movimento original, exemplo se temos um movimento de tamanho 3 de R$1,00 existe a possibilidade de falha em 0,70 centavos e sua expansão em R$1,30.
Em um exemplo pratico vamos pegar um ativo que muitos conhecem a empresa Vale do Rio Doce, onde seu símbolo na Bovespa seria vale5.
No intraday temos a vale 5 em um gráfico de 15 minutos como seus movimentos do tamanho 3 em 0,21 centavos de real, o movimento de 5 em 0,40 centavos e o movimento de 8 a soma dos dois que seria 0,61 centavos de real, tendo a falha em 70% do seu tamanho e sua expansão em 30%, este movimento você encontra sempre neste ativo, se procurar encontrara este valores ano passado, na crise, no pós crise, na tendência de alta ou de baixa, quando um movimento começa podemos esperar o tamanho dele. No mini índice temos como em todos os ativos também temos os movimentos pré determinados, movimento menor determinado de movimento de 3 no gráfico intraday de 5 minutos seria, de 400 pontos, o movimento de 5 o tamanho de 600 pontos e o movimento macro de 8 em 1.000 pontos, também com sua falha em 70% deste tamanho e sua extensão em 30% .
A clareza dos movimentos após identificados fará com o operador entre em uma operação com muito mais segurança e lucratividade. A saída de um movimento de consolidação também fica mais rápida e pratica o lado que romper sabemos o tamanho do movimento e temos um stop curto e mais barato, também temos a oportunidade de compra em um fundo ou a venda de um topo, fica tudo mais fácil a operação.
A Magia dos movimentos, porque magia, porque os movimentos serão sempre pré- determinados e do mesmo tamanho, e após identificá-los vamos sempre encontrá-los e lucrar com eles.
Wagner Pimentel
WWW.cafezinhocomamigos.blogspot.com
Os mercados financeiros e de futuros possuem uma atração natural, onde muitas pessoas são atraídas para estes mercados a procura de fortuna. Como existem historias fantásticas de pessoas que fizeram verdadeiras fortunas nestes mercados o fascínio é geral.
Para entrar neste mercado precisa se de ter algum conhecimento e o conhecimento que vou descrever agora eu chamo de a magia dos mercados e ou a magia dos movimentos.
A razão áurea ou a proporção áurea, chamado de o numero de ouro é uma constante matemática denotada pela letra grega phi, ou o numero de phi.
Este numero extraído da seqüência de Fibonacci, seqüência apresentada ao mundo pelo matemático italiano Leonardo Fibonacci no ano de 1.202 e atualizado em 1.254, nos traz a seqüência numérica de 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233,..., assim por diante a seqüência consiste em somar sempre os dois últimos números para encontrar o próximo.
Dentro desta seqüência encontra se uma Constancia onde a divisão do numero maior pelo menor encontraremos sempre o mesmo numero e a divisão do menor pelo maior também o mesmo numero, o numero de phi e o phizinho. O phi numero maior é encontrado em tudo que possui uma relação de crescimento , o universo, a concha do caracol, as sementes do girassol,as ondas do mar, no corpo humano, no DNA das células em tudo que temos movimentos e crescimento possui a razão ou proporção áurea .
A magia dos movimentos no mercado financeiro se baseia na constante movimentação dos mercados financeiros como uma leitura pratica de alvos e tamanhos dos movimentos.
Junta se a isso as ondas Elliot, mas não em sua integralidade, pois a teoria de Elliot por sua grande quantidade de exceções se torna ambígua em alguns de seus entendimentos, mas a teoria dos fractais cinco, três é perfeita em sua criação e esta contida dentro da seqüência de Fibonacci trazendo uma tradução mais simplificada das ondas e dos movimentos dos mercados.
A magia dos mercados consiste em achar a proporção dos movimentos de cada ativo e notar que os movimentos têm uma mesma proporção de tamanho, mas não a mesma seqüência.
Em uma retração de Fibonacci de um determinado ativo, ferramenta muita usada por operadores para analise técnica dos mercados e na procura dos alvos. Na retração de um ativo, portanto esta a solução dos problemas dos operadores em geral, uma retração que sairia de 0 chegando em 100%%, temos a subtração de 100% por phizinho ou 0, 618 e encontramos 0,382% estes seriam os tamanhos dos movimentos.
Sabendo que a proporção perfeita da seqüência de Fibonacci ficaria até o numero 8, vamos batizar os movimentos, chamado aqui de movimentos mágicos do mercado por 0, 382% de
Movimento de 3,o movimento de 5 é o movimento do meio o que seria 0,618% e perfeito seria o movimento de 8 , o que seria dentro de um ativo a retração completa de um determinado ativo em 100%, portanto assim temos os movimentos de 3 de 5 e de 8.
A função de se estudar os movimentos do mercado seria de tentar encontrar os alvos dos mercados e dos ativos, dando uma entrada mais coesa com risco menor e um risco ganho maior o mais interessante de tudo, portanto ao identificarmos os movimentos de um ativo, não precisamos sair correndo atrás do mercado, saberemos onde o mercado fará uma parada para continuar o movimento ou onde ele ira montara padrão de inversão do movimento dando assim uma oportunidade de compra ou venda no ativo.
Nunca se sabe qual seria o tamanho do movimento de alta ou de baixa, mas se soubermos o tamanho do movimento sabemos que o menor tamanho do movimento seria o movimento de3 e ao terminar este movimento já ficaríamos preparados para saída do ativo ou a permanência nele e se tivermos fora a entrada, assim temos mais segurança na operação e na colocação dos stops.
O movimento 3, de 5 ou de 8 não existe uma seqüência, o mercado pode fazer um movimento de 3 e de depois outro de 3, ou um movimento de 5 depois outro de 3, e ate fazer um de oito se o mercado estiver muito agressivo o que tem que se entender, que o menor seria o movimento de três que esta contido nos outros dois tamanhos de movimento e ver a seqüência do mercado.
A teoria de Dow Jones conhecida como teoria de topos e fundos nos ajuda também a identificar os movimentos, portanto em uma tendência de alta temos topos e fundos ascendentes e numa tendência de baixa temos topos e fundos descendentes, podemos assim ao localizar a magia dos movimentos encontrarem facilmente seus alvos.
Nos movimentos temos valores diferentes para os diferentes tempos gráficos, mas todos fazem parte de uma mesma seqüência, no intraday temos um tamanho de movimento e no diário teremos outro tamanho de movimento, onde daremos alguns exemplos.
A falha do set up existe? Sim existe, mas também temos como prever dentro do movimento onde seria a falha. A falha ficaria em 70% do tamanho do movimento, portanto ao identificarmos um movimento sabemos que o menor tamanho seria o tamanho 3 com falha em 70%.
Neste ponto entra as ondas de Elliot, ao saber que a quinta onda é a onda temos uma maior probabilidade de falha neste ponto esperaremos também um movimento falho em 70%.
Outra ferramenta importante para identificar o movimento é o estudo de candlestick, pois ao encontrarmos uma candle de reversão podemos esperar um movimento pré determinado.
A expansão dos movimentos também existe onde ele pode ultrapassar em 30% o seu tamanho, mas quando um movimento ultrapassa seu tamanho costuma voltar par pedir bênção para o movimento original, exemplo se temos um movimento de tamanho 3 de R$1,00 existe a possibilidade de falha em 0,70 centavos e sua expansão em R$1,30.
Em um exemplo pratico vamos pegar um ativo que muitos conhecem a empresa Vale do Rio Doce, onde seu símbolo na Bovespa seria vale5.
No intraday temos a vale 5 em um gráfico de 15 minutos como seus movimentos do tamanho 3 em 0,21 centavos de real, o movimento de 5 em 0,40 centavos e o movimento de 8 a soma dos dois que seria 0,61 centavos de real, tendo a falha em 70% do seu tamanho e sua expansão em 30%, este movimento você encontra sempre neste ativo, se procurar encontrara este valores ano passado, na crise, no pós crise, na tendência de alta ou de baixa, quando um movimento começa podemos esperar o tamanho dele. No mini índice temos como em todos os ativos também temos os movimentos pré determinados, movimento menor determinado de movimento de 3 no gráfico intraday de 5 minutos seria, de 400 pontos, o movimento de 5 o tamanho de 600 pontos e o movimento macro de 8 em 1.000 pontos, também com sua falha em 70% deste tamanho e sua extensão em 30% .
A clareza dos movimentos após identificados fará com o operador entre em uma operação com muito mais segurança e lucratividade. A saída de um movimento de consolidação também fica mais rápida e pratica o lado que romper sabemos o tamanho do movimento e temos um stop curto e mais barato, também temos a oportunidade de compra em um fundo ou a venda de um topo, fica tudo mais fácil a operação.
A Magia dos movimentos, porque magia, porque os movimentos serão sempre pré- determinados e do mesmo tamanho, e após identificá-los vamos sempre encontrá-los e lucrar com eles.
Wagner Pimentel
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sexta-feira, 29 de julho de 2011
Grão miúdo amplia queda na safra de café
Grão miúdo amplia queda na safra de café
Cooperativas dizem que quebra da safra chega a 35% na região, o que encarece o preço da saca de 60 quilosSituação faz commodity atingir preço recorde neste ano; saca do café foi comercializada ontem a R$ 443,73 A colheita de café arábica está rendendo menos que o esperado em cidades da região de Ribeirão e em lavouras de Minas Gerais e Espírito Santo. O motivo é o tamanho do grão, menor que a média.Segundo as cooperativas de cafeicultores, os produtores estão deixando de lucrar com a commodity, que atingiu neste ano o recorde em sua cotação -R$ 555,19 a saca, no início de maio.A produção "encolheu" porque, com grãos miúdos, é preciso mais café para preencher uma saca de 60 kg. Isso fez com que, na Alta Mogiana, a quebra chegasse a 30%, além da já prevista pela bienalidade da cultura -um ano produz muito e, em outro, pouco. O tipo arábica é o predominante na região.Segundo a Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas), que representa produtores de 25 municípios de São Paulo e Minas Gerais, na atual safra, de 20% a 25% dos grãos estão graúdos, enquanto em 2010 a safra colhida na região rendeu até 35% de grãos de melhor qualidade.De acordo com Airton Costa, gestor em comercialização e degustação da Cocapec, faltou chuva no período de enchimento e maturação do grão, que começou em novembro de 2010 e seguiu até março deste ano.O mesmo acontece com os produtores da Cooparaíso, que abrange 37 cidades de Minas Gerais, 14 do Espírito Santo e sete de São Paulo.De acordo com Rogério Araújo, diretor de assistência técnica da cooperativa, a redução nesta safra foi de 35% sobre o esperado para a baixa produção da bienalidade.Segundo ele, hoje são necessários 600 litros do café em coco para fazer uma saca de 60 kg. "No ano passado, esse número era de 480 a 500 litros para o mesmo peso."Embora o recorde de preço tenha sido atingido em maio, ontem a saca chegou a R$ 443,73, ainda acima do preço de um ano atrás (R$ 305,78), segundo o Cepea, da USP.
Cooperativas dizem que quebra da safra chega a 35% na região, o que encarece o preço da saca de 60 quilosSituação faz commodity atingir preço recorde neste ano; saca do café foi comercializada ontem a R$ 443,73 A colheita de café arábica está rendendo menos que o esperado em cidades da região de Ribeirão e em lavouras de Minas Gerais e Espírito Santo. O motivo é o tamanho do grão, menor que a média.Segundo as cooperativas de cafeicultores, os produtores estão deixando de lucrar com a commodity, que atingiu neste ano o recorde em sua cotação -R$ 555,19 a saca, no início de maio.A produção "encolheu" porque, com grãos miúdos, é preciso mais café para preencher uma saca de 60 kg. Isso fez com que, na Alta Mogiana, a quebra chegasse a 30%, além da já prevista pela bienalidade da cultura -um ano produz muito e, em outro, pouco. O tipo arábica é o predominante na região.Segundo a Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas), que representa produtores de 25 municípios de São Paulo e Minas Gerais, na atual safra, de 20% a 25% dos grãos estão graúdos, enquanto em 2010 a safra colhida na região rendeu até 35% de grãos de melhor qualidade.De acordo com Airton Costa, gestor em comercialização e degustação da Cocapec, faltou chuva no período de enchimento e maturação do grão, que começou em novembro de 2010 e seguiu até março deste ano.O mesmo acontece com os produtores da Cooparaíso, que abrange 37 cidades de Minas Gerais, 14 do Espírito Santo e sete de São Paulo.De acordo com Rogério Araújo, diretor de assistência técnica da cooperativa, a redução nesta safra foi de 35% sobre o esperado para a baixa produção da bienalidade.Segundo ele, hoje são necessários 600 litros do café em coco para fazer uma saca de 60 kg. "No ano passado, esse número era de 480 a 500 litros para o mesmo peso."Embora o recorde de preço tenha sido atingido em maio, ontem a saca chegou a R$ 443,73, ainda acima do preço de um ano atrás (R$ 305,78), segundo o Cepea, da USP.
Plano de emergência dos EUA deve priorizar pagar dívida
Plano de emergência dos EUA deve priorizar pagar dívida
O Tesouro dos EUA vai priorizar o pagamento de juros aos detentores de títulos governamentais no vencimento, caso o Congresso não chegue a acordo para elevar o teto de endividamento do país, segundo uma fonte do governo. A autoridade não quis ser identificada pois ainda não há anúncio oficial.O Tesouro informou que cerca de US$ 90 bilhões em dívidas vencem em 4 de agosto e mais de US$ 30 bilhões em juros vencem em 15 de agosto. No total, mais de US$ 500 bilhões vencem em agosto.Os US$ 90 bilhões em notas do Tesouro de seis meses, com vencimento em 4 de agosto, reduziram as perdas, após os comentários. Autoridades do governo Obama falarão hoje publicamente, apenas depois do fechamento dos mercados, sobre as prioridades para pagar as notas do Tesouro do país, caso o limite de US$ 14,3 trilhões não seja elevado, segundo um representante do Partido Democrata havia dito anteriormente."O anúncio é reconfortante, mas não há realmente alternativa a [não ser] privilegiar os detentores de bônus", disse Christian Cooper, chefe de negociação de derivativos em dólar do Jefferies Group, em Nova York, que como um dos 20 "dealers" primários é obrigado a apresentar ofertas nos lançamentos do Tesouro. "A alternativa indicaria uma inadimplência."O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, disse reiteradamente que a autoridade do governo para captar acabará em 2 de agosto, a menos que o Congresso eleve o teto de endividamento. Republicanos e democratas não conseguem chegar a acordo sobre a elevação do teto ou cortes no orçamento, o que traz receios de que os EUA percam sua nota de crédito AAA.O Tesouro havia anunciado anteriormente que não pode ficar selecionando que notas pagar ou não, caso não possa captar o suficiente para cobrir suas obrigações, processo que os congressistas chamaram de "priorização"."Essa proposta de 'priorização' propõe um afastamento radical e profundamente irresponsável do compromisso de presidentes, dos dois partidos, ao longo da história americana, de honrar todos os compromissos feitos por nossa nação", afirmou Geithner em carta ao Congresso, em junho.Decidir que obrigações pagar primeiro traz desafios práticos e jurídicos, forçando o governo a escolher, por exemplo, entre os beneficiários da Previdência Social, detentores de títulos e militares."Você seleciona ganhadores e perdedores", disse Stephen Myrow, diretor-gerente e diretor de operações da ACG Analytics, em Washington, que foi chefe de gabinete do vice-secretário do Tesouro Robert M. Kimmitt, no governo de George W. Bush. "É uma proposta em que todos saem perdendo."Em agosto, o Tesouro tem de pagar US$ 49,2 bilhões em benefícios da Previdência Social, incluindo US$ 23 bilhões em 3 de agosto, segundo o Bipartisan Policy Center, grupo que reúne ex-autoridades orçamentárias. Também vencem US$ 50 bilhões em pagamentos aos programas de assistência médica Medicare e Medicaid, US$ 12,8 bilhões em seguro-desemprego, US$ 2,9 bilhões em salários de militares na ativa e US$ 14,2 bilhões em salários e benefícios federais."O tamanho e a complexidade do governo federal para priorizar pagamentos, especialmente, em um período de tempo pequeno e sob pressão, é difícil sem dúvida", afirmou Brian Gardner, vice-presidente sênior encarregado de análises sobre Washington na Keefe, Bruyette & Woods, de Nova York.O governo também vem se mostrando relutante em discutir a priorização porque quer manter a pressão sobre o Congresso para que seja elevado o teto da dívida antes do prazo de 2 de agosto, afirmou J. D. Foster, membro sênior da The Heritage Foundation, em Washington."A priorização se trata de como continuar funcionando se o teto não aumentar, e governo é inflexível em dizer que isso não pode acontecer", disse Foster.A autoridade legal do governo para pagar algumas dívidas e não outras é incerta, disse Jay Powell, professor visitante do Bipartisan Policy Center e subsecretário de finanças do Tesouro no governo do presidente George H. W. Bush.
O Tesouro dos EUA vai priorizar o pagamento de juros aos detentores de títulos governamentais no vencimento, caso o Congresso não chegue a acordo para elevar o teto de endividamento do país, segundo uma fonte do governo. A autoridade não quis ser identificada pois ainda não há anúncio oficial.O Tesouro informou que cerca de US$ 90 bilhões em dívidas vencem em 4 de agosto e mais de US$ 30 bilhões em juros vencem em 15 de agosto. No total, mais de US$ 500 bilhões vencem em agosto.Os US$ 90 bilhões em notas do Tesouro de seis meses, com vencimento em 4 de agosto, reduziram as perdas, após os comentários. Autoridades do governo Obama falarão hoje publicamente, apenas depois do fechamento dos mercados, sobre as prioridades para pagar as notas do Tesouro do país, caso o limite de US$ 14,3 trilhões não seja elevado, segundo um representante do Partido Democrata havia dito anteriormente."O anúncio é reconfortante, mas não há realmente alternativa a [não ser] privilegiar os detentores de bônus", disse Christian Cooper, chefe de negociação de derivativos em dólar do Jefferies Group, em Nova York, que como um dos 20 "dealers" primários é obrigado a apresentar ofertas nos lançamentos do Tesouro. "A alternativa indicaria uma inadimplência."O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, disse reiteradamente que a autoridade do governo para captar acabará em 2 de agosto, a menos que o Congresso eleve o teto de endividamento. Republicanos e democratas não conseguem chegar a acordo sobre a elevação do teto ou cortes no orçamento, o que traz receios de que os EUA percam sua nota de crédito AAA.O Tesouro havia anunciado anteriormente que não pode ficar selecionando que notas pagar ou não, caso não possa captar o suficiente para cobrir suas obrigações, processo que os congressistas chamaram de "priorização"."Essa proposta de 'priorização' propõe um afastamento radical e profundamente irresponsável do compromisso de presidentes, dos dois partidos, ao longo da história americana, de honrar todos os compromissos feitos por nossa nação", afirmou Geithner em carta ao Congresso, em junho.Decidir que obrigações pagar primeiro traz desafios práticos e jurídicos, forçando o governo a escolher, por exemplo, entre os beneficiários da Previdência Social, detentores de títulos e militares."Você seleciona ganhadores e perdedores", disse Stephen Myrow, diretor-gerente e diretor de operações da ACG Analytics, em Washington, que foi chefe de gabinete do vice-secretário do Tesouro Robert M. Kimmitt, no governo de George W. Bush. "É uma proposta em que todos saem perdendo."Em agosto, o Tesouro tem de pagar US$ 49,2 bilhões em benefícios da Previdência Social, incluindo US$ 23 bilhões em 3 de agosto, segundo o Bipartisan Policy Center, grupo que reúne ex-autoridades orçamentárias. Também vencem US$ 50 bilhões em pagamentos aos programas de assistência médica Medicare e Medicaid, US$ 12,8 bilhões em seguro-desemprego, US$ 2,9 bilhões em salários de militares na ativa e US$ 14,2 bilhões em salários e benefícios federais."O tamanho e a complexidade do governo federal para priorizar pagamentos, especialmente, em um período de tempo pequeno e sob pressão, é difícil sem dúvida", afirmou Brian Gardner, vice-presidente sênior encarregado de análises sobre Washington na Keefe, Bruyette & Woods, de Nova York.O governo também vem se mostrando relutante em discutir a priorização porque quer manter a pressão sobre o Congresso para que seja elevado o teto da dívida antes do prazo de 2 de agosto, afirmou J. D. Foster, membro sênior da The Heritage Foundation, em Washington."A priorização se trata de como continuar funcionando se o teto não aumentar, e governo é inflexível em dizer que isso não pode acontecer", disse Foster.A autoridade legal do governo para pagar algumas dívidas e não outras é incerta, disse Jay Powell, professor visitante do Bipartisan Policy Center e subsecretário de finanças do Tesouro no governo do presidente George H. W. Bush.
