Café não sustenta bons ganhos iniciais e volta a recuar na ICE
Um balde de água fria. Assim pode ser resumido o fechamento dos negócios com café nesta quinta-feira na ICE Futures US. Depois de experimentar ganhos consistentes ao longo da manhã, a tendência se inverteu na segunda metade do dia e o fechamento dos negócios se deu no lado negativo da escala, com o dezembro ficando abaixo do nível psicológico de 115,00 centavos de dólar por libra, em uma sessão bem mais procurada. Ao longo da manhã, a primeira posição chegou próxima do nível de 118,00 centavos e muitos players já anotavam em seus livros uma tendência de recuperação. Na verdade, uma correção, dado que o mercado de café continua efetivamente sobrevendido. No entanto, na segunda parte do pregão, o que se verificou foi um menor fôlego por parte dos compradores, o que abriu espaço para os bears (baixistas) reafirmarem seu poderio. Rapidamente, o dezembro atingiu os 115,00 centavos e inverteu a posição na tabela de preços, com algumas perdas sendo registradas e com o fechamento se dando próximo das mínimas do dia. Esses movimentos mais voláteis do dia se deram na esteira de fatores efetivamente técnicos, já que no campo fundamental o café continua a sofrer com a forte pressão da disponibilidade alta, por conta de safras altas em importantes nações produtoras.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve queda de 85 pontos, com 114,40 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 117,95 centavos e a mínima de 114,15 centavos, com o março registrando desvalorização de 90 pontos, com 117,55 centavos por libra, com a máxima em 121,05 centavos e a mínima em 117,35 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve alta de 14 dólares, com 1.736 dólares por tonelada, com o janeiro tendo valorização de 14 dólares, para o nível de 1.723 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, a inversão dos preços no mercado de café não esteve relacionada com fatores externos. O dia foi de dólar estável em relação a uma cesta de moedas internacionais, ao passo que as bolsas de valores nos Estados Unidos, indo contra ao cenário de paralisação da economia do país, conseguiu fechar com bons ganhos, assim como várias commodities internacionais.
"Não conseguimos sustentar as altas iniciais e ficamos até longe da primeira resistência mais efetiva para o dezembro, em 119,20 centavos de dólar por libra peso. Mais uma vez verificamos que os baixistas continuam a ter as cartas nas mãos e não conseguimos reverter esse quadro claramente sobrevendido. Os players não têm informações mais recentes sobre o quanto os fundos estão vendidos, já que os relatórios dos traders da CFTC não estão sendo emitidos, por conta da paralisação dos serviços estatais dos Estados Unidos. Independentemente disso, é claro que os níveis de short é bastante alto, não havendo, porém, sinalização de isso possa mudar no curto prazo", disse um trader.
"O negócio mundial de café é hoje da ordem de 150 milhões de sacas de café. Sem isso, os industriais não otimizam suas fabricas e os consumidores ficam sem o que querem comprar para seu consumo. Olhando a conjuntura por esse prisma, podemos dizer com convicção que o ordenamento do fluxo de disponibilidade de café ao mercado nunca foi tão determinante como agora para o futuro dos preços do café no curto prazo. O fluxo de café é função de uma serie de variáveis, além de políticas públicas, sendo a que nos interessa nessa matéria o clima. A combinação de condições adversas de colheita na America Central, com a ferrugem existente sendo mais um elemento de atraso de fluxo, e a Colômbia implementando uma política mais serena de comercialização, podem fazer toda a diferença. Essa diferença levará o mercado a ingressar em déficit de café disponível de curto prazo, aquele que o torrador precisa para manter as prateleiras do supermercados do mundo cheias", sustentou Francisco Ourique, economista e superintendente da cooperativa Cooparaíso. A OIC (Organização Internacional do Café) emitiu seu relatório mensal sobre o mercado de café. A entidade ressaltou que em setembro, os preços do café continuaram em queda, e o indicativo composto da OIC recuou 4%, atingindo seu nível mais baixo desde abril de 2009. A maior queda foi a dos preços dos robustas, que caíram 6,6%, registrando sua média mensal mais baixa de quase três anos. A estimativa da produção de 2012/13 no final do ano cafeeiro era de 145,2 milhões de sacas, 9,6% acima da produção de 2011/12. No caso dos outros suaves, a estimativa da produção foi ajustada para menos, em vista principalmente dos danos causados pela ferrugem do café na América Central. Essa redução, porém, foi mais que compensada por aumentos na produção dos três outros grupos de café, dos suaves colombianos em especial.
As exportações brasileiras no mês de outubro, até o dia 09, totalizaram 476.276 sacas de café, em relação às 368.715 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 575 sacas, indo para 2.758.032 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 29.466 lotes, com as opções tendo 4.060 calls e 4.511 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 117,95-118,00, 118,50, 119,00, 119,20, 119,50, 119,90-120,00, 120,50, 120,75, 121,00-121,05, 121,10, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20 e 122,50 centavos de dólar, com o suporte em 114,15, 114,00, 113,85, 113,50, 113,00, 112,50, 112,00, 111,50, 111,00, 110,50, 110,10-110,00, 109,50, 109,00, 108,50, 108,00, 107,50 e 107,00 centavos.
Londres mantém recuperação e fecha quinta com ganhos
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta quinta-feira cm altas, numa sessão em que o novembro flutuou, ao longo de todo o período de negociação, dentro do intervalo acima dos 1.700 dólares. O volume negociado foi apenas razoável e já se verifica um movimento de rolagens, notadamente entre o novembro e janeiro.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado pelo predomínio das compras especulativas, com o novembro chegando a tocar na máxima de 1.749 dólares. Nesse patamar, no entanto, foram observadas algumas realizações de lucro e vendas de origens. Operadores destacaram que o novembro tem uma resistência importante em 1.756 dólares que, uma vez superada, poderia abrir espaço para novas ordens de compra.
"Subimos acompanhando o bom andamento dos arábicas em Nova Iorque, mas não conseguimos ultrapassar a barreira dos 1.750 dólares. O mercado se mostra menos carregado e estamos remando para frente, conseguindo alguma recuperação, ainda que a sombra da safra do Vietnã permaneça firme e forte sobre as cotações", disse um trader.
O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 7,57 mil contratos, contra 4,49 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 13 dólares. No encerramento do dia, o novembro teve alta de 14 dólares, com 1.736 dólares por tonelada, com o janeiro tendo valorização de 14 dólares, para o nível de 1.723 dólares por tonelada.