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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Colheitas iniciais de café apontam quebra superior ao esperado, diz Cooxupé
Reuters - Roberto Samora

SÃO PAULO, 16 Abr  - As primeiras colheitas na área de atuação da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do mundo, mostram uma quebra superior aos 30 por cento apontados em um estudo recente do setor sobre a safra de café no sul de Minas Gerais.

No entanto, os resultados iniciais, embora indiquem um problema ainda maior para os produtores, podem não espelhar o resultado final da safra 2014 afetada severamente pela seca e altas temperaturas do início do ano.

A afirmação é de Carlos Paulino da Costa, presidente da Cooxupé, com sede em Guaxupé, no sul de Minas, principal região produtora de café arábica do Brasil.

O país é o maior produtor e exportador global da commodity, que atingiu máximas de mais de dois anos recentemente em Nova York por temores sobre a redução na oferta brasileira.

"O que está deixando a gente alarmado é com relação à renda. Fizeram uma projeção que o grão iria ser menor (pela seca). Estão começando a colher, e está dando uma queda superior ao que se imaginava", disse Paulino da Costa, em entrevista à Reuters, na noite de terça-feira.

Ele se referiu a uma pesquisa encomendada pelo Conselho Nacional do Café (CNC) à fundação de pesquisas Procafé, que apontou perdas de cerca de 30 por cento para o sul e oeste de Minas na comparação com o volume esperado pelo Ministério da Agricultura em seu primeiro levantamento, divulgado em janeiro, antes de o clima adverso afetar os cultivos.

"Aparentemente, a quebra no Sul de Minas vai ser superior aos 30 por cento. Mas se me perguntar quanto será, eu não tenho condições de chutar", disse Paulino da Costa.

O número de quebra apurado pela fundação, inclusive, foi muito semelhante a uma avaliação inicial feita em fevereiro pelo presidente da Cooxupé.

"Mas, estatisticamente (considerando o restante da safra), não é correto afirmar que vai perder mais (com base apenas nos números iniciais)", disse Paulino da Costa, explicando que o café colhido agora é possivelmente aquele que sofreu mais os efeitos da seca e das altas temperaturas.

O representante dos produtores disse que a cooperativa já recebeu café em suas unidades de Minas dos municípios de Carmo do Rio Claro, Alpinópolis e Alfenas.

"Já entrou café, e houve uma quebra muito grande. Não convém falar os valores, não acredito que será neste nível (de quebra até o final)", comentou.

COLHEITA

O presidente da Cooxupé afirmou que o volume colhido na área da cooperativa ainda é tão pequeno que não é possível falar em percentual colhido.

Ele ressaltou, contudo, que a colheita está adiantada, também pelo efeito climático, que acelerou o ciclo dos cafezais. "Essa colheita que acontece agora, aconteceria em maio, adiantou mais de 15 dias", disse ele, confirmando informação de especialistas.

"Quem está colhendo agora faz colheita manual, para colher com a máquina, precisa estar mais maduro no pé inteiro... Manualmente, em talhão pequeno, ele consegue ser seletivo, não colher o grão verde."

As chuvas recentes que atingem as regiões produtoras, inclusive as da Cooxupé, não devem atrapalhar a colheita no momento, segundo Paulino da Costa, até porque o percentual da área com cafezais prontos é pequeno.

A Somar Meteorologia aponta acumulados acima da média de abril para a região de Varginha, no sul de Minas, além de prever um final de abril chuvoso para as principais regiões cafeeiras do país.

"Não atrapalha, pois poucas pessoas começaram. A chuva agora é positiva, pois repõe a umidade do solo. Para a safra deste ano, não vai adiantar mais, mas para o futuro (safras futuras), sim."

Chuvas que se prolongam por muitos dias costumam afetar os trabalhos e prejudicar a qualidade do produto colhido.

Muito volátil, café cai na ICE e julho fica abaixo dos 190 cents

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US tiveram uma quarta-feira de fortes quedas, em mais um dia caracterizado por uma volatilidade intensa. A posição julho variou, ao longo do pregão, dentro de um range de 1.400 pontos. As rolagens de posições também foram bastante efetivas, principalmente entre o maio e julho. No próximo dia 22 tem início a notificação do primeiro contrato na bolsa norte-americana. A sessão se iniciou com poucas variações, sendo que algumas vendas chegaram a ser esboçadas, em busca da ampliação das perdas verificadas ao longo da terça-feira. As baixas chegaram a se mostrar significativas, mas os compradores voltaram a ganhar fôlego e novamente uma inversão do quadro foi possível. O julho chegou a romper o nível de 202,00 centavos, mas não conseguiu ir muito além disso. A partir de então, novamente os vendedores ganharam fôlego e as perdas passaram a ser mais expressivas, culminando com um encerramento muito próximo das mínimas do dia. O mercado se mostra demasiadamente especulativo, invertendo tendências de forma muito célere e não conseguindo se fixar proximamente de patamares referenciais. O temor sobre o desconhecimento de um número mais claro acerca da disponibilidade global do grão continua a mexer com os operadores, o que abre espaço para oscilações mais efetivas e faz com que a volatilidade se mostre das mais desconcertantes, sendo que em apenas um dia mais de mil pontos separem as mínimas e máximas.

