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terça-feira, 14 de junho de 2011

ICE: café tem alta, mas não testa máximas da sessão anterior

ICE: café tem alta, mas não testa máximas da sessão anterior

Os contratos futuros de café arábica encerram os negócios desta terça-feira na ICE Futures US com ganhos, invertendo o quadro inicial do dia, quando, com algumas liquidações, a primeira posição chegou a testar o intervalo de 265,00 centavos por libra peso. Os vendedores, no entanto, não demonstraram fôlego para tentar buscar qualquer suporte mais consistente e, assim, gradativamente, ordens de compra passaram a ser realizadas, o que permitiu que o fechamento do dia voltasse a dar com ganhos, apesar de a máxima da sessão anterior, em 270,65 centavos, também não ter sido testada.

Operadores destacaram que a movimentação do dia foi basicamente técnica, com o café divergindo, por exemplo, da fraqueza registrada para os robustas na bolsa de Londres. Por sua vez, os ganhos do dia estiveram em linha com o comportamento de outras commodities, que tiveram um dia de recuperação, após a retração da segunda-feira. Retração essa que não afetou o café, já que essa matéria-prima também conseguiu ter uma valorização na sessão anterior.

Fundamentalmente, o mercado não traz maiores novidades de curto prazo. As zonas produtoras de café do centro-sul do Brasil não deverão ter registros de temperaturas muito baixas, o que praticamente descarta a ocorrência de geadas. A Colômbia, por sua vez, apresenta um quadro de estabilidade das chuvas, após as fortes águas que atingiram várias regiões do país desde o começo do ano, sendo que algumas zonas cafeeiras tiveram prejuízos consideráveis com as precipitações sucessivas.

No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve alta de 180 pontos com 269,25 centavos, sendo a máxima em 269,70 e a mínima em 265,00 centavos por libra, com o setembro registrando oscilação positiva de 180 pontos, com a libra a 272,30 centavos, sendo a máxima em 272,75 e a mínima em 268,10 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição julho registrou queda de 76 dólares, com 2.347 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 80 dólares, com 2.391 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o dia teve início com uma nova perspectiva de baixas, principalmente ao testar os 265,00 centavos por libra. No entanto, os bearishs (baixistas) nesse nível não demonstraram maior potencial vendedor, ao passo que ordens de compra puderam ser verificadas em tal patamar. O índice CRB voltou a registrar valorização e o dólar recuou novamente, o que também contribuiu para o viés comprador do mercado. "Voltamos a subir, no entanto, o fato de não conseguirmos nos posicionar novamente acima dos 270,00 centavos por libra traz a dúvida sobre se esses ganhos atuais têm uma consistência técnica das mais fortes. No after-hours esse nível também não foi testado e ainda sofremos com alguma desaceleração, com o fechamento do julho no nível de 268,00 centavos", disse.
A multinacional Sara Lee informou que passará a operar de forma separada as suas atividades de café e de chá. Segundo o CEO da companhia, Jan Bennink, uma nova empresa, independente, passará a operacionalizar esse ramo de atividade, o que, permitiria a ampliação das complexidades e das oportunidades. A Sara Lee tem atuação forte no segmento de café, com presença consistente no mercado dos Estados Unidos, Brasil e parte da Europa.

As principais regiões produtoras do Vietnã tiveram um começo de ano com muita seca, o que levou preocupação aos produtores locais. No entanto, dados do Centro Nacional para Previsão Hidrometeorológica sustentam que o país deverá receber boas chuvas nos próximos meses, o que deverá eliminar qualquer déficit hídrico e garantir um desenvolvimento das plantas, o que permitiria, assim, o cumprimento da previsão de alguns traders, que trabalham com a perspectiva de 19,5 milhões de sacas do grão serem obtidas na temporada.

As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 13, somaram 499.200 sacas, contra 791.343 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 70 sacas indo para 1.671.550 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 17.467 lotes, com as opções tendo 3.501 calls e 3.240 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 269,70, 269,90-270,00, 270,50, 270,65, 270,75, 271,00, 271,50, 272,00 272,50, 273,00, 273,50, 274,00, 274,50 e 274,90-275,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 265,00, 264,50, 264,00, 263,50, 263,00, 262,50, 262,00, 261,50, 261,05-261,00, 260,50, 260,10-260,00 e 259,50 centavos por libra.

boi 14/06

o boi continua em tendencia de baixa faz novo fundo e abre alvo para 97,00

DJ : Sara Lee To Spin Out Coffee And Tea Business Instead

DJ : Sara Lee To Spin Out Coffee And Tea Business Instead
By Paul Ziobro

NEW YORK (Dow Jones)--Sara Lee Corp. (SLE) said it will spin off its
international coffee and tea business instead of the North American business, a
revision of its plan to create two separate companies.
The change will allow Sara Lee to realize more benefits in financial
reporting, tax and other areas, Mike Cummins, a Sara Lee spokesman, said.
"As we began to get into the details of separating the two businesses, we
determined there are greater efficiencies to be gained from spinning off the
International Coffee business," Executive Chairman Jan Bennink said in a
statement.
Shares rose 2.2% in recent trading to $19.10.
Sara Lee in January said it would split into two independent companies, with
the North American business, which includes meat brands like Jimmy Dean and
Hillshire Farms, spun off into a new company.
Sara Lee expects the split up to be complete in early 2012.
Sara Lee also said that the sale of its North American fresh bakery business
to Grupo Bimbo SAB (BIMBO.MX) is expected to close in early 2012.
Last month, the packaged-food company said it swung to a fiscal third-quarter
profit as it reported higher sales across nearly all businesses, led by its
international beverage unit.

CME venderá prédios da Chicago Board of Trade

CME venderá prédios da Chicago Board of Trade

O CME, maior grupo operador de bolsas de futuros do mundo, pretende vender a
maior parte do histórico complexo de prédios que abriga a Chicago Board of
Trade e alugá-lo em vez de ter a posse do local onde contratos de milho, gado e
outros bens agrícolas são negociados.
O CME irá manter o edifício no qual são feitas as negociações de contratos
financeiros, que incluem futuros de Treasuries e negociações de moedas, afirmou
a empresa em comunicado nesta segunda-feira.
Segundo o operador, os outros dois prédios, dos quais um abriga as negociações
agrícolas, foram postos à venda sob a responsabilidade de Jones Lang LaSalle e
Holly Duran, da Real Estate Partners LLCO.
O CME pretende contratar um leasing de 15 anos pelo local, sinalizando o que
afirma ser seu comprometimento com as negociações por pregão viva voz.
"O CME nunca foi apegado à posse de seus prédios, então a estratégia condiz com
seus movimentos administrativos do passado", disse Jerry Gidel, analista da
North America Risk Management. "Acho que o leasing de 15 anos será significante
e ele indica que não haverá interrupções aos negócios por um bom tempo."
O pregão viva voz, que já foi a única forma de comprar e vender contratos na
bolsa de futuros dos Estados Unidos, está sendo cada vez mais deixado de lado à
medida que as negociações eletrônicas no mercado global ganham força.
As negociações de pregão viva voz nas três bolsas do CME - que incluem a CBOT,
a Chicago Mercantile Exchange e a New York Mercantile Exchange - responderam
por somente 10% da atividade de compra e venda no mês passado, queda de quase
12% sobre um ano antes e mais de 14% em relação a dois anos atrás.
A venda do edifício ocorre somente alguns dias após o presidente do Conselho do
CME, Terrence Duffy, afirmar que analisava opções para levar alguns dos
negócios da empresa para fora do Estado.

Kenya Coffee Auction Resumption Delayed To June 28 - Official

Kenya Coffee Auction Resumption Delayed To June 28 - Official

NAIROBI (Dow Jones)--The Kenyan Coffee auction, that was scheduled to resume
Tuesday, has been pushed back by two weeks due to low supplies, an auction
official said Tuesday.
"The cold spell in early May delayed the drying process," said Daniel Mbithi,
Kenya Coffee Producers' and Traders' Association spokesman. "We are getting few
lots [and] cannot sustain the auction."
The auction, which normally closes in July or August for an annual one-month
recess, this year closed April 19 due to tight supplies.
A total 12,092 50-kilogram bags were offered in the last auction. The auction
requires at least 30,000 bags to run efficiently.
Kenya coffee production has been in decline since the all-time high of
130,000 metric tons in 1987-1988 crop year [October-September], reaching a
record low in 2009-10 of 42,000 tons due to an unexpected change in the weather
which caused a high incidence of coffee leaf rust, the Coffee Board of Kenya
said in a report last month.
But production for 2010-11 is estimated to rise to 60,000 tons, buoyed by
improved weather and as farmers have been encouraged by high global prices to
tend their farms after years of neglect, Coffee Research Foundation Director
Joseph Kimemia said in an interview last month.
Kenya exports nearly 98% of its coffee output, mainly to the European Union,
U.S. and Middle East.

Market international coffee today

Market international coffee today
Colombians, UGQ, were offered FOB, for July/Aug. shipment from 17¢ to 22¢ over Sept. “C,” and offered FOB, for July through Nov. equal shipment from 25¢ to 27¢ over the relevant months “C.”
Colombian supremos, screen 17/18, were offered FOB, for July through Nov. equal shipment from 31¢ to 32¢ over the relevant months “C.”
Santos 2s, screen 17/18, fine cup, were offered FOB for July through Dec. equal shipment from 12¢ to 10¢ under the relevant months “C.”
Santos 2/3s, medium to good bean, fine cup, were offered FOB for July through Dec. equal shipment from 16¢ to 13¢ under the relevant months “C.”
Santos 3/4s were offered FOB for July through Dec. equal shipment from 24¢ to 22¢ under the relevant months “C.”
Brazil conillon robustas, 5/6s, screen 13, were offered FOB for July shipment from 6¢ over Sept. London. Prime Mexicans were offered FOB Laredo for June/July crossing from 9¢ over Sept. “C.”
Prime Mexicans, were offered FOB Veracruz for July/Aug. shipment from 7¢ over Sept. “C.”
High grown Mexicans, European preparation, were offered FOB Veracruz for July/Aug. shipment from 10¢ over Sept. “C.”
Prime Guatemalas were offered FOB, per 46 kilos, July/Aug. shipment from $8 over Sept. “C.”
Hard bean Guatemalas, European preparation, were offered FOB for July/Aug./Sept. equal shipment from $11 over, per 46 kilos, the relevant months “C,” and strictly hard beans, European preparation, were offered FOB, per 46 kilos, for July/Aug./Sept. equal shipment from $16 to $18 over the relevant months “C.”
Hard bean Costa Ricas, European preparation, were offered FOB for July/Aug. shipment from $20 to $21 over, per 46 kilos, Sept. “C,” and strictly hard beans, European preparation, were offered FOB, per 46 kilos, for July/Aug. shipment from $30 over Sept. “C.”
Central standard Salvadors were offered FOB per 46 kilos, for July/Aug. shipment from $7 over Sept. “C.” High grown Salvadors, European preparation, were offered FOB for July/Aug./Sept. equal shipment from $11 over per 46 kilos, the relevant months “C.”
Strictly high grown Salvadors, European preparation, were offered FOB for July/Aug./Sept. equal shipment from $14 to $15 over, per 46 kilos, the relevant months “C.”
Strictly high grown Nicaraguas, European preparation, for July/Aug. shipment were offered FOB from $14 to $15 over Sept. “C.”
High grown Hondurans, European preparation, were offered FOB, per 46 kilos, for July/Aug./Sept. equal shipment from equal to to $1 over the relevant months “C.”
Strictly high grown Hondurans, European preparation, were offered FOB, per 46 kilos, for July/Aug./Sept. equal shipment from $5 to $6 over the relevant months “C.”
Hard bean Perus, MCMs, were offered FOB for July/Aug. shipment, per 46 kilos, from equal to Sept. “C.”
Hard bean Perus, MCs, were offered FOB for July/Aug. shipment, per 46 kilos, from $2 under Sept. “C.” Uganda robustas, screen 15, were offered exdock for June/July shipment from 15¢ over Sept. London. Vietnam robustas, grade 1, were offered exdock for June/July shipment from 10¢ over Sept. London.
Vietnam robustas, grade 2, were offered exdock for June/July shipment from 8¢ to 9¢ over Sept. London. Indonesian robustas, grade 4, 80 defects, were offered exdock for June/July shipment from 10¢ over Sept. London.

Café ignora cenário externo e consegue ter ganhos na ICE Futures

Café ignora cenário externo e consegue ter ganhos na ICE Futures

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram a segunda-feira com altas, tendo um comportamento diverso de outros mercados de commodities, que registraram, em geral, perdas. O índice CRB, que é uma média de preços de 14 diferentes produtos negociáveis em bolsa, terminou o dia com retração de quase 1%. O dia na bolsa nova-iorquina foi caracterizado por compras especulativas e, em menor grau, de fundos. Uma ação corretiva foi verificada, mas com as cotações flutuando dentro de um range que já é trabalhado há algumas sessões.

A posição julho consegue preservar alguns patamares, sendo que o suporte de 256,00/253,30 centavos não vem sendo testado, o que dá possibilidade para que movimentos corretivos, como o desta segunda, sejam registrados. Por outro lado, o mercado ainda demonstra dificuldades para ir além do patamar de 270,00 centavos, sendo que tal nível foi testado na sessão do dia, mas, acima desse indicador foram observadas novas ações de venda.

Fundamentalmente, o mercado não apresentou novidades. O fator "clima", que vinha trazendo apreensão a alguns operadores na semana passada, não representou um indicativa para as altas ou baixas do dia. As zonas produtoras do centro-sul do Brasil tiveram um final de semana de clima ameno que, segundo empresas de meteorologia, deve se manter, ao menos no curto prazo, sem riscos, portanto, de ocorrência de geadas. A questão da oferta do produto continua sendo bem assimilada pelos players. Muitos ressaltam que, mesmo com algumas perdas tendo sido observadas ao longo de maio, as cotações ainda se mantêm em um intervalo alto, se levada em conta a média das cotações para o café ao longo dos últimos anos. Esses ganhos se devem, basicamente, a esse cenário de oferta, no qual existe uma quantidade pequena do grão disponível, notadamente de cafés do tipo suave, ao passo que os estoques internacionais continuam limitados, seja nos países consumidores como nos produtores. Para muitos participantes, tal cenário deve contribuir ainda por algum tempo para a manutenção de um quadro de preços ao razoavelmente firmes.

No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve alta de 250 pontos com 267,45 centavos, sendo a máxima em 270,65 e a mínima em 261,05 centavos por libra, com o setembro registrando oscilação positiva de 215 pontos, com a libra a 270,50 centavos, sendo a máxima em 273,45 e a mínima em 264,40 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição julho registrou queda de 39 dólares, com 2.423 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 38 dólares, com 2.471 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, a segunda-feira foi caracterizada por ganhos ao longo de praticamente toda a sessão. Pela manhã, as altas vieram de forma cadenciada, sendo que o nível de 270,00 centavos conseguiu ser testado. Nessas máximas, porém, algumas realizações e vendas especulativas foram observadas. Diante do cenário negativo para várias commodities, principalmente na segunda parte da sessão, algumas novas vendas foram registradas, o que fez com que o fechamento do dia se desse com ganhos não tão efetivos quanto aqueles proporcionados pela manhã. "O café vem seguindo uma trajetória que nem sempre está coordenada com a de outras commodities. Estamos vivendo um quadro de muita volatilidade e isso faz com que tenhamos tal cenário. O fato de continuarmos a não testar alguns suportes iniciais é um indicativo interessante, mas ainda não temos a força mais efetiva, que era verificada com muita tranqüilidade há algumas semanas atrás, e que dava impulsos para o mercado testar, por exemplo, a máxima de quase 14 anos", disse um trader.

A produção mundial de café na próxima temporada foi estimada com estabilidade pela Organização Internacional do Café, em 130 milhões de sacas. O Brasil, segundo a entidade, teria uma baixa relativamente pequena em sua produção, com um recuo de aproximadamente 10%, sendo que 2011 é um ano de bianualidade baixa. Para a Organização, a produção do país neste ano foi estimada em 43,54 milhões de sacas, sendo 32,18milhões de arábica e 11,36 milhões de sacas de robusta. As exportações mundial deverão tiveram um aumento de 16,7% em abril, chegando a 9,7 milhões de sacas, contra 7,8 milhões de abril de 2010. No ano safra, entre outubro de 2010 e abril de 2011, as remessas atingiram 62,7 milhões de sacas.

As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 10, somaram 423.118 sacas, contra 584.167 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 1.410 sacas indo para 1.671.480 sacas.