Ninguém sabe nada - Cenário é de dúvida, incerteza e volatilidade
Ninguém sabe nada - Cenário é de dúvida, incerteza e volatilidade Ninguém sabe nada. Essa é a melhor definição tanto para os acontecimentos do mercado local, quanto para os eventos no campo externo. Daí a montanha russa no preço dos ativos.Começando pelo quadro externo, a briga política segue nos Estados Unidos e nada de um acordo sobre a elevação do teto do endividamento federal. Para piorar a situação, as agências de rating apontam que mesmo que o teto seja elevado, a nota americana segue sob risco de rebaixamento, pois o que elas querem ver é algum plano de redução de gastos de longo prazo.Dólar sobe pelo segundo dia e vale R$ 1,566 na vendaAo mesmo tempo surgem fontes da administração americana tentando "acalmar" os ânimos dizendo que um plano de contingência já está em elaboração e que a prioridade é fazer os pagamentos aos credores de papéis americanos se um acordo não for fechado até dia 2 de agosto, prazo fatal para se tratar do tema.Como bem notou o sócio da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, o Congresso americano não mostra o mínimo de responsabilidade. Suas brigas políticas podem ter toda a legitimidade para a plateia local, mas eles parecem se esquecer de que o que está em jogo é a economia global e, principalmente, a credibilidade da moeda que serve de lastro para o restante do mundo.A reação nos mercados a esse impasse é qualquer coisa, menos racional. A semana começou com dólar caindo, bolsas americanas afundando e aumento no custo de se fazer um seguro contra o calote nos EUA. Agora, o dólar completou dois dias de alta e os CDS (Credit Default Swaps) rondam a estabilidade. Alguma coerência na bolsa, já que o Dow Jones bem que tentou, mas não conseguir fechar em alta.Na zona do euro, mal faz uma semana que a Grécia foi resgatada em um tipo de "default ordenado" e já temos analistas voltando a falar em contágio da crise da dívida soberana na região. Nessa bagunça toda temos o euro, que saiu de US$ 1,39 para US$ 1,45 dois dias atrás. Já ontem a moeda voltou a ser alvo de venda, retornando à linha de US$ 1,43. Por aqui, o dólar completou o segundo dia seguido de alta. Ontem, a moeda ganhou 0,57%, para R$ 1,566 na venda. Por ora, o efeito mais evidente das recentes canetadas do governo são dúvidas e mais dúvidas sobre como entregar o que está sendo pedido. Outro efeito inegável é o aumento de custos para quem precisa fazer operações seja de compra seja de venda de moeda.Dúvidas também no mercado de juros futuros. A esperada ata do Comitê de Política Monetária (Copom) mostra um colegiado em cima do muro. Não afirma que as cinco altas de juros foram suficientes, nem se compromete em apertar mais.Como em julho do ano passado, o Copom ampliou o horizonte de referência. Agora é no primeiro semestre de 2013 que temos IPCA ao redor do centro da meta de 4,5%. Os prognósticos tanto de 2011 quanto de 2012 mostram inflação acima do valor central da meta.Na visão do diretor de pesquisas de mercados emergentes do Goldman Sachs, Paulo Leme, a ata sinaliza que o Copom gostaria de encerrar o ciclo de alta de juros. Por isso mesmo, o banco está mudando sua perspectiva quanto ao rumo da Selic. A previsão de três novas altas foi reduzida para apenas mais uma em agosto, com taxa indo a 12,75%, e uma probabilidade de cerca de 30% de um aperto também em outubro.Em relatório, Leme aponta que, como o ajuste será menor do que o considerado necessário, sua expectativa é que a inflação não vá convergir para a meta nem em 2012. Por isso mesmo, a Selic não deve cair tão cedo. Os 12,75% previstos devem continuar valendo até o fim do próximo ano.Eduardo Campos
Mercado de câmbio "trava" e pesa no bolso do exportador
Mercado de câmbio "trava" e pesa no bolso do exportador
As dúvidas sobre como o pacote cambial será implementado continuam pesando sobre o mercado, travando os negócios e deixando as operações mais caras. Enquanto não fica claro como será feita a contabilização da exposição cambial a ser tributada, o mercado prefere não operar. E, quem não pode deixar de fechar um contrato, paga mais caro.Sobre a cotação, entretanto, o impacto do novo arsenal adotado pelo governo foi considerado ainda modesto. O dólar comercial subiu 0,57% para R$ 1,566, em um dia em que o dólar subiu frente a outras moedas globais por causa do impasse em torno da dívida americana.Segundo relatos de profissionais nas mesas de câmbio, os bancos já estão repassando para seus clientes o custo que terão com a incidência de 1% de IOF sobre posições vendidas assumidas por meio de contratos de derivativos. Esse repasse acaba afetando todo tipo de operação, inclusive os contratos à vista e de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio), instrumentos utilizados pelos exportadores. Para zerar uma compra de dólares de um exportador, o banco, em geral, tem de recorrer ao mercado futuro. E aí ele pagará o IOF. "A reação natural, portanto, é embutir o custo maior em todo tipo de contrato cambial", explica um operador de um grande banco de varejo.Essa estratégia foi sentida no bolso de uma comercializadora ligada ao setor de agronegócio. As cotações para a venda da moeda americana oferecidas pelos bancos nos últimos dois dias têm ficado muito abaixo das praticadas pelo mercado, segundo um operador dessa empresa. "Antes das medidas, era possível conseguir taxas até superiores", compara.Quando o assunto é derivativos, a paradeira é ainda mais evidente. Além do custo mais alto, a dúvida sobre qual será o padrão a ser adotado para a definição de preços de opções de câmbio deixa o investidor retraído. Atualmente, cada instituição adota um modelo diferente para determinar o preço antes do vencimento do contrato e, com a medida, será preciso padronizar esse processo.Segundo um banco estrangeiro, o volume de transações com derivativos da instituição no Brasil no pregão de ontem foi próximo ao realizado no Chile ou na Colômbia - mercados que movimentam, normalmente, um décimo do volume de negócios aqui.Outro termômetro da distorção é o grande aumento da diferença de preço entre cotações à vista e futuro.Outro mercado afetado é o "casado", que é o dólar pronto contra o futuro. Só há liquidez em uma das pontas, a de venda de dólar à vista e compra de futuro. A ponta inversa (compra dólar à vista e venda de dólar futuro) está praticamente parada, pois ninguém quer se arriscar na venda de moeda futura em função do IOF que passou a ser cobrado.Esses custos e a falta de liquidez em algumas modalidades cambiais já levam o mercado a um tipo de retrocesso. Os agentes voltaram a casar entradas e remessas em vez de cotar as operações no mercado.Um exemplo prático é que, no caso de uma exportação no valor de US$ 100 milhões, antes o banco dava um preço cotado no mercado e fechava a operação. Agora, vai em busca de um parte que esteja precisando de US$ 100 milhões para fechar a operação. Dessa forma, as duas operações transitam apenas no câmbio à vista e ninguém se expõem à nova regulação que ainda precisa ser detalhada.Diante desse ambiente de apreensão, o Goldman Sachs reduziu a recomendação para as ações da BM&FBovespa de "compra" para "neutro". Para o banco, a taxação sobre os derivativos cambiais deve ter um efeito negativo imediato nas negociações, que nos cálculos do banco representam 14% da receita bruta da bolsa.Os analistas do Goldman acreditam que o potencial para novas intervenções após a edição da Medida Provisória que amplia os poderes do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre o mercado de derivativos é uma ameaça significativa para as operações da BM&FBovespa.
As dúvidas sobre como o pacote cambial será implementado continuam pesando sobre o mercado, travando os negócios e deixando as operações mais caras. Enquanto não fica claro como será feita a contabilização da exposição cambial a ser tributada, o mercado prefere não operar. E, quem não pode deixar de fechar um contrato, paga mais caro.Sobre a cotação, entretanto, o impacto do novo arsenal adotado pelo governo foi considerado ainda modesto. O dólar comercial subiu 0,57% para R$ 1,566, em um dia em que o dólar subiu frente a outras moedas globais por causa do impasse em torno da dívida americana.Segundo relatos de profissionais nas mesas de câmbio, os bancos já estão repassando para seus clientes o custo que terão com a incidência de 1% de IOF sobre posições vendidas assumidas por meio de contratos de derivativos. Esse repasse acaba afetando todo tipo de operação, inclusive os contratos à vista e de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio), instrumentos utilizados pelos exportadores. Para zerar uma compra de dólares de um exportador, o banco, em geral, tem de recorrer ao mercado futuro. E aí ele pagará o IOF. "A reação natural, portanto, é embutir o custo maior em todo tipo de contrato cambial", explica um operador de um grande banco de varejo.Essa estratégia foi sentida no bolso de uma comercializadora ligada ao setor de agronegócio. As cotações para a venda da moeda americana oferecidas pelos bancos nos últimos dois dias têm ficado muito abaixo das praticadas pelo mercado, segundo um operador dessa empresa. "Antes das medidas, era possível conseguir taxas até superiores", compara.Quando o assunto é derivativos, a paradeira é ainda mais evidente. Além do custo mais alto, a dúvida sobre qual será o padrão a ser adotado para a definição de preços de opções de câmbio deixa o investidor retraído. Atualmente, cada instituição adota um modelo diferente para determinar o preço antes do vencimento do contrato e, com a medida, será preciso padronizar esse processo.Segundo um banco estrangeiro, o volume de transações com derivativos da instituição no Brasil no pregão de ontem foi próximo ao realizado no Chile ou na Colômbia - mercados que movimentam, normalmente, um décimo do volume de negócios aqui.Outro termômetro da distorção é o grande aumento da diferença de preço entre cotações à vista e futuro.Outro mercado afetado é o "casado", que é o dólar pronto contra o futuro. Só há liquidez em uma das pontas, a de venda de dólar à vista e compra de futuro. A ponta inversa (compra dólar à vista e venda de dólar futuro) está praticamente parada, pois ninguém quer se arriscar na venda de moeda futura em função do IOF que passou a ser cobrado.Esses custos e a falta de liquidez em algumas modalidades cambiais já levam o mercado a um tipo de retrocesso. Os agentes voltaram a casar entradas e remessas em vez de cotar as operações no mercado.Um exemplo prático é que, no caso de uma exportação no valor de US$ 100 milhões, antes o banco dava um preço cotado no mercado e fechava a operação. Agora, vai em busca de um parte que esteja precisando de US$ 100 milhões para fechar a operação. Dessa forma, as duas operações transitam apenas no câmbio à vista e ninguém se expõem à nova regulação que ainda precisa ser detalhada.Diante desse ambiente de apreensão, o Goldman Sachs reduziu a recomendação para as ações da BM&FBovespa de "compra" para "neutro". Para o banco, a taxação sobre os derivativos cambiais deve ter um efeito negativo imediato nas negociações, que nos cálculos do banco representam 14% da receita bruta da bolsa.Os analistas do Goldman acreditam que o potencial para novas intervenções após a edição da Medida Provisória que amplia os poderes do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre o mercado de derivativos é uma ameaça significativa para as operações da BM&FBovespa.
Governo faz nova tentativa de conter a alta do real
Governo faz nova tentativa de conter a alta do real
O governo voltou suas baterias para o mercado de câmbio com o objetivo de esfriar as cotações do real, que chegou ao patamar mais elevado em 12 anos nesta semana. O mercado de câmbio reagiu imediatamente e o dólar subiu. Mas ainda é cedo para saber se as medidas serão efetivas ou terão impacto apenas temporário e, principalmente, para dimensionar seus efeitos colaterais. Alguns tiros foram logo disparados, mas provavelmente o principal ponto do pacote foi o governo revelar que está armado para muito mais. Como disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega: "Fizemos uma coisa mais completa, temos agora um arsenal maior". Para montar o pacote foram necessários uma medida provisória (539) e um decreto (7.536).Desde o fim do ano passado, o governo vem tomando medidas para conter a apreciação cambial, que afeta a competitividade das exportações de vários setores. Além de estar atuando ativamente na compra de dólar nos mercados à vista, a termo e na venda de swaps reversos, criou um compulsório pesado (60%) sobre as operações vendidas no mercado à vista de câmbio que excedessem certos parâmetros. A postura mais acomodatícia do governo em relação à inflação, evidenciada na posição da presidente Dilma e na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), ontem divulgada, abriu espaço para medidas que vão elevar o real. O alvo das novas medidas foi o mercado futuro de câmbio, que movimenta US$ 15 bilhões diariamente e pode determinar as cotações das moedas nas operações à vista, que giram apenas US$ 2 bilhões. Nos últimos dias, as apostas na valorização do real chegaram a US$ 23 bilhões, sendo US$ 18,7 bilhões no mercado futuro. O governo acredita que as apostas sejam, em boa parte, especulação de investidores estrangeiros. "Vamos retirar parte da rentabilidade da especulação", disse Mantega, que assim dá razão às suspeitas levantadas até pelo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, de que parte do dinheiro que entra no Brasil é especulativo. Foi então para inibir esses negócios que o governo instituiu o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1% sobre a variação das posições vendidas a descoberto. A taxação, que pode chegar a 25%, anunciada com grande pompa para começar ontem mesmo, esbarrou em dificuldades operacionais para apuração e cobrança do tributo. Não restou outra saída para a Fazenda senão adiar para 5 de outubro o recolhimento do IOF, embora a aplicação da alíquota já esteja em vigor. Além disso, o governo deu ao Conselho Monetário Nacional (CMN) amplos poderes de regular os derivativos, que, surpreendentemente, nem o Banco Central (BC) nem a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) possuíam. Em outra medida, o governo fechou uma brecha que havia para a especulação com empréstimos em moeda estrangeira. Em março deste ano foi instituído o IOF de 6% sobre os empréstimos em moeda estrangeira e emissão de títulos no exterior com prazo até 360 dias; em abril, a medida foi estendida às operações com até 720 dias de prazo. Mas o mercado financeiro encontrou uma brecha ao fazer a captação ou o empréstimo no prazo mínimo para evitar o imposto e, depois, liquidar antecipadamente a operação. Agora, operações liquidadas antes do prazo de 720 dias também pagarão o IOF.Nada surpreendentes foram as críticas ao pacote por parte do setor financeiro, que teme o esvaziamento do mercado local de hedge e a provável transferência dos negócios para o exterior. Realmente, um dos efeitos colaterais das novas medidas é a elevação do custo do hedge, o que vai afetar exportadores, importadores, empresas que captam recursos externos e multinacionais que precisam proteger o capital.Há ainda quem lembre acertadamente que a tendência de queda do dólar é generalizada e reflexo do desempenho econômico ruim dos Estados Unidos. Mas o mercado brasileiro não podia ficar à mercê dessa situação, que pode piorar mais caso o governo americano não consiga elevar o teto do endividamento - hipótese remota, mas não totalmente descartável. O outro lado desse espelho é o sucesso do Brasil - e de outros emergentes - em sair rápido da crise internacional, o que explica a atração de US$ 68,8 bilhões em investimentos estrangeiros diretos nos últimos 12 meses. Mas o Brasil têm o direito de em momentos delicados coibir ainda mais os especuladores. Um sinal de que podem ter realmente sentido o golpe e começado a buscar outros mercados é a alta do dólar australiano e da lira turca depois do pacote brasileiro.
O governo voltou suas baterias para o mercado de câmbio com o objetivo de esfriar as cotações do real, que chegou ao patamar mais elevado em 12 anos nesta semana. O mercado de câmbio reagiu imediatamente e o dólar subiu. Mas ainda é cedo para saber se as medidas serão efetivas ou terão impacto apenas temporário e, principalmente, para dimensionar seus efeitos colaterais. Alguns tiros foram logo disparados, mas provavelmente o principal ponto do pacote foi o governo revelar que está armado para muito mais. Como disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega: "Fizemos uma coisa mais completa, temos agora um arsenal maior". Para montar o pacote foram necessários uma medida provisória (539) e um decreto (7.536).Desde o fim do ano passado, o governo vem tomando medidas para conter a apreciação cambial, que afeta a competitividade das exportações de vários setores. Além de estar atuando ativamente na compra de dólar nos mercados à vista, a termo e na venda de swaps reversos, criou um compulsório pesado (60%) sobre as operações vendidas no mercado à vista de câmbio que excedessem certos parâmetros. A postura mais acomodatícia do governo em relação à inflação, evidenciada na posição da presidente Dilma e na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), ontem divulgada, abriu espaço para medidas que vão elevar o real. O alvo das novas medidas foi o mercado futuro de câmbio, que movimenta US$ 15 bilhões diariamente e pode determinar as cotações das moedas nas operações à vista, que giram apenas US$ 2 bilhões. Nos últimos dias, as apostas na valorização do real chegaram a US$ 23 bilhões, sendo US$ 18,7 bilhões no mercado futuro. O governo acredita que as apostas sejam, em boa parte, especulação de investidores estrangeiros. "Vamos retirar parte da rentabilidade da especulação", disse Mantega, que assim dá razão às suspeitas levantadas até pelo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, de que parte do dinheiro que entra no Brasil é especulativo. Foi então para inibir esses negócios que o governo instituiu o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1% sobre a variação das posições vendidas a descoberto. A taxação, que pode chegar a 25%, anunciada com grande pompa para começar ontem mesmo, esbarrou em dificuldades operacionais para apuração e cobrança do tributo. Não restou outra saída para a Fazenda senão adiar para 5 de outubro o recolhimento do IOF, embora a aplicação da alíquota já esteja em vigor. Além disso, o governo deu ao Conselho Monetário Nacional (CMN) amplos poderes de regular os derivativos, que, surpreendentemente, nem o Banco Central (BC) nem a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) possuíam. Em outra medida, o governo fechou uma brecha que havia para a especulação com empréstimos em moeda estrangeira. Em março deste ano foi instituído o IOF de 6% sobre os empréstimos em moeda estrangeira e emissão de títulos no exterior com prazo até 360 dias; em abril, a medida foi estendida às operações com até 720 dias de prazo. Mas o mercado financeiro encontrou uma brecha ao fazer a captação ou o empréstimo no prazo mínimo para evitar o imposto e, depois, liquidar antecipadamente a operação. Agora, operações liquidadas antes do prazo de 720 dias também pagarão o IOF.Nada surpreendentes foram as críticas ao pacote por parte do setor financeiro, que teme o esvaziamento do mercado local de hedge e a provável transferência dos negócios para o exterior. Realmente, um dos efeitos colaterais das novas medidas é a elevação do custo do hedge, o que vai afetar exportadores, importadores, empresas que captam recursos externos e multinacionais que precisam proteger o capital.Há ainda quem lembre acertadamente que a tendência de queda do dólar é generalizada e reflexo do desempenho econômico ruim dos Estados Unidos. Mas o mercado brasileiro não podia ficar à mercê dessa situação, que pode piorar mais caso o governo americano não consiga elevar o teto do endividamento - hipótese remota, mas não totalmente descartável. O outro lado desse espelho é o sucesso do Brasil - e de outros emergentes - em sair rápido da crise internacional, o que explica a atração de US$ 68,8 bilhões em investimentos estrangeiros diretos nos últimos 12 meses. Mas o Brasil têm o direito de em momentos delicados coibir ainda mais os especuladores. Um sinal de que podem ter realmente sentido o golpe e começado a buscar outros mercados é a alta do dólar australiano e da lira turca depois do pacote brasileiro.
