Prezada Presidente eleita Dilma Roussef
Queremos externar a grata satisfação em termos pela primeira vez uma mulher na Presidência da Republica e contarmos com a sua competência para corrigir os problemas que nos afligem nesta área que vão desde a parte tributária até a logística, gestão e planejamento do setor e que tem provocado sérios prejuízos ao País e aos pequenos produtores.
Vamos aqui comentar o problema do café arábica, produto que tem 50% do mercado mundial e não conseguimos colocar um preço que propicie renda ao produtor pelo simples fato de que as vendas são feitas a longo prazo e com um desconto de 25 a 30 centavos de dólar sobre a cotação da Bolsa de N.York cujo café é Colombiano (contrato C) lavado e, portanto nada a ver com o nosso natural que além de ótima qualidade nos permite aguardar (armazenar) o melhor momento para vender sem perder sua qualidade enquanto o Colombiano e Centrais precisam ser comercializados num prazo de 6 meses quando começa a perder sua cor e qualidade haja visto os cafés certificados da Bolsa de N.York que hoje deveriam ter um deságio de algo em torno de 40% e, no entanto estão lá sem deságio e assim ninguém quer.
Portanto quando olhamos a cotação de U$2 por libra peso na tela para o mês de março de 2011 em N.York temos que:
1- A Colômbia vende a + 40/50.... centavos de dólar sobre este preço.
2- O Brasil vende a menos 25/30 centavos de dólar também sobre este preço.
3- Se o contrato C é o do café Colombiano por que a cotação não está a U$2,40/50 por exemplo?
4- Esta diferença ao fazermos os cálculos já nos dá um prejuízo de: [(2,40 - 0,25) – (2 - 0,25)] = [ 2,15 – 1,75] = 0,40 por libra vezes 132,28(equivale a uma saca) = U$52,91 vezes R$1,70 = R$89,95 por saca.
5- O PIS e COFINS (9,25%) sobre o preço de uma saca comprada de Cooperativa ( que não recolheu nada) confere um crédito de R$34,00 ao Exportador que ou joga na gaveta para receber do Governo (hoje cerca de 300 a 400 milhões de reais por ano) ou recupera via torrefação, ou outras vias.
6- Aí se concretiza diversos malefícios á sociedade e ao contribuinte.
A- O País perde divisas fazendo dumping no Mercado Internacional, baseado numa cotação de um concorrente e de um produto que não é o nosso.
B- Não conseguimos fazer Marketing, pois a Colômbia prega que o seu produto é melhor e com isto vendemos muito mais barato.
C- A utilização do PIS e COFINS como mecanismo para exportar prejudica os pequenos e médios Exportadores e Comerciantes que não conseguem competir com as Multinacionais (algumas com torrefação), fazendo com que o produtor vire refém de poucos compradores, pois o Exportador dá preferência em comprar com nota de Cooperativa e assim acaba a transparência do Mercado e o surgimento de novos compradores.
D- Já explicamos esta situação junto ao Governo, mas a pressão é grande das Multinacionais e Exportadores capazes de utilizar este artifício. Queremos a sua extinção e ponto final!
Assim chegamos a um prejuízo anual de cerca de 4 bilhões e 600 milhões de reais à custa de 300 mil cafeicultores e 8 milhões de trabalhadores (diretos e indiretos). Se isto não bastasse temos uma dívida no setor de 10 a 12 bilhões de reais que transformam os produtores em reféns de um Sistema que não os deixa capitalizar e na maioria das vezes sem condições de vender por opinião e sim por precisão. Exportamos aumento de dívida e impostos embutidos no preço (e a transparência?).
Precisamos mudar resolver e criar condições para que o produtor finalmente tenha prazer em produzir e ter uma vida digna sem precisar correr o risco de na sua falta deixar a família quebrada. (aqui cabe um seguro de vida amplo aos produtores).
Finalmente contamos com a sua colaboração, o dialogo e estamos prontos para ajudá-la a executar o plano Estratégico que apresentamos ao Governo e que vai tirar o produtor do fracasso e o Brasil de Colônia vendendo o máximo pelo mínimo.
Fernando Souza Barros
Diretor Executivo para Assuntos Econômicos da SINCAL
terça-feira, 16 de novembro de 2010
COMMODITIES PERDENDO UM POUCO O BRILHO
COMMODITIES PERDENDO UM POUCO O BRILHO
A divulgação da inflação chinesa de 4.4% (anualizada) no mês de outubro, além de ter sido acima das expectativas e estar ainda mais distante da meta do governo, provocou uma reviravolta forte nas commodities com a especulação de que o governo chinês adotará novas medidas de restrições monetárias.
Notícias de que novos limites para os fundos de investimentos podem ser implementados pelo CFTC (órgão regulador americano dos mercados futuros) a partir do começo de dezembro, e da não aprovação do investimento de 2 bilhões de dólares em commodities pelo 2º maior fundo de pensão dos Estados Unidos (dos professores da Califórnia), ajudaram a tirar o brilho das commodities no curto-prazo. Não há dúvidas também de que a alta do dólar americano, desencadeada pelo desconforto com os débitos soberanos europeus, contribuiu para a maior queda das commodities em 18 meses. O açúcar sozinho caiu 20% em duas sessões, e outros produtos sofreram quedas fortes, como os grãos, algodão, prata, e café.
Embora, desde o nosso último comentário, o café em Nova Iorque tenha caído 2.60% ,ou “apenas” US$ 6.22 por saca, o fechamento do dezembro na semana em US$ 200.45 centavos/libra ficou a US$ 18.25 centavos da alta que vimos na terça-feira, US$ 218.70 centavos/libra – o mais alto nível desde junho de 1997. Olhando por este prisma o ajuste de sexta-feira foi US$ 24.14 por saca abaixo da máxima.
Em reais o contrato “C” está no segundo maior nível desde 14 de março de 2005 quando o contrato estava a US$ 138.50 centavos e a moeda brasileira negociava a R$ 2.60 contra o dólar. E o Brasil está aproveitando. As exportações brasileiras de outubro, divulgadas no começo da semana pela CECAFÉ, foram a maior da história do país, 3,404,402 sacas, a um preço médio de US$ 191.99 a saca de 60 quilos – valor alcançado pela última vez em maio de 1998. Ou seja, nada mal para os produtores brasileiros, que embora digam que o custo de mão-de-obra era bem menor 12 anos atrás, têm em contraponto uma produtividade maior.
As chuvas pararam no Vietnã, contribuindo para o andamento da colheita. O prognóstico de uma maior disponibilidade de café no país derrubou não só os preços da bolsa mas os diferenciais. O mesmo acontece nas origens produtoras do arábica. Na Colômbia mais especificamente, os diferenciais caíram para os níveis mais baixos desde 2009, curiosamente em alguns casos ficando mais baratos do que outros cafés de países da América Central – algo raro de acontecer.
A proximidade do primeiro dia de notificação do contrato de dezembro, na sexta-feira próximo dia 19, fez com que os torradores surgissem correndo atrás do atraso de suas coberturas. Isto porquê tanto os dealers quanto os exportadores de várias origens restringiram que a indústria rolasse mais um mês suas fixações, dado que muitos estão fazendo isto desde a tela de julho passado. O motivo é simples, com tanto atraso nos livros, aqueles que permitiram as postergações das fixações tem que bancar margem, que óbviamente tem sido alta pois o mercado não para de subir. Portanto chegou a hora de acertar, pelo menos parcialmente, os livros para o próximo ano, e liberar um pouco de caixa para que novas posições no físico sejam tomadas.
