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segunda-feira, 31 de março de 2014

CAFÉ: ONU ALERTA QUE AQUECIMENTO GLOBAL AMEAÇA LAVOURAS BRASILEIRAS
Alimento mais consumido pelo brasileiro, à frente do arroz e
do feijão, o popular cafezinho pode perder o lugar cativo nas mesas de todo o
país devido às mudanças climáticas. Dados da segunda parte do quinto
relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU
(IPCC, na sigla em inglês), divulgada neste domingo (30), revelam que o aumento
da temperatura média global pode reduzir as áreas destinadas ao cultivo do
grão, especialmente o da variação arábica, que responde por 70% da demanda
global.
    O impacto seria maior em países como o Brasil, maior produtor e exportador
mundial de café. Hoje, uma a cada três xícaras de café consumidas no mundo
é produzida em solo brasileiro. Outros alimentos, como cacau e chá, também
poderiam ser severamente afetados pela onda de calor.
    Baseado em uma compilação de estudos já publicados sobre o efeito do
aquecimento global na produção de café, o relatório, divulgado em Yokohama,
no Japão, aponta que a combinação de altas temperaturas e escassez de
recursos hídricos diminuiria consideravelmente o cultivo do grão nos
principais Estados produtores no Brasil, como Minas Gerais e São Paulo.  Nesses
Estados, diz o IPCC, um aumento de 3 C na temperatura global reduziria o
potencial de cultivo das áreas destinadas ao plantio de café de 70-75% para
20-25%, enquