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domingo, 10 de abril de 2011

VOLATILIDADE ALTA EM MERCADO LEVE Por Rodrigo Costa

O Banco Central Europeu aumentou a taxa de juros em 0.25% da mínima histórica de 1%, que vigorava desde julho de 2008, sinalizando aos mercados a determinação em conter a inflação. A expectativa é de incrementos adicionais de 0.50% até o final do ano, mesmo que o efeito possa ser negativo para os países periféricos da União Européia que sofrem com a crise de débitos soberanos. Esta semana foi a vez de Portugal pedir um pacote de ajuda que pode chegar até a 75 bilhões de Euro, fazendo o país se juntar ao grupo dos “resgatados” Grécia e Irlanda. Os urubus de plantão agora miram na Itália e principalmente na Espanha como os próximos alvos, sendo que o último segue o “favorito” na aposta dos pessimistas (ou realistas?).

A China também aumentou suas taxas de juros de 6.06% para 6.36% ao ano, surpreendendo os mercados. O aumento é o quarto em menos de cinco meses e aconteceu antes do país divulgar seus dados inflacionários do mês de março. O time das economias que tem apertado a política monetária conta com a Suécia, Coréia do Sul, Austrália, Tailândia, Taiwan, Índia, Brasil e Vietnã.

Nos Estados Unidos o repasse da subida de preço dos alimentos aos consumidores tem acontecido de forma “sútil”. A indústria ao invés de aumentar preços tem diminuído o conteúdo das embalagens e mantido os preços, usando do apelo de “embrulhos” que são mais “verdes” (ecológicos) ou que contém menos calorias (yeah, right!).

As commodities voltaram a subir nos últimos cinco dias, com o ouro atingido uma nova alta nominal histórica e o petróleo o maior patamar em 2 anos e meio. O café teve mais uma vez uma alta volatilidade, subindo na terça-feira US$ 16.14 por saca, caindo US$ 4.10 por saca no dia seguinte, voltando a subir US$ 10.12 centavos na quinta, e finalmente na sexta fechando com alta de 2.15 cents (depois de no dia ter subido 5.70 centavos). Em resumo na semana os ganhos foram de US$ 15.05 por saca em Nova Iorque, US$ 2.82 em Londres e US$ 16.45 em São Paulo.

Curioso notar a quantidade de negócios feitos nas opções antes das altas, principalmente em Londres até terça-feira, com um grande número de operações de compra de volatilidade nos vencimentos de maio e julho, o que puxou a volatilidade-implícita de 26% para 40% em três sessões. Na sequência o spread de maio / julho, que caiu para um prêmio de 13 dólares, puxou e fechou no mesmo dia para 100 dólares por tonelada de prêmio, e então Nova Iorque entrou no vácuo e forçou especuladores e fundos a cobrirem suas posições vendidas. Com as vendas por parte das origens quase inexistentes, e investidores voltando a montar uma posição comprada, o café subiu encontrando pouca resistência.

A volatilidade alta dos mercados futuros acontece em um momento que os agentes, leia-se exportadores, dealers, e torradores, evitam ter posições grandes em aberto com o receio do aperto do fluxo de caixa – sem falar que há uma falta de consenso com relação ao preço “justo”da commodity. Muitos compradores também têm tido o cuidado de não aumentar a exposição depois de um período complicado em termos de recebimento de café, que ou não foram entregues, ou resultaram em entregas de qualidades inferiores às contratadas.

Em um ambiente assim o “singelo” intervalo de 260/280 centavos pode ter visitas nos dois extremos mais rápido do que se imagina.

O Real brasileiro firmando ajuda a não trazer tantas vendas do país, ou ao menos fazer com que os preços atuais não sejam tão atrativos para os produtores. Em outras origens há pouca disponibilidade de café, e na Colômbia a safrinha (mitaca) está há 3 semanas de aparecer. Do outro lado da equação a indústria já viu os preços do terminal a níveis mais altos, e remarcou o torrado e moído de acordo (ao menos fora do Brasil), portanto não vai prover suporte que não seja a níveis mais próximos da base do intervalo (US$ 260.00 cts/lb).