Tudo indica que o mercado continuará caindo, a começar pelo enfraquecimento dos diferenciais, seguido pela fraqueza da estrutura, a firmeza do dólar, um menor interesse por commodities, e um menor risco daqueles que estão vendidos em opções de compras (calls), pois os últimos foram forçados a defender suas posições quando o contrato de março negociou a US$ 220.00 centavos na semana que se encerrou.
Se o mercado buscar US$ 185.00 centavos na curta semana no Brasil, provavelmente isto acontecerá depois que os torradores ajustarem seus livros no contrato de dezembro. Portanto aos produtores que querem ou precisam fazer caixa para as compras de natal, aproveitem para vender.
Uma ótima semana e muito bons negócios para todos.
Rodrigo Costa
A divulgação da inflação chinesa de 4.4% (anualizada) no mês de outubro, além de ter sido acima das expectativas e estar ainda mais distante da meta do governo, provocou uma reviravolta forte nas commodities com a especulação de que o governo chinês adotará novas medidas de restrições monetárias.
Notícias de que novos limites para os fundos de investimentos podem ser implementados pelo CFTC (órgão regulador americano dos mercados futuros) a partir do começo de dezembro, e da não aprovação do investimento de 2 bilhões de dólares em commodities pelo 2º maior fundo de pensão dos Estados Unidos (dos professores da Califórnia), ajudaram a tirar o brilho das commodities no curto-prazo. Não há dúvidas também de que a alta do dólar americano, desencadeada pelo desconforto com os débitos soberanos europeus, contribuiu para a maior queda das commodities em 18 meses. O açúcar sozinho caiu 20% em duas sessões, e outros produtos sofreram quedas fortes, como os grãos, algodão, prata, e café.
Embora, desde o nosso último comentário, o café em Nova Iorque tenha caído 2.60% ,ou “apenas” US$ 6.22 por saca, o fechamento do dezembro na semana em US$ 200.45 centavos/libra ficou a US$ 18.25 centavos da alta que vimos na terça-feira, US$ 218.70 centavos/libra – o mais alto nível desde junho de 1997. Olhando por este prisma o ajuste de sexta-feira foi US$ 24.14 por saca abaixo da máxima.
Em reais o contrato “C” está no segundo maior nível desde 14 de março de 2005 quando o contrato estava a US$ 138.50 centavos e a moeda brasileira negociava a R$ 2.60 contra o dólar. E o Brasil está aproveitando. As exportações brasileiras de outubro, divulgadas no começo da semana pela CECAFÉ, foram a maior da história do país, 3,404,402 sacas, a um preço médio de US$ 191.99 a saca de 60 quilos – valor alcançado pela última vez em maio de 1998. Ou seja, nada mal para os produtores brasileiros, que embora digam que o custo de mão-de-obra era bem menor 12 anos atrás, têm em contraponto uma produtividade maior.
As chuvas pararam no Vietnã, contribuindo para o andamento da colheita. O prognóstico de uma maior disponibilidade de café no país derrubou não só os preços da bolsa mas os diferenciais. O mesmo acontece nas origens produtoras do arábica. Na Colômbia mais especificamente, os diferenciais caíram para os níveis mais baixos desde 2009, curiosamente em alguns casos ficando mais baratos do que outros cafés de países da América Central – algo raro de acontecer.
A proximidade do primeiro dia de notificação do contrato de dezembro, na sexta-feira próximo dia 19, fez com que os torradores surgissem correndo atrás do atraso de suas coberturas. Isto porquê tanto os dealers quanto os exportadores de várias origens restringiram que a indústria rolasse mais um mês suas fixações, dado que muitos estão fazendo isto desde a tela de julho passado. O motivo é simples, com tanto atraso nos livros, aqueles que permitiram as postergações das fixações tem que bancar margem, que óbviamente tem sido alta pois o mercado não para de subir. Portanto chegou a hora de acertar, pelo menos parcialmente, os livros para o próximo ano, e liberar um pouco de caixa para que novas posições no físico sejam tomadas.
