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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Substituição do Brasil como fornecedor global de café: uma reflexão

Substituição do Brasil como fornecedor global de café: uma reflexão
Mara Luiza Gonçalves Freitas

Este artigo realiza uma reflexão sobre a possibilidade de substituição do café brasileiro no mercado internacional, face a seleção estratégica de atuação internacional da cadeia agroindustrial do café brasileira. - No mundo, atualmente, são 72 os países produtores de café, incluindo-se aí o Brasil, até o momento, maior produtor mundial do grão. Mas a estatística aponta que tal perspectiva pode mudar. Os interessantes dados apresentados pela Revista Veja, através da matéria "Brasil começa a provar ao mundo o valor do seu café", conduziram-me a confirmação de uma tese que venho defendendo a algum tempo e que explicitei no artigo "O Agronegócio Café em 2020: uma reflexão", publicado em 20 de janeiro de 2010, no site Revista Cafeicultura. Após a leitura e análise dos dados da matéria, surgiu a pergunta: dependendo da posição que o Brasil assumir em relação ao perfil da sua plataforma agroindustrial do café, é possível substituí-lo como principal fornecedor de matéria-prima global nos próximos dez anos?

Inicio o meu raciocínio com um caso que estudei durante o meu mestrado. Não citarei o nome dela aqui, mas trata-se de uma das maiores cooperativas de café do país. Ao discorrer sobre a indústria torrefadora dela que foi criada justamente com o objetivo de agregar valor pela industrialização aos grãos especialíssimos de seus cooperados e a exportação desses produtos com alto valor agregado, ela lidou com um problema sério: a pressão de seus compradores, que a fez recuar num projeto arrojado de industrialização e exportação de café industrializado, em detrimento da manutenção do seu já rentável negócio de comercialização internacional de café verde. Ou era uma coisa ou outra. Após a análise dos dados da Veja, que confirmam minha linha de pesquisa, é visível que a substituição do Brasil não é um problema para os grandes mercados consumidores, em particular em razão do crescimento do investimento direto estrangeiro na região do Leste Africano, através de aquisição de terras para a produção de alimentos. Isso pode acontecer face ao investimento denso na consolidação de uma plataforma exportadora de café industrializado.

Se estivermos almejando uma fatia no mercado internacional de torrado na ordem de 30%, é preciso criar as condições no Brasil, para que os impactos na produção cafeeira brasileira não sejam sentidos e a indústria nacional de fato, possa absorver o ônus das modificações que os grandes compradores de café in natura do Brasil, irão nos submeter. Está na hora do Brasil realizar opções estratégicas para o seu negócio do café. Sem trepidar, é possível afirmar que se o Brasil optar pela agregação de valor via o café torrado, terá de investir muito pesado, para arcar com a substituição do café brasileiro, pelo produzido no Leste Africano. As lavouras lá são incipientes, mas quem trabalha com café sabe que num espaço de três anos, este horizonte é facilmente modificável: basta investimento privado, tecnologia e gente para isso acontecer rapidamente. Aquela região do planeta possui condições edafoclimáticas muito similares às brasileiras, com o diferencial de realmente oferecer ao mundo o apelo Fair Trade.

É importante acender a luz amarela, pois em razão dessas condições, a produção de cafés com características muito similares àquelas alcançadas na região do Cerrado Mineiro e o Oeste Baiano, não é algo impossível de acontecer. Se o mundo adquire o nosso café em razão do corpo, lá eles podem, com adoção das mesmas tecnologias e práticas agrícolas que aqui adotamos, produzirem exatamente o que o mercado internacional quer, a um custo de produção bem inferior ao nosso. Uma situação como essa pode acontecer em menos de cinco anos, se o mercado internacional entender que o nosso produto deixou de ser interessante e a nossa concorrência no mercado de industrializados passou a incomodar. Creio que é o momento do Brasil parar e decidir sobre qual caminho adotar para o seu negócio. Não podemos abraçar a máxima do "quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve". Ou o Brasil investe pesado em verde ou investe pesado em torrado. Definitivamente, pelo tanto que já estudei sobre competitividade internacional de plataformas nacionais, não será possível fazer as duas coisas concomitantemente. Reitero: se não houver um investimento sério em planejamento para o negócio do café do Brasil, a cafeicultura brasileira terá que se curvar à história, ao abraçar, com grande pesar, o reencontro do café com suas origens. Mas este é um assunto para o Ministro da Agricultura e o Diretor do Departamento Nacional do Café, à luz da influência dos ácidos clorogênicos.

CFTC: fundos aumentaram nas posições compradas na ICE

Dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) divulgados nesta sexta-feira apontaram que os fundos aumentaram em 3.498 lotes suas posições compradas no mercado futuro de café da bolsa de Nova Iorque. Já os contratos em aberto registraram queda de 2.534 lotes em relação à semana anterior. Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras, sem as opções, os grandes fundos possuíam 29.513 posições líquidas long (36,667posições long — compradas — e 7.154 posições short —vendidas) no último dia 12 de abril. No relatório anterior, referente a 05 de abril, eles tinham em mãos 26.015 posições líquidas long (36.455 posições long— compradas — e 10.440 posições short — vendidas). As empresas comerciais registravam, no dia 12, um saldo de 31.968 posições líquidas short (67.970 posições compradas e 99.938 vendidas). No relatório anterior, elas sustentavam 28.520 posições líquidas short (65.051 posições compradas e 93,571 vendidas). Os pequenos operadores tinham, na terça-feira passada na ICE Futures US, um total de 2.455 posições líquidas compradas, sendo8.065 compradas e 5.610 vendidas. No relatório referente a 05 de abril, por sua vez, eles apresentavam 2.505 posições líquidas compradas, sendo 7.081 compradas e 4.576 vendidas. As posições em aberto na bolsa norte-americana eram de121.875 lotes no dia 12 de abril, ao passo que na semana anterior elas somaram124.409 lotes.

Brazil’s Robusta Harvest May Be Delayed on Rains, Broker Says

The robusta coffee harvest in Brazil, the world’s second-largest producer of the variety, may only begin next month after rainfall in March, according to Rio de Janeiro-based broker
Flavour Coffee.

“The heavy rains during March and yet cloudy days may delay the start of the harvesting for May,” the broker said in a weekly report e-mailed yesterday.

Harvesting of the 2011-12 crop in the state of Espirito Santo, Brazil’s main robusta-producing region, was expected to commence in the second half of April, CEPEA, a University of Sao
Paulo research group, said last month.

The “general shape” of robusta trees is “nice,” with “plenty of cherries,” Flavour Coffee said. Trees still need “some weeks until maturation starts,” it said.