O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 31.192 lotes, com as opções tendo 4.070 calls e 3.683 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 270,65, 270,75, 271,00, 271,50, 272,00 272,50, 273,00, 273,50, 274,00, 274,50 e 274,90-275,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 261,05-261,00, 260,50, 260,10-260,00, 259,50, 259,00, 258,50, 258,00, 257,50 e 257,00 centavos por libra.

Commodities Agrícolas

Commodities Agrícolas

Movimento técnico
Os futuros de café arábica subiram ontem na bolsa de Nova
York, após registrar queda em pregões anteriores, devido, em grande parte, ao
movimento técnico do mercado. Os contratos para setembro encerraram o dia a
270,50 centavos de dólar por libra-peso, em forte valorização de 215 pontos.
Segundo disse à agência Dow Jones Newswires, Drew Geraghty, da ICAP Futures, o
mercado não viu nenhum sinal de que a baixa registrada anteriormente
continuaria. Ontem, a Organização Internacional do Café divulgou que a produção
mundial da commodity para 2011/12 será de 130 milhões de sacas. A maior parte
dos países produtores iniciam a safra em outubro. No mercado interno, o
indicador Cepea/Esalq encerrou a R$ 528,25 a saca, alta de 0,65%.

Dólar fraco
O enfraquecimento do dólar ontem afetou também as cotações do suco
de laranja. Os futuros da commodity com vencimento em setembro encerraram o
pregão de segunda-feira na bolsa de Nova York valendo 179,60 centavos de dólar
por libra-peso, retração de 120 pontos. De acordo com analistas ouvidos pela
agência Dow Jones Newswires, o recuo do dólar no mercado, que afetou todas as
outras soft commodities, também atingiu o suco, mas em movimentos exagerados.
Segundo os mesmos analistas, há um limite de preços que o suco não tem
ultrapassado. A razão é que as condições meteorológicas na região da Flórida,
grande produtora de laranja, não são prejudiciais atualmente. No mercado
interno, a laranja pera in natura foi cotada a R$ 12,21, queda de 1,21%,
segundo o Cepea/Esalq.

Efeito milho
A retração nas cotações do milho também ajudou no recuo dos
futuros de trigo nas bolsas americanas. Os papéis com vencimento em setembro
encerraram o dia valendo US$ 7,76 o bushel em Chicago, queda de 9,75 centavos
de dólar. Em Kansas, onde se produz o trigo de melhor qualidade nos Estados
Unidos, o recuo do mesmo vencimento foi de 17 centavos de dólar, com o bushel a
US$ 8,69. Conforme analistas ouvidos pela agência Bloomberg, o movimento se
deveu a apostas do mercado de que as demanda pelo grão oriunda de ração animal
vai declinar por causa da queda dos preços do milho, o principal grão usado
para este fim. No mercado do Paraná, a saca de 60 quilos do cereal fechou ontem
a R$ 26,79, queda de 0,70% no dia, segundo o Deral/Seab.

Nova alta em SP
O IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores
agropecuários de São Paulo pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA)
- vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado - encerrou a primeira
quadrissemana de junho com variação positiva de 7,92%. Foi a quinta alta
seguida do indicador, mas antes da pequena baixa de 0,61% verificada na quarta
quadrissemana de abril houve uma impressionante sequência de 33 valorizações
consecutivas. Como os últimos saltos, o do início de junho foi puxado pelo
grupo de produtos de origem vegetal. Este subiu, em média, 7,92%, com
influências decisivas dos ganhos dos produtores de cana (24,11%), feijão (19%)
e tomate para mesa (46,98%). O grupo de produtos de origem animal registrou
queda de 5,22%.


Após recorde, exportação de café cai 10% neste mês
Após o recorde de maio, as exportações brasileiras de café recuaram 10% nas duas primeiras semanas deste mês, segundo dados divulgados ontem pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Na avaliação de um corretor, a queda é uma acomodação tanto por parte de exportadores como de importadores, que avaliam preços e condições da safra atual.
Segundo ele, os primeiros indicativos apontam para uma safra com bom volume e boa qualidade, o que deve estabilizar o mercado nos próximos meses.
Os exportadores de café estão sem grandes estoques, o mesmo ocorrendo com os importadores, segundo esse corretor.

Crédito
O estoque de LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) cresceu 36% nos últimos 12 meses na Cetip e atingiu R$ 14 bilhões em abril deste ano.

Investimento
Voltadas para o agronegócio, as LCAs são importante fonte de captação para os bancos que atuam nesse setor. Além disso, são alternativa de investimento para pessoas físicas e jurídicas, diz Carlos Ratto, da Cetip.

Aquecido
O valor da tonelada de cana-de-açúcar, que atingiu R$ 70 em abril na usina, esteve a R$ 62,8 em maio. Apesar da queda, esse valor ainda supera o dos anos anteriores.

Bem acima
Ao registrar R$ 62,8, o valor da tonelada de cana de maio deste ano superou em 39% o de igual período do ano passado. Em relação ao valor de 2009, a alta foi de 78%, conforme dados do Consecana.




Valor da produção agrícola mais próximo de R$ 200 bi

Boas colheitas e preços das commodities agrícolas em geral ainda elevados
levaram o Ministério da Agricultura a promover um novo ajuste para cima em sua
previsão para o valor bruto da produção (VBP) das 20 principais lavouras
cultivadas no país.
Em levantamento divulgado ontem pela assessoria de gestão estratégica do
ministério, o VBP previsto para 2011 passou a R$ 198,7 bilhões, 1,4% mais que o
previsto em maio, 10% acima do ano passado e um novo recorde histórico. Como já
apontavam os levantamentos anteriores, os destaques são a soja, que segue como
o carro-chefe do campo nacional, e o algodão, com o maior incremento previsto
entre os produtos pesquisados.
Conforme o ministério, o VBP ("da porteira para dentro") da soja deverá atingir
R$ 55,1 bilhões neste ano, 17,4% mais que em 2010 e também um novo recorde. O
algodão não está entre as primeiras culturas no ranking, mas o salto do valor
de sua produção previsto para 2011, de 65,4%, para R$ 5,3 bilhões, corrobora as
perspectivas de expansão da cultura a partir dos atuais bons preços praticados
nos mercados internacional e doméstico



Produtividade cai, e álcool deve subir

Qualidade menor da cana processada na atual safra reduz quantidade de combustível e açúcar produzidos
Tendência é que álcool fique mais caro nas próximas semanas; pesquisa da Folha já detectou alta de preço

A queda na produtividade de cana está influenciando negativamente o desempenho da safra atual. Para especialistas, isso deverá voltar a pressionar para cima o preço do álcool nas bombas.
Ontem, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) divulgou levantamento do Centro de Tecnologia Canavieira que apontou queda de 20,7% na produtividade da área de cana colhida até o final do mês passado, na comparação com o mesmo período da safra de 2010/11.
Os números divulgados pela Unica também confirmam que a qualidade da cana processada até agora está inferior em relação à safra anterior. Isso significa que a quantidade de álcool e açúcar obtidos no processo também está menor.
No caso da produtividade, segundo a Unica, três fatores pesaram para reduzir significativamente o rendimento.
São eles a colheita de canaviais envelhecidos, a falta de cana bisada (deixada no campo de uma safra para outra) e o atraso no desenvolvimento da planta por causa do clima.
Por causa da queda de produtividade, a Unica, com ajuda de sindicatos e de associações produtoras do centro-sul, iniciou um levantamento para detectar a quantidade de cana disponível para moagem nos próximos meses.
No início de julho, a Unica deve se posicionar em relação a uma possível revisão da projeção de produção -em março, projetou moagem de 568,5 milhões de toneladas na safra 2011/12.
Para o representante da Unica na região de Ribeirão, Sérgio Prado, é cedo para prever se haverá quebra de safra. "Ainda não dá para dimensionar."
No entanto, em maio a própria Unica já havia admitido a possibilidade de não atingir a produção projetada.

ÁLCOOL SOBE
Na moagem até o fim de maio, cada tonelada de cana rendeu 116,3 kg de ATR (açúcar total recuperável), 3,7% a menos que os 120,8 kg obtidos no mesmo período da temporada passada e bem abaixo dos 140,8 kg da projeção para a safra atual.
Isso também influenciou negativamente o rendimento de açúcar e álcool por tonelada em 4% (veja quadro).
Para o professor de planejamento da USP Marcos Fava Neves, a queda na produtividade vai influenciar no preço do álcool nos postos.
"Não faz sentido o preço [do álcool] cair porque estamos com um cenário no qual não tem cana suficiente para todo o mercado potencial."
Na semana passada, pesquisa da Folha já apontara aumento de preço na bomba.




ANÁLISE COMMODITIES
Alta dos preços internos pode limitar a exportação de milho
LEONARDO SOLOGUREN

O mercado externo de milho teve seus fundamentos reforçados para a manutenção de preços elevados.
O último relatório de oferta e demanda de grãos divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) sinalizou queda significativa nos estoques norte-americanos de milho.
As estimativas atuais indicam estoque de passagem de 17,65 milhões de toneladas para o ano agrícola 2011/12, o que representa queda de 29,5% em relação às expectativas iniciais.
A queda nos níveis dos estoques está relacionada à frustração nas expectativas de produção de milho nos Estados Unidos.
O clima não permitiu o plantio da área almejada, e os produtores norte-americanos semearam cerca de 600 mil hectares a menos do que havia sido planejado.
A menor área semeada e as condições não tão favoráveis ao desenvolvimento das lavouras levaram o Usda a rever suas estimativas de produção, apontadas agora para 335,3 milhões de toneladas.
Esses números geraram grande ansiedade no mercado, uma vez que representam queda de 7,74 milhões de toneladas em relação às expectativas iniciais de produção.
Como a relação estoque-consumo (relação que mede o percentual da demanda que pode ser atendida pelos níveis atuais dos estoques) de milho nos Estados Unidos já se mostra apertada, qualquer perda nos níveis de produção representa ameaça à garantia de oferta.
O novo cenário levou os preços do milho a registrar forte valorização ao longo da semana passada, com a cotação futura do cereal negociado na Bolsa de Chicago alcançando níveis próximos a US$ 8 por bushel.
No mercado doméstico, as expectativas em relação à produção do milho safrinha também ganharam contornos parecidos.
As perdas de produção em Mato Grosso já superam o patamar de 1 milhão de toneladas e a preocupação em relação à oferta futura também ajuda a manter os preços do milho em patamares elevados no mercado interno.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, os contratos com vencimento no segundo semestre já ultrapassaram a barreira de R$ 30 por saca de 60 quilos.
Se, por um lado, os preços internacionais do milho trazem competitividade para as vendas externas do Brasil, por outro, os preços praticados no mercado doméstico podem frustrar o potencial de exportação.
Tal fato poderá ocorrer por causa da leitura errônea, que é crônica nesse mercado. A expectativa de redução de oferta maior do que a produção efetiva poderia manter os preços em níveis superiores ao da paridade de exportação.
Consequentemente, as vendas externas poderiam ser limitadas nesse ambiente de preços e, em algum momento ao longo do segundo semestre, a oferta de milho no mercado interno poderia se tornar maior do que sua capacidade de consumo, levando os preços a um segundo ato: o de desvalorização.
Esse comportamento já foi observado no passado e não seria surpresa se houvesse uma repetição.
Esse é o preço que o mercado paga por não contar com estatísticas confiáveis.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e consultor em agronegócio.




Novvi será base da Cosan e Amyris para exportação
O Brasil deverá ser, além do mercado final, uma plataforma de exportação dos
óleos básicos renováveis a serem produzidos pela Novvi, nova holding formada
por um acordo entre a Cosan e a americana Amyris.
A formação da holding - firmada em dezembro - foi anunciada ontem pelas
empresas. A companhia vai produzir óleos a partir de um componente químico
resultado da fermentação do caldo de cana, o farneseno. A tecnologia é da
Amyris e vai abastecer a Novvi para o processamento da matéria-prima. A Cosan
Lubrificantes, por sua vez, com sua plataforma comercial, vai colaborar
diretamente na venda dos produtos. O local onde deve ocorrer o processamento
ainda não foi anunciado pelas empresas.
"Essa é a primeira capacidade que vai transformar cana em lubrificantes. Até
hoje não há ainda quem faça isso e o Brasil tem matéria-prima e demanda",
afirmou o vice-presidente da Amyris, Joel Velasco. "O país é mercado final, mas
também pode exportar", completou o executivo. Globalmente, segundo as
estimativas da Amyris, o mercado de lubrificantes soma US$ 30 bilhões por ano e
o Brasil está entre os três maiores mercados do mundo.
Hoje, a Amyris já produz o farneseno em uma unidade no interior de São Paulo. A
construção de mais duas unidades na região já foram anunciadas. Além da
produção no Brasil, a empresa tem uma fábrica nos EUA e está construindo uma na
Espanha.
A matéria-prima já é utilizada para a fabricação do diesel de cana e do óleo
cosmético. Segundo Velasco, a Amyris produz, a nível mundial, de 6 a 9 milhões
de litros por ano, sendo que a partir do ano que vem, essa produção vai crescer
para cerca de 50 milhões de litros. A empresa, no entanto, não divulga quanto
disso será utilizado para a fabricação de lubrificantes.
Dentre as diversas aplicações dos óleos lubrificantes, a Novvi pretende
inicialmente se voltar para o setor industrial. "Mas, não quer dizer que não
podemos expandir para outros mercados. São poucas as aplicações que achamos que
não conseguimos atender", afirmou o executivo. Ele garante que o produto será
mais barato ou de preço semelhante ao óleo comum. "A parceira com a Cosan é
essencial. A empresa conhece o mercado de cana e tem acesso ao mercado de
lubrificantes", completou.




Russos vão reduzir importação de carnes

A Rússia, um dos maiores compradores de carnes do Brasil, reduzirá
significativamente suas importações nos próximos anos, levando à desaceleração
na expansão do comércio global de carnes. A projeção é da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Agência da ONU para
Agricultura e Alimentação (FAO) no estudo "Perspectivas Agrícolas 2011-2020",
que será divulgado na sexta-feira.
Impulsionado pela expansão de embarques de frango e carne bovina, o comércio
internacional de carnes deve crescer 1,7% ao ano no período, bem menos que a
taxa de 4,4% por ano entre 2001-2010.
Essa desaceleração é atribuída em grande parte à menor demanda da Rússia. Até
agora um tradicional grande importador de carnes, o país acelerou a política
para expandir sua produção de carnes, a ponto de poder alcançar um "certo grau
de autossuficiência e saldo exportável" em dez anos.
Significa que os problemas que a Rússia causa no momento aos produtores
brasileiros, com o embargo à entrada de carnes de 85 unidades frigoríficas,
tendem a aumentar com ou sem pretextos sanitários. Em todo caso, o Brasil
estabelecerá sua posição como líder mundial nas exportações de carnes bovina e
de frango, mas buscando novos clientes. O estudo prevê que consumidores
adicionais estarão essencialmente na Ásia, América Latina e em países
exportadores de petróleo.
O Japão continuará a ser o maior importador mundial de carnes em 2020, seguido
por México e Coreia do Sul. A China também persegue sua política de
autossuficiência. A expansão da indústria mexicana de processamento de
alimentos deve reforçar a demanda de carne estrangeira, paralelamente ao
declínio nas importações da Rússia. Na União Europeia, o declínio nas
exportações serão acompanhadas pela expansão nas importações.
A grande maioria das exportações de carnes virá da América do Sul e do Norte,
que representarão quase 84% do total do aumento dos embarques até 2020. O
Brasil estabelecerá sua posição como líder nas vendas de carne bovina,
atingindo 2 milhões de toneladas em 2020. Os EUA continuarão a expandir suas
vendas no Pacífico.
As exportações de carne suína terão crescimento modesto no período, mas com
mudanças significativas na composição das vendas. Os embarques da América do
Sul e do Norte devem aumentar. As exportações do Brasil crescerão, mas também
aumentará a demanda doméstica. O comércio da China, que faz metade da produção
e do consumo, não deve ser alterada.
É esperada uma ligeira desaceleração no crescimento das vendas de carne de
frango. Brasil e EUA vão reforçar seu domínio, com quase metade das vendas
adicionais para os mercados mundiais.
O mercado de carnes é altamente fragmentado por restrições sanitárias. OCDE e
FAO dividem o mercado de carne bovina por "rotas de aftosa e o resto do mundo".
Grandes exportadores como Brasil e EUA pertencem a diferentes circuitos, e seus
preços nem sempre seguem os mesmos passos.
Os EUA garantiram o acesso para as carnes de Santa Catarina. Isso
"provavelmente" vai intensificar a arbitragem de preço entre os mercados do
Atlântico e do Pacífico. No caso da carne bovina, o impacto da abertura do
mercado americano a produtores brasileiros pode resultar em maior competição
para produtores que estão em áreas mais distantes, como a Austrália.
Tudo isso ocorrerá num cenário em que a produção mundial de carnes é projetada
para crescer 1,8% por ano em média, frente a 2,1% na década precedente. A
expansão virá de ganhos de produtividade, sobretudo para frango e suínos, nos
países em desenvolvimento. Os preços devem continuar elevados, pela combinação
de altos custos de produção, expansão dos estoques e a introdução de regras
mais estritas nas áreas ambiental, de segurança alimentar, proteção animal e
rastreabilidade. OCDE e FAO preveem alta nominal de 18% para a carne bovina,
26% para a de frango, 16% para a suína e 20% para a ovina.




Brasil e Rússia retomam negociação sobre OMC

O Brasil e a Rússia retomam negociação hoje, em Genebra, sobre a entrada russa
na Organização Mundial do Comércio (OMC). A reunião ocorre na véspera de Moscou
colocar em vigor o embargo à entrada de carnes de 85 estabelecimentos
frigoríficos do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Fontes brasileiras dizem que a reunião em Genebra estava prevista já há algum
tempo e não é consequência dos últimos desdobramentos bilaterais. Já o governo
russo não quis marcar reunião com uma delegação do Ministério de Agricultura
brasileiro, em Moscou, alegando que seu veterinário chefe estaria justamente em
Genebra esta semana.
Na agenda da reunião estão, mais uma vez, as concessões para as carnes
brasileiras que os russos precisam fazer para obter o apoio final do Brasil à
sua entrada como membro da OMC até o fim do ano.
A negociação é complicada porque o governo russo já ofereceu 60% da cota de 472
mil toneladas de carne suína para os Estados Unidos e a União Europeia,
sobrando pouco para o Brasil. Acena com melhora na cota de importação de carne
de frango, que já tinha reduzido em mais da metade em relação à cota de dois
anos atrás. Para carne bovina, fica em 530 mil toneladas.
Do lado brasileiro, a orientação é desvincular as discussões em Genebra do
embargo às carnes brasileiras. Brasília aguarda a resposta do governo russo à
carta enviada pelo vice-presidente, Michel Temer, contra o embargo às carnes
brasileiras dias depois de sua visita a Moscou.
A expectativa é de que, a partir da resposta russa, poderia haver um tratamento
mais amplo e integrado das duas questões simultaneamente. Negociadores querem,
assim, dar continuidade aos trabalhos técnicos de acessão russa na OMC, sabendo
que um "andamento adequado" pode estar condicionado aos avanços na discussão
bilateral, ou seja, à suspensão do embargo.
Ontem, no Rio, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, disse que o governo
brasileiro espera resolver até o fim de julho a pendência com a Rússia. Para
ele, o embargo russo não é um problema político e em alguns casos os russos têm
razão em criticar o Brasil. "Não é a primeira vez que acontece com a Rússia,
não vai ser a última e a gente tem que lidar com isso. São vários elementos e a
gente tem que equacionar, em alguns deles eles têm razão e em alguns não",
frisou.
A Rússia mantém o embargo às carnes do Brasil, mas já voltou atrás na restrição
que impôs, no mesmo dia, aos legumes europeus, depois da deflagração da crise
da bactéria E.coli, que continua matando pessoas na Europa.
Na ocasião, alguns analistas em Bruxelas também levantaram a suspeita de que
Moscou tinha aproveitado o pretexto da crise na Europa para barrar os produtos
do velho continente, e pressionar para a UE ajudar na aceleração da entrada
russa na OMC.
A questão agora é como Moscou poderá manter a suspensão às carnes brasileiras,
quando ao mesmo tempo libera a entrada dos legumes europeus em seu mercado num
contexto ainda de insegurança em relação os produtos do velho continente.




LBR ajusta operação e vai investir

Quase seis meses após sua criação, a LBR - Lácteos Brasil, resultado da união
entre a gaúcha Bom Gosto e a Leitbom, está em plena integração, mapeando
sinergias, identificando caminhos para ser mais competitiva e já prepara
investimentos para a modernização de fábricas e equipamentos.
O processo de integração deve durar ainda todo este ano e tem sido uma tarefa
complexa: antes de começar a integrar a Leitbom, controlada pela Monticiano
Participações (GP Investimentos e Laep, controladora da Parmalat), e a Bom
Gosto, foi preciso trabalhar na integração das sete aquisições que o laticínio
gaúcho havia feito nos últimos três anos, além da fusão com a Líder. "Estamos
mapeando sinergias e estabelecendo os processos da nova companhia", afirma
Fernando Falco, diretor-presidente da Lácteos Brasil.
Nesse processo de integração, a LBR decidiu fechar temporariamente, segundo
Falco, quatro das suas 30 unidades no país: Uruaçu e Fazenda Nova, ambas em
Goiás, e Minduri e Aiuruoca, as duas em Minas Gerais. O fechamento levou à
demissão de 120 pessoas de um total de 6.280 funcionários da LBR.
Em Uruaçu, a empresa produzia leite condensado e leite em pó. Agora, a produção
ficará concentrada em São Luiz dos Belos Montes (GO) e em Tapejara (RS), de
acordo com Falco. Fazenda Nova tinha produção de queijo parmesão ralado. As
duas outras fabricavam queijo, e agora essa produção será concentrada em Pouso
Alto e Curral Novo, as duas no Estado de Minas.
Segundo a empresa, as quatro unidades representam apenas 2,09% de seu volume
total de produção. "Depois de uma análise econômica, concluímos que era mais
interessante concentrar para ter competitividade e escala", diz o executivo. O
plano é reabrir essas unidades, afirma Falco, dependendo do comportamento da
demanda. "Podemos reabrir com outro tipo de operação", observa.
Questionado sobre a possibilidade de novos fechamentos, o executivo diz que
"não identificamos no momento a necessidade de fechar novas fábricas".
Além de buscar ganhos de escala e melhora no mix de produtos, a LBR busca mais
eficiência logística. Isso será possível, por exemplo, com a produção de
diferentes marcas de leite longa vida na mesma fábrica.
A estratégia para as marcas da Lácteos Brasil também está sendo redesenhada. A
empresa admite que algumas marcas menores poderão desaparecer de seu portfólio
num horizonte de cinco anos dependendo de seu desempenho. O fato é que a LBR
ficou com um número muito grande de marcas - 15 no total -, que pertenciam à
Leitbom e à Bom Gosto.
A empresa elegeu duas como marcas nacionais: Parmalat, para leite e seus
derivados, e Poços de Caldas, para queijos, requeijão e refrigerados. De acordo
com Falco, a estratégia para as marcas prevê ainda que algumas delas ficarão
mais regionalizadas e restritas a determinados produtos.
O processo de integração da empresa ainda está em curso, mas já há planos para
o crescimento orgânico, por isso a LBR planeja investir R$ 129 milhões nos
próximos 18 meses num programa de modernização de fábricas, com a instalação de
máquinas de envase de lácteos mais eficientes. Do valor total, R$ 100 milhões
são contrapartida dos fornecedores das máquinas de envase, que serão pagos por
meio de contratos de leasing.
Nos primeiros cinco meses de operação, a Lácteos Brasil faturou, em média, R$
220 milhões mensais, abaixo dos R$ 250 milhões previstos quando a fusão foi
anunciada e se estimou receita total de R$ 3 bilhões anuais. "O faturamento foi
um pouco menor porque operamos abaixo da capacidade. A partir deste mês, começa
a aumentar [o processamento]", afirma Fernando Falco. A capacidade de
processamento diário da companhia é de 8 milhões de litros de leite.
Sem citar números, o executivo diz que nesses primeiros cinco meses de operação
a LBR está perto do "break-even", mas ainda está no campo negativo por conta
dos custos da integração.
A abertura do capital da Lácteos Brasil ou a associação com um parceiro
estratégico são possibilidades que os controladores da empresa vislumbram.
"Quando isso vai acontecer?", indaga o próprio Falco, referindo-se ao eventual
lançamento de ações na bolsa. Ele mesmo responde: "Quando a empresa estiver bem
resolvida, atrativa". Sobre uma possível negociação com a francesa Lactalis, o
executivo não comenta.
Mas esse é um movimento natural, acreditam analistas do setor de lácteos, até
porque o Brasil é um mercado com mais perspectivas de crescimento do que os
países da Europa. A empresa francesa, dona da marca Président, fez uma oferta
pelo controle da Parmalat italiana depois de ter alcançado uma participação de
29% no capital da empresa em abril. Antes da oferta da Lactalis, a LBR chegou a
negociar uma operação de troca de ações com a empresa italiana.
Como a Lácteos Brasil tem licença para uso da marca Parmalat no Brasil, haveria
duas opções no horizonte da francesa: um licenciamento "ad eternum" da marca
Parmalat para a brasileira ou compra de participação na LBR.