Tudo indica que o mercado continuará caindo, a começar pelo enfraquecimento dos diferenciais, seguido pela fraqueza da estrutura, a firmeza do dólar, um menor interesse por commodities, e um menor risco daqueles que estão vendidos em opções de compras (calls), pois os últimos foram forçados a defender suas posições quando o contrato de março negociou a US$ 220.00 centavos na semana que se encerrou.
Se o mercado buscar US$ 185.00 centavos na curta semana no Brasil, provavelmente isto acontecerá depois que os torradores ajustarem seus livros no contrato de dezembro. Portanto aos produtores que querem ou precisam fazer caixa para as compras de natal, aproveitem para vender.
Uma ótima semana e muito bons negócios para todos.
Rodrigo Costa
TRÊS BILHÕES DE DÓLARES POR ÁGUA ABAIXO
TRÊS BILHÕES DE DÓLARES POR ÁGUA ABAIXO
O mercado de açúcar teve a maior queda em dois dias desde que foi inaugurado em 1961. Também foi a maior liquidação dos últimos 30 anos. Os preços derreteram 120 dólares por tonelada na semana, num estrago que fez desaparecer, num piscar de olhos, 3,3 bilhões de dólares. Essa foi a maior queda numa semana desde março de 1980 quando o mercado caiu 123 dólares por tonelada. Agora é sentar e lamber as feridas. E nós já vimos esse filme antes.
Uma enxurrada de notícias ruins combinada com uma desastrosa alteração na margem de garantia pedida pela ICE só pioraram as coisas uma vez que hedgers e specs tiveram que ajustar suas posições para atender às novas necessidades de margem. Um aumento de 65% não precisava ser feito de uma talagada só, poderia ter sido ministrado em doses homeopáticas desde que o mercado começou a subir há algumas semanas. Uma alteração dessa magnitude de supetão e de uma só vez distorce o mercado com maior rapidez, traz instabilidade e consequente aumento de volatilidade que é exatamente o que a bolsa deveria trabalhar para evitar.
É óbvio que o aumento da volatilidade afeta a margem de garantia. A margem de garantia serve principalmente como colchão a ser utilizado caso haja falta de pagamento dos ajustes diários. Mas faça o cálculo: pegue a volatilidade anualizada do mercado de 55%, divida pela raiz de 252 (que são os dias de pregão por ano), isso dá uma volatilidade de 3,46% ao dia. Multiplique por dois para usarmos dois desvios padrão e assim cobrirmos 95% dos eventos. Isso dá 6,93%. Agora multiplique isso pelo valor de 1 contrato de açúcar (112.000 libra-peso vezes 30 centavos de dólar = US$ 33.600). Dá US$ 2.400. Eles subiram para US$ 3.550 e vão subir segunda-feira novamente para US$ 3.900. Pioraram as coisas ao fazerem da chamada de margem causa e não consequência. Aumentam o estresse ao invés de diminuí-lo.
No cenário macro, a preocupação de ajustes na economia chinesa fez com que as commodities despencassem nas principais bolsas do planeta. A alta da inflação na China (4,4% anual) pode fazer com que o governo chinês aumente as taxas de juro, com isso haveria uma redução na demanda. Para conter a inflação o governo vendeu estoques de algodão, cobre e há informação de que pode também vender soja e açúcar. A reação dos investidores foi de pânico acentuado como ocorre em situações assim. Não apenas o açúcar fechou em queda livre, mas também aveia, milho e trigo derreteram 9%.
