Com sustentação das arbitragens, café tem dia de bons ganhos na ICE
Um alento para o mercado de café. Os negócios com o grão desenvolvidos na ICE Futures US tiveram uma terça-feira de boas recuperações, com fortes altas sendo processadas desde a manhã e, com isso, a posição março conseguiu, finalmente, voltar a operar acima dos 110,00 centavos de dólar por libra peso.
Os ganhos do dia estiveram, em sua maior parte, linkados com a questão da arbitragem. Enquanto o café patinava em Nova Iorque e se aproximava das mínimas de 85 meses, em Londres, os robustas conseguiam avançar de forma significativa, diante de uma queda efetiva dos estoques certificados de robustas nessa casa de comercialização, assim como de uma oferta pouco efetiva do Vietnã, já que os produtores locais não se estimulam em liquidar diante de preços deprimidos. Com isso, os terminais na casa de comercialização britânica passaram a rapidamente apresentar oscilações mais efetivas e nesta terça os preços atingiram as máximas de mais de três meses.
O diferencial entre os padrões de preço de Nova Iorque e Londres chegou a menos de 29 centavos de dólar por libra na sessão passada e, diante disso, inevitavelmente era esperada uma movimentação. Diante da retomada das forças do robusta, verifica-se um movimento de recompras também para os arábicas e pode se ter, ao menos, um reposicionamento das cotações, talvez com o março voltando a se manter acima dos 110,00 centavos, nível que, para vários operadores, poderia ser bastante interessante para encerrar o exercício de 2013, já que, mesmo diante da questão da disponibilidade ampla, a precificação já foi efetivada. No campo fundamental, o mercado apresenta poucas novidades, sendo que nenhuma delas mais significativa as cotações.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição março teve alta de 415 pontos, com 110,25 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 110,80 centavos e a mínima de 105,80 centavos, com o maio registrando ganho de 410 pontos, com 112,50 centavos por libra, com a máxima em 112,95 centavos e a mínima em 108,10 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição janeiro teve alta de 80 dólares, com 1.849 dólares por tonelada, com o março tendo valorização de 70 dólares, para o nível de 1.793 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia, efetivamente, esteve ligado à questão das arbitragens, que permitiram uam correção para os preços e lançaram o março para um patamar acima dos 110,00 centavos. Assim, ao menos temporariamente, o segundo contrato consegue se fixar um pouco acima das mínimas de mais de 85 meses. No segmento externo, o dia foi de bolsas de valores em queda, ainda que pontuais, ao passo que o dólar recuou em relação a várias moedas, o que também ajudou a formar ganhos para várias commodities.
"O Vietnã oferta pouco no atual momento e há notícias de que os produtores locais buscam preços mais efetivos. Isso reflete no terminal londrino e consegue levar junto Nova Iorque, que anseia por uma correção mais consistente. Essa venda limitada dos asiáticos, porém, não deve durar tanto, já que o país deve colher uma de suas safras mais consistentes da história e esse café vai ter de ser escoado", indicou um trader.
Operadores apontaram que a tendência, em se mantendo esse clima em cima das arbitragens, é fazer com que o março busque o nível de 112,00 centavos, o que abriria espaço para testar a resistência de 112,80 centavos e, posteriormente, os 114,00 centavos. A demanda pelo café da Indonésia, o terceiro maior produtor da variedade robusta, está em queda, já que os preços baixos do maior produtor mundial, o Vietnã, atraem mais compradores. A avaliação é da consultoria Volcafe. Enquanto o produto da Indonésia para embarque em dezembro e janeiro tem prêmio de 190 dólares por tonelada, no mercado futuro da bolsa de Londres, o café do Vietnã tem prêmio de 50 dólares por tonelada. A expectativa do mercado é que Vietnã colha uma safra recorde de 30 milhões de sacas no ano safra 2013/2014, que se iniciou em 01 de outubro. A produção da Indonésia, por sua vez, deverá ser de 11,2 milhões de sacas na temporada.
As exportações brasileiras no mês de dezembro, até o dia 09, totalizaram 433.622 sacas de café, contra 350.179 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 4.477 sacas, indo para 2.664.870 sacas. Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem resistência em 110,80, 111,00, 111,50, 112,00, 112,50, 112,90-113,00, 113,50, 114,00, 114,50, 114,90-115,00, 115,50, 116,00, 116,50, 117,00 e 117,50 centavos de dólar, com o suporte em 105,80, 105,65, 105,50, 105,10-105,00, 104,50, 104,15, 104,00, 103,50, 103,00, 102,50, 102,00, 101,50 e 101,00 centavos.
Londres tem fortes ganhos e atinge máxima de três meses e meio
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe tiveram uma sessão movimentada nesta terça-feira. Além da continuidade das rolagens de posições, principalmente entre janeiro e março, também foram verificadas várias ações compradoras, que permitiram fazer com que o mercado tivesse ganhos bastante efetivos. A primeira posição registrou seus melhores preços desde 16 de agosto passado.
De acordo com analistas internacionais, novamente a questão dos estoques baixos na bolsa londrina, assim como as vendas pouco efetivas de origens importantes para o robusta, como a Indonésia e o Vietnã, conseguiram fazer com que os players passassem a efetuar recompras efetivas e, rapidamente, os ganhos amadureceram. a tendência atual é totalmente diversa daquela registrada há algumas semanas e ganhos mais expressivos não podem ser descartados. A primeira resistência efetiva está em 1.882 dólares, o que poderia abrir espaço para os 1.900 dólares.
"Os compradores ganharam novo ânimo em Londres e isso está sendo refletido fortemente nos terminais. A tendência é buscarmos alguns índices ainda mais consistentes. E esse comportamento está dando algum alento aos arábicas em Nova Iorque que conseguiram ter uma terça-feira de ganhos consistentes", disse um trader.
O janeiro teve uma movimentação ao longo do dia de 11,2 mil contratos, contra 14,1 mil do março. O spread entre as posições janeiro e março ficou em 56 dólares. No encerramento do dia, o janeiro teve alta de 80 dólares, com 1.849 dólares por tonelada, com o março tendo valorização de 70 dólares, para o nível de 1.793 dólares por tonelada.