A crescente inflação chinesa
A crescente inflação chinesa
Ao mesmo tempo em que pairam, ameaçadoras, crises de endividamento na Europa e nos EUA e perde fôlego a recuperação da economia mundial, a inflação está voltando a se fazer sentir em todo o mundo. Com efeito, as economias de mercado emergentes estão se preparando para um grave surto inflacionário - juntamente com as sombrias consequências políticas que isso produzirá.O índice pleno de preços ao consumidor (IPC) na China subiu 6,4% em junho, atingindo seu nível mais alto desde julho de 2008. No contexto de uma recuperação mundial instável, têm crescido consideravelmente as preocupações em relação a uma possível aterrissagem brusca da economia chinesa, causada pelo aperto monetário que busca controlar a inflação.Na China, os preços dos alimentos representam cerca de um terço da cesta do IPC, e o preço da carne de porco revela um peso substancial. Por isso, o IPC está sendo comicamente denominado "índice de preços da carne de porco". Em junho, o preço da carne de porco subiu 57%, contribuindo com quase dois pontos percentuais para a taxa de inflação geral. Infelizmente, a política macroeconômica pouco pode fazer a respeito do "ciclo do porco" e, normalmente, não deveria reagir a ele.Embora o problema inflacionário chinês não deva ser exagerado, uma complacência seria perigosa. A inflação corrente tem uma base mais ampla do que parece, independentemente da controvérsia em torno da adequação dos componentes na cesta do IPC chinês para refletir a realidade dos movimentos de preços subjacentes. Com efeito, os aumentos anuais nos preços, não incluídos os alimentos, aceleraram para 3% em junho, contra 2,9% em maio. De acordo com o Birô Estatístico Nacional Chinês (BENC), o custo de vida aumentou 6,1% em maio. Muitos preocupam-se com a possibilidade de os preços dos itens não alimentícios subirem ainda mais.Salvo choques inesperados, acredito que a inflação na China pode em breve começar a cair. De uma perspectiva macroeconômica, a inflação corrente na China é atribuível tanto à fatores relacionados, a um só tempo, com demanda e custos.Os problemas de Pequim são mais estruturais do que cíclicos. Sem progressos nítidos na reestruturação e reequilíbrio da economia doméstica, os próximos cinco anos serão difíceis e a janela de oportunidade para o ajuste será fechada rapidamente. Historicamente, a inflação na China tem acompanhado o crescimento do PIB com certa defasagem. As pressões inflacionárias atuais são, em parte, resultado do impacto desfasado do pacote de estímulo que a China adotou em 2009 para combater os efeitos da crise financeira mundial. Mas o crescimento do PIB chinês já começou a cair para seu nível potencial, que, de acordo com a visão consensual, é de aproximadamente 9%. Na verdade, a maioria dos economistas chineses previu, no ano passado, que a inflação atingiria um pico no início de 2011.Mudanças nas condições financeiras na China reforçam essa visão. Historicamente, há uma defasagem de 8 a 12 meses entre crescimento monetário (M1) e inflação. A taxa de crescimento do M1 começou a cair no fim de 2009. Se a experiência passada é um guia confiável, um declínio da inflação já devia ter se manifestado.A interferência de fatores do lado dos custos contribuíram para a persistência inesperada da inflação. O aumento nos preços das commodities desde meados de 2010 - o índice de preços de commodities na China cresceu mais de 100% desde seu mínimo em 2009 - teve um impacto importante. Além disso, os salários chineses estão aumentando rapidamente.A atual situação macroeconômica da China compartilha muitas semelhanças com a situação que enfrentou em 2007 e a maior parte de 2008, quando, devido aos fortes investimentos e à demanda de exportações, o PIB cresceu significativamente além de seu potencial. Preocupado com um agravamento da inflação e uma incipiente bolha imobiliária, o Banco Popular da China (BPC, o banco central do país) gradualmente apertou sua política monetária.No entanto, a inflação continuou a agravar-se, atingindo um máximo de 8,7% em fevereiro de 2008. O período mais difícil para as autoridades governamentais chinesas foi entre fevereiro e setembro de 2008, quando, apesar dos sinais abundantes de um abrandamento da demanda interna, a demanda mundial manteve-se forte, assim como a inflação.Apertar ou não apertar: essa era a questão. O banco central manteve o aperto. Mas o colapso do Lehman Brothers em setembro de 2008 e toda a crise americana frearam bruscamente o crescimento econômico mundial. Foi assim que o crescimento do PIB chinês caiu drasticamente devido ao súbito colapso da demanda externa. Para compensar o choque negativo, o governo chinês promulgou um pacote de estímulo de quatro trilhões de yuans e o banco central mudou abruptamente sua política. Não há dúvida sobre a necessidade da reversão. No entanto, retrospectivamente, pode-se perguntar se um afrouxamento anterior pelo banco central teria sido mais sábio.Tendo o controle da inflação como sua principal prioridade, o banco central elevou por seis vezes a proporção de reserva obrigatória de capital dos bancos, neste ano. Os bancos comerciais devem depositar, na forma de reservas no banco central, 21,5% de seus depósitos. Recentemente, o BC elevou a taxa de empréstimos por um ano e o depósito durante um ano para, respectivamente, 6,56% e 3,5%.Atualmente, a inflação na China não é tão grave quanto a de 2007-2008. A alta nos preços dos imóveis está se estabilizando e o impacto do aumento das commodities está diminuindo.É improvável que a demanda externa neste segundo semestre de 2011 seja forte, devido à instável recuperação mundial. O aumento constante dos custos de produção, em parte atribuível aos elevados custos dos empréstimos deverá estreitar as margens de lucro das empresas, em especial das pequenas e médias. Quedas nos lucros e crescentes falências de empresas são um problema para a autoridade monetária chinesa.Tendo em vista a necessidade de ajuste estrutural, o banco central deverá manter uma postura monetária apertada. Mas, diante das perspectivas de queda na inflação plena decorrente de turbulência econômica mundial e das crescentes preocupações com o crescimento, é provável que o banco central revele-se um pouco mais flexível no segundo semestre.Em suma, embora a China não vá conseguir cumprir sua meta de inflação de 4% para este ano, o crescimento dos preços continuará sob controle. No segundo semestre de 2011, a taxa de crescimento chinesa pode cair mais, mas não haverá pouso forçado.Os problemas econômicos da China são mais estruturais do que cíclicos. Devido à inexistência de progressos nítidos na reestruturação e reequilíbrio da economia doméstica, os próximos cinco anos serão difíceis e a janela de oportunidade para o ajuste será fechada rapidamente. Mas, observando o desempenho da China no contexto dos últimos 30 anos, não há razões para acreditar que o país não possa se safar, ainda que improvisadamente, mais uma vez. Yu Yongding atual presidente da Sociedade Chinesa de Economia Mundial, foi membro do comitê de política monetária do Banco Popular da China e ex-diretor do Instituto de Economia e Política Mundiais da Academia Chinesa de Ciências.
Ao mesmo tempo em que pairam, ameaçadoras, crises de endividamento na Europa e nos EUA e perde fôlego a recuperação da economia mundial, a inflação está voltando a se fazer sentir em todo o mundo. Com efeito, as economias de mercado emergentes estão se preparando para um grave surto inflacionário - juntamente com as sombrias consequências políticas que isso produzirá.O índice pleno de preços ao consumidor (IPC) na China subiu 6,4% em junho, atingindo seu nível mais alto desde julho de 2008. No contexto de uma recuperação mundial instável, têm crescido consideravelmente as preocupações em relação a uma possível aterrissagem brusca da economia chinesa, causada pelo aperto monetário que busca controlar a inflação.Na China, os preços dos alimentos representam cerca de um terço da cesta do IPC, e o preço da carne de porco revela um peso substancial. Por isso, o IPC está sendo comicamente denominado "índice de preços da carne de porco". Em junho, o preço da carne de porco subiu 57%, contribuindo com quase dois pontos percentuais para a taxa de inflação geral. Infelizmente, a política macroeconômica pouco pode fazer a respeito do "ciclo do porco" e, normalmente, não deveria reagir a ele.Embora o problema inflacionário chinês não deva ser exagerado, uma complacência seria perigosa. A inflação corrente tem uma base mais ampla do que parece, independentemente da controvérsia em torno da adequação dos componentes na cesta do IPC chinês para refletir a realidade dos movimentos de preços subjacentes. Com efeito, os aumentos anuais nos preços, não incluídos os alimentos, aceleraram para 3% em junho, contra 2,9% em maio. De acordo com o Birô Estatístico Nacional Chinês (BENC), o custo de vida aumentou 6,1% em maio. Muitos preocupam-se com a possibilidade de os preços dos itens não alimentícios subirem ainda mais.Salvo choques inesperados, acredito que a inflação na China pode em breve começar a cair. De uma perspectiva macroeconômica, a inflação corrente na China é atribuível tanto à fatores relacionados, a um só tempo, com demanda e custos.Os problemas de Pequim são mais estruturais do que cíclicos. Sem progressos nítidos na reestruturação e reequilíbrio da economia doméstica, os próximos cinco anos serão difíceis e a janela de oportunidade para o ajuste será fechada rapidamente. Historicamente, a inflação na China tem acompanhado o crescimento do PIB com certa defasagem. As pressões inflacionárias atuais são, em parte, resultado do impacto desfasado do pacote de estímulo que a China adotou em 2009 para combater os efeitos da crise financeira mundial. Mas o crescimento do PIB chinês já começou a cair para seu nível potencial, que, de acordo com a visão consensual, é de aproximadamente 9%. Na verdade, a maioria dos economistas chineses previu, no ano passado, que a inflação atingiria um pico no início de 2011.Mudanças nas condições financeiras na China reforçam essa visão. Historicamente, há uma defasagem de 8 a 12 meses entre crescimento monetário (M1) e inflação. A taxa de crescimento do M1 começou a cair no fim de 2009. Se a experiência passada é um guia confiável, um declínio da inflação já devia ter se manifestado.A interferência de fatores do lado dos custos contribuíram para a persistência inesperada da inflação. O aumento nos preços das commodities desde meados de 2010 - o índice de preços de commodities na China cresceu mais de 100% desde seu mínimo em 2009 - teve um impacto importante. Além disso, os salários chineses estão aumentando rapidamente.A atual situação macroeconômica da China compartilha muitas semelhanças com a situação que enfrentou em 2007 e a maior parte de 2008, quando, devido aos fortes investimentos e à demanda de exportações, o PIB cresceu significativamente além de seu potencial. Preocupado com um agravamento da inflação e uma incipiente bolha imobiliária, o Banco Popular da China (BPC, o banco central do país) gradualmente apertou sua política monetária.No entanto, a inflação continuou a agravar-se, atingindo um máximo de 8,7% em fevereiro de 2008. O período mais difícil para as autoridades governamentais chinesas foi entre fevereiro e setembro de 2008, quando, apesar dos sinais abundantes de um abrandamento da demanda interna, a demanda mundial manteve-se forte, assim como a inflação.Apertar ou não apertar: essa era a questão. O banco central manteve o aperto. Mas o colapso do Lehman Brothers em setembro de 2008 e toda a crise americana frearam bruscamente o crescimento econômico mundial. Foi assim que o crescimento do PIB chinês caiu drasticamente devido ao súbito colapso da demanda externa. Para compensar o choque negativo, o governo chinês promulgou um pacote de estímulo de quatro trilhões de yuans e o banco central mudou abruptamente sua política. Não há dúvida sobre a necessidade da reversão. No entanto, retrospectivamente, pode-se perguntar se um afrouxamento anterior pelo banco central teria sido mais sábio.Tendo o controle da inflação como sua principal prioridade, o banco central elevou por seis vezes a proporção de reserva obrigatória de capital dos bancos, neste ano. Os bancos comerciais devem depositar, na forma de reservas no banco central, 21,5% de seus depósitos. Recentemente, o BC elevou a taxa de empréstimos por um ano e o depósito durante um ano para, respectivamente, 6,56% e 3,5%.Atualmente, a inflação na China não é tão grave quanto a de 2007-2008. A alta nos preços dos imóveis está se estabilizando e o impacto do aumento das commodities está diminuindo.É improvável que a demanda externa neste segundo semestre de 2011 seja forte, devido à instável recuperação mundial. O aumento constante dos custos de produção, em parte atribuível aos elevados custos dos empréstimos deverá estreitar as margens de lucro das empresas, em especial das pequenas e médias. Quedas nos lucros e crescentes falências de empresas são um problema para a autoridade monetária chinesa.Tendo em vista a necessidade de ajuste estrutural, o banco central deverá manter uma postura monetária apertada. Mas, diante das perspectivas de queda na inflação plena decorrente de turbulência econômica mundial e das crescentes preocupações com o crescimento, é provável que o banco central revele-se um pouco mais flexível no segundo semestre.Em suma, embora a China não vá conseguir cumprir sua meta de inflação de 4% para este ano, o crescimento dos preços continuará sob controle. No segundo semestre de 2011, a taxa de crescimento chinesa pode cair mais, mas não haverá pouso forçado.Os problemas econômicos da China são mais estruturais do que cíclicos. Devido à inexistência de progressos nítidos na reestruturação e reequilíbrio da economia doméstica, os próximos cinco anos serão difíceis e a janela de oportunidade para o ajuste será fechada rapidamente. Mas, observando o desempenho da China no contexto dos últimos 30 anos, não há razões para acreditar que o país não possa se safar, ainda que improvisadamente, mais uma vez. Yu Yongding atual presidente da Sociedade Chinesa de Economia Mundial, foi membro do comitê de política monetária do Banco Popular da China e ex-diretor do Instituto de Economia e Política Mundiais da Academia Chinesa de Ciências.
Custo de captação da Itália volta a disparar
Custo de captação da Itália volta a disparar
Os custos de captação da Itália dispararam em um leilão de bônus que concentrou todas as atenções ontem, movidos pelas preocupações dos investidores com a crise da dívida da zona do euro e pelo impasse que cerca a definição do teto de endividamento dos Estados Unidos. O leilão, de € 8 bilhões (US$ 11,4 bilhões), foi realizado em mercados voláteis agitados ainda mais por rumores, negados pelos políticos italianos, de que o ministro da Economia do país, Giulio Tremonti, se preparava para renunciar ao cargo. A pressão sobre as ações e bônus italianos refletiu tanto a preocupação com a capacidade de Roma de reduzir sua dívida soberana - que perde apenas para a da Grécia, ao representar 120% da produção anual - quanto às dúvidas em torno da possibilidade de a reunião de cúpula da semana passada dos dirigentes da zona do euro ter chegado a uma solução sustentável para a crise da dívida grega. Surgiram críticas ao mais recente plano de salvamento da zona do euro para Atenas no Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como entre economistas e analistas dos países-membros da zona do euro, que dizem que seu poder de reduzir a dívida da Grécia, de € 340 bilhões, é muito pequenUma pesquisa da "Reuters" junto a 55 economistas mostrou que a maioria sente que, embora o pacote de salvamento seja um passo na direção certa, ele não representa um ponto de inflexão a partir do qual a crise possa se solucionar. Chipre pode ser o próximo candidato a um pacote de socorro financeiro depois que seu gabinete renunciou coletivamente ontem, na esteira da explosão, com vítimas fatais, de munição que destruiu a principal central de energia elétrica da ilha e agravou seus problemas econômicos, entre os quais a pesada exposição à dívida grega. Os retornos pagos pelos títulos italianos oferecidos no leilão saltaram para 5,77% para bônus de 10 anos, o mais elevado desde fevereiro de 2000, e para 4,80% para papéis de três anos, o mais alto desde julho de 2008. "Pode-se argumentar que eles conseguiram colocar bônus no mercado, mas a tendência dos rendimentos está começando a ficar realmente contundente", disse Alessandro Giansanti, estrategista do ING em Amsterdã. "Eles não têm condições de arcar com esse tipo de aumento todos os meses."Tremonti, há muito visto como o fiador da prudência fiscal do rebelde governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, está sofrendo pressões em torno de seu uso de um apartamento, em Roma, pertencente a um auxiliar que está sendo investigado por acusações de corrupção. Umberto Bossi, diretor da Liga do Norte, parte da coalização de governo da Itália, desqualificou rumores de que Tremonti poderia perder o emprego, dizendo que o caso não era "nada de muito sério".O ministro da Economia enfrenta crescente pressão da oposição e da mídia para se explicar, e suas relações com Berlusconi são tensas há meses. Tremonti fez uma brincadeira sobre os rumores sobre sua possível saída do governo ao dizer numa entrevista à imprensa concedida ontem: "Eu renunciei... como inquilino."
Os custos de captação da Itália dispararam em um leilão de bônus que concentrou todas as atenções ontem, movidos pelas preocupações dos investidores com a crise da dívida da zona do euro e pelo impasse que cerca a definição do teto de endividamento dos Estados Unidos. O leilão, de € 8 bilhões (US$ 11,4 bilhões), foi realizado em mercados voláteis agitados ainda mais por rumores, negados pelos políticos italianos, de que o ministro da Economia do país, Giulio Tremonti, se preparava para renunciar ao cargo. A pressão sobre as ações e bônus italianos refletiu tanto a preocupação com a capacidade de Roma de reduzir sua dívida soberana - que perde apenas para a da Grécia, ao representar 120% da produção anual - quanto às dúvidas em torno da possibilidade de a reunião de cúpula da semana passada dos dirigentes da zona do euro ter chegado a uma solução sustentável para a crise da dívida grega. Surgiram críticas ao mais recente plano de salvamento da zona do euro para Atenas no Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como entre economistas e analistas dos países-membros da zona do euro, que dizem que seu poder de reduzir a dívida da Grécia, de € 340 bilhões, é muito pequenUma pesquisa da "Reuters" junto a 55 economistas mostrou que a maioria sente que, embora o pacote de salvamento seja um passo na direção certa, ele não representa um ponto de inflexão a partir do qual a crise possa se solucionar. Chipre pode ser o próximo candidato a um pacote de socorro financeiro depois que seu gabinete renunciou coletivamente ontem, na esteira da explosão, com vítimas fatais, de munição que destruiu a principal central de energia elétrica da ilha e agravou seus problemas econômicos, entre os quais a pesada exposição à dívida grega. Os retornos pagos pelos títulos italianos oferecidos no leilão saltaram para 5,77% para bônus de 10 anos, o mais elevado desde fevereiro de 2000, e para 4,80% para papéis de três anos, o mais alto desde julho de 2008. "Pode-se argumentar que eles conseguiram colocar bônus no mercado, mas a tendência dos rendimentos está começando a ficar realmente contundente", disse Alessandro Giansanti, estrategista do ING em Amsterdã. "Eles não têm condições de arcar com esse tipo de aumento todos os meses."Tremonti, há muito visto como o fiador da prudência fiscal do rebelde governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, está sofrendo pressões em torno de seu uso de um apartamento, em Roma, pertencente a um auxiliar que está sendo investigado por acusações de corrupção. Umberto Bossi, diretor da Liga do Norte, parte da coalização de governo da Itália, desqualificou rumores de que Tremonti poderia perder o emprego, dizendo que o caso não era "nada de muito sério".O ministro da Economia enfrenta crescente pressão da oposição e da mídia para se explicar, e suas relações com Berlusconi são tensas há meses. Tremonti fez uma brincadeira sobre os rumores sobre sua possível saída do governo ao dizer numa entrevista à imprensa concedida ontem: "Eu renunciei... como inquilino."