Portanto devemos esperar mais solavancos com poucas explicações diferentes além de movimentos técnicos. Volto a atentar que apesar da performance positiva, a estrutura está enfraquecendo, uma divergência significativa.

Volatilidade (não mais tão)barata nas opções em Nova Iorque deve ser aproveitada para compra de proteção.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

Carvalhaes - Rolagem de posições de maio para julho fez mercado de café a trabalhar em forte alta esta semana

A aproximação do período de notificação nos contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque acelerou a rolagem de posições de maio para julho e levou o mercado de café a trabalhar novamente em forte alta esta semana.

O relatório mensal de março da OIC – Organização Internacional do Café confirmou mais uma vez a apertada situação estatística do mercado de café e o sentimento sobre um longo período de cotações em alta. A safra mundial 2010/2011 é estimada no relatório em 133 milhões de sacas e o consumo mundial no ano de 2010 em 134 milhões (93,7 milhões de sacas nos países importadores e 40,3 milhões nos países produtores), crescendo 2,39% sobre 2009. Os estoques mundiais de café continuam em queda e perigosamente baixos. Nos países importadores eram de 18,3 milhões no final de dezembro de 2010 (suficientes para apenas 2,3 meses de consumo). Para complicar a análise, o Brasil, maior produtor de café do mundo, maior exportador e segundo maior consumidor, vai colher sua safra de ciclo baixo, com volume menor do que o necessário para atender suas necessidades de exportação e consumo.

O mesmo relatório informou que a média do preço diário composto da OIC (uma média dos quatro grupos de café) em março de 2011 foi de 224,33 centavos de dólar por libra peso, seu maior nível nos últimos 34 anos, desde junho de 1977. Hoje, os jornais noticiam que as exportações brasileiras de café somaram US$ 6,37 bilhões no acumulado em doze meses até março, registrando novo recorde. O que nos chama a atenção é que essas análises e registros não levam em consideração a desvalorização que o dólar acumulou no decorrer desses anos. Seria interessante comparar o valor do dólar em junho de 1977 com o valor de hoje.

Ao redor de 1960, as exportações brasileiras de café representavam aproximadamente 50% da receita cambial brasileira e o café era o líder isolado de nossas exportações. Hoje, exportamos um volume ainda maior e batemos o recorde de receita cambial com o café. Mesmo assim a receita recorde não está nas primeiras colocações nem no ranking das exportações agropecuárias brasileiras.

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, informou que no último mês de março foram embarcadas 2.693.722 de sacas de 60 kg de café, aproximadamente 1% (35.546 sacas) a mais que no mesmo mês de 2010 e aproximadamente 1% (22.174 sacas) a menos que no último mês de fevereiro. Foram 2.185.403 sacas de café arábica e 183.421 sacas de café conillon, totalizando 2.368.824 sacas de café verde, que somadas a 320.374 sacas de solúvel e 4.524 sacas de torrado, totalizaram 2.693.722 sacas de café embarcadas.

Até o dia 8, os embarques de abril estavam em 337.275 sacas de café arábica, 76.870 sacas de café conillon, somando 414.145 sacas de café verde, e 11.159 sacas de solúvel, contra 321.264 sacas no mesmo dia de março. Até o dia 8, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 662.916 sacas, contra 638.896 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 1, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 8, subiu nos contratos para entrega em maio próximo, 1505 pontos ou US$ 20,04 (R$ 31,54) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 1 a R$ 554,20/saca e hoje, dia 8, a R$ 572,47/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 215 pontos.