Lula tenta obter votos para Graziano em eleição na FAO

A popularidade internacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá
ser usada pelo Brasil para tentar atrair votos para o candidato brasileiro à
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José
Graziano da Silva, na reta final da disputa.
A presença de Lula é aguardada em seminário que o governo vai organizar no dia
24, em Roma, às vésperas da eleição. O encontro vai discutir a cooperação
brasileira à agricultura da Africa e do Caribe, num claro aceno à maioria dos
países.
Além do ex-presidente, poderão aparecer pelo menos cinco ministros. Fonte do
governo brasileiro disse que a presença de vários ministros em Roma não será em
função do seminário, e sim da agenda deste ano da conferência da FAO, que
começará logo depois da eleição, prevista para o dia 26.
Graziano é reconhecido como um bom candidato, com todas as credenciais para
dirigir a FAO, mas ninguém no governo faz prognósticos, porque a eleição é
muito disputada. Ele concorre com outros cinco candidatos, originários da
Espanha, Áustria, Indonésia, Irã e Iraque. O espanhol Miguel Moratinos,
ex-ministro das Relações Exteriores, contou com um jatinho do governo de seu
país para rodar por dezenas de países pedindo votos.
O outro europeu é Franz Fischler, ex-comissário de Agricultura da União
Europeia. Ele conta com apoio da Alemanha e de países do Leste Europeu. A
expectativa é que o voto do europeu que for primeiro eliminado irá quase
automaticamente para o outro.
Na prática, os votos de dezenas de países africanos podem ser decisivos. A
Europa não deixa de lembrar a cooperação que oferece ao continente. A Espanha é
um dos maiores doadores para a região. O Brasil, por sua vez, aumentou a
cooperação.
Outro candidato de país em desenvolvimento, o vice-ministro do Bem-Estar Social
da Indonésia, Indroyono Soesilo, estaria ocupando espaço e pode surpreender.
O Código Florestal e a questão nacional
ALDO REBELO

Os foros internacionais, como a OMC, são um palco por demais ostensivo para que os agentes dissimulem seus verdadeiros interesses

"Se vós não fôsseis os pusilânimes, recordaríeis os grandes sonhos que fizestes por esses campos..." (Cecília Meireles, "Romanceiro da Inconfidência").
O longo e difícil debate acerca da reforma do Código Florestal Brasileiro colocou em destaque, ainda que de forma não suficientemente explícita, a velha e boa questão nacional. De um lado, a lógica dos que associam a conservação e reprodução da natureza aos interesses do Brasil funda-se na simbiose entre ambiente e desenvolvimento.
De outro, a bandeira do conservacionismo é travestida de subordinação dos interesses nacionais a um movimento que se apresenta asséptico, puro e altruísta na defesa da preservação da Terra, mas que na verdade tem na retaguarda protagonista que surgiu na humanidade desde que o homem superou a barbárie e começou a trocar mercadorias: o general comércio.
A grande disputa se dá hoje no campo no ambientalismo. Os foros internacionais, como a Organização Mundial do Comércio e seus ciclos de negociações, como a empacada Rodada Doha, são um palco por demais ostensivo para que os agentes dissimulem seus verdadeiros interesses.
As posições têm de ser claras e duras, tangenciadas unicamente pela busca das mesmas divisas monetárias que orientam as cúpulas ambientais. Nenhum país vai a essas reuniões disposto a chancelar resoluções que limitem o seu desenvolvimento.
Daí porque o interesse comercial tem de extrapolar esses foros, que são tão limitados, e tomar a forma de partidos cosmopolitas que seduzam os corações e as mentes, apresentando-se como despidos de interesses nacionais e trajando o figurino de preocupação com o futuro da humanidade.
O movimento ambientalista assim se robustece como o maior fenômeno ideológico dos nossos tempos. Seu campo fecundo é a realidade que de fato clama por um programa de uso inteligente dos recursos naturais do planeta.
Mas o pano de fundo é o interesse comercial, que, por não poder assim se expressar, assume a roupagem de uma nova utopia que engaja quem não aderiu ou mesmo quem se desiludiu com antigas propostas de efetiva transformação do mundo. Que engajamento mais nobre, universalmente humanitário, poderia pleitear além da defesa de um planeta limpo e saudável?
É evidente que, para as ONGs internacionais, pouco importa o percentual de reserva legal ou a metragem de mata ciliar, já que em nenhum país tais reivindicações constam de suas plataformas ou de suas preocupações.
O Brasil perdeu mais de 23 milhões de hectares de agricultura e pecuária, em dez anos, para unidades de conservação, terras indígenas ou expansão urbana.
Acham pouco. Querem escorraçar plantações de mais de 40 milhões de hectares e plantar mata no lugar. Quem não concorda é acusado de "anistiar" desmatadores, num processo de intimidação que acua almas pusilânimes no governo e na sociedade.
Quebraram a agricultura da África e do México com subsídios bilionários. Pensam que podem fazer o mesmo por aqui. Será?

ALDO REBELO, 55, jornalista, é deputado federal pelo PC do B de São Paulo e autor do projeto do novo Código Florestal Brasileiro, já aprovado pela Câmara dos Deputados.

O investimento financeiro é uma experiência emocional?

O investimento financeiro é uma experiência emocional?
Qual é o elo entre o mercado financeiro e a economia real? Atualmente, é
difícil encontrar algum. Enquanto um é um "cemitério", a outra é a pujança em
pessoa - praticamente em crescimento incontrolável! Não é curioso? Inclusive,
porque já houve momentos inversos também - mercado financeiro exuberante e
economia real para lá de morna. Qual é o significado de tudo isso?
Recentemente, participei de uma jornada sobre Bion (aquele psicanalista que é o
meu queridinho), na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, cujo tema
foi "O que é experiência emocional?"
Uma noite e um dia discutindo esse assunto, que é central para quem atua na
clínica psicanalítica. De repente, enquanto estava lá, juntei meus dois lados -
psicanalista e psicóloga econômica - e me perguntei se haveria uma experiência
emocional em curso quando alguém faz um investimento financeiro.
Quando o mercado "anda de lado", ou sofre as temíveis quedas, o investidor
desanima. Parece uma criança emburrada no recreio. "Não brinco mais"! Sem falar
que a maioria parece apagar os velhos e sábios conselhos - "quando os preços
caem, é a hora de comprar, meu filho..."
O que acontece com essas manjadas recomendações na hora de a onça beber água?
Por que grande parte dos investidores abandona seus objetivos? Eles não eram de
longo prazo? E a percepção de que o mercado tem oscilações mesmo? Aonde vai
parar todo o conhecimento zelosamente cultivado sobre como investir bem, a
tranquilidade do investidor esperto, que não coloca todos os seus ovos na mesma
cesta? Dane-se, agora eu só quero saber mesmo por que raios esse trem não sobe!
Ou seja, quando a coisa não vai bem, às favas com toda aquela racionalidade bem
apessoada que a gente faz questão de usar, como nossa melhor roupa de domingo!
Na hora sombria de expectativas contrariadas, da cara feiosa da frustração
zombando da nossa fragilidade, cadê o controle sobre todas as coisas? Aí,
sobram emoções, e elas são bem primitivas...
Por isso, não é difícil lembrar-se da criança indignada e avessa a qualquer
negociação. Que desaforo - afinal, ninguém combinou com ela que ia tudo
enguiçar dessa maneira!
Um elemento essencial para constituir experiência emocional é que haja uma
relação em andamento. Só que não precisa ser com outra pessoa concreta - pode
ser, por exemplo, uma figura interna. Pode ser animada, inanimada, coisa,
situação - quiçá, investidor e investimento.
Que tipo de experiência emocional teríamos ali? Com quem ou com o quê o
investidor se relaciona quando coloca seu dinheiro numa aplicação? Para além do
lucro, o que mais ele busca nessa experiência?
Confirmação de que está correto em suas percepções é unanimidade. A gente busca
esse estado de "coincidência" com a realidade quase ininterruptamente. A
intuição verdadeira seria um exemplo de coincidir nesse sentido - pena que seja
tão arisca e só raramente se deixe captar ou reconhecer...
Experimentar a sensação de poder também dá ibope. Eu posso por meu dinheiro
aqui ou ali. Eu posso fazer meu dinheiro multiplicar. Com ele, eu fico
independente e forte. Eu sou melhor do que o otário que está na posição inversa
à minha. Eu sei, e ele não sabe. Eu domino minha insegurança e sou o cara.
E ainda outro estado buscado é o desejo oceânico de satisfação infinita - e
desprovida de riscos, claro! O mercado está favorável agora, e ficará por toda
a eternidade. Com um pouco sorte, até pela próxima eternidade também! Só
alegria!
Se for esse o caso - se sentimentos desse tipo estiverem presentes na mente do
investidor durante períodos prolongados de bonança -, isso pode significar que
todas as outras percepções, aquelas mais sensatas, de que nada nesta vida está
garantido etc, ficam fora do radar; mas assim que a maré começa a virar, as
emoções que estavam submersas vêm à tona e, então, é de 'meu mundo caiu' para
baixo...
Pois é, se as emoções primitivas têm um papel tão importante nas decisões de
investimento, talvez valha a pena pensar, na mão oposta, se não seria
interessante restaurar os elos - entre mercado financeiro e realidade econômica
de um lado, e e ntre realidade emocional e realidade externa, de outro.
Quem sabe por aí poderíamos nos reconciliar com a inevitável exigência de
sustentabilidade, que suporta o desenvolvimento verdadeiro?
Vera Rita de Mello Ferreira é psicanalista, consultora, professora de
psicologia econômica da FIPECAFI e autora dos livros "A Cabeça do Investidor",
"Psicologia Econômica" e "Decisões Econômicas - você já parou para pensar"