Impasse da dívida americana inibe bolsas globais
Impasse da dívida americana inibe bolsas globais
O impasse do teto de endividamento dos Estados Unidos deu o tom negativo dos mercados ontem, e os principais índices, com exceção do Nasdaq, fecharam em baixa. O otimismo com uma possível solução para o debate entre democratas e republicanos, que ajudou alguns índices europeus a subirem no começo do dia, foi perdendo espaço para visões mais céticas, de que o debate deve ser prolongado, influenciando pregões dos Estados Unidos.Os investidores americanos não acreditavam que a votação do plano dos republicanos na Câmara dos Deputados, marcada para depois do pregão, pudesse solucionar a discussão do endividamento. Os republicanos acabaram adiando o voto, mas o Senado, controlado pelos democratas, já deu sinais de que não aprovará o plano proposto pelos Deputados."O plano será rejeitado ao ser encaminhado para o Senado. Essa parece ser a razão para a força das vendas de papéis", disse Quincy Krosby, estrategista de mercado na Prudential Financial.O índice Standard & Poors 500 recuou 0,3%, para 1.300,67 pontos, na quarta sessão consecutiva de perdas. A perda acumulada na semana é de 3,3%. O Dow Jones recuou 0,51% aos 12.240 pontos. O Nasdaq subiu 0,05%, para 2.766 pontos.A Green Mountain, empresa importante do setor de café, foi o maior ganho do Nasdaq, contribuindo para a leve alta do índice. Depois de apresentar um aumento de 18% nas vendas terceiro trimestre, as ações da companhia subiram 16,4%.Entre as quedas, os papéis da Exxon, maior companhia de petróleo negociada em bolsa, recuaram 2,2%. A companhia apresentou lucro abaixo do estimado por analistas. A disputa pelo teto de endividamento dos EUA aumentou a volatilidade dos mercados. Antes de cair com o temor de um calote americano, os índices começaram o dia com ganhos, causados pela divulgação de queda nos pedidos de auxílio desemprego e fortes dados de vendas no mercado imobiliário americano, um dia após o S&P 500 registrar sua maior queda em oito semanas.Na Europa, o principal índice de ações do continente fechou em alta, mas os índices regionais mostraram tendências contrárias. A esperança de solução para o impasse americano ofuscou resultados corporativos ruins.O índice FTSEurofirst 300 teve variação positiva de 0,06%, a 1.089 pontos, quebrando série negativa de três dias. Entre os índices regionais, o londrino Financial Times fechou em alta de 0,28%, a 5.873 pontos. Já o DAX, da Alemanha, e o CAC-40, da França, tiveram quedas de 0,86% e 0,57% respectivamente.Entre as empresas com resultados ruins esteve a BASF, do setor químico. As ações da empresa caíram 4,2%, pior desempenho dentro do mercado alemão.
O impasse do teto de endividamento dos Estados Unidos deu o tom negativo dos mercados ontem, e os principais índices, com exceção do Nasdaq, fecharam em baixa. O otimismo com uma possível solução para o debate entre democratas e republicanos, que ajudou alguns índices europeus a subirem no começo do dia, foi perdendo espaço para visões mais céticas, de que o debate deve ser prolongado, influenciando pregões dos Estados Unidos.Os investidores americanos não acreditavam que a votação do plano dos republicanos na Câmara dos Deputados, marcada para depois do pregão, pudesse solucionar a discussão do endividamento. Os republicanos acabaram adiando o voto, mas o Senado, controlado pelos democratas, já deu sinais de que não aprovará o plano proposto pelos Deputados."O plano será rejeitado ao ser encaminhado para o Senado. Essa parece ser a razão para a força das vendas de papéis", disse Quincy Krosby, estrategista de mercado na Prudential Financial.O índice Standard & Poors 500 recuou 0,3%, para 1.300,67 pontos, na quarta sessão consecutiva de perdas. A perda acumulada na semana é de 3,3%. O Dow Jones recuou 0,51% aos 12.240 pontos. O Nasdaq subiu 0,05%, para 2.766 pontos.A Green Mountain, empresa importante do setor de café, foi o maior ganho do Nasdaq, contribuindo para a leve alta do índice. Depois de apresentar um aumento de 18% nas vendas terceiro trimestre, as ações da companhia subiram 16,4%.Entre as quedas, os papéis da Exxon, maior companhia de petróleo negociada em bolsa, recuaram 2,2%. A companhia apresentou lucro abaixo do estimado por analistas. A disputa pelo teto de endividamento dos EUA aumentou a volatilidade dos mercados. Antes de cair com o temor de um calote americano, os índices começaram o dia com ganhos, causados pela divulgação de queda nos pedidos de auxílio desemprego e fortes dados de vendas no mercado imobiliário americano, um dia após o S&P 500 registrar sua maior queda em oito semanas.Na Europa, o principal índice de ações do continente fechou em alta, mas os índices regionais mostraram tendências contrárias. A esperança de solução para o impasse americano ofuscou resultados corporativos ruins.O índice FTSEurofirst 300 teve variação positiva de 0,06%, a 1.089 pontos, quebrando série negativa de três dias. Entre os índices regionais, o londrino Financial Times fechou em alta de 0,28%, a 5.873 pontos. Já o DAX, da Alemanha, e o CAC-40, da França, tiveram quedas de 0,86% e 0,57% respectivamente.Entre as empresas com resultados ruins esteve a BASF, do setor químico. As ações da empresa caíram 4,2%, pior desempenho dentro do mercado alemão.
Mesmo com acordo, EUA deixam de ser porto seguro
Mesmo com acordo, EUA deixam de ser porto seguro
Mesmo que o Congresso dos Estados Unidos chegue a um acordo que eleve o teto da dívida e evite que o país entre em "default", aos olhos de todo o mundo talvez o porto jamais volte a ser tão seguro quanto pareceu até aqui. Para Harrison Hong, professor da universidade de Princeton e especialista em finanças comportamentais, a quebra desse paradigma pode deixar o mercado atônito durante um tempo, replicando usos e costumes que adota hoje, mas, a médio prazo, os investidores buscarão alternativas ao dólar para se sentirem protegidos."Mesmo que eu acredite que haverá um acordo, não é tão óbvio que os Estados Unidos manterão seu rating AAA", disse Hong em entrevista na sede da Behavior Capital, empresa brasileira de gestão de recursos da qual é sócio. "Acho que há mais incerteza sobre isso hoje que a respeito do acordo."Segundo Hong, uma vez que se deixe de atribuir à classificação de risco americana o conceito máximo de tranquilidade, tem início uma temporada de busca de novas referências, ponto de partida para decisões de investimento. A longo prazo, essa busca deve resultar em carteiras montadas com uma maior diversificação de moedas.A curto prazo, pode haver um pouco mais do que já se tem observado nos mercados, com a transformação de ativos de risco em caixa ou sua troca pelo ouro. Mesmo nesse caixa, se notará a proporção de moedas como o franco suíço, o iene japonês ou o yuan chinês.Mas Hong acredita que não será por essa insegurança que o mercado terá mais volatilidade. Ao contrário, o medo deve reduzir a oscilação de preços, bem como a liquidez global, que vai continuar repercutindo o que ele chama de eventos verdadeiramente relevantes, como a crise europeia ou a tentativa de recuperação do mercado imobiliário americano, após a crise de 2008. "O que parece estar acontecendo é que há muita atividade em certos tipos de ativos que são como portos seguros. O ouro é um exemplo". Segundo ele, outras reações são pouco visíveis, como a inflação chinesa, pressionada pela demanda em torno da moeda, "controlada obsessivamente" pelo governo. Mas não aumenta a volatilidade de mercados como o de ações."A volatilidade tende a ser muito maior em períodos muito especulativos, com as bolhas", disse Hong, que analisa o comportamento de investidores e transforma distorções de mercado como essa em uma ferramenta para gestão, inclusive do fundo de R$ 52 milhões da Behavior Capital, do qual é estrategista. "A volatilidade não tende a ser tão alta quando as pessoas estão procurando por segurança."No Brasil para participar de encontro promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Hong diz encarar o país como "o outro lado da China"."A China é o lado da demanda e o Brasil, o do fornecimento". Isso, segundo ele, faz com que o país funcione como o outro lado de uma gangorra, abrigando o dinheiro que quer estar nos Brics (grupo composto por Brasil, Rússia, India e China), mas não pode ser refém do yuan, manipulado pelo governo chinês.
Mesmo que o Congresso dos Estados Unidos chegue a um acordo que eleve o teto da dívida e evite que o país entre em "default", aos olhos de todo o mundo talvez o porto jamais volte a ser tão seguro quanto pareceu até aqui. Para Harrison Hong, professor da universidade de Princeton e especialista em finanças comportamentais, a quebra desse paradigma pode deixar o mercado atônito durante um tempo, replicando usos e costumes que adota hoje, mas, a médio prazo, os investidores buscarão alternativas ao dólar para se sentirem protegidos."Mesmo que eu acredite que haverá um acordo, não é tão óbvio que os Estados Unidos manterão seu rating AAA", disse Hong em entrevista na sede da Behavior Capital, empresa brasileira de gestão de recursos da qual é sócio. "Acho que há mais incerteza sobre isso hoje que a respeito do acordo."Segundo Hong, uma vez que se deixe de atribuir à classificação de risco americana o conceito máximo de tranquilidade, tem início uma temporada de busca de novas referências, ponto de partida para decisões de investimento. A longo prazo, essa busca deve resultar em carteiras montadas com uma maior diversificação de moedas.A curto prazo, pode haver um pouco mais do que já se tem observado nos mercados, com a transformação de ativos de risco em caixa ou sua troca pelo ouro. Mesmo nesse caixa, se notará a proporção de moedas como o franco suíço, o iene japonês ou o yuan chinês.Mas Hong acredita que não será por essa insegurança que o mercado terá mais volatilidade. Ao contrário, o medo deve reduzir a oscilação de preços, bem como a liquidez global, que vai continuar repercutindo o que ele chama de eventos verdadeiramente relevantes, como a crise europeia ou a tentativa de recuperação do mercado imobiliário americano, após a crise de 2008. "O que parece estar acontecendo é que há muita atividade em certos tipos de ativos que são como portos seguros. O ouro é um exemplo". Segundo ele, outras reações são pouco visíveis, como a inflação chinesa, pressionada pela demanda em torno da moeda, "controlada obsessivamente" pelo governo. Mas não aumenta a volatilidade de mercados como o de ações."A volatilidade tende a ser muito maior em períodos muito especulativos, com as bolhas", disse Hong, que analisa o comportamento de investidores e transforma distorções de mercado como essa em uma ferramenta para gestão, inclusive do fundo de R$ 52 milhões da Behavior Capital, do qual é estrategista. "A volatilidade não tende a ser tão alta quando as pessoas estão procurando por segurança."No Brasil para participar de encontro promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Hong diz encarar o país como "o outro lado da China"."A China é o lado da demanda e o Brasil, o do fornecimento". Isso, segundo ele, faz com que o país funcione como o outro lado de uma gangorra, abrigando o dinheiro que quer estar nos Brics (grupo composto por Brasil, Rússia, India e China), mas não pode ser refém do yuan, manipulado pelo governo chinês.
BC prevê deterioração na Europa e aperto pode ter chegado ao fim Com a moderação do nível de atividade econômica já em curso e a expectativa de uma piora acentuada do cenário internacional, sobretudo na Europa, o Banco Central considera a hipótese de o aumento da taxa Selic de julho ter sido a última rodada do ciclo de aperto monetário. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, sinalizou essa possibilidade.A desaceleração do crescimento "está encomendada" e se mostrará nítida entre julho e setembro, garantiu uma alta fonte oficial. Na avaliação do governo, o segundo trimestre ainda teve um desempenho forte, mas ligeiramente abaixo de 1%. No terceiro trimestre, a taxa de crescimento já deverá cair para algo mais próximo de 0,5% e a queda será ainda mais forte no último trimestre, devendo o ano encerrar com um crescimento de 4% do PIB. As coletas de inflação "estão vindo bem", disse a fonte, e o IPCA acumulado em doze meses ainda cresce em agosto, mas deve ceder a partir de setembro.A avaliação do governo é que o comportamento da inflação está obedecendo ao cenário traçado pelo Banco Central no início do ano, quando anunciou que a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% só ocorreria em 2012. "Só não contávamos com uma deflação", comentou a fonte. O IGP-M de julho, divulgado ontem, teve deflação de 0,12%. Apesar de esperar uma piora acentuada da crise de dívida soberana na Europa, não é visível uma pressão deflacionária para o país. Sob esse aspecto, a crise, por enquanto, é neutra. "Mas diante da quantidade de riscos envolvidos, pode deixar de ser", comentou um ministro.Embora o pacote de socorro à Grécia e a criação de mecanismos que evitem o contágio para economias maiores, como Espanha e Itália, anunciado na semana passada, seja um bom indício, o fato é que ele é uma mera carta de intenção. Chamou a atenção das autoridades econômicas do país o parágrafo sexto do comunicado de Bruxelas, que deixa claro que as condições excepcionais colocadas no texto valem só para a Grécia.Em 16 meses o Copom aumentou os juros em 3,75 pontos percentuais e de janeiro a junho o governo federal produziu superávit primário de R$ 55,5 bilhões - o equivalente a 68% da meta fixada para o ano (de R$ 81,8 bilhões). O crédito, embora ainda em elevada expansão, na margem indica desaceleração e a taxa de câmbio, este ano, está mais valorizada que no ano passado. Essa conjunção de fatores, para o governo, começou a fazer efeitos.A inflação, sazonalmente, é maior no último e no primeiro trimestres do ano. Isso está nas considerações do governo. Não há, no horizonte, riscos de se repetir, este ano, os sete meses (outubro de 2010 a abril de 2011) de taxas elevadas, de 0,77% na média. Nesse período houve um exacerbado aumento dos preços das commodities que, espera-se, não se reproduzirá, a não ser que a crise externa leve os investidores a buscarem proteção nas commodities.
BC prevê deterioração na Europa e aperto pode ter chegado ao fim Com a moderação do nível de atividade econômica já em curso e a expectativa de uma piora acentuada do cenário internacional, sobretudo na Europa, o Banco Central considera a hipótese de o aumento da taxa Selic de julho ter sido a última rodada do ciclo de aperto monetário. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, sinalizou essa possibilidade.A desaceleração do crescimento "está encomendada" e se mostrará nítida entre julho e setembro, garantiu uma alta fonte oficial. Na avaliação do governo, o segundo trimestre ainda teve um desempenho forte, mas ligeiramente abaixo de 1%. No terceiro trimestre, a taxa de crescimento já deverá cair para algo mais próximo de 0,5% e a queda será ainda mais forte no último trimestre, devendo o ano encerrar com um crescimento de 4% do PIB. As coletas de inflação "estão vindo bem", disse a fonte, e o IPCA acumulado em doze meses ainda cresce em agosto, mas deve ceder a partir de setembro.A avaliação do governo é que o comportamento da inflação está obedecendo ao cenário traçado pelo Banco Central no início do ano, quando anunciou que a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% só ocorreria em 2012. "Só não contávamos com uma deflação", comentou a fonte. O IGP-M de julho, divulgado ontem, teve deflação de 0,12%. Apesar de esperar uma piora acentuada da crise de dívida soberana na Europa, não é visível uma pressão deflacionária para o país. Sob esse aspecto, a crise, por enquanto, é neutra. "Mas diante da quantidade de riscos envolvidos, pode deixar de ser", comentou um ministro.Embora o pacote de socorro à Grécia e a criação de mecanismos que evitem o contágio para economias maiores, como Espanha e Itália, anunciado na semana passada, seja um bom indício, o fato é que ele é uma mera carta de intenção. Chamou a atenção das autoridades econômicas do país o parágrafo sexto do comunicado de Bruxelas, que deixa claro que as condições excepcionais colocadas no texto valem só para a Grécia.Em 16 meses o Copom aumentou os juros em 3,75 pontos percentuais e de janeiro a junho o governo federal produziu superávit primário de R$ 55,5 bilhões - o equivalente a 68% da meta fixada para o ano (de R$ 81,8 bilhões). O crédito, embora ainda em elevada expansão, na margem indica desaceleração e a taxa de câmbio, este ano, está mais valorizada que no ano passado. Essa conjunção de fatores, para o governo, começou a fazer efeitos.A inflação, sazonalmente, é maior no último e no primeiro trimestres do ano. Isso está nas considerações do governo. Não há, no horizonte, riscos de se repetir, este ano, os sete meses (outubro de 2010 a abril de 2011) de taxas elevadas, de 0,77% na média. Nesse período houve um exacerbado aumento dos preços das commodities que, espera-se, não se reproduzirá, a não ser que a crise externa leve os investidores a buscarem proteção nas commodities. Com a moderação do nível de atividade econômica já em curso e a expectativa de uma piora acentuada do cenário internacional, sobretudo na Europa, o Banco Central considera a hipótese de o aumento da taxa Selic de julho ter sido a última rodada do ciclo de aperto monetário. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, sinalizou essa possibilidade.A desaceleração do crescimento "está encomendada" e se mostrará nítida entre julho e setembro, garantiu uma alta fonte oficial. Na avaliação do governo, o segundo trimestre ainda teve um desempenho forte, mas ligeiramente abaixo de 1%. No terceiro trimestre, a taxa de crescimento já deverá cair para algo mais próximo de 0,5% e a queda será ainda mais forte no último trimestre, devendo o ano encerrar com um crescimento de 4% do PIB. As coletas de inflação "estão vindo bem", disse a fonte, e o IPCA acumulado em doze meses ainda cresce em agosto, mas deve ceder a partir de setembro.A avaliação do governo é que o comportamento da inflação está obedecendo ao cenário traçado pelo Banco Central no início do ano, quando anunciou que a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% só ocorreria em 2012. "Só não contávamos com uma deflação", comentou a fonte. O IGP-M de julho, divulgado ontem, teve deflação de 0,12%. Apesar de esperar uma piora acentuada da crise de dívida soberana na Europa, não é visível uma pressão deflacionária para o país. Sob esse aspecto, a crise, por enquanto, é neutra. "Mas diante da quantidade de riscos envolvidos, pode deixar de ser", comentou um ministro.Embora o pacote de socorro à Grécia e a criação de mecanismos que evitem o contágio para economias maiores, como Espanha e Itália, anunciado na semana passada, seja um bom indício, o fato é que ele é uma mera carta de intenção. Chamou a atenção das autoridades econômicas do país o parágrafo sexto do comunicado de Bruxelas, que deixa claro que as condições excepcionais colocadas no texto valem só para a Grécia.Em 16 meses o Copom aumentou os juros em 3,75 pontos percentuais e de janeiro a junho o governo federal produziu superávit primário de R$ 55,5 bilhões - o equivalente a 68% da meta fixada para o ano (de R$ 81,8 bilhões). O crédito, embora ainda em elevada expansão, na margem indica desaceleração e a taxa de câmbio, este ano, está mais valorizada que no ano passado. Essa conjunção de fatores, para o governo, começou a fazer efeitos.A inflação, sazonalmente, é maior no último e no primeiro trimestres do ano. Isso está nas considerações do governo. Não há, no horizonte, riscos de se repetir, este ano, os sete meses (outubro de 2010 a abril de 2011) de taxas elevadas, de 0,77% na média. Nesse período houve um exacerbado aumento dos preços das commodities que, espera-se, não se reproduzirá, a não ser que a crise externa leve os investidores a buscarem proteção nas commodities.