No cenário fundamentalista do açúcar, entra no enredo a notícia sobre a possibilidade de o governo indiano autorizar uma exportação de 3,5 milhões de toneladas, um acréscimo de um milhão em relação ao que o mercado esperava. Muito pouco para esse estrago todo. Pense: a queda nominal do mercado em 3,3 bilhões de dólares daria para comprar ao fechamento de sexta-feira mais de 5 milhões de toneladas de açúcar. Alguma coisa não bate nesse pânico todo. O negócio é esfriar a cabeça e repensar a estratégia, pois o mercado continua construtivo do ponto de vista fundamentalista uma vez que as questões principais não estão e não serão resolvidas da noite para o dia. Nós ainda vamos precisar de 55 milhões de toneladas de cana a mais no ano que vem e nós não vamos tê-las, portanto, assim que o vendaval passar o mercado deve lembrar-se disso novamente.
Fica um gosto amargo na boca de quem esperava preços mais altos para fazer seu hedge. A gente parece não aprender nunca, não é mesmo? No entanto, não havia como fazer hedge sem lastro financeiro. É por isso que pouco hedge foi feito comparativamente às oportunidades que vimos passar por nossos olhos como éguas da crina dourada. Segundo o modelo da Archer Consulting, o total de fixações para a safra 2011/2012 está entre 4,954 e 6,192 milhões de toneladas ao preço médio de 21,09 centavos de dólar por libra-peso.
Os fundamentos continuam firmes apesar dos fatores exógenos. O Brasil continua sendo o maior responsável para atender a demanda mundial de açúcar bruto e as perspectivas para 2011 são positivas. Se você conseguir se convencer a não se jogar do topo do prédio onde trabalha e aguardar 2011 vai dar risada desses momentos funestos. Se não conseguir, eu sinto muito pela sua alma.
Não esqueça uma coisa importante: ainda com todo o colapso da semana, baseado no fechamento, a liquidação média para a safra 2011/2012 é equivalente a R$ 36,5507 por saca posto usina, sem custo financeiro. Ou seja, um retorno de 29% sobre o custo de produção.
O inferno astral atingiu em cheio o Fundo Fictício da Archer Consulting. Ajustamos a posição vendendo 200 lotes a 26,47. No entanto estamos long no delta equivalente a 384 lotes. Fechamos a semana com um prejuízo de US$ 1.084.199,74 dos quais, pelo menos US$ 600.000, referem-se ao aumento da volatilidade. Nosso lucro acumulado baixou para US$ 2.994.444,04 com retorno anualizado de 110,41%. Vamos zerar o long vendendo calls (opções de compra) de preço de exercício 25 centavos de dólar por libra-peso. O mundo é cruel.
Boa semana para todos.
Arnaldo Luiz Corrêa
O mercado de açúcar teve a maior queda em dois dias desde que foi inaugurado em 1961. Também foi a maior liquidação dos últimos 30 anos. Os preços derreteram 120 dólares por tonelada na semana, num estrago que fez desaparecer, num piscar de olhos, 3,3 bilhões de dólares. Essa foi a maior queda numa semana desde março de 1980 quando o mercado caiu 123 dólares por tonelada. Agora é sentar e lamber as feridas. E nós já vimos esse filme antes.
Uma enxurrada de notícias ruins combinada com uma desastrosa alteração na margem de garantia pedida pela ICE só pioraram as coisas uma vez que hedgers e specs tiveram que ajustar suas posições para atender às novas necessidades de margem. Um aumento de 65% não precisava ser feito de uma talagada só, poderia ter sido ministrado em doses homeopáticas desde que o mercado começou a subir há algumas semanas. Uma alteração dessa magnitude de supetão e de uma só vez distorce o mercado com maior rapidez, traz instabilidade e consequente aumento de volatilidade que é exatamente o que a bolsa deveria trabalhar para evitar.