Cabo Verde(MG) importa 6 mil trabalhadores para a colheita do café

Cabo Verde(MG) importa 6 mil trabalhadores para a colheita do café

Quase seis mil pessoas vieram de outras regiões do Brasil para trabalhar na colheita do café no município de Cabo Verde, no Sul de Minas. Os trabalhadores são de vários estados como Paraná, Alagoas e algumas cidades do Norte de Minas Gerais. O município é um dos muitos da região que continuam a receber gente de fora, já que a colheita mecanizada ainda é rara por causa das montanhas. A quantidade de pessoas que vem para a cidade durante a apanha corresponde quase à metade da população, que é de 13 mil pessoas. Segundo o Pólo de Excelência do Café, da Universidade Federal de Lavras, para cada um emprego gerado durante a colheita, surgem outros três indiretos. Ainda conforme a universiadde, o número de habitantes da zona rural no Sul de Minas é de cerca de 500 mil pessoas. Só para a colheita do café, são necessários 310 mil lavradores.
XP absorve Interfloat e se torna líder no varejo de ações
A XP Investimentos, uma das principais corretoras de valores do mercado, fechou
um acordo para absorver a Interfloat, atual líder do segmento de varejo - o
chamado home broker. A operação cria a maior corretora de home broker do
mercado, com 25% de participação, e uma das maiores no ranking geral da
BM&FBovespa. Hoje, a Interfloat é a primeira colocada no ranking de home
broker, com 14,2% dos negócios, e a XP, a terceira, com 10%. "É um movimento
importante, passamos a ter mais negócios que o segundo, o quarto e o quinto
colocado no ranking juntos", diz Guilherme Benchimol, diretor-geral da XP.
Além da participação de mercado, a operação também tem um valor estratégico
importante, pois a Interfloat é focada em investidores sofisticados, que operam
grandes volumes sozinhos, os chamados "traders". Eles competem com bancos e
fundos na busca dos melhores negócios com ações. Já a XP é especializada na
formação de investidores novatos, a partir de cursos. "Claramente há uma grande
sinergia", diz Benchimol.
Segundo ele, não houve uma aquisição, mas uma união estratégica em que os
clientes da Interfloat deverão migrar para a plataforma da XP nos próximos 90
dias. O diretor-geral e sócio-fundador da Interfloat, Roberto Lombardi,
assumirá o comando da área da XP que passará a ser responsável pelos grandes
investidores. "Não compramos a empresa Interfloat, que será liquidada no fim do
processo", explica Benchimol.
A nova área da XP nasce, portanto, com cerca de 500 grandes clientes pessoa
física originários da Interfloat, e deverá receber investimentos, diz Lombardi.
"Hoje temos três salas de clientes em São Paulo que atendem em média 150
pessoas cada uma, e a proposta é abrir mais três até o fim do ano, inclusive a
primeira no Rio", afirma. Lombardi começou em 1987 como operador especial da
BM&F e, em 1992, criou a Interfloat.
Essa experiência de "scalper" fez Lombardi criar um sistema de atendimento
especial para os "traders", que exigem uma infraestrutura muito mais
sofisticada. "O ambiente das salas é supermoderno, com três monitores para cada
cliente, alta velocidade e baixo número de problemas de conexão", diz. A
expectativa é oferecer esse serviço especial também via internet para as 300
cidades onde a XP está presente. "Entendemos que a profissão de 'trader', de
pessoas vivendo de negociar ações, está crescendo e queremos intensificar esse
processo com abertura de salas ou oferecendo plataformas para os que operam de
casa", afirma Benchimol.
As plataformas de alta velocidade, ou DMA, trouxeram condições para o
investidor individual competir com fundos e bancos, lembra Lombardi. "Antes,
ele tinha de passar pela mesa de operações, fazer o pedido para negociar no
viva-voz, e isso o deixava em desvantagem", afirma o executivo. "Hoje, com as
ferramentas de negociação atuais, uma pessoa física pode negociar em igualdade
de condições com qualquer tesoureiro de banco."
Essa especialização da Interfloat permitiu que a corretora liderasse o ranking
de home broker desde outubro de 2009. Em maio, foram R$ 6 bilhões negociados,
que somados aos R$ 2,7 bilhões da XP resultam em R$ 8,7 bilhões no varejo. "Mas
o mercado mudou muito desde a desmutualização da bolsa, houve a chegada de
várias corretoras internacionais, uma guerra de tarifas, e percebi que
precisava de uma associação com uma corretora com um modelo de atuação mais
amplo, como a XP", afirma Lombardi.
No ranking geral da bolsa, que inclui o atacado, as duas corretoras atingiram
quase R$ 20 bilhões em negócios em maio - R$ 13,6 bilhões da XP e R$ 6,4
bilhões da Interfloat, o que equivaleria ao quarto lugar no ranking, atrás
apenas do Credit Suisse, Morgan Stanley e Itaú. "A XP vai brigar pela liderança
do mercado em geral, o que já conseguimos no varejo", diz Benchimol.
Os termos da venda da carteira da Interfloat para a XP, porém, não foram
detalhados. "Não definimos ainda se o Lombardi vai ser sócio da XP ou se terá
uma parcela dos ganhos com os negócios da área", diz Benchimol. Ele acrescenta
que continua conversando com outras corretoras para eventuais aquisições.
"Esperamos ter mais novidades nos próximos meses", diz.
A aquisição da Interfloat é mais um passo importante da XP no caminho para a
abertura de capital, prevista para o início do ano que vem. Na semana passada,
a corretora anunciou um acordo com a dupla de analistas gráficos Leandro &
Stormer, cujo site reúne cerca de cinco mil investidores mais especializados.
"Hoje, para ser uma corretora rentável no Brasil é preciso ter um tamanho
mínimo e escala", diz Benchimol. "Além disso, temos um projeto de montar um
shopping center financeiro."
A Interfloat tem hoje 90 funcionários, que deverão ser parcialmente absorvidos
pela XP. "Estamos em expansão e vamos tentar aproveitar o máximo de pessoas",
diz Benchimol. Hoje a XP tem 450 funcionários.
Década perdida" ameaça os EUA

