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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Governo não age para evitar a desindustrialização, diz Ivo Rosset

Governo não age para evitar a desindustrialização, diz Ivo Rosset
Um dos primeiros empresários a apoiar PT diz que não vê ação contra concorrência chinesa Empresário afirma que nada foi feito em 20 anos para reduzir impostos; 'EUA choram hoje fim da indústria' Ivo Rosset, dono da Valisére e da Cia. Marítima, em seu escritório no Bom Retiro A indústria têxtil brasileira vive sua maior crise e, se nada for feito pelo governo no sentido de reavivá-la, 2,5 milhões de empregos correm o risco de evaporar em questão de poucos anos.O alerta é de Ivo Rosset, proprietário do Grupo Rosset, que detém 65% do mercado de produção de tecidos no país e também as marcas Valisère e Cia. Marítima.O elo fraco da cadeia que alimenta essa indústria, de acordo com ele, está no setor das confecções (corte e costura dos tecidos para a produção de roupas), que têm sofrido com a concorrência das mercadorias chinesas, mais baratas e nem por isso com qualidade inferior."Nada foi feito nos últimos 20 anos. O país está caminhando para a desindustrialização e o governo não está agindo", afirma.Rosset é um dos empresários com melhor trânsito em Brasília. Encontrou-se com Lula e com Dilma diversas vezes. Conversa frequentemente com o ministro Guido Mantega. Foi um dos primeiros empresários a apoiar o PT e filiou-se ao partido em 2009.Há um mês, esteve na capital federal como representante do setor têxtil, quando apresentou uma proposta de aliviar a carga tributária das confecções adotando o regime do Simples como imposto único, independentemente do faturamento. Folha - Como vai a indústria têxtil no país?Ivo Rosset - De um lado, temos a produção de tecidos, que também sofre com a concorrência chinesa. Como o segmento de tecido plano (produção de tecidos para camisas sociais, por exemplo). Várias fecharam em Americana, que é um grande centro de produção.Existia também um mercado enorme para produtos como a viscose com fio elastano. Mas os chineses entraram a um preço que não dava para competir. Todos que produziam pararam. E as grandes malharias no Sul estão com problema, elas eram muito mais fortes do que hoje. E as confecções?A confecção é o polo que está mais focado na competição com a China. Se não resistir, vai atingir o setor como um todo, pois são as confecções que compram os tecidos que produzimos. Comparando a situação de uma costureira brasileira com a chinesa, a distorção é enorme. Aqui, um funcionário custa para o empregador 2,4 vezes a mais que o salário dele. Por isso propomos o regime do Simples -dessa forma as confecções pagariam 12% sobre tudo. Por que só as confecções?Conversando com a presidente, dei um exemplo. Uma empresa de confecção com 2.000 pessoas talvez fature o equivalente a 5% de uma indústria automobilística que também tem 2.000 pessoas. E a confecção não vai suportar a concorrência chinesa. É uma cadeia que emprega muita gente e está destinada a desaparecer caso não se faça algo com muita urgência. Estamos falando de 2,5 milhões de empregos diretos e um universo de 8 milhões. Em que estágio estamos?Crítico. Toda rede varejista importava de 5% a 10%, agora é de 35% a 40%. Há gente quebrando?O pessoal vai fechando. Muitos estão saindo do Brasil e indo para a China. Outro dia conversei com um fabricante de um outro setor, da Mundial, do Rio Grande do Sul. A ação dele disparou na Bolsa porque sua rentabilidade aumentou. Ele fechou tudo que tinha de produção no país e foi fabricar na China. Estamos matando emprego nosso e dando emprego pra chinês.A Marcopolo [fabricante de ônibus] foi embora, está produzindo em outro lugar e mandando os ônibus para cá. Vai chegar um momento em que ou transfiro as atividades da Rosset para fora ou sei lá o que vai acontecer. O que mais pode ser feito?Nós estamos dentro de um modelo que não muda há 20, 30 anos e que só teve aumento de carga tributária. Na China, eles têm quase 80 milhões de pessoas empregadas nesse segmento. Não sou favorável ao método deles. Dão albergue e comida às pessoas, mas não pagam previdência. E o salário não passa de US$ 100, enquanto aqui é de US$ 1.000, fora a carga tributária. Nosso funcionário é mais eficiente que o chinês. Só que o sistema não ajuda. O sr. está se referindo à moeda forte e à taxa de juros?Estamos assistindo ao filminho sem fazer nada. Pior que isso, há Estados como Santa Catarina que incentivam a importação baixando o ICMS. Essa é a maior afronta ao Brasil que já vi. O país está caminhando para a desindustrialização?Total. A questão é: queremos ou não ser um país industrializado? Se sim, as medidas precisam ser imediatas. Se não, vamos nos tornar um país de serviços. Só que vamos pagar um preço muito alto lá na frente. Veja o que aconteceu com os Estados Unidos, com o desastre da indústria automobilística, por exemplo. O país agora chora os empregos perdidos e não consegue reempregar. Existe abandono do setor pelo governo?Não diria abandono, mas diria que o governo está sem saber direito o que fazer. Eles ouvem, mas não vejo ação. Não sei qual a dificuldade que existe, se é burocracia. E o BNDES?Não adianta dar cortisona, é preciso repensar o modelo. Aplicar o Simples a todas as confecções, sem limite de faturamento, é uma mudança radical. Daí, sim, o BNDES pode entrar. E não são grandes investimentos, é coisinha pouca, bem menos do que a fusão do Abilio [Diniz, do Pão de Açúcar].