É óbvio que o aumento da volatilidade afeta a margem de garantia. A margem de garantia serve principalmente como colchão a ser utilizado caso haja falta de pagamento dos ajustes diários. Mas faça o cálculo: pegue a volatilidade anualizada do mercado de 55%, divida pela raiz de 252 (que são os dias de pregão por ano), isso dá uma volatilidade de 3,46% ao dia. Multiplique por dois para usarmos dois desvios padrão e assim cobrirmos 95% dos eventos. Isso dá 6,93%. Agora multiplique isso pelo valor de 1 contrato de açúcar (112.000 libra-peso vezes 30 centavos de dólar = US$ 33.600). Dá US$ 2.400. Eles subiram para US$ 3.550 e vão subir segunda-feira novamente para US$ 3.900. Pioraram as coisas ao fazerem da chamada de margem causa e não consequência. Aumentam o estresse ao invés de diminuí-lo.
No cenário macro, a preocupação de ajustes na economia chinesa fez com que as commodities despencassem nas principais bolsas do planeta. A alta da inflação na China (4,4% anual) pode fazer com que o governo chinês aumente as taxas de juro, com isso haveria uma redução na demanda. Para conter a inflação o governo vendeu estoques de algodão, cobre e há informação de que pode também vender soja e açúcar. A reação dos investidores foi de pânico acentuado como ocorre em situações assim. Não apenas o açúcar fechou em queda livre, mas também aveia, milho e trigo derreteram 9%.
No cenário fundamentalista do açúcar, entra no enredo a notícia sobre a possibilidade de o governo indiano autorizar uma exportação de 3,5 milhões de toneladas, um acréscimo de um milhão em relação ao que o mercado esperava. Muito pouco para esse estrago todo. Pense: a queda nominal do mercado em 3,3 bilhões de dólares daria para comprar ao fechamento de sexta-feira mais de 5 milhões de toneladas de açúcar. Alguma coisa não bate nesse pânico todo. O negócio é esfriar a cabeça e repensar a estratégia, pois o mercado continua construtivo do ponto de vista fundamentalista uma vez que as questões principais não estão e não serão resolvidas da noite para o dia. Nós ainda vamos precisar de 55 milhões de toneladas de cana a mais no ano que vem e nós não vamos tê-las, portanto, assim que o vendaval passar o mercado deve lembrar-se disso novamente.
Fica um gosto amargo na boca de quem esperava preços mais altos para fazer seu hedge. A gente parece não aprender nunca, não é mesmo? No entanto, não havia como fazer hedge sem lastro financeiro. É por isso que pouco hedge foi feito comparativamente às oportunidades que vimos passar por nossos olhos como éguas da crina dourada. Segundo o modelo da Archer Consulting, o total de fixações para a safra 2011/2012 está entre 4,954 e 6,192 milhões de toneladas ao preço médio de 21,09 centavos de dólar por libra-peso.
Os fundamentos continuam firmes apesar dos fatores exógenos. O Brasil continua sendo o maior responsável para atender a demanda mundial de açúcar bruto e as perspectivas para 2011 são positivas. Se você conseguir se convencer a não se jogar do topo do prédio onde trabalha e aguardar 2011 vai dar risada desses momentos funestos. Se não conseguir, eu sinto muito pela sua alma.
Não esqueça uma coisa importante: ainda com todo o colapso da semana, baseado no fechamento, a liquidação média para a safra 2011/2012 é equivalente a R$ 36,5507 por saca posto usina, sem custo financeiro. Ou seja, um retorno de 29% sobre o custo de produção.
O inferno astral atingiu em cheio o Fundo Fictício da Archer Consulting. Ajustamos a posição vendendo 200 lotes a 26,47. No entanto estamos long no delta equivalente a 384 lotes. Fechamos a semana com um prejuízo de US$ 1.084.199,74 dos quais, pelo menos US$ 600.000, referem-se ao aumento da volatilidade. Nosso lucro acumulado baixou para US$ 2.994.444,04 com retorno anualizado de 110,41%. Vamos zerar o long vendendo calls (opções de compra) de preço de exercício 25 centavos de dólar por libra-peso. O mundo é cruel.
Boa semana para todos.
Arnaldo Luiz Corrêa
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