Em dia de força das commodities, café consolida altas na ICE - 08/04/2011

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta sexta-feira com altas, consolidando, ainda mais, o cenário de reversão das baixas predominantes até a última segunda-feira. Na semana, a posição maio amealhou uma valorização de 5,79%, sendo que esse contrato voltou a flutuar no intervalo de 270,00 centavos. Os operadores bearish (baixistas), que vinham dando as cartas no mercado ao longo das três semanas anteriores, se retraíram ao não conseguiu romper o nível de 254,00 centavos, o que deu espaço para os bulls (altistas) voltarem a demonstrar apetite.

Um operador ressaltou que a sessão da terça-feira, quando o mercado registrou ganhos de mais de mil pontos foi um divisor de águas e garantiu a retomada da força para a commodity. Esse operador sustentou que o padrão gráfico atual voltou a demonstrar uma curva de alta, sendo que as médias móveis mais imediatas vão se adequando às de longo prazo, que já contavam com uma formação de alta. O mercado, além disso, continua focado nos aspectos fundamentais. Os estoques bastante limitados, nos menores níveis registrados pela série histórica da Organização Internacional do Café indicam o cenário de aperto, que ainda se torna mais dramático com as produções baixas de alguns países produtores e o ciclo bianual menor por parte do Brasil, que, segundo avaliações preliminares, poderá ter uma produção entre 13% e 15% mais baixa que a observado ao longo do exercício de 2010.

No encerramento do dia, o maio em Nova Iorque teve alta de 215 pontos com 274,95 centavos, sendo a máxima em 278,50 e a mínima em 272,10 centavos por libra, com o julho tendo oscilação positiva de 220 pontos, com a libra a 277,85 centavos, sendo a máxima em 281,25 e a mínima em 274,90 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição maio registrou baixa de 28 dólares, com 2.468 dólares por tonelada, com o julho tendo valorização de 4 dólares, com 2.447 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, a sessão foi caracterizada por uma abertura com fraqueza, mas que rapidamente um quadro de alto se consolidou, na esteira de compras especulativas e de fundos. Apesar das altas, o maio não tentou buscar as duas primeiras resistências mais significativas, no nível de 281,15 e 281,65 centavos por libra. No after-hours, algumas realizações foram detectadas e os ganhos finais foram bem mais modestos que os do intraday. O índice CRB da Standard & Poor’s GSCI, que mede o comportamento de 24 das principais commodities internacionais, atingiu a marca de 757,22 pontos, o maior nível desde 4 de agosto de 2008, sendo que ao longo do dia esse indicador apresentou sua maior valorização em cinco semanas e terminou a sexta com ganho de 1,17%. Café, algodão, prata, entre outros produtos deram suporte a esse comportamento. "Nos movemos hoje (no mercado de commodities) com um outro grande passo de longo termo", disse Eugen Weinberg, pesquisador de mercado do Commerzbank AG, em Frankfurt. "A força da demanda industrial, o aumento do otimismo econômico, a fraqueza do dólar e uma ampla liquidez continuam dando suporte aos preços das matérias-primas", complementou.

El Salvador embarcou ou contratou a exportação de café de 1,55 milhão de sacas de café da temporada 2010/2011 até o último dia 7 de abril, mais que o dobro do mesmo período da temporada anterior, indicou o Conselho Salvadorenho de Café. Essas vendas reverteram uma receita de 397,8 milhões de dólares para o país, o maior nível em 14 anos para o mesmo período. Em março, as exportações cafeeiras de El Salvador somaram 245.86 sacas, 53% a mais que no mesmo mês do ano passado. A Alemanha continua sendo o maior destino dos cafés do país, seguida dos Estados Unidos e do Japão. As exportações de café do Brasil em abril, até o dia 7, somaram 300.786 sacas, contra 321.264 sacas registradas no mesmo período de março, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 1.576 sacas indo para 1.562.708 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 32.023 lotes, com as opções tendo 3.272 calls e 2.503 puts. Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem uma resistência em 278,50, 279,00, 279,50, 279,90-280,00, 280,50, 281,00, 281,50, 282,00 e 283,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 272,10-272,00, 271,50, 271,00, 270,50, 270,10-270,00, 269,50, 269,00, 268,50 e 268,00 centavos por libra.