Plano bipartidário de cortes pode evitar default dos EUA

Plano bipartidário de cortes pode evitar default dos EUA
O presidente Barack Obama elogiou ontem um plano que estabelece cortes de US$ 3,7 trilhões elaborado por um grupo de senadores republicanos e democratas. "Estamos vendo agora o potencial para um consenso suprapartidário", disse Obama.A proposta, que combina aumentos de impostos e cortes nos gastos, pode representar uma saída para romper o impasse envolvendo a ampliação do limite da dívida pública do país, atualmente estabelecido em US$ 14,3 bilhões. Segundo Obama, as negociações para um acordo serão retomadas esta semana.O plano está rapidamente ganhando o apoio de muitos senadores, incluindo alguns republicanos conservadores, apesar de incluir aumentos de impostos. O republicano Roger Wicker disse que ele poderia ser aprovado com uma robusta maioria de 60 ou 70 dos 100 votos da Casa.Mas alguns auxiliares manifestaram cautela, dizendo que, mesmo que o projeto passe no Senado, pode não haver tempo suficiente para redigi-lo de acordo com os parâmetros legislativos e aprová-lo no Departamento de Orçamento do Congresso antes de 2 de agosto, data prevista para o governo deixar de honrar os títulos do Tesouro.

Crise do euro pode virar Lehman,

Crise do euro pode virar Lehman,
diz FMI
Se a crise da dívida soberana dos países da periferia da zona do euro migrar para suas economias mais fortes, várias regiões do mundo sentirão um impacto praticamente igual ao que experimentaram após a quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers, em setembro de 2008 - inclusive o Brasil. A conclusão é do Fundo Monetário Internacional, que concluiu consultas com autoridades econômicas dos países da zona do euro e, em seus relatórios, mensurou os efeitos globais caso a atual crise atinja alguns dos grandes bancos europeus, como o belga Dexia, o alemão Deutsche Bank, o francês BNP Paribas ou o holandês ING. Se um desses bancos ficar sob pressão, os bancos globais sofreriam contágio, cujos efeitos "seriam bastante importantes para Hungria, Turquia, Reino Unido, Brasil e Rússia", aponta o relatório. "Seria um evento sistêmico que impactaria os sistemas financeiros bem além da Europa".O Fundo estimou as consequências da crise da dívida soberana em seu atual estágio e na hipótese de ela desandar e estender-se às economias mais fortes da união monetária - Alemanha, França, Holanda, Bélgica e Áustria. As chances de turbulências para o Brasil e seu sistema financeiro, no pior cenário, seriam superiores a 40%, tão altas quanto após a falência do Lehman Brothers. Na época, os bancos internacionais reduziram bruscamente suas linhas de crédito e seus negócios no mundo inteiro. Os bancos brasileiros reagiram fazendo o mesmo e a economia mergulhou em rápida recessão por dois trimestres. O preço pago pelo Brasil foi pequeno em relação aos estragos causados nas economias avançadas.O staff do Fundo fez várias simulações sobre os efeitos de eventual atraso no pagamento de dívida, default ou reestruturação dos débitos com perdas forçadas para credores na Grécia, em Portugal e na Irlanda. O calote ainda não ocorreu, nem mesmo com os bancos desses países, hoje sustentados por montanhas de dinheiro do Banco Central Europeu. As linhas de liquidez para os bancos gregos, no último trimestre de 2010 atingiram US$ 130,7 bilhões, US$ 124,8 bilhões para os irlandeses, US$ 54 bilhões para os portugueses e US$ 72,7 bilhões para os espanhóis.Se a crise ficar confinada aos países aonde ela já se instalou, a possibilidade de contágio continuará pequena para o Brasil, um pouco superior a 10%, e, ainda assim, como nota o relatório, devido à "grande presença no país dos bancos espanhóis".Os técnicos do FMI fizeram dois cenários básicos para examinar o impacto sobre o crescimento econômico - o de "tremor" e o de "terremoto". No de "tremor", em que a crise pode se agravar, mas ainda assim ficar restrita a Grécia, Irlanda e Espanha, os choques no crédito bancário e na demanda doméstica equivaleriam "à metade dos experimentados durante a crise do Lehman". No cenário de "terremoto", a diferença é um contágio maior e o crédito bancário levaria uma pancada semelhante ao da bancarrota do Lehman.No primeiro caso, o PIB mundial encolheria 0,2 ponto percentual em 2011 e 0,1 ponto em 2012. No segundo, o mais severo, o crescimento europeu cairia 2,5 pontos percentuais e o PIB mundial, 1 ponto percentual na soma dos dois anos. A América Latina teria seu crescimento reduzido em 0,2 ponto no primeiro cenário e 0,5 ponto no segundo.Tanto o FMI quanto os governos europeus acham que a crise da dívida soberana pode ser confinada e que seu agravamento pode não gerar o mesmo pânico que se seguiu à quebra do Lehman. Segundo o FMI, a extensão da dívida soberana em questão e a exposição a ela são bastante inferiores às existentes em relação ao empréstimos imobiliários subprime em 2008. Além disso, o mercado já reduziu boa parte de suas posições nesses ativos sob risco, limitando o potencial de contágio.

Qual o peso do quadro externo para o Copom?

Qual o peso do quadro externo para o Copom?
Dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e como no encontro passado o que mais importa não é o fato, mas sim o que o se pode inferir para o próximo encontro, previsto para o dia 31 de agosto.Economistas e mercado têm consenso fechado quanto uma alta de 0,25 ponto percentual na noite de hoje, que levará a Selic para 12,50%. Com isso, o Banco Central (BC) completa a quinta alta do ciclo iniciado em janeiro, quando a taxa básica valia 11,75%.A dúvida é se o colegiado aperta ainda mais ou para por aqui. O último boletim Focus diz que sim, já que a mediana mostra taxa básica em 12,75% no encerramento do ano. Colegiado do BC tem de avaliar duas realidades distintasJá o mercado de juros futuro mostra a divisão entre os agentes. Se considerado o vencimento janeiro de 2012, o ciclo encerraria por aqui. Mas o vértice janeiro de 2013 sugere mais duas elevações.Como bons argumentos sempre existem para os dois lados, vale ressaltar que 0,25 ponto a mais ou a menos não é determinante, ainda mais com taxa base de 12,50% ao ano. A questão, como sempre, seria de sinalização.Segundo o estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, o BC lida com duas realidades distintas e todos ficam tentando adivinhar qual delas será mais relevante na tomada de decisão.Por aqui, a economia perde força, mas não em ritmo suficiente para garantir a convergência da inflação à meta em 2012. Por outro lado, as incertezas externas aumentam, com o risco de contágio da crise grega crescendo, já que os lideres europeus continuam batendo cabeça sobre como resgatar o país.Para Rostagno, o BC deve optar por duas elevações. Uma no encontro de hoje e outra em agosto. No comunicado apresentado junto com a decisão, o termo "suficientemente prolongado" deve ser suprimido.Na visão do estrategista, o Copom deve tirar tal frase para indicar que está se aproximando do fim do ciclo. Se o termo for mantido, o mercado entende que a alta de agosto está confirmada e passaria a especular sobre um ajuste em outubro.Já o economista-chefe do Modal, Felipe Tâmega, acredita que o aperto de hoje deva ser o último do atual ciclo. O especialista defende essa posição mesmo apontando que seu modelo sugere elevação de 75 pontos-base na Selic para se ver Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,5% em 2012. No entanto, é justamente essa incerteza do quadro externo que leva o especialista a acreditar em uma pausa agora. Para o especialista, com a chegada da Itália aos holofotes, a crise na Europa entrou em um novo estágio, afinal esta é a terceira maior economia da zona do euro.Ainda de acordo com Tâmega, o BC deve tirar a expressão "suficientemente prolongado" do comunicado apresentado após a decisão. Dessa forma, a autoridade monetária não se compromete nem com a alta nem com a parada no ciclo. Como se nota nas duas análises, a cena externa mostra peso relevante. E o BC se reúne hoje, antes do desfecho de eventos importantes. O primeiro é uma reunião agendada para a quinta-feira entre os líderes europeus para tratar da dívida grega. E talvez seja essa a fonte dos problemas na região: muitos líderes, mas ninguém com poder de decisão.Outro assunto em pauta, embora de muita cor política e pouca reação prática até agora, é a elevação do teto do endividamento federal nos Estados Unidos. Até a terça-feira à noite, Republicanos e Democratas não tinham chegado a um acordo. O prazo fatal continua sendo 2 de agosto.Ainda de acordo com Tâmega, do Modal, em face ao nebuloso cenário externo, não é absurdo que o BC opte por pausar o ciclo. Atitude semelhante já foi tomada por outros BCs, como Chile e Coreia. A diferença, diz o economista, é que a inflação brasileira tem dinâmica própria e, por isso mesmo, demanda soluções próprias.Falando em inflação, antes de saber o que passa na cabeça do Copom, os investidores conhecem o IPCA-15 de julho. As expectativas são de uma variação positiva ao redor de 0,15%, o que seria uma queda de 0,23% em junho.Também na agenda o dia, a parcial do fluxo cambial. Com os dados será possível estimar se e em quanto os bancos reduziram o tamanho de sua posição vendida no mercado à vista depois da edição da Circular 3548, que reduziu o limite de posição isenta de recolhimento compulsório de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão. Mas para saber se algum banco ficou desenquadrado à nova regra que entrou em vigor no dia 18, e pagou "pedágio" de 60% ao BC, só na semana que vem.Encerrando com o câmbio, a melhora de humor que pautou o dia tirou 0,75% do preço do dólar comercial, que fechou a R$ 1,567. Eduardo Campos - Valor

Espanha paga taxas recorde em dívida

Espanha paga taxas recorde em dívida
A Espanha vendeu ontem títulos da dívida soberana do país com prazo de vencimento em 12 meses pagando o mais alto rendimento desde a adoção da moeda comum europeia, em 2002. Para os papéis de 18 meses, o governo espanhol teve de pagar o maior retorno ao investidor desde 2008. Apesar do alto custo da emissão total de € 4,45 milhões, a operação contou com forte demanda pelos papéis de 12 meses vendidos: 5,5 interessados para cada título. Em leilão de junho a demanda foi de 3,9 investidores. Nos papéis de 18 meses, entretanto, a demanda caiu de 2,9 vezes a oferta para 2,2 vezes.Para os bonds de 18 meses, o yield (ou rendimento) médio pago foi de 3,912%, um mês depois de terem sido vendidos à taxa de 3,260%, de acordo com informações da agência "Bloomberg". Já para aqueles de 12 meses, o yield foi de 3,702%, pouco mais de um ponto percentual acima do rendimento visto após o leilão do mesmo tipo de papel em junho. "O mercado já esperava que os rendimentos (yield) seriam altos, porque existe um sentimento de desconfiança. A surpresa positiva foi percebermos que a demanda continua forte", disse Daniel Pingarrón, analista de mercado da corretora IG Markets, com sede em Madri. "Em um momento em que a dívida espanhola é considerada um ativo de risco, por tudo o que acontece na Europa atualmente, é bom perceber que existe apetite."O mercado acompanhará com grande atenção o leilão de títulos de 10 e 15 anos que acontecerá amanhã e que deve somar € 2,750 bilhões à dívida soberana do país. A venda acontecerá no mesmo dia em que líderes econômicos do continente se encontrarão para debater novas soluções para a crise na GréciaO leilão de amanhã, cujos resultados devem sair antes do fim da reunião dos líderes europeus em Bruxelas, deve ser mais influenciado mais pelas notícias decorrentes de uma pré-reunião das mesmas autoridades que acontece hoje, sob liderança da chanceler alemã Angela Merkel e do presidente francês Nicolas Sarkozy, e que deve ditar o rumo dos debates do encontro oficial de amanhã. A taxa dos títulos espanhóis de dez anos chegou a ficar 376 pontos base acima da taxa dos papéis alemães (bunds) de mesmo prazo na semana passada, o que marca um patamar histórico máximo da diferença. Em janeiro do ano passado, antes do início da crise da dívida soberana dos países periféricos, a diferença entre os bonds espanhóis e alemães era de 75 pontos em média, chegando a picos de 100 pontos. Ontem a diferença fechou em 345 pontos.Na segunda-feira, os títulos espanhóis de dez anos chegaram a ser negociados no mercado secundário a taxas recorde de 6,37%, próximas dos níveis em que o mercado de crédito se fechou para Grécia, Portugal e Irlanda, obrigando esses países a aceitar pacotes de ajuda financeira. Ontem, a taxa dos papéis espanhóis de dez anos fechou em 6%.