No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição maio teve perda de 620 pontos, com 185,95 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 199,40 centavos e a mínima de 185,60 centavos, com o julho registrando retração de 620 pontos, com 188,85 centavos por libra, com a máxima em 202,50 centavos e a mínima em 188,50 centavos. Na Euronext/Liffe, o maio teve baixa de 57 dólares, com 2.064 dólares por tonelada, com o julho apresentando desvalorização de 46 dólares, para 2.082 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o mercado ganhou mais fôlego especulativo ao longo desta semana, se mostrando cada vez mais volátil ao sabor de notícias que possivelmente nem sequer vão ter poder de mudar o quadro de disponibilidade. Alguns desses analistas lembraram que as chuvas recentes no cinturão cafeeiro poderão amenizar o déficit hídrico, mas as perdas decorrentes do verão escaldante de janeiro e fevereiro e a renda menor de um significativo volume de frutos não serão amenizadas com precipitações nesta altura do campeonato. Diante das perdas mais agressivas, o mercado interno brasileiro voltou a travar. No segmento externo, dia de altas para as bolsas de valores nos Estados Unidos. Nas commodities, pouca variação para o petróleo, ao passo que nos softs a quarta foi de ganhos para algodão, suco de laranja e açúcar.

"A volatilidade intensa tem sido uma característica intrínseca do mercado, refletindo, certamente, as dúvidas quanto à disponibilidade global do grão. Além disso, as especulações ganham corpo de forma muito rápida. A simples menção às chuvas em parte do cinturão cafeeiro brasileiro na terça-feira desencadeou uma onda de liquidações das mais significativas e que reverberou ainda nesta quarta. Os nervos, evidentemente, estão à flor da pele e isso é transmitido aos terminais que pode ter o 'privilégio' de ver uma sessão de altas e baixas intensas, sem um direcionamento dos mais claros", disse um trader.

As exportações de café de Honduras apresentaram retração nos primeiros seis meses do atual safra — 2013/2014 — em relação ao mesmo período do ano passado, segundo informou o Instituto do Café de Honduras. De acordo coma entidade, os embarques para diversos destinos tiveram uma baixa da ordem de 25% em receita e de 15,2% em volume, entre outubro de 2013 e março 2014, no comparativo com igual período de 2012/2013. Honduras remeteu ao exterior 2milhões de quintais neste ano, contra 2,37 milhões da temporada anterior. Essas vendas redundaram em uma receita de 327,7 milhões de dólares, contra 437,2milhões de dólares de 2012/2013. Um dos motivos para essa baixa em receita, segundo o Instituto, foi a queda do valor do quintal (saca de 46 quilos) no mercado internacional, passando de uma média de 147,98 dólares no ano passado para apenas 124,88 dólares.

As exportações brasileiras no mês de abril, até o dia 15, totalizaram1.062.126 sacas de café, alta de 29,92% em relação às 817.573 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 483 sacas, indo para 2.577.544 sacas.

Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem resistência em 199,40, 199,50, 199,90-200,00, 200,50, 201,00, 201,50, 202,00, 202,50,203,00,203,50, 204,00, 204,50 e 205,00 centavos de dólar, com o suporte em 185,60-185,50, 185,00, 184,50, 184,00, 183,50, 183,00, 182,50, 182,00, 181,50,181,00 e 180,50 centavos.




Londres segue Nova Iorque e tem dia de perdas consideráveis

Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe tiveram uma quarta-feira agitada, com fortes perdas sendo experimentadas e com a posição maio voltando a se posicionar abaixo do nível psicológico de 2.100 dólares. Muitas rolagens de posições foram verificadas, notadamente entre as posições maio e julho.


De acordo com analistas internacionais, a sessão foi marcada por liquidações mais efetivas. Ao longo da manhã, algumas tentativas de manutenção do cenário chegaram a ser registradas, mas o julho não conseguiu evoluir além do patamar de 2.123 dólares. Diante disso, as liquidações se mostraram mais efetivas e o encerramento do pregão se deu bastante próxima das mínimas do dia — 2.078 dólares.

"Ao contrário das sessões passadas, hoje as arbitragens voltaram a funcionar e tivemos uma sessão de perdas consideráveis, seguindo o comportamento baixista de Nova Iorque. Os mercados estão muito voláteis, operando ao sabor de muitas especulações e também embalado num quadro de incerteza quanto à disponibilidade. Assim, a gangorra se torna cada vez mais longa e as baixas e altas se mostram mais agudas. A tendência, nesse patamar, é que o Vietnã volte a ser mais moderado em suas vendas, talvez no aguardo de novos avanços", disse um trader.

O maio teve uma movimentação ao longo do dia de 11,0 mil contratos, contra 16,5 mil do julho. O spread entre as posições maio e julho ficou em 18 dólares.

No encerramento do dia, o maio teve baixa de 57 dólares, com 2.064 dólares por tonelada, com o julho apresentando desvalorização de 46 dólares, para 2.082 dólares por tonelada.