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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Só 3% do café da região está armazenado

de São Paulo


Alta no preço da saca -de R$ 250 para R$ 540 em um ano - incentivou os produtores a investirem na lavoura. Diretor-presidente da Cocapec vê otimismo nos cafeicultores; há quatro anos, setor via depreciação do produto


ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

A alta no preço da saca do café, com valorização de 116% entre 2010 e 2011, estimulou a venda do grão que estava estocado na região Alta Mogiana de Franca. De acordo com o diretor-presidente da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas), João Toledo, a maior parte do café colhido foi vendida durante a safra -hoje só 3% do grão da região está nos armazéns. "O produtor está entusiasmado pela cultura, acreditando na colheita e investindo na produção em busca da alta dos preços", diz Toledo. No Brasil, a saca de 60 kg do grão variou de R$ 250 para R$ 540, o que estimulou os produtores a buscarem insumos para a lavoura visando maior produção. Leia os principais trechos da entrevista, concedida na última sexta-feira.

Folha - Por que os estoques do café estão baixos?

João Toledo - O café em estoque foi consumido para suprir a demanda. O consumo interno do Brasil é de 19 milhões de sacas e, para exportação, são destinados de 29 milhões a 30 milhões de sacas. O estoque foi usado para fechar a conta, enquanto a produção, de 42 milhões, não foi suficiente para repor a estocagem. Na Cocapec, só 3% do café produzido está nos armazéns.

A quebra da safra em 2011 na região de Franca foi de 50%, enquanto em todo o Brasil foi de 12%. Isso trouxe algum impacto na produção regional?

O aumento do preço da saca no mesmo período incentivou os produtores a investirem na lavoura, mesmo com a quebra da safra. A saca de 60 kg do grão de qualidade passou de R$ 250 para R$ 540 em um ano. Com a valorização do grão, o produto se tornou mais atrativo.

O que levou à alta no preço?

Foram quatro ou cinco anos de depreciação do preço do café, o que desestimulou os agricultores. Houve queda na produção enquanto o consumo crescia 1,5% ao ano em todo o mundo.

Com isso, a lei do mercado foi imperativa: houve ascensão lenta e gradativa dos preços, dada a falta do produto. A saca começou a subir em junho de 2010 e atingiu o ápice recentemente.

A quebra era esperada?

A safra do ano agrícola 2010/2011 em todo o Brasil está estimada em 42 milhões de sacas, redução de mais de 12% comparada a 2009/2010, quando a safra foi de 48 milhões, segundo a CONAB (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO). Mas na região Alta Mogiana de Franca a quebra foi ao redor de 50%.

Recebemos na Cocapec 1,2 milhão de sacas [no período anterior] e em 2011, 600 mil. Na safra anterior, tivemos 900 mil sacas na alta, e 600 mil na baixa. A quebra está dentro do esperado, mas a alta produção anterior criou uma demanda que elevou os preços.

Como o agricultor está investindo na produção?

Dada a venda de insumos pela cooperativa, vemos que produtor está entusiasmado pela cultura, acreditando na colheita e investindo na plantação em busca da alta dos preços. Ainda não levantamos cifras dos investimentos porque eles estão em curso.

Há maior produtividade?

A área de café no Brasil diminuiu 4% nos últimos dez anos enquanto a produção aumentou de 20% a 30% em média. Houve um aperfeiçoamento no cultivo com a modernização das lavouras. Na Agrishow foram apresentadas quatro marcas de colheitadeiras de café, o que permite comparar preços e tecnologias e investir ainda mais.

Isso reflete na produção. Se antes havia mil plantas por hectare, agora há 3.000. Os produtos aplicados para controle de pragas são mais eficientes, a adubação está mais equilibrada, o que reflete em mais GRÃOS colhidos. O café do Brasil compete em alta qualidade com o de outros países. Somos os maiores exportadores do mundo.

EUA defendem ação global contra preços

DCI - Diário do Comércio & Indústria


Roma - O mundo tem de agir rapidamente para deter a alta dos preços dos alimentos e reafirmar seu compromisso com a agricultura sustentável, disse a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. "Devemos agir agora, de forma eficaz e cooperativa, para diminuir o efeito do aumento dos preços dos alimentos", disse ela em um discurso para órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em Roma.

A alta dos preços dos alimentos tornou-se uma questão delicada no mundo, depois de inspirar os protestos que derrubaram os governos da Tunísia e Egito no início deste ano, com a agitação se espalhando por todo o norte da África e do Oriente Médio.

A FAO anunciou na última quinta-feira que os preços mundiais de alimentos aumentaram ligeiramente em abril, impulsionados pela apreensão com a safra de grãos dos EUA, mas ainda estavam abaixo dos recordes alcançados em fevereiro.

O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, disse que uma tendência sutil de baixa dos preços dos alimentos já tinha começado a ser revertida com preocupações com as safras da China e dos EUA. Operadores dos mercados futuros afirmam que os fatores fundamentais do mercado do milho são sólidos, com a oferta limitada, além de atrasos no plantio de primavera no hemisfério norte. "Os fundamentos nos grãos e oleaginosas não mudaram, o mercado está vigoroso para o milho a curto prazo", disse Adam Davis, corretor de grãos sênior da Merrick Capital, em Melbourne, que investe em commodities agrícolas.