Real é a moeda mais valorizada entre as 58 principais economias

Real é a moeda mais valorizada entre as 58 principais economias
O Brasil se consolida como o país com a moeda mais valorizada entre as 58 principais economias do mundo, enquanto o G-20 continua a discutir sobre câmbio e utilização dos instrumentos de controle de capital.Um índice do Banco Internacional de Compensações (BIS), banco central dos bancos centrais, que acaba de ser atualizado, mostra o avanço da moeda brasileira desde a última reunião de cúpula do G-20, em novembro, em Seul, onde as autoridades brasileiras insistiam na importância de se evitar uma guerra de moedas.O BIS calcula a taxa de câmbio efetiva real (EER) de 58 países e da moeda única europeia. A EER representa a média cambial da moeda de um país relativa a uma cesta de outras moedas ajustadas pelo preço ao consumidor. Se o ranking da moeda está abaixo de 100, significa que está desvalorizada e tem espaço para se apreciar.Na cúpula de Seul, há sete meses, a taxa de câmbio efetiva real era de 148,1 por unidade do real. O BIS mostra agora que a taxa pulou para 157,68 em junho, ou seja, o real se valorizou ainda mais. Já a moeda chinesa continua se desvalorizando em termos reais. Estava em 119,65 e agora caiu para 116,31. Também no caso do dólar americano, continua se desvalorizando: a taxa efetiva real era de 89,41 em novembro, passando nesta última sondagem a 84,51. O euro estava em 93,95, agora subiu ligeiramente para 97,48. O BIS mostra que o peso argentino está em 77,8 no índice, menos da metade da valorização da moeda brasileira. A Coreia do Sul, em 83,2, e o México em 93,4, ou seja, todos com amplo espaço para valorizar suas moedas.Em recente passagem por Paris, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, insistiu que a guerra das moedas está longe de acabar. Mas no G-20 não só um acordo internacional não avança, como as tentativas são de limitar a imposição de controle de capital.O Brasil, porém, avalia que o G-20 vai, no máximo, dar uma "opinião" sobre o uso de instrumentos para controle de capital. Nada de recomendação ou código de conduta, como propôs o FMI.

Câmara dos EUA aprova plano dos republicanos para cortar déficit

Câmara dos EUA aprova plano dos republicanos para cortar déficit
A Câmara de Representantes dos EUA aprovou ontem à noite, por 234 votos a favor e 190 contra, o plano de redução do déficit do país chamado de "corte, limite e equilibre". O plano havia sido proposto pelos republicanos, e era esperado que fosse aprovado na Casa, já que eles possuem maioria ali. A proposta prevê limites estritos sobre todos os futuros gastos federais e torna significativamente mais difícil elevar impostos, além de determinar que o Congresso aprove uma emenda de equilíbrio Orçamentário à Constituição antes de concordar em estender o teto da dívida federal, atualmente em US$ 14,29 trilhões. É quase certo, no entanto, que o plano não passará pelo Senado, onde os democratas são maioria. O próprio presidente Barack Obama já disse que o vetaria. Ontem, Obama afirmou que os congressistas "não têm mais tempo para se engajar em gestos simbólicos".Em vez disso, Obama elogiou as propostas da chamada "Turma dos Seis", um grupo formado por três senadores democratas e três republicanos. Esse plano, que estabelece cortes de US$ 3,7 trilhões e combina aumentos de impostos e reduções nos gastos, tem ganhado rapidamente o apoio de muitos senadores, incluindo alguns republicanos conservadores, apesar de prever aumentos de impostos. "Estamos vendo agora o potencial para um consenso suprapartidário", disse Obama.