Resiliente, Ásia está mais vulnerável à crise global
Resiliente, Ásia está mais vulnerável à crise global
Se os mercados de bônus e ações da Ásia servirem de guia, então, os investidores parecem estar bem despreocupados quanto aos riscos de falta de dinheiro do Tesouro dos Estados Unidos e ao descontrole da crise da dívida de região do euro.O impasse nas negociações para elevar o teto de endividamento dos EUA ainda não afetou seriamente os mercados financeiros da região. As ações de empresas asiáticas, na verdade, subiram nas últimas semanas, com o índice FTSE All-World Asia Pacific, que não inclui o Japão, em alta de mais de 3% desde o início do ano.Embora o custo de proteção contra a inadimplência de empresas na Ásia tenha ficado mais caro e se mostrado mais volátil nos últimos dois meses, o índice iTraxx Asia (sem o Japão), termômetro do risco de crédito, continua abaixo dos níveis vistos em 2010."Certamente, não estamos precificados para uma inadimplência total ou rebaixamento de crédito dos EUA", diz Shane Oliver, da AMP Capital Investors, de Sydney.Assim como a maioria dos agentes de mercado, Oliver está confiante de que os políticos dos EUA chegarão a uma solução para elevar o limite de captações no país até o fim do prazo, no início da próxima semana.Oliver admite, no entanto, que uma crise mais grave nos EUA ou Europa atingiria os mercados financeiros com a mesma intensidade observada há três anos. Outros são mais pessimistas e julgam que a região estaria mais vulnerável a um contágio desta vez, porque os governos agora têm menos capacidade para aplicar outra rodada de medidas de estímulo econômico.Em 2008 e 2009, com a falência do Lehman Brothers, a inércia dos mercados de financiamento mundiais e a contração do comércio internacional, os bônus e ações asiáticos caíram mais que os papéis no centro da tempestade nos EUA.As fortes quedas foram mais incômodas para os investidores na região porque nos anos prévios à crise a ideia geral era de que a Ásia estava se "descolando" do Ocidente.A Ásia segue com forte dependência da Europa e EUA, mais nitidamente em relação às exportações de bens e serviços a consumidores ocidentais, mas também cada vez mais no que se refere a fluxos de capital e sistema financeiro.O analista de crédito Viktor Hjort, do Morgan Stanley, em Hong Kong, diz que "a fonte de contágio mais rápida e perigosa" para os mercados de bônus asiáticos é a falta de liquidez nos mercados de financiamento mundiais. Na crise de 2008, os bancos europeus reduziram a concessão de empréstimos para a Ásia em 20%, o que levou a um contágio generalizado e impediu algumas empresas de rolar suas dívidas.Hjort destaca que as economias asiáticas estejam em melhor posição para enfrentar um aperto na liquidez mundial em comparação a 2008, porque as reservas internacionais aumentaram e os sistemas bancários estão menos dependentes do financiamento de externo.Os rendimentos dos bônus também estão mais elevados agora, já que os investidores assumiram uma abordagem mais cautelosa. Além disso, por uma série de critérios, as ações da região estão mais baratas do que há três anos, o que sugere desvalorizações menores em um cenário de crise.Ainda assim, analistas dizem que há uma diferença importante, em relação a 2008, que ameaça tornar qualquer nova crise muito mais perigosa: depois de liberar volume recorde de dinheiro para combater o desmoronamento financeiro, os governos e bancos centrais gastaram grande parte de seu poder de fogo anticrises.O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduziu seus juros para quase zero e o governo, endividado, provavelmente enfrentaria oposição feroz a qualquer novo gasto com estímulos.Embora os governos asiáticos tenham mais espaço que os do Ocidente para embarcar em nova rodada de estímulos financiados por dívidas ou cortes de juros, a capacidade para fazê-lo foi reduzida.De fato, as medidas de estímulo que ajudaram os países asiáticos a se recuperar rapidamente da crise passada agora trazem efeitos colaterais incômodos. A China promoveu o maior pacote de estímulos do mundo, ordenando a seus bancos a conceder empréstimos de centenas de bilhões de dólares a projetos de investimento estatais. As dívidas de difícil recuperação agora são cada vez maiores.O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, aumentou em grande parte da Ásia, mesmo com a economia começado a se desacelerar. Na China, os preços ao consumidor de junho apresentaram a maior alta em três anos, de 6,4%, acima da meta de Pequim, de 4%. Se os EUA ou Europa mergulharem em nova crise, dificilmente os países asiáticos se recuperarão com o mesmo vigor de três anos atrás.
Se os mercados de bônus e ações da Ásia servirem de guia, então, os investidores parecem estar bem despreocupados quanto aos riscos de falta de dinheiro do Tesouro dos Estados Unidos e ao descontrole da crise da dívida de região do euro.O impasse nas negociações para elevar o teto de endividamento dos EUA ainda não afetou seriamente os mercados financeiros da região. As ações de empresas asiáticas, na verdade, subiram nas últimas semanas, com o índice FTSE All-World Asia Pacific, que não inclui o Japão, em alta de mais de 3% desde o início do ano.Embora o custo de proteção contra a inadimplência de empresas na Ásia tenha ficado mais caro e se mostrado mais volátil nos últimos dois meses, o índice iTraxx Asia (sem o Japão), termômetro do risco de crédito, continua abaixo dos níveis vistos em 2010."Certamente, não estamos precificados para uma inadimplência total ou rebaixamento de crédito dos EUA", diz Shane Oliver, da AMP Capital Investors, de Sydney.Assim como a maioria dos agentes de mercado, Oliver está confiante de que os políticos dos EUA chegarão a uma solução para elevar o limite de captações no país até o fim do prazo, no início da próxima semana.Oliver admite, no entanto, que uma crise mais grave nos EUA ou Europa atingiria os mercados financeiros com a mesma intensidade observada há três anos. Outros são mais pessimistas e julgam que a região estaria mais vulnerável a um contágio desta vez, porque os governos agora têm menos capacidade para aplicar outra rodada de medidas de estímulo econômico.Em 2008 e 2009, com a falência do Lehman Brothers, a inércia dos mercados de financiamento mundiais e a contração do comércio internacional, os bônus e ações asiáticos caíram mais que os papéis no centro da tempestade nos EUA.As fortes quedas foram mais incômodas para os investidores na região porque nos anos prévios à crise a ideia geral era de que a Ásia estava se "descolando" do Ocidente.A Ásia segue com forte dependência da Europa e EUA, mais nitidamente em relação às exportações de bens e serviços a consumidores ocidentais, mas também cada vez mais no que se refere a fluxos de capital e sistema financeiro.O analista de crédito Viktor Hjort, do Morgan Stanley, em Hong Kong, diz que "a fonte de contágio mais rápida e perigosa" para os mercados de bônus asiáticos é a falta de liquidez nos mercados de financiamento mundiais. Na crise de 2008, os bancos europeus reduziram a concessão de empréstimos para a Ásia em 20%, o que levou a um contágio generalizado e impediu algumas empresas de rolar suas dívidas.Hjort destaca que as economias asiáticas estejam em melhor posição para enfrentar um aperto na liquidez mundial em comparação a 2008, porque as reservas internacionais aumentaram e os sistemas bancários estão menos dependentes do financiamento de externo.Os rendimentos dos bônus também estão mais elevados agora, já que os investidores assumiram uma abordagem mais cautelosa. Além disso, por uma série de critérios, as ações da região estão mais baratas do que há três anos, o que sugere desvalorizações menores em um cenário de crise.Ainda assim, analistas dizem que há uma diferença importante, em relação a 2008, que ameaça tornar qualquer nova crise muito mais perigosa: depois de liberar volume recorde de dinheiro para combater o desmoronamento financeiro, os governos e bancos centrais gastaram grande parte de seu poder de fogo anticrises.O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduziu seus juros para quase zero e o governo, endividado, provavelmente enfrentaria oposição feroz a qualquer novo gasto com estímulos.Embora os governos asiáticos tenham mais espaço que os do Ocidente para embarcar em nova rodada de estímulos financiados por dívidas ou cortes de juros, a capacidade para fazê-lo foi reduzida.De fato, as medidas de estímulo que ajudaram os países asiáticos a se recuperar rapidamente da crise passada agora trazem efeitos colaterais incômodos. A China promoveu o maior pacote de estímulos do mundo, ordenando a seus bancos a conceder empréstimos de centenas de bilhões de dólares a projetos de investimento estatais. As dívidas de difícil recuperação agora são cada vez maiores.O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, aumentou em grande parte da Ásia, mesmo com a economia começado a se desacelerar. Na China, os preços ao consumidor de junho apresentaram a maior alta em três anos, de 6,4%, acima da meta de Pequim, de 4%. Se os EUA ou Europa mergulharem em nova crise, dificilmente os países asiáticos se recuperarão com o mesmo vigor de três anos atrás.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Café cai em NY em meio a incertezas e colheita
Café cai em NY em meio a incertezas e colheita
Os preços futuros do café arábica registraram ontem a maior queda desde o dia 19 de julho na bolsa de Nova York. Os contratos para entrega em dezembro fecharam o dia a US$ 2,4555 por libra-peso, uma perda diária de 370 pontos ou 1,5%. De acordo com o analista da Safras & Mercado, Diogo Medzdorff, o café foi influenciado pelo ambiente de incertezas no mercado financeiro. As preocupações com a Europa fizeram o dólar se valorizar, o que reduziu o apetite dos investidores pelas commodities.Com quase três quartos da safra brasileira já colhida e a recomposição dos estoques, os fundamentos não ofereceram grande resistência à pressão baixista. As expectativas otimistas em relação à safra 2012/13 também foram levadas em conta. Ontem, a Somar Meteorologia divulgou relatório de acordo com o qual o Brasil tem grande chance de colher uma produção recorde no ano que vem, graças ao clima favorável para o desenvolvimento das lavouras. Além disso, a próxima safra deverá ter produtividades mais elevadas por causa do ciclo bienal do café. No mês, o preço do café registra queda de 7,55%, mas ainda acumula uma alta de 1,55% em 2011 em Nova York. Além disso, os preços médios praticados em julho são aproximadamente 55% mais altos do que os observados em igual período do ano passado. Analistas de mercado avaliam que, apesar do cenário favorável para a próxima safra, o equilíbrio global entre oferta e demanda ainda é delicado.
Os preços futuros do café arábica registraram ontem a maior queda desde o dia 19 de julho na bolsa de Nova York. Os contratos para entrega em dezembro fecharam o dia a US$ 2,4555 por libra-peso, uma perda diária de 370 pontos ou 1,5%. De acordo com o analista da Safras & Mercado, Diogo Medzdorff, o café foi influenciado pelo ambiente de incertezas no mercado financeiro. As preocupações com a Europa fizeram o dólar se valorizar, o que reduziu o apetite dos investidores pelas commodities.Com quase três quartos da safra brasileira já colhida e a recomposição dos estoques, os fundamentos não ofereceram grande resistência à pressão baixista. As expectativas otimistas em relação à safra 2012/13 também foram levadas em conta. Ontem, a Somar Meteorologia divulgou relatório de acordo com o qual o Brasil tem grande chance de colher uma produção recorde no ano que vem, graças ao clima favorável para o desenvolvimento das lavouras. Além disso, a próxima safra deverá ter produtividades mais elevadas por causa do ciclo bienal do café. No mês, o preço do café registra queda de 7,55%, mas ainda acumula uma alta de 1,55% em 2011 em Nova York. Além disso, os preços médios praticados em julho são aproximadamente 55% mais altos do que os observados em igual período do ano passado. Analistas de mercado avaliam que, apesar do cenário favorável para a próxima safra, o equilíbrio global entre oferta e demanda ainda é delicado.
Calote seria "devastador"
Calote seria "devastador"
O presidente e CEO da rede varejista americana Wal-Mart, Michael Duke, disse ontem que um calote na dívida dos EUA seria "devastador" para os consumidores, que seriam afetados pela elevação das taxas de juros. "Um default e o efeito em onda [causado por ele] seriam impactantes", afirmou Duke em depoimento à Comissão de Finanças do Senado. Segundo ele, tanto a confirmação quanto a percepção de um default castigariam a economia dos Estados Unidos. Outros executivos que participaram da sessão foram Thomas Falk, presidente e CEO da Kimberly-Clark, Gregory Lang, presidente e CEO da PMC-Sierra, e Larry Merlo, presidente e CEO da CVS. O presidente da comissão, Max Baucus, disse que o corte no imposto de renda pretendido pelas empresas dificilmente será possível, mesmo com eliminação de benefícios fiscais.
O presidente e CEO da rede varejista americana Wal-Mart, Michael Duke, disse ontem que um calote na dívida dos EUA seria "devastador" para os consumidores, que seriam afetados pela elevação das taxas de juros. "Um default e o efeito em onda [causado por ele] seriam impactantes", afirmou Duke em depoimento à Comissão de Finanças do Senado. Segundo ele, tanto a confirmação quanto a percepção de um default castigariam a economia dos Estados Unidos. Outros executivos que participaram da sessão foram Thomas Falk, presidente e CEO da Kimberly-Clark, Gregory Lang, presidente e CEO da PMC-Sierra, e Larry Merlo, presidente e CEO da CVS. O presidente da comissão, Max Baucus, disse que o corte no imposto de renda pretendido pelas empresas dificilmente será possível, mesmo com eliminação de benefícios fiscais.
EUA preparam plano de ação para o dia do calote
O Departamento de Tesouro, que é o Ministério da Fazenda dos Estados Unidos, vai detalhar o que fará com os 100 milhões de cheques que emite todos os meses se o Congresso não aumentar o teto de endividamento público, e isso vai abrir a cortina de um plano mantido em segredo e que pode ter consequências dramáticas para a economia, a nota de crédito dos EUA e a situação política do país.O governo Barack Obama espera que essas decisões - isto é, quem pagar ou não - possam ser evitadas se um acordo para elevar o teto de endividamento antes de 2 de agosto for fechado, mas o prazo está acabando. Membros do governo ainda não decidiram quando divulgar o plano e podem reverter o curso se houver progresso nas negociações para aumentar o teto.Se a turbulência nos mercados piorar esta semana, contudo, a Casa Branca pode divulgar os planos nos próximos dias. Pessoas do governo não quiseram dar detalhes sobre ele.O Federal Reserve, ou Fed, como é conhecido o banco central americano, deve ter um papel importante qualquer que seja o plano do Tesouro, mas já avisou que não tem ferramentas especiais para resgatar o governo. O Fed pode optar por tentar acalmar o mercado financeiro garantindo que os bancos tenham dinheiro para continuar operando.Executivos de Wall Street acreditam que o Tesouro vai reestruturar a maneira como paga suas contas, de modo que detentores de títulos de dívida, inclusive governos como o da China, tenham prioridade. Isso evitaria que o país ficasse inadimplente em seus títulos de dívida - algo que até a Grécia conseguiu evitar.Terry Belton, diretor mundial de estratégia de renda fixa do J.P. Morgan Chase, disse acreditar que há "chance virtualmente zero" de uma moratória em títulos de dívida americana, mesmo se o teto da dívida não for ampliado até 2 de agosto."O Tesouro tem outras coisas disponíveis que são bastante nocivas, mas são melhores do que deixar de fazer um pagamento de juros", disse ele. Pagar detentores de títulos antes de beneficiários da Previdência, por exemplo, pode gerar ira política e levar a processos na Justiça e turbulência nos mercados, além de um possível rebaixamento da nota de crédito.O governo está sob pressão de detentores de dívida, cidadãos idosos, parlamentares e outros grupos para detalhar como vai priorizar os pagamentos. Detalhar seus planos poderia ajudar o Tesouro a conter a crescente incerteza nos mercados financeiros quanto ao que pode acontecer na semana que vem, mas também poderia abrir espaço para críticas políticas e poderia deflagrar um tipo de crise que ele existe para evitar.Funcionários do governo acreditam que podem perder a capacidade de tomar dinheiro emprestado se o teto de endividamento não for suspenso. Embora a receita com impostos tenha sido maior do que o esperado nas últimas semanas, acredita-se que o Tesouro vai contrair radicalmente seus pagamentos depois de 2 de agosto para conservar caixa o máximo possível. O Centro Político Bipartidário, um centro de estudos de Washington, estima que o Tesouro vai ter um déficit de cerca de US$ 130 bilhões em agosto e provavelmente não terá o dinheiro para cobrir todas as suas obrigações.Autoridades de primeiro escalão do governo têm se reunido há semanas para traçar planos para operar depois de 2 de agosto, mas não divulgaram nenhuma de suas estratégias. Detalhes só circularam entre um grupo fechado de autoridades, entre elas o presidente Obama, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e um grupo de confidentes deste no ministério.Dois auxiliares importantes são Mary Miller e Matthew Rutherford, ambos especialistas em mercados de dívida. Rutherford tem sido um conselheiro bem próximo de Geithner desde que ambos trabalharam juntos no filial do Fed em Nova York. Miller é uma especialista no mercado financeiro que passou 26 anos no fundo T. Rowe Price Group.Ex-membros do governo dizem que parece não haver resposta simples para como a equipe de Geithner pode navegar uma situação como esta, e que a ideia de priorizar alguns pagamentos do governo sobre outros poderia ser um pesadelo técnico e logístico. Muitos pagamentos são computadorizados e não está claro quais sistemas poderiam ser reprogramados a tempo.Isso já levou membros do governo a dizer, recentemente, que acham que estarão prontos para o que acontecerá depois de 2 de agosto, mas descreveram como "impensáveis" as decisões que teriam de tomar nesse caso."Então o que você diz? Quem você paga? Essa é uma situação impossível que este país nunca enfrentou, e nunca terá de enfrentar se o Congresso fizer o que foi eleito para fazer", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.O senador Orrin Hatch, do Partido Republicano e membro da comissão de finança do Senado, pediu a Geithner para especificar até às 17 horas de hoje, horário de Washington, seus planos de contingência. Ele também pediu detalhes sobre quanto dinheiro o Tesouro esperava receber e gastar entre o fim de julho e o fim de agosto, algo que o Tesouro ainda não fez."Muitos americanos e membros do Congresso estão, infelizmente, apoiando-se em estimativas e projeções de grandes instituições financeiras de Wall Street ou de organizações não-governamentais muitas vezes rotuladas de 'centros de estudos'", escreveu Hatch a Geithner e outras autoridades financeiras. "A falta de informação é insatisfatória."Embora a Casa Branca tenha tido o cuidado de não divulgar seus planos, ela tem sugerido que há coisas que ela não faria depois de 2 de agosto. Por exemplo, autoridades do governo já disseram que Obama não invocaria a 14 emenda da Constituição, que diz que o teto de endividamento é anticonstitucional. Eles também já disseram que não planejam vender as reservas de ouro do país ou ativos parecidos para levantar dinheiro rapidamente.
Encomendas caem e Fed vê mercado imobiliário fraco
Encomendas caem e Fed vê mercado imobiliário fraco
A economia dos Estados Unidos teve desde o mês passado uma piora em aproximadamente metade do país, prejudicada por um mercado imobiliário fraco e pela desaceleração da produção industrial. A conclusão faz parte do relatório conhecido como Livro Bege, divulgado ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).O relatório cobre junho e a primeira quinzena de julho. Segundo o Fed, a demanda por crédito ficou estagnada. O volume de empréstimos concedidos pelos bancos americanos somava US$ 6,78 trilhões no dia 13, pouco inalterado frente ao montante de US$ 6,77 trilhões do início de janeiro.O documento mostrou ainda que há poucas forças empurrando a inflação para cima. "As pressões de preços moderaram-se."Outra dados também sinalizam desaquecimento da economia.As encomendas de bens duráveis recuaram 2,1% nos EUA em junho na comparação com maio, para um valor sazonalmente ajustado de US$ 191,98 bilhões, contrariando a expectativa de analistas, que era de leve aumento.Segundo o Departamento de Comércio, essa foi a segunda queda mensal dos últimos três meses. Em maio, as encomendas haviam crescido 1,9%. Excluindo transporte, as encomendas aumentaram 0,1%; excluindo defesa, houve queda de 1,8%.