Os EUA encontram-se no meio de uma "década perdida", com redução da população
empregada, da renda e da arrecadação tributária. O diagnóstico lúgubre foi
apresentado pelo economista Lawrence Summers, ex-reitor da Universidade Harvard
e diretor do Conselho Nacional de Economia da Casa Branca até o ano passado, em
artigo divulgado esta semana por agências de notícias.
Summers alerta que a economia dos EUA corre o risco de enfrentar anos de
estagnação ao estilo do Japão se não forem tomadas medidas de estímulo. Para
Summers, "a retirada substancial do apoio fiscal à demanda no fim de 2011 seria
prematura". Para reverter o quadro, diz ele, é necessário que o governo amplie
os cortes de tributos nos salários dos trabalhadores.
"Elevar o corte dos encargos sociais de 2% para 3% também seria desejável. Ao
custo no curto prazo de pouco mais de US$ 200 bilhões, essas medidas oferecem a
possibilidade da melhoria significativa no desempenho econômico nos próximos
anos", escreve Summers. Ele também sugere que a economia se beneficiaria de um
gasto extra de US$ 100 bilhões em investimentos em infraestrutura nos próximos
anos, recomendando auxílio adicional a Estados e cidades.
De acordo com Summers, o combate à inflação deve ser colocado em segundo plano,
atrás do objetivo de estimular a economia. "É cedo demais para mudar a política
financeira em direção à prevenção de futuras bolhas e uma possível inflação
(...). A tendência da inflação ainda é de baixa, e os problemas de tomada de
empréstimos e investimentos insuficientes superam quaisquer problemas de
excesso de confiança."
Summers lembra que dois anos depois das duas grandes recessões após a Segunda
Guerra Mundial (1974-75 e 1980-82), a economia americana já crescia à taxa de
6% ou mais. Porém, as "recuperações prosseguiam e às vezes até mesmo se
aceleravam até serem assassinadas pelo Federal Reserve (Fed)", que priorizava o
controle da inflação. "Quando o Fed começava a se preocupar com a aceleração da
inflação, geralmente tarde demais, ele aumentava as taxas de juros e comprimia
o crédito, sufocando o mercado imobiliário residencial, os investimentos das
empresas e as compras de bens de consumo duráveis, levando a economia a entrar
em recessão."

Industrialização fará da China líder mundial em importações de açúcar

Industrialização fará da China líder mundial em importações de açúcar

O apetite da China por commodities agrícolas aumentará nos próximos anos. A
segunda maior economia do mundo deverá se tornar o maior importador de açúcar,
ao mesmo tempo em que o Brasil consolidará sua dominação no mercado como
produtor e exportador.
As projeções são do relatório "Perspectivas Agrícolas 2011-2020", que a OCDE e
a FAO publicarão na sexta-feira em Paris. Para o Brasil, as tendências sobre a
China são ainda importantes na medida em que, segundo a OCDE, 14% das
exportações agrícolas do país foram para o mercado chinês em 2009
(representando 15% das importações agrícolas chinesas), dominadas pela venda de
complexo de soja.
A China emergiu como maior país importador de açúcar durante a safra 2010/11,
refletindo rápida expansão da demanda e menor aumento da produção doméstica.
Pela primeira vez, Pequim excedeu sua cota de importação de 1,95 milhão de
toneladas anual.
O rápido crescimento econômico e a urbanização estão promovendo o uso
industrial de açúcar nas preparações de produtos. Além disso, o governo tenta
reduzir o uso de adoçantes artificiais. O crescimento de sua produção é
limitada pela disponibilidade de água. Tudo isso levará a importações acima de
5 milhões de toneladas por volta de 2020, fazendo da China o maior importador
mundial, superando a União Europeia (UE), Estados Unidos e Rússia.
A produção de Tailândia e Austrália tende também a aumentar, para atender ao
mercado asiático com crescente demanda. Mas é o Brasil que continuará dando o
tom no mercado mundial. Com um dos mais baixos custos na produção, pode
expandir a área de cana juntamente com produção de etanol.
Os produtores brasileiros devem consolidar sua posição de líder global nas
exportações, com mais de 55% do comércio mundial e mais de 63% de todo o açúcar
adicional exportador. A maior parte será açúcar bruto, podendo crescer para 21
milhões de toneladas em 2020. Mas os embarques de açúcar branco tendem a
aumentar também em 50% e alcançar mais de 12 milhões de toneladas no mesmo
período.
As projeções apontam também crescente demanda da China por oleaginosas, que
explodiu nos últimos anos, pressionando os mercados. A UE continuará como
segundo maior importador global.
Mais de 55% das vendas brasileiras de complexo de soja foram para a China,
correspondendo a 34% das importações chinesas do produto. Pequim será o maior
consumidor mundial de óleos vegetais, enquanto países pobres tenderão a ter
dificuldade em consumir o produto por causa do preço.
Já a expansão na demanda de farelo desacelera. A demanda adicional será
atendida principalmente pela produção doméstica que, em todo caso, continuará
se apoiando fortemente na importação de soja.
Crescerá também a importação chinesa de leite em pó, por causa da inquietação
interna sobre a produção local depois de escândalos sanitários que levarão anos
a melhorar a imagem do setor.
As maiores importações de trigo nos próximos dez anos também serão da China,
União Europeia, Egito e Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, a produção chinesa de
cereais forrageiros tende a crescer.
Entre os grandes produtores de arroz, a China cortará sua produção em cerca de
7 milhões de toneladas, por causa de menor consumo doméstico e maior competição
pela terra.
Na área de carnes, os chineses mantêm a politica de autossuficiência, mas sua
posição no comércio de carne suína, por exemplo, continua incerta, dependendo
do ano. Um acontecimento imprevisto pode provocar alta de importação da carne e
ter impacto forte no mercado internacional.

LDC compra empresa de fertilizante

LDC compra empresa de fertilizante

A Louis Dreyfus Commodities, multinacional de origem francesa com forte
presença no agronegócio brasileiro, acaba de fechar a aquisição da Macrofértil,
produtora e distribuidora de fertilizantes com sede em Ponta Grossa, na porção
sudeste no Paraná. A transação, cujo valor não foi divulgado, marca a efetiva
entrada da LD na área de adubos no país. O grupo começou a atuar diretamente no
segmento em 2007, na Argentina. Naquele ano, criou uma plataforma global para
fertilizantes, e em 2008 passou a operar com o insumo no Brasil, mas
pontualmente.
Segundo Javier Britez, diretor da nova plataforma, a decisão de entrar com mais
força no ramo no país foi tomada em janeiro de 2010. Com a experiência
adquirida desde então, a conclusão foi que a aquisição de uma empresa já
estabelecida no mercado seria a melhor forma de fortalecer a estreia. Com
presença física em expansão no campo brasileiro nos últimos anos, sobretudo
após sua entrada no segmento sucroalcooleiro, e relevante participação no
comércio de grãos, a LD ampliou sua aposta no mercado de insumos para
impulsionar o modelo de financiamento a seus produtores/fornecedores conhecido
como "barter".
Baseado no adiantamento de insumos em troca de uma produção agrícola futura, o
barter normalmente é feito com fertilizantes ou defensivos. Acordo anunciado na
semana passada entre a múlti e o CCAB, grupo que reúne grandes cooperativas de
agricultores que atuam em geral no Cerrado, está em linha com essa estratégia.
"Trata-se de uma ferramenta de 'hedge' muito eficiente para o produtor, já que,
com ela, é possível travar margens e mitigar riscos", afirma Britez.
Criada em 1982, a Macrofértil, que não atua no elo minerador dos fertilizantes,
conta com oito plantas de mistura e capacidade total de processamento de 1,8
milhão de toneladas por ano. Essas unidades estão distribuídas no Paraná, Santa
Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás - que representam,
somados, 65% do consumo brasileiro de adubos. Conforme Britez, o objetivo da LD
é ampliar a capacidade da Macrofértil (cuja marca será preservada) para 2,5
milhões de toneladas anuais. "Nesse processo de expansão [que poderá acontecer
por meio de novas aquisições e/ou construção de plantas], queremos incorporar
outros Estados", diz o executivo.
O primeiro da lista é o Rio Grande do Sul, mas também estão na mira Minas,
Bahia e a região do "Mapito". Nesses polos, uma das metas da LD é ampliar a
rede de fornecedores e alavancar sua capacidade de originar grãos, para
processamento ou exportação. Com a Macrofértil, o Brasil passa a responder por
dois terços dos negócios da plataforma de fertilizantes da LD. O outro terço
vem de Argentina e países da África, acessados desde a aquisição da estatal
francesa SSI, no início do ano. As vendas líquidas globais da LD, em todas as
suas frentes de atuação, superaram US$ 46 bilhões em 2010.