Café volta a ser pressionado e tem mais um dia negativo na ICE

Café volta a ser pressionado e tem mais um dia negativo na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta terça-feira com perdas, consolidando o cenário negativo formado ao longo das últimas sessões. O setembro bateu no seu menor nível desde 23 de junho, com uma nova combinação de vendas de fundos e de especuladores. Além das pressões relacionadas à economia internacional, o dia também foi marcado pelo contágio do negativismo do segmento de robusta, em Londres, que atingiu o menor nível de preços em seis meses, com liquidações generalizadas. O café praticamente foi uma exceção no mercado nesta terça. Bolsas de valores subiram consideravelmente, ao passo que as commodities também tiveram ganhos generalizados — além do café, apenas a soja experimentou algumas perdas. Mesmo com um cenário mais próximo da recuperação, o que se verificou foi volatilidade inicial e, na sequência, novas vendas. O dia chegou a dar sinais de que poderia ser de recuperação, com o setembro chegando a flutuar acima dos 250,00 centavos. No entanto, algumas ações de fundos bearishs (baixistas) foram ágeis em permitir que as perdas passassem a se processar e o encerramento do dia, desse modo, se deu próximo das mínimas. Um trader indicou que, possivelmente, o foco desta quarta-feira será o nível de 241,45 centavos que, se rompido, poderá abrir espaço para mais liquidações. No encerramento do dia, o setembro em Nova Iorque teve perda de 435 pontos com 243,85 centavos, sendo a máxima em 252,90 e a mínima em 243,05 centavos por libra, com o dezembro registrando oscilação negativa de 440 pontos, com a libra a 247,70 centavos, sendo a máxima em 256,50 e a mínima em 247,00 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição setembro registrou queda de 93 dólares, com 2.157 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 91 dólares, com 2.192 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, o mercado de café sofre com a temor externo sobre a economia dos Estados Unidos e Europa, no entanto, alguns players também executam liquidações adicionais. São participantes que, por exemplo, buscaram proteção diante do viés climático da cultura e, diante das altas temperaturas observadas no centro-sul do Brasil, promovem liquidações mais efetivas. A empresa privada Somar acredita que as temperaturas nas áreas cafeeiras do país devem se manter altas até o final de julho, sendo que as chances de geadas vão diminuindo consideravelmente. "Os modelos climáticos de longo prazo demonstram que as temperaturas deste final de mês no Brasil deverão ser maiores que as habituais", indicou a consultoria alemã F.O. Licht. Um operador sustentou que o mercado vem demonstrando um desaquecimento contínuo. "Há um desinteresse comprador e isso pressiona as cotações. Talvez só o frio abra espaço para a retomada das altas", disse Jack Sckoville, vice-presidente do Price Futures Group. O ABN Amro Bank indicou nesta terça-feira que os preços do café deverão continuar em alta neste terceiro semestre de 2011, por conta da curta disponibilidade no mercado global. A instituição prevê a produção de 2011/2012 no mundo de 130 milhões de sacas, 2,5% a menos que no ano anterior, o que deverá contribuir para uma queda ainda mais substancial dos estoques. "Esse aperto do mercado deve manter os preços do café altos", indicou o ABN em nota técnica. As exportações de café do Brasil em julho, até o dia 18, somaram 977.954 sacas, contra 528.990 sacas registradas no mesmo período de junho, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 21.596 sacas indo para 1.560.092 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 17.674 lotes, com as opções tendo 8.112 calls e 5.499 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 252,90-253,00, 253,25, 253,50, 254,00, 254,50, 254,90-255,00, 255,50, 256,00, 256,50, 257,00 e 257,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 243,05-243,00, 242,50, 242,00, 241,50, 241,00, 240,50-241,45, 240,10-240,00, 239,50, 239,00, 238,50 e 238,00 centavos por libra.