A economia dos Estados Unidos teve desde o mês passado uma piora em aproximadamente metade do país, prejudicada por um mercado imobiliário fraco e pela desaceleração da produção industrial. A conclusão faz parte do relatório conhecido como Livro Bege, divulgado ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).O relatório cobre junho e a primeira quinzena de julho. Segundo o Fed, a demanda por crédito ficou estagnada. O volume de empréstimos concedidos pelos bancos americanos somava US$ 6,78 trilhões no dia 13, pouco inalterado frente ao montante de US$ 6,77 trilhões do início de janeiro.O documento mostrou ainda que há poucas forças empurrando a inflação para cima. "As pressões de preços moderaram-se."Outra dados também sinalizam desaquecimento da economia.As encomendas de bens duráveis recuaram 2,1% nos EUA em junho na comparação com maio, para um valor sazonalmente ajustado de US$ 191,98 bilhões, contrariando a expectativa de analistas, que era de leve aumento.Segundo o Departamento de Comércio, essa foi a segunda queda mensal dos últimos três meses. Em maio, as encomendas haviam crescido 1,9%. Excluindo transporte, as encomendas aumentaram 0,1%; excluindo defesa, houve queda de 1,8%.
Sem acordo, custo de proteção contra default americano bate recorde
Sem acordo, custo de proteção contra default americano bate recorde
O custo do seguro contra um default dos Estados Unidos atingiu um patamar recorde ontem, num sinal de que a inquietação crescente com o impasse em Washington em relação à elevação do teto da dívida federal poderá resultar numa incapacidade do Tesouro americano de pagar juros aos detentores de bônus. O mercado de compra e venda de seguro sobre a qualidade do crédito dos Estados Unidos tem pouca movimentação, é denominado em euros e dominado por bancos europeus e britânicos. Mas os negócios com os chamados swaps de defaults de crédito (CDS) aumentaram com a possibilidade maior de um default americano.Em um CDS, um comprador de proteção é compensado pelo vendedor se houver um calote ou não pagamento, conhecido como evento de crédito. "O mercado de CDS dos EUA tem uma liquidez bem menor que outros mercados soberanos, uma vez que até recentemente ninguém imaginaria que a possibilidade de um evento de crédito dos EUA poderia ser tão alta", diz Ira Jersey, estrategista do Crédit Suisse. "O mercado está ficando nervoso diante do risco de um calote."Os prêmios dos CDS soberanos de um ano dos EUA tiveram um repique esta semana, sendo negociados ontem em torno de 90 pontos-base em Londres, superando a alta anterior estabelecida em março de 2009.Num sinal da maior preocupação com um default no curto prazo, o CDS de um ano dos EUA foi negociado a um preço maior que os prêmios dos títulos de cinco anos, que têm mais liquidez: 65 pontos-base, pela primeira vez. Otis Casey, diretor de análise de crédito da Markit, disse: "Normalmente você vê uma inversão da ponta inferior em emissores que estão com muitos problemas".O tamanho líquido do mercado de CDS dos EUA, ou a exposição de fato do mercado, é de US$ 4,9 bilhões. Os EUA estão acima da exposição da Grécia, de US$ 4,6 bilhões, mas abaixo da exposição do Reino Unido, de US$ 12,3 bilhões, segundo dados da Depositary Trust and Clearing Corp.Analistas disseram ontem que, dado o custo da compra de proteção para um ano e o risco do Tesouro perder um pagamento da dívida no mês que vem, há a possibilidade de um pagamento enorme para os investidores neste cenário.Mas isso precisa ser considerado contra a probabilidade do teto da dívida ser elevado e a possibilidade do Tesouro se esforçar para cumprir com suas obrigações durante o período de carência de três dias antes de um evento de crédito ser oficialmente declarado.Estava previsto ainda para ontem a divulgação pela International Swaps and Derivatives Association (ISDA) de um guia para responder dúvidas sobre um possível default dos EUA. Na segunda-feira, a ISDA postou em seu site na internet uma série atualizada de esclarecimentos sobre a dívida soberana da Grécia.No cado dos EUA, um evento de crédito ocorreria se o Tesouro não conseguisse realizar um pagamento de bônus do governo. Nesta situação, um comitê sob os auspícios da ISDA decidiria que um evento de default ocorrera somente se o pagamento não tivesse sido feito após o período de carência de três dias. A essa altura, os negócios com CDS dos EUA seriam desencadeados e então liquidados.
O custo do seguro contra um default dos Estados Unidos atingiu um patamar recorde ontem, num sinal de que a inquietação crescente com o impasse em Washington em relação à elevação do teto da dívida federal poderá resultar numa incapacidade do Tesouro americano de pagar juros aos detentores de bônus. O mercado de compra e venda de seguro sobre a qualidade do crédito dos Estados Unidos tem pouca movimentação, é denominado em euros e dominado por bancos europeus e britânicos. Mas os negócios com os chamados swaps de defaults de crédito (CDS) aumentaram com a possibilidade maior de um default americano.Em um CDS, um comprador de proteção é compensado pelo vendedor se houver um calote ou não pagamento, conhecido como evento de crédito. "O mercado de CDS dos EUA tem uma liquidez bem menor que outros mercados soberanos, uma vez que até recentemente ninguém imaginaria que a possibilidade de um evento de crédito dos EUA poderia ser tão alta", diz Ira Jersey, estrategista do Crédit Suisse. "O mercado está ficando nervoso diante do risco de um calote."Os prêmios dos CDS soberanos de um ano dos EUA tiveram um repique esta semana, sendo negociados ontem em torno de 90 pontos-base em Londres, superando a alta anterior estabelecida em março de 2009.Num sinal da maior preocupação com um default no curto prazo, o CDS de um ano dos EUA foi negociado a um preço maior que os prêmios dos títulos de cinco anos, que têm mais liquidez: 65 pontos-base, pela primeira vez. Otis Casey, diretor de análise de crédito da Markit, disse: "Normalmente você vê uma inversão da ponta inferior em emissores que estão com muitos problemas".O tamanho líquido do mercado de CDS dos EUA, ou a exposição de fato do mercado, é de US$ 4,9 bilhões. Os EUA estão acima da exposição da Grécia, de US$ 4,6 bilhões, mas abaixo da exposição do Reino Unido, de US$ 12,3 bilhões, segundo dados da Depositary Trust and Clearing Corp.Analistas disseram ontem que, dado o custo da compra de proteção para um ano e o risco do Tesouro perder um pagamento da dívida no mês que vem, há a possibilidade de um pagamento enorme para os investidores neste cenário.Mas isso precisa ser considerado contra a probabilidade do teto da dívida ser elevado e a possibilidade do Tesouro se esforçar para cumprir com suas obrigações durante o período de carência de três dias antes de um evento de crédito ser oficialmente declarado.Estava previsto ainda para ontem a divulgação pela International Swaps and Derivatives Association (ISDA) de um guia para responder dúvidas sobre um possível default dos EUA. Na segunda-feira, a ISDA postou em seu site na internet uma série atualizada de esclarecimentos sobre a dívida soberana da Grécia.No cado dos EUA, um evento de crédito ocorreria se o Tesouro não conseguisse realizar um pagamento de bônus do governo. Nesta situação, um comitê sob os auspícios da ISDA decidiria que um evento de default ocorrera somente se o pagamento não tivesse sido feito após o período de carência de três dias. A essa altura, os negócios com CDS dos EUA seriam desencadeados e então liquidados.
Para mercado, medida é difícil de ser implementada
Para mercado, medida é difícil de ser implementada
Do jeito que foi editado, será muito difícil implementar o decreto que tem como objetivo conter a especulação cambial que provoca a valorização do real. Para especialistas consultados pelo Valor, a divulgação da mais abrangente ação cambial já adotada pelo governo na atual "guerra cambial" gerou tantas dúvidas que a reação imediata do mercado foi parar de operar. Segundo relato de profissionais, até o início da tarde de ontem, os negócios travaram e era difícil obter uma cotação de qualquer produto cambial junto a bancos. "A medida é tão ampla e vaga que deixou um certo descrédito em relação à capacidade do governo de implementá-la", afirma o gestor de um fundo estrangeiro.Embora o dólar tenha reagido em forte alta por conta das medidas, analistas consideram que os efeitos sobre a cotação da moeda americana devem se restringir ao curto prazo e não eliminam a tendência de queda por conta do cenário internacional. A principal dificuldade vista pelos profissionais é quem fará a consolidação das informações sobre exposição cambial. Apurar o saldo da exposição cambial de um agente que opera com dólar futuro, swap cambial, títulos públicos atrelados ao dólar, opções, entre outros, é uma tarefa considerada "impossível" com os instrumentos disponíveis no momento. Em relatório divulgado ontem, o economista do Itaú Unibanco, Darwin Dib, observa que a definição do preço de alguns desses ativos tem uma boa dose de subjetividade. "Até o vencimento, a precificação deste tipo de contrato varia de acordo com a metodologia utilizada por cada agente. A BM&F e a Cetip têm condições de fazer esta precificação? Como definir a precificação adequada?", questiona. A sensação do mercado é de que o governo correu para anunciar alguma nova arma diante da possibilidade de que a apreciação cambial em curso se agravar, diante do quadro externo. Só que, na pressa, pode ter vindo apenas um "rascunho" geral para que, ao longo dos próximos dias, definições e exceções sejam anunciadas. Até que venham os ajustes, a medida deve alcançar todo o mercado: do exportador ao investidor estrangeiro. "No fim, ele pode penalizar o exportador, que é quem deveria ser protegido", diz um especialista.Segundo o estrategista da Nomura Securities, Tony Volpon, tecnicamente, até uma operação de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio) pode ser classificado como um derivativo, uma vez que é a antecipação de uma receita futura em moeda estrangeira. E, portanto, poderia estar sujeita à tributação com IOF. "A rigor, qualquer instrumento de hedge é derivativo", afirma. "Se ficar como está, a medida vai encarecer muito o custo de hedge e de captação externa."A medida também pode gerar distorções. Analistas são unânimes em observar que um investidor que tenha projetos no exterior, que gere saída de dólares do país, assumirá uma posição vendida aqui, com o objetivo de zerar a exposição cambial. Nesse caso, o governo teria acesso apenas à posição vendida e esse investidor pagaria o tributo. "Se um banco ou uma indústria fizer uma aquisição no exterior e fizer um hedge aqui, ele será penalizado", observa. Situação semelhante pode ser vivida por fundos multimercados que compram cotas de fundos no exterior, em dólar. Para zerar a exposição cambial, esse fundo faria uma posição vendida no mercado de futuros e, consequentemente, estaria sujeito ao IOF.Para Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e sócio da Mauá Sekular Investimentos, um efeito colateral da medida, portanto, pode ser a exportação do mercado brasileiro de derivativos, reduzindo a capacidade do governo de monitorar as posições das empresas e instituições locais, que passariam a fazer hedge no exterior. Diante das dúvidas, é possível dizer que a ação do governo deve, no curto prazo, reduzir os negócios realizados tanto no mercado futuro de câmbio na BM&F como nas operações de balcão realizadas na Cetip. Inicialmente, a BM&FBovespa é a maior perdedora com a medida. Em menor escala, a Cetip também deve ser afetada, enquanto o impacto para os bancos, que terão menos flexibilidade para operar tanto por meio da carteira própria como em nome de clientes, ainda é incerto.Nas estimativas do Barclays, os contratos cambiais representam aproximadamente 28% das receitas com derivativos negociados no segmento BM&F. Como consequência, existe um risco de queda de até 10% do total das receitas projetadas para a bolsa no pior cenário, segundo o analista Henrique Caldeira.No pregão de ontem, as ações da BM&FBovespa fecharam em forte queda de 5,45%, enquanto as da Cetip recuaram 0,72%. Procuradas, ambas as instituições informaram que não comentariam o assunto.
Do jeito que foi editado, será muito difícil implementar o decreto que tem como objetivo conter a especulação cambial que provoca a valorização do real. Para especialistas consultados pelo Valor, a divulgação da mais abrangente ação cambial já adotada pelo governo na atual "guerra cambial" gerou tantas dúvidas que a reação imediata do mercado foi parar de operar. Segundo relato de profissionais, até o início da tarde de ontem, os negócios travaram e era difícil obter uma cotação de qualquer produto cambial junto a bancos. "A medida é tão ampla e vaga que deixou um certo descrédito em relação à capacidade do governo de implementá-la", afirma o gestor de um fundo estrangeiro.Embora o dólar tenha reagido em forte alta por conta das medidas, analistas consideram que os efeitos sobre a cotação da moeda americana devem se restringir ao curto prazo e não eliminam a tendência de queda por conta do cenário internacional. A principal dificuldade vista pelos profissionais é quem fará a consolidação das informações sobre exposição cambial. Apurar o saldo da exposição cambial de um agente que opera com dólar futuro, swap cambial, títulos públicos atrelados ao dólar, opções, entre outros, é uma tarefa considerada "impossível" com os instrumentos disponíveis no momento. Em relatório divulgado ontem, o economista do Itaú Unibanco, Darwin Dib, observa que a definição do preço de alguns desses ativos tem uma boa dose de subjetividade. "Até o vencimento, a precificação deste tipo de contrato varia de acordo com a metodologia utilizada por cada agente. A BM&F e a Cetip têm condições de fazer esta precificação? Como definir a precificação adequada?", questiona. A sensação do mercado é de que o governo correu para anunciar alguma nova arma diante da possibilidade de que a apreciação cambial em curso se agravar, diante do quadro externo. Só que, na pressa, pode ter vindo apenas um "rascunho" geral para que, ao longo dos próximos dias, definições e exceções sejam anunciadas. Até que venham os ajustes, a medida deve alcançar todo o mercado: do exportador ao investidor estrangeiro. "No fim, ele pode penalizar o exportador, que é quem deveria ser protegido", diz um especialista.Segundo o estrategista da Nomura Securities, Tony Volpon, tecnicamente, até uma operação de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio) pode ser classificado como um derivativo, uma vez que é a antecipação de uma receita futura em moeda estrangeira. E, portanto, poderia estar sujeita à tributação com IOF. "A rigor, qualquer instrumento de hedge é derivativo", afirma. "Se ficar como está, a medida vai encarecer muito o custo de hedge e de captação externa."A medida também pode gerar distorções. Analistas são unânimes em observar que um investidor que tenha projetos no exterior, que gere saída de dólares do país, assumirá uma posição vendida aqui, com o objetivo de zerar a exposição cambial. Nesse caso, o governo teria acesso apenas à posição vendida e esse investidor pagaria o tributo. "Se um banco ou uma indústria fizer uma aquisição no exterior e fizer um hedge aqui, ele será penalizado", observa. Situação semelhante pode ser vivida por fundos multimercados que compram cotas de fundos no exterior, em dólar. Para zerar a exposição cambial, esse fundo faria uma posição vendida no mercado de futuros e, consequentemente, estaria sujeito ao IOF.Para Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e sócio da Mauá Sekular Investimentos, um efeito colateral da medida, portanto, pode ser a exportação do mercado brasileiro de derivativos, reduzindo a capacidade do governo de monitorar as posições das empresas e instituições locais, que passariam a fazer hedge no exterior. Diante das dúvidas, é possível dizer que a ação do governo deve, no curto prazo, reduzir os negócios realizados tanto no mercado futuro de câmbio na BM&F como nas operações de balcão realizadas na Cetip. Inicialmente, a BM&FBovespa é a maior perdedora com a medida. Em menor escala, a Cetip também deve ser afetada, enquanto o impacto para os bancos, que terão menos flexibilidade para operar tanto por meio da carteira própria como em nome de clientes, ainda é incerto.Nas estimativas do Barclays, os contratos cambiais representam aproximadamente 28% das receitas com derivativos negociados no segmento BM&F. Como consequência, existe um risco de queda de até 10% do total das receitas projetadas para a bolsa no pior cenário, segundo o analista Henrique Caldeira.No pregão de ontem, as ações da BM&FBovespa fecharam em forte queda de 5,45%, enquanto as da Cetip recuaram 0,72%. Procuradas, ambas as instituições informaram que não comentariam o assunto.
O recente boom de crédito
O recente boom de crédito
Uma das diferenças da teoria keynesiana em relação à teoria convencional é a importância fundamental que moeda e instituições financeiras têm no funcionamento da economia. Um sistema financeiro funcional ao crescimento é aquele com capacidade de atender via crédito a demanda de liquidez necessária para realização dos gastos dos agentes, e de criar mecanismos financeiros apropriados para realização da consolidação das dívidas das firmas investidoras, permitindo um ritmo de acumulação a um nível superior àquele que seria viável pela simples acumulação de poupanças prévias. Em economias em desenvolvimento, contudo, bancos podem aumentar sua lucratividade ofertando financiamento de curto prazo, sem estímulo para oferecer crédito de mais longo prazo. Assim, as firmas para expandirem suas atividades têm que recorrer à renovação de crédito de curto prazo, autofinanciamento e endividamento externo, elevando sua fragilidade financeira. O Brasil tem um sistema financeiro baseado no crédito bancário, com forte participação do Estado, em particular em algumas modalidades, como financiamento ao investimento (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES), crédito imobiliário (Caixa Federal) e agrícola (Banco do Brasil). É ingênuo acreditar que o mercado crie espontaneamente os mecanismos de financiamento Nos anos 1980 até meados dos anos 2000 o sistema financeiro brasileiro ficou caracterizado por sua desfuncionalidade: a oferta de crédito era baixa -menor que 35% do Produto Interno Bruto (PIB) - ao mesmo tempo em que mantinha uma rentabilidade elevada. Isso foi possível em função dos ganhos inflacionários, aplicações em títulos públicos e empréstimos de curta duração com spreads elevados. Após o breve boom de crédito durante a implementação do Plano Real, o volume de crédito caiu continuamente, atingindo 21% do PIB em abril de 2003, em período marcado por frequentes crises externas. O contágio da crise mexicana no início de 1995 levou o governo a adotar programas de reestruturação bancária e estimular a entrada de bancos estrangeiros, para fortalecer o combalido setor bancário. O êxito em evitar uma crise bancária e a entrada controlada de bancos estrangeiros permitiu uma reação dos bancos domésticos que participaram ativamente da onda de aquisições bancárias e se tornaram os lideres do setor, uma reação sem paralelo em outros países emergentes nos anos 1990.A partir de 2004 um conjunto de fatores estimulou o crescimento do crédito: aumento da renda, criação do crédito consignado em folha, melhoria no perfil da dívida pública, e uma certa redução nas taxas de juros. Todos os três segmentos do sistema financeiro (bancos públicos, privados nacionais e estrangeiros) ampliaram a carteira de crédito no período, movimento liderado pelos bancos privados nacionais. O boom de crédito foi puxado pelos empréstimos de pessoas físicas, mas a partir de 2007 cresceram bastante os empréstimos das pessoas jurídicas, sendo as principais modalidades crédito pessoal (incluindo consignado), aquisição de veículos e capital de giro. Já a partir de meados de 2008 houve um forte crescimento dos bancos públicos, que tiveram um papel contracíclico fundamental em 2009, evitando uma forte contração creditícia que contaminaria toda a economia. Cabe perguntar se houve uma mudança significativa no comportamento dos bancos no período recente. De fato, houve um alongamento no prazo médio dos empréstimos - de 200 dias em abril de 2003 para 476 dias em abril de 2011 - o que contribuiu para o crescimento na demanda por crédito. Por outro lado, embora as taxas de empréstimos tenham declinado no período, elas ainda se situaram em patamares bastante elevados. Das três principais modalidades de crédito, duas (consignado e aquisição de veículos) são de baixo risco. Nesse contexto, a rentabilidade dos bancos tem-se mantido elevada, face à combinação de aumento no volume das operações, spreads ainda elevados e relativamente baixo risco.Nesse contexto, os grandes conglomerados financeiros buscam segmentar sua clientela. Para clientes de alta renda, ofertam produtos customizados; para clientes de mais baixa renda, produtos padronizados. A incorporação de segmentos de baixa renda é feita em condições de exploração financeira, uma situação em que tarifas e taxas de empréstimos são bem maiores do que para os demais clientes. Eles podem incorrer, assim, em situações de armadilha da dívida, em que comprometem uma boa parte de sua renda com pagamento de juros.Historicamente não se pode atribuir uma situação de alta funcionalidade do sistema financeiro. Não se pode esperar que o setor bancário vá desenvolver linhas de financiamento de longo prazo, até mesmo em função do seu funding. Nesse particular deverá haver uma combinação entre instrumentos do mercado de capitais com financiamento do BNDES. É ingênuo pensar que economias em desenvolvimento como a brasileira possa se dar ao luxo de não contar com a atuação de bancos públicos e acreditar que o mercado espontaneamente crie os mecanismos apropriados de financiamento de longo prazo. Luiz Fernando de Paula, professor de Economia da UERJ, é presidente da Associação Keynesiana Brasileira (AKB) e co-editor do livro Sistema Financeiro (Elsevier). Email: luizfpaula@terra.com.br
Uma das diferenças da teoria keynesiana em relação à teoria convencional é a importância fundamental que moeda e instituições financeiras têm no funcionamento da economia. Um sistema financeiro funcional ao crescimento é aquele com capacidade de atender via crédito a demanda de liquidez necessária para realização dos gastos dos agentes, e de criar mecanismos financeiros apropriados para realização da consolidação das dívidas das firmas investidoras, permitindo um ritmo de acumulação a um nível superior àquele que seria viável pela simples acumulação de poupanças prévias. Em economias em desenvolvimento, contudo, bancos podem aumentar sua lucratividade ofertando financiamento de curto prazo, sem estímulo para oferecer crédito de mais longo prazo. Assim, as firmas para expandirem suas atividades têm que recorrer à renovação de crédito de curto prazo, autofinanciamento e endividamento externo, elevando sua fragilidade financeira. O Brasil tem um sistema financeiro baseado no crédito bancário, com forte participação do Estado, em particular em algumas modalidades, como financiamento ao investimento (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES), crédito imobiliário (Caixa Federal) e agrícola (Banco do Brasil). É ingênuo acreditar que o mercado crie espontaneamente os mecanismos de financiamento Nos anos 1980 até meados dos anos 2000 o sistema financeiro brasileiro ficou caracterizado por sua desfuncionalidade: a oferta de crédito era baixa -menor que 35% do Produto Interno Bruto (PIB) - ao mesmo tempo em que mantinha uma rentabilidade elevada. Isso foi possível em função dos ganhos inflacionários, aplicações em títulos públicos e empréstimos de curta duração com spreads elevados. Após o breve boom de crédito durante a implementação do Plano Real, o volume de crédito caiu continuamente, atingindo 21% do PIB em abril de 2003, em período marcado por frequentes crises externas. O contágio da crise mexicana no início de 1995 levou o governo a adotar programas de reestruturação bancária e estimular a entrada de bancos estrangeiros, para fortalecer o combalido setor bancário. O êxito em evitar uma crise bancária e a entrada controlada de bancos estrangeiros permitiu uma reação dos bancos domésticos que participaram ativamente da onda de aquisições bancárias e se tornaram os lideres do setor, uma reação sem paralelo em outros países emergentes nos anos 1990.A partir de 2004 um conjunto de fatores estimulou o crescimento do crédito: aumento da renda, criação do crédito consignado em folha, melhoria no perfil da dívida pública, e uma certa redução nas taxas de juros. Todos os três segmentos do sistema financeiro (bancos públicos, privados nacionais e estrangeiros) ampliaram a carteira de crédito no período, movimento liderado pelos bancos privados nacionais. O boom de crédito foi puxado pelos empréstimos de pessoas físicas, mas a partir de 2007 cresceram bastante os empréstimos das pessoas jurídicas, sendo as principais modalidades crédito pessoal (incluindo consignado), aquisição de veículos e capital de giro. Já a partir de meados de 2008 houve um forte crescimento dos bancos públicos, que tiveram um papel contracíclico fundamental em 2009, evitando uma forte contração creditícia que contaminaria toda a economia. Cabe perguntar se houve uma mudança significativa no comportamento dos bancos no período recente. De fato, houve um alongamento no prazo médio dos empréstimos - de 200 dias em abril de 2003 para 476 dias em abril de 2011 - o que contribuiu para o crescimento na demanda por crédito. Por outro lado, embora as taxas de empréstimos tenham declinado no período, elas ainda se situaram em patamares bastante elevados. Das três principais modalidades de crédito, duas (consignado e aquisição de veículos) são de baixo risco. Nesse contexto, a rentabilidade dos bancos tem-se mantido elevada, face à combinação de aumento no volume das operações, spreads ainda elevados e relativamente baixo risco.Nesse contexto, os grandes conglomerados financeiros buscam segmentar sua clientela. Para clientes de alta renda, ofertam produtos customizados; para clientes de mais baixa renda, produtos padronizados. A incorporação de segmentos de baixa renda é feita em condições de exploração financeira, uma situação em que tarifas e taxas de empréstimos são bem maiores do que para os demais clientes. Eles podem incorrer, assim, em situações de armadilha da dívida, em que comprometem uma boa parte de sua renda com pagamento de juros.Historicamente não se pode atribuir uma situação de alta funcionalidade do sistema financeiro. Não se pode esperar que o setor bancário vá desenvolver linhas de financiamento de longo prazo, até mesmo em função do seu funding. Nesse particular deverá haver uma combinação entre instrumentos do mercado de capitais com financiamento do BNDES. É ingênuo pensar que economias em desenvolvimento como a brasileira possa se dar ao luxo de não contar com a atuação de bancos públicos e acreditar que o mercado espontaneamente crie os mecanismos apropriados de financiamento de longo prazo. Luiz Fernando de Paula, professor de Economia da UERJ, é presidente da Associação Keynesiana Brasileira (AKB) e co-editor do livro Sistema Financeiro (Elsevier). Email: luizfpaula@terra.com.br
Pacote europeu não deve evitar novas turbulências
Pacote europeu não deve evitar novas turbulências
A duras penas os governos europeus chegaram a um consenso de como socorrer novamente a Grécia, dar um alívio no peso das enormes dívidas de Irlanda e Portugal e, ao mesmo tempo, sinalizar aos mercados que estão dispostos a tomar todas as iniciativas possíveis para impedir que o contágio se espalhe da periferia para as economias do centro da zona do euro. Foi a primeira ação um pouco mais ousada dos líderes europeus, depois de um ano de irresponsáveis delongas, hesitações e divergências. Ainda assim, as chances de novas turbulências persistem no horizonte. O pacote amarrado para a Grécia combinou nova ajuda de € 109 bilhões, cerca de € 50 bilhões de redução de dívida em mãos dos bancos privados, via reescalonamento e alongamento dos débitos, com taxas de juros menores. Digerido o plano, há uma crescente desconfiança dos mercados de que ainda não foi desta vez que os governos da união monetária poderão respirar aliviadosO primeiro ponto é que a ameaça de calote grego foi adiada, mas não afastada. A redução proporcionada pelo pacote à montanha de € 340 bilhões de compromissos, ou 150% do Produto Interno Bruto do país, foi pequena demais. Mesmo trazendo os credores privados para ajudarem a pagar parte da conta, a porção dos bancos e investidores foi considerada diminuta. Os títulos gregos podem ser comprados no mercado secundário com 40% de deságio. Os bancos aceitaram redução de 21% no valor presente das dívidas que têm em mãos e tiveram quatro opções para trocar títulos. No final das contas, porém, a dívida grega foi reduzida em apenas € 13,5 bilhões, segundo cálculos do Instituto de Finanças Internacional, que reúne os bancos que participaram do acordA Grécia ganhou maior prazo de pagamento, um alívio na carga de juros e uma necessidade ao longo do tempo de produzir superávits um pouco menores para pagar seus débitos. Mas o esforço que terá que realizar para pagar suas dívidas permanece árduo e as chances de sucesso, bastante improváveis. Pelas contas do Deutsche Bank ("Financial Times", 27 de julho), para que a dívida grega fique em 120% do PIB, o governo grego terá de obter um superávit primário não mais de 9% do PIB, mas de 5% do PIB de 2015 a 2020. É um esforço superior ao que o governo brasileiro, por exemplo, fez diante da desconfiança dos mercados diante da ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. Nos primeiros anos de Lula, o superávit primário foi de 4,25% do PIB. Além disso, a dívida grega subirá em 2012 para 172% do PIB e, pelas estimativas da Barclays Capital (FT, 27 de julho) se manterá em 150% do PIB por mais dez anos. Para tornar-se administrável, os analistas acreditam que a relação precisaria cair para algo em torno dos 80% do PIB.O ponto forte do pacote, porém, foi a tentativa de erguer uma barreira para os futuros contágios - Espanha e Itália estão na mira dos investidores há algum tempo. As dívidas dos governos da zona do euro deixaram na prática de ser nacionais, um exemplo em negativo da união fiscal que precisará a duras penas ser conquistada, mas para a qual já se deram alguns passos. O fundo de estabilização ganhou papel fundamental com as incumbências de atuar nos mercados secundários comprando dívidas de governos castigados pelos mercados e abrir linhas de crédito preventivo para eles e para recapitalização de bancos - uma função algo semelhante ao cogitado Fundo Monetário europeu. Nem tudo é o que parece, porém. O fundo de estabilização não recebeu o dinheiro à altura de suas tarefas. Analistas acreditam que o montante precisaria ser o dobro ou o triplo dos atuais € 440 bilhões. Ele terá de atuar, de forma ainda nebulosa, em conjunto com o Banco Central Europeu, que foi contra a compra de títulos soberanos desde o início, em um sinal de mais confusão à frente. A prova de que o caminho apontado pelo pacote não é plano veio, por exemplo, de um documento do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, obtido pela agência Reuters, mostrando a oposição de seu país a que o fundo de estabilização tenha carta branca para atuar no mercado secundário de títulos. Com isso, os rendimentos dos papéis italianos subiram para 5,76% e o dos espanhóis, para 6%. O pior indício de baixa confiança no plano, no entanto, veio após sua divulgação, quando o custo cobrado pelos investidores para comprar esses papéis praticamente não se mexeu.
A duras penas os governos europeus chegaram a um consenso de como socorrer novamente a Grécia, dar um alívio no peso das enormes dívidas de Irlanda e Portugal e, ao mesmo tempo, sinalizar aos mercados que estão dispostos a tomar todas as iniciativas possíveis para impedir que o contágio se espalhe da periferia para as economias do centro da zona do euro. Foi a primeira ação um pouco mais ousada dos líderes europeus, depois de um ano de irresponsáveis delongas, hesitações e divergências. Ainda assim, as chances de novas turbulências persistem no horizonte. O pacote amarrado para a Grécia combinou nova ajuda de € 109 bilhões, cerca de € 50 bilhões de redução de dívida em mãos dos bancos privados, via reescalonamento e alongamento dos débitos, com taxas de juros menores. Digerido o plano, há uma crescente desconfiança dos mercados de que ainda não foi desta vez que os governos da união monetária poderão respirar aliviadosO primeiro ponto é que a ameaça de calote grego foi adiada, mas não afastada. A redução proporcionada pelo pacote à montanha de € 340 bilhões de compromissos, ou 150% do Produto Interno Bruto do país, foi pequena demais. Mesmo trazendo os credores privados para ajudarem a pagar parte da conta, a porção dos bancos e investidores foi considerada diminuta. Os títulos gregos podem ser comprados no mercado secundário com 40% de deságio. Os bancos aceitaram redução de 21% no valor presente das dívidas que têm em mãos e tiveram quatro opções para trocar títulos. No final das contas, porém, a dívida grega foi reduzida em apenas € 13,5 bilhões, segundo cálculos do Instituto de Finanças Internacional, que reúne os bancos que participaram do acordA Grécia ganhou maior prazo de pagamento, um alívio na carga de juros e uma necessidade ao longo do tempo de produzir superávits um pouco menores para pagar seus débitos. Mas o esforço que terá que realizar para pagar suas dívidas permanece árduo e as chances de sucesso, bastante improváveis. Pelas contas do Deutsche Bank ("Financial Times", 27 de julho), para que a dívida grega fique em 120% do PIB, o governo grego terá de obter um superávit primário não mais de 9% do PIB, mas de 5% do PIB de 2015 a 2020. É um esforço superior ao que o governo brasileiro, por exemplo, fez diante da desconfiança dos mercados diante da ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. Nos primeiros anos de Lula, o superávit primário foi de 4,25% do PIB. Além disso, a dívida grega subirá em 2012 para 172% do PIB e, pelas estimativas da Barclays Capital (FT, 27 de julho) se manterá em 150% do PIB por mais dez anos. Para tornar-se administrável, os analistas acreditam que a relação precisaria cair para algo em torno dos 80% do PIB.O ponto forte do pacote, porém, foi a tentativa de erguer uma barreira para os futuros contágios - Espanha e Itália estão na mira dos investidores há algum tempo. As dívidas dos governos da zona do euro deixaram na prática de ser nacionais, um exemplo em negativo da união fiscal que precisará a duras penas ser conquistada, mas para a qual já se deram alguns passos. O fundo de estabilização ganhou papel fundamental com as incumbências de atuar nos mercados secundários comprando dívidas de governos castigados pelos mercados e abrir linhas de crédito preventivo para eles e para recapitalização de bancos - uma função algo semelhante ao cogitado Fundo Monetário europeu. Nem tudo é o que parece, porém. O fundo de estabilização não recebeu o dinheiro à altura de suas tarefas. Analistas acreditam que o montante precisaria ser o dobro ou o triplo dos atuais € 440 bilhões. Ele terá de atuar, de forma ainda nebulosa, em conjunto com o Banco Central Europeu, que foi contra a compra de títulos soberanos desde o início, em um sinal de mais confusão à frente. A prova de que o caminho apontado pelo pacote não é plano veio, por exemplo, de um documento do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, obtido pela agência Reuters, mostrando a oposição de seu país a que o fundo de estabilização tenha carta branca para atuar no mercado secundário de títulos. Com isso, os rendimentos dos papéis italianos subiram para 5,76% e o dos espanhóis, para 6%. O pior indício de baixa confiança no plano, no entanto, veio após sua divulgação, quando o custo cobrado pelos investidores para comprar esses papéis praticamente não se mexeu.
A insustentável leveza da dívida
A insustentável leveza da dívida
Em 1987 aprendemos no Brasil uma grande lição, quando finalmente entendemos o momento em que uma dívida se torna impagável. Após a decretação oficial de moratória de nossa dívida externa em fevereiro de 1987, retornamos à mesa de negociação com os credores internacionais não mais em busca de um novo e inútil reescalonamento do principal e juros, mas sim de uma nova e inédita forma de reestruturação de toda dívida bancária externa, vencida e vincenda. Para os leitores mais jovens, que não viveram esse dramático momento da economia brasileira, é necessário recordar que desde o início da década de 80 o Brasil já se encontrava tecnicamente insolvente com os bancos internacionais. Em dezembro de 1982 havia sido reconhecida oficialmente pelo governo brasileiro a incapacidade de realizar com pontualidade as novas liquidações vincendas em moeda estrangeira, e pedimos auxílio ao FMI - Fundo Monetário Internacional, que impôs rígidas condições ao Brasil para seu apoio e aval ao processo de reescalonamento consentido da dívida externa. De 1983 a 1987 ficamos sujeitos a condições humilhantes de monitoramento econômico, seja pelo FMI como pelo Comitê de Bancos Credores, realizando periodicamente a rolagem do principal e de parte dos juros, estes cada vez mais altos, face ao chamado spread de risco aplicado sobre o total da dívida. Finalmente quando então foi declarada a moratória unilateral da divida brasileira em 1987 o mundo veio abaixo, no momento em que muitos bancos começaram a vendê-la no mercado secundário com deságio de 70% para se ver livre daquele "lixo" contábil.Diante dessa realidade, o próprio mercado já buscava uma solução heterodoxa para a dívida do Brasil, como dos demais países latinos americanos, também encalacrados fazia já quase 7 anos com os bancos internacionais e o FMI. Foi quando na troca de comando do ministério da Fazenda em abril de 1987, a nova equipe econômica então comandada pelo ministro Bresser-Pereira vislumbrou com coragem e sabedoria que era chegada a hora da reestruturação da dívida brasileira por meio da sua securitização, com base na emissão de um menu de bônus de longo prazo e com variantes de taxas juros fixas ou variáveis, valor de corte no principal da dívida, opções de conversão e resgate antecipado e garantias de instituições multilaterais. Infelizmente, em 1987 o então secretário do Tesouro americano chamava-se James Baker, um intransigente e arrogante líder republicano que colocou-se frontalmente contra a proposta brasileira. Em fins de 1987, o governo Sarney veio a sucumbir diante do poderoso lobby dos bancos e dos economistas conservadores de plantão, encerrando sem qualquer solução minimamente plausível o estado de moratória da divida externa. Ficamos com o ônus e sem nenhum bônus. Repete-se o mesmo erro passado, dos reescalonamentos infindáveis e do aumento sucessivo dos spreads de risco das dívidas da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, e Itália. Quanto mais tempo passa, mais se deterioram as respectivas economias dessas nações europeias Em 1988, empossado como novo secretário do Tesouro dos EUA, Nicholas Brady entendeu de pronto a inevitabilidade da reestruturação da dívida latino americana e em vez de se tornar um espectador passivo dos fatos, se posicionou como protagonista da história e lançando mão da mal sucedida proposta brasileira no ano anterior, remodelou-a como o histórico Plano Brady, que em poucos anos pôs fim àquele dramático período conhecido pelos latinos americanos como "década perdida".Isso tudo me volta à memória agora em 2011, quando assisto ao "flashback reverso" dessa história, só que com outros personagens. Temos agora os países europeus e os Estados Unidos, nossos credores de 20 anos atrás, como países devedores a beira do colapso, enquanto o Brasil tornou-se um doador líquido de recursos ao FMI e figura hoje em dia entre os cinco maiores portadores de letras do Tesouro americano. E desde meados de 2008, e com mais ênfase a partir de maio de 2010, o mundo discute qual será a forma definitiva de resgate de alguns países europeus mais endividados e vulneráveis economicamente. Repete-se o mesmo erro passado, dos reescalonamentos infindáveis e do aumento sucessivo dos spreads de risco das dívidas da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, e Itália. Quanto mais tempo passa, mais se deterioram as respectivas economias dessas nações europeias e de sua capacidade de enfrentamento convencional do pagamento das obrigações externas. Queda de investimentos, desemprego crescente, forte desequilíbrio fiscal, aguda recessão, são algumas das notícias que todos os dias nos acostumamos a assistir sobre esses países nos últimos meses. Na terceira semana de Julho, finalmente a União Europeia, reconheceu o inevitável calote da divida grega e anunciou timidamente uma forma de reestruturação voluntária de sua dívida, no estilo do Plano Brady. Melhor teria sido se finalmente os europeus, liderados pela Alemanha e pela França, viessem logo com um plano mais ambicioso e abrangente, de securitização gradual das dívidas de países europeus insolventes, de forma a repartir o custo desse resgate econômico entre os respectivos países devedores, seus respectivos credores, e os países da União Europeia como um todo, já que são sócios na união monetária e no Banco Central Europeu. Um reforço do mecanismo European Financial Stability Facility - EFSF- poderia proporcionar uma sólida garantia a novos títulos de longo prazo (Exchange Bonds) da dívida desses países devedores. Tais títulos seriam emitidos e trocados com descontos implícitos ou explícitos sobre o principal e juros da dívida velha, de maneira que tornassem sustentável tal dívida reestruturada no período de sua amortização, tal como ocorreu no caso do Plano Brady nos anos 90. Os países europeus em vias de default seriam automaticamente elegíveis ao uso dessa facilidade, desde que viessem a adotar medidas de disciplina fiscal e monetária compatíveis com as regras da União Europeia. Quem viver, verá, a insustentável leveza das dividas europeias e americana! Roberto Giannetti da Fonseca é empresário e economista, presidente da Kaduna Consultoria, e diretor titular de Relações Internacionais e de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Em 1987 aprendemos no Brasil uma grande lição, quando finalmente entendemos o momento em que uma dívida se torna impagável. Após a decretação oficial de moratória de nossa dívida externa em fevereiro de 1987, retornamos à mesa de negociação com os credores internacionais não mais em busca de um novo e inútil reescalonamento do principal e juros, mas sim de uma nova e inédita forma de reestruturação de toda dívida bancária externa, vencida e vincenda. Para os leitores mais jovens, que não viveram esse dramático momento da economia brasileira, é necessário recordar que desde o início da década de 80 o Brasil já se encontrava tecnicamente insolvente com os bancos internacionais. Em dezembro de 1982 havia sido reconhecida oficialmente pelo governo brasileiro a incapacidade de realizar com pontualidade as novas liquidações vincendas em moeda estrangeira, e pedimos auxílio ao FMI - Fundo Monetário Internacional, que impôs rígidas condições ao Brasil para seu apoio e aval ao processo de reescalonamento consentido da dívida externa. De 1983 a 1987 ficamos sujeitos a condições humilhantes de monitoramento econômico, seja pelo FMI como pelo Comitê de Bancos Credores, realizando periodicamente a rolagem do principal e de parte dos juros, estes cada vez mais altos, face ao chamado spread de risco aplicado sobre o total da dívida. Finalmente quando então foi declarada a moratória unilateral da divida brasileira em 1987 o mundo veio abaixo, no momento em que muitos bancos começaram a vendê-la no mercado secundário com deságio de 70% para se ver livre daquele "lixo" contábil.Diante dessa realidade, o próprio mercado já buscava uma solução heterodoxa para a dívida do Brasil, como dos demais países latinos americanos, também encalacrados fazia já quase 7 anos com os bancos internacionais e o FMI. Foi quando na troca de comando do ministério da Fazenda em abril de 1987, a nova equipe econômica então comandada pelo ministro Bresser-Pereira vislumbrou com coragem e sabedoria que era chegada a hora da reestruturação da dívida brasileira por meio da sua securitização, com base na emissão de um menu de bônus de longo prazo e com variantes de taxas juros fixas ou variáveis, valor de corte no principal da dívida, opções de conversão e resgate antecipado e garantias de instituições multilaterais. Infelizmente, em 1987 o então secretário do Tesouro americano chamava-se James Baker, um intransigente e arrogante líder republicano que colocou-se frontalmente contra a proposta brasileira. Em fins de 1987, o governo Sarney veio a sucumbir diante do poderoso lobby dos bancos e dos economistas conservadores de plantão, encerrando sem qualquer solução minimamente plausível o estado de moratória da divida externa. Ficamos com o ônus e sem nenhum bônus. Repete-se o mesmo erro passado, dos reescalonamentos infindáveis e do aumento sucessivo dos spreads de risco das dívidas da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, e Itália. Quanto mais tempo passa, mais se deterioram as respectivas economias dessas nações europeias Em 1988, empossado como novo secretário do Tesouro dos EUA, Nicholas Brady entendeu de pronto a inevitabilidade da reestruturação da dívida latino americana e em vez de se tornar um espectador passivo dos fatos, se posicionou como protagonista da história e lançando mão da mal sucedida proposta brasileira no ano anterior, remodelou-a como o histórico Plano Brady, que em poucos anos pôs fim àquele dramático período conhecido pelos latinos americanos como "década perdida".Isso tudo me volta à memória agora em 2011, quando assisto ao "flashback reverso" dessa história, só que com outros personagens. Temos agora os países europeus e os Estados Unidos, nossos credores de 20 anos atrás, como países devedores a beira do colapso, enquanto o Brasil tornou-se um doador líquido de recursos ao FMI e figura hoje em dia entre os cinco maiores portadores de letras do Tesouro americano. E desde meados de 2008, e com mais ênfase a partir de maio de 2010, o mundo discute qual será a forma definitiva de resgate de alguns países europeus mais endividados e vulneráveis economicamente. Repete-se o mesmo erro passado, dos reescalonamentos infindáveis e do aumento sucessivo dos spreads de risco das dívidas da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, e Itália. Quanto mais tempo passa, mais se deterioram as respectivas economias dessas nações europeias e de sua capacidade de enfrentamento convencional do pagamento das obrigações externas. Queda de investimentos, desemprego crescente, forte desequilíbrio fiscal, aguda recessão, são algumas das notícias que todos os dias nos acostumamos a assistir sobre esses países nos últimos meses. Na terceira semana de Julho, finalmente a União Europeia, reconheceu o inevitável calote da divida grega e anunciou timidamente uma forma de reestruturação voluntária de sua dívida, no estilo do Plano Brady. Melhor teria sido se finalmente os europeus, liderados pela Alemanha e pela França, viessem logo com um plano mais ambicioso e abrangente, de securitização gradual das dívidas de países europeus insolventes, de forma a repartir o custo desse resgate econômico entre os respectivos países devedores, seus respectivos credores, e os países da União Europeia como um todo, já que são sócios na união monetária e no Banco Central Europeu. Um reforço do mecanismo European Financial Stability Facility - EFSF- poderia proporcionar uma sólida garantia a novos títulos de longo prazo (Exchange Bonds) da dívida desses países devedores. Tais títulos seriam emitidos e trocados com descontos implícitos ou explícitos sobre o principal e juros da dívida velha, de maneira que tornassem sustentável tal dívida reestruturada no período de sua amortização, tal como ocorreu no caso do Plano Brady nos anos 90. Os países europeus em vias de default seriam automaticamente elegíveis ao uso dessa facilidade, desde que viessem a adotar medidas de disciplina fiscal e monetária compatíveis com as regras da União Europeia. Quem viver, verá, a insustentável leveza das dividas europeias e americana! Roberto Giannetti da Fonseca é empresário e economista, presidente da Kaduna Consultoria, e diretor titular de Relações Internacionais e de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Mercado está nas mãos do Congresso americano
Mercado está nas mãos do Congresso americano
Alta da Selic, inflação, queda acentuada do dólar, crise no governo brasileiro, balanços, problemas na Europa. Tudo isso é relevante, mas fica absolutamente em segundo plano quando se compara com o imbróglio na dívida pública americana. O destino do mercado está nas mãos do Congresso americano.Quanto mais se aproxima o dia 2 de agosto, data limite para uma definição, e nada se resolve, mais avessos ao risco ficam os investidores. A consequência é um mercado em compasso de espera, tendendo para a queda.Chance de não passar é desproporcional ao estrago na bolsa Ontem, o Indice Bovespa fechou em queda de 1,05%, aos 59.339 pontos, exatamente por causa desse cenário ainda muito nebuloso nos EUA. Na opinião de Ricardo Pinto Nogueira, diretor da corretora Souza Barros, todo mundo acredita que o Congresso americano vai aprovar o aumento do limite do teto. São remotíssimas as chances disso não acontecer."A questão é que, se esse 0,01% de chance ocorrer, o mundo inteiro vai sofrer de forma desproporcional a esse ínfimo percentual ", diz Pinto Nogueira. A conclusão é que investidores e analistas não querem nem pensar em pagar para ver uma possível zebra dessa magnitude.Assim como 99,9% do mercado, o diretor da Souza Barros acredita que os Republicanos vão aprovar o aumento do teto, mas apenas aos 45 do segundo tempo que, inclusive, se aproximam. Na visão dele, após a aprovação, a bolsa terá condições para começar um movimento de valorização. E, mesmo os problemas com Europa, devem ganhar um tom mais ameno. "O que são ? 120 bilhões de ajuda à Grécia perto dos US$ 4 trilhões da dívida americana que poderia ir para o brejo?", questiona Pinto Nogueira.Ontem, as ações de Cielo e Redecard lideraram os ganhos do Ibovespa, na expectativa dos resultados. Cielo divulgou os números após o fechamento, com lucro 7,5% abaixo do mesmo período de 2010. E Redecard solta seus resultados hoje. Depois de vários rumores, Drogasil e Droga Raia divulgaram à noite que estão negociando uma associação.Daniele Camba Responder Encaminhar Convidar NetcaféBR para bater papo
Alta da Selic, inflação, queda acentuada do dólar, crise no governo brasileiro, balanços, problemas na Europa. Tudo isso é relevante, mas fica absolutamente em segundo plano quando se compara com o imbróglio na dívida pública americana. O destino do mercado está nas mãos do Congresso americano.Quanto mais se aproxima o dia 2 de agosto, data limite para uma definição, e nada se resolve, mais avessos ao risco ficam os investidores. A consequência é um mercado em compasso de espera, tendendo para a queda.Chance de não passar é desproporcional ao estrago na bolsa Ontem, o Indice Bovespa fechou em queda de 1,05%, aos 59.339 pontos, exatamente por causa desse cenário ainda muito nebuloso nos EUA. Na opinião de Ricardo Pinto Nogueira, diretor da corretora Souza Barros, todo mundo acredita que o Congresso americano vai aprovar o aumento do limite do teto. São remotíssimas as chances disso não acontecer."A questão é que, se esse 0,01% de chance ocorrer, o mundo inteiro vai sofrer de forma desproporcional a esse ínfimo percentual ", diz Pinto Nogueira. A conclusão é que investidores e analistas não querem nem pensar em pagar para ver uma possível zebra dessa magnitude.Assim como 99,9% do mercado, o diretor da Souza Barros acredita que os Republicanos vão aprovar o aumento do teto, mas apenas aos 45 do segundo tempo que, inclusive, se aproximam. Na visão dele, após a aprovação, a bolsa terá condições para começar um movimento de valorização. E, mesmo os problemas com Europa, devem ganhar um tom mais ameno. "O que são ? 120 bilhões de ajuda à Grécia perto dos US$ 4 trilhões da dívida americana que poderia ir para o brejo?", questiona Pinto Nogueira.Ontem, as ações de Cielo e Redecard lideraram os ganhos do Ibovespa, na expectativa dos resultados. Cielo divulgou os números após o fechamento, com lucro 7,5% abaixo do mesmo período de 2010. E Redecard solta seus resultados hoje. Depois de vários rumores, Drogasil e Droga Raia divulgaram à noite que estão negociando uma associação.Daniele Camba Responder Encaminhar Convidar NetcaféBR para bater papo
Racha entre republicanos dificulta acordo nos EUA
Racha entre republicanos dificulta acordo nos EUA
O presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, John Boehner, do oposicionista Partido Republicano, enfrentou ontem um levante contra seu plano para solucionar o problema do limite da dívida do governo federal. Um líderes do partido disse que estava "confiante" de que não havia deputados republicanos suficientes para aprová-lo. Três grupos conservadores também pediram que os congressistas votassem contra o plano. O deputado Jim Jordan, presidente da Comissão Republicana de Estudo, grupo de deputados conservadores, disse que o plano de Boehner não corta gastos o suficiente. Ele e outros conservadores são a favor do projeto "Corte, Limite e Equilíbrio do Orçamento", que combina as atuais reduções nos gastos com limites futuros, bem como com uma emenda constitucional obrigando o governo federal a nunca ter déficit no orçamento. Essa proposta não foi aprovada no Senado semana passada.Jordan disse que não havia o apoio mínimo de 218 republicanos na Câmara para aprovar o plano de Boehner. Ele lidera um grupo que inclui 178 dos 240 deputados republicanos. Isso amplia a incerteza sobre o resultado da crise do limite da dívida. O Congresso continuava num impasse ontem, uma semana antes de o governo americano ficar sem dinheiro para pagar as suas contas. Sem o apoio do Partido Democrata, Boehner só pode perder 23 votos de republicanos para conseguir aprovar seu plano na Câmara. Até agora, só 12 republicanos, incluindo a pré-candidata a presidente Michele Bachmann, já disseram publicamente que são contra o plano de Boehner. O vice-líder do governo na Câmara, o deputado democrata Seny Hoyer, disse que "muito poucos" deputados democratas vão apoiar o plano de Boehner, que deve ser votado hoje. Para complicar mais o problema de Boehner, três importantes grupos conservadores pediram aos deputados que votem contra o plano: o Clube para o Crescimento, a União Nacional de Contribuintes, e a Ação de Patrimônio para a América, braço lobista da Fundação Heritage, em Washington.O projeto de lei de Boehner não deve ser aprovado no Senado, onde a maioria democrata se opõe à medida. E a Casa Branca disse que o presidente Barack Obama vai vetar a lei se ela chegar à sua mesa.O plano de Boehner prevê cortes no déficit de ao menos US$ 3 trilhões em dez anos, ao mesmo tempo em que eleva o limite de endividamento em duas fases.O líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, defende uma proposta que eleva o teto da dívida em US$ 2,7 trilhões, o que permitiria ao governo cobrir suas contas até 2012, ao mesmo tempo em que cortaria gastos pelo mesmo valor. O projeto de lei precisa do apoio de sete republicanos para obter 60 votos no Senado, e não está claro se esses votos existem.A busca de votos cresceu depois que Obama, em discurso no horário nobre anteontem, alertou que os EUA estão à beira de um default que causaria um choque econômico. "Ficamos num impasse", disse. Sem uma solução, "nos arriscamos a gerar uma crise econômica profunda, desta vez causada quase inteiramente em Washington"."Pela primeira vez na história, a nota de crédito AAA de nosso país pode ser rebaixada", disse Obama. "Os juros do cartão de crédito, da hipoteca e dos financiamentos automotivos iriam às alturas, o que seria igual a um aumento enorme de impostos do povo americano."Ele pediu aos americanos que peçam a seus congressistas para apoiar o plano de Reid, um toque partidário que pode prejudicar as chances de romper o impasse.Boehner também falou ao país na noite de segunda, logo depois do discurso de Obama. Ele defendeu seu plano. "O presidente já disse muitas vezes que precisa de uma abordagem 'equilibrada', o que significa em Washington que 'nós gastamos mais, você paga mais'", disse Boehner. "A triste verdade é que o presidente, seis meses atrás, queria um cheque em branco, e hoje ele quer um cheque em branco. Isso não vai acontecer."O debate entre os dois principais líderes do país, transmitido pela TV, ocorreu quase uma semana antes de o governo ficar sem poder rolar suas dívidas, uma possibilidade que os dois alertaram que seria uma catástrofe econômica.Os democratas no Senado planejavam realizar primeiro um teste de votação, mas na última hora decidiram adiar o plano até pelo menos quinta-feira. Um representante democrata disse que os líderes queriam esperar para ver se o projeto da Câmara seria derrotado hoje, o que tornaria o plano deles a última opção disponível.A aprovação na Câmara do plano de Boehner aumentaria imediatamente o limite de endividamento do governo, de US$ 14,29 trilhões, em cerca de US$ 1 trilhão e permitiria mais um aumento de até US$ 1,5 trilhão ano que vem.Boehner disse que a primeira fase do novo limite da dívida levaria o governo até fevereiro ou março, impondo ainda cortes de US$ 1,2 trilhão nos gastos por meio de vários limites orçamentários. Além disso, o Congresso teria de votar até o fim do ano uma emenda à Constituição para obrigar o governo a equilibrar o orçamento.Obama é totalmente contra o aumento do limite em duas fases. Reid disse que seu plano atenderia a exigência de Boehner de que qualquer alta no limite da dívida seja acompanhada de cortes no orçamento em valor igual ou maior.
O presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, John Boehner, do oposicionista Partido Republicano, enfrentou ontem um levante contra seu plano para solucionar o problema do limite da dívida do governo federal. Um líderes do partido disse que estava "confiante" de que não havia deputados republicanos suficientes para aprová-lo. Três grupos conservadores também pediram que os congressistas votassem contra o plano. O deputado Jim Jordan, presidente da Comissão Republicana de Estudo, grupo de deputados conservadores, disse que o plano de Boehner não corta gastos o suficiente. Ele e outros conservadores são a favor do projeto "Corte, Limite e Equilíbrio do Orçamento", que combina as atuais reduções nos gastos com limites futuros, bem como com uma emenda constitucional obrigando o governo federal a nunca ter déficit no orçamento. Essa proposta não foi aprovada no Senado semana passada.Jordan disse que não havia o apoio mínimo de 218 republicanos na Câmara para aprovar o plano de Boehner. Ele lidera um grupo que inclui 178 dos 240 deputados republicanos. Isso amplia a incerteza sobre o resultado da crise do limite da dívida. O Congresso continuava num impasse ontem, uma semana antes de o governo americano ficar sem dinheiro para pagar as suas contas. Sem o apoio do Partido Democrata, Boehner só pode perder 23 votos de republicanos para conseguir aprovar seu plano na Câmara. Até agora, só 12 republicanos, incluindo a pré-candidata a presidente Michele Bachmann, já disseram publicamente que são contra o plano de Boehner. O vice-líder do governo na Câmara, o deputado democrata Seny Hoyer, disse que "muito poucos" deputados democratas vão apoiar o plano de Boehner, que deve ser votado hoje. Para complicar mais o problema de Boehner, três importantes grupos conservadores pediram aos deputados que votem contra o plano: o Clube para o Crescimento, a União Nacional de Contribuintes, e a Ação de Patrimônio para a América, braço lobista da Fundação Heritage, em Washington.O projeto de lei de Boehner não deve ser aprovado no Senado, onde a maioria democrata se opõe à medida. E a Casa Branca disse que o presidente Barack Obama vai vetar a lei se ela chegar à sua mesa.O plano de Boehner prevê cortes no déficit de ao menos US$ 3 trilhões em dez anos, ao mesmo tempo em que eleva o limite de endividamento em duas fases.O líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, defende uma proposta que eleva o teto da dívida em US$ 2,7 trilhões, o que permitiria ao governo cobrir suas contas até 2012, ao mesmo tempo em que cortaria gastos pelo mesmo valor. O projeto de lei precisa do apoio de sete republicanos para obter 60 votos no Senado, e não está claro se esses votos existem.A busca de votos cresceu depois que Obama, em discurso no horário nobre anteontem, alertou que os EUA estão à beira de um default que causaria um choque econômico. "Ficamos num impasse", disse. Sem uma solução, "nos arriscamos a gerar uma crise econômica profunda, desta vez causada quase inteiramente em Washington"."Pela primeira vez na história, a nota de crédito AAA de nosso país pode ser rebaixada", disse Obama. "Os juros do cartão de crédito, da hipoteca e dos financiamentos automotivos iriam às alturas, o que seria igual a um aumento enorme de impostos do povo americano."Ele pediu aos americanos que peçam a seus congressistas para apoiar o plano de Reid, um toque partidário que pode prejudicar as chances de romper o impasse.Boehner também falou ao país na noite de segunda, logo depois do discurso de Obama. Ele defendeu seu plano. "O presidente já disse muitas vezes que precisa de uma abordagem 'equilibrada', o que significa em Washington que 'nós gastamos mais, você paga mais'", disse Boehner. "A triste verdade é que o presidente, seis meses atrás, queria um cheque em branco, e hoje ele quer um cheque em branco. Isso não vai acontecer."O debate entre os dois principais líderes do país, transmitido pela TV, ocorreu quase uma semana antes de o governo ficar sem poder rolar suas dívidas, uma possibilidade que os dois alertaram que seria uma catástrofe econômica.Os democratas no Senado planejavam realizar primeiro um teste de votação, mas na última hora decidiram adiar o plano até pelo menos quinta-feira. Um representante democrata disse que os líderes queriam esperar para ver se o projeto da Câmara seria derrotado hoje, o que tornaria o plano deles a última opção disponível.A aprovação na Câmara do plano de Boehner aumentaria imediatamente o limite de endividamento do governo, de US$ 14,29 trilhões, em cerca de US$ 1 trilhão e permitiria mais um aumento de até US$ 1,5 trilhão ano que vem.Boehner disse que a primeira fase do novo limite da dívida levaria o governo até fevereiro ou março, impondo ainda cortes de US$ 1,2 trilhão nos gastos por meio de vários limites orçamentários. Além disso, o Congresso teria de votar até o fim do ano uma emenda à Constituição para obrigar o governo a equilibrar o orçamento.Obama é totalmente contra o aumento do limite em duas fases. Reid disse que seu plano atenderia a exigência de Boehner de que qualquer alta no limite da dívida seja acompanhada de cortes no orçamento em valor igual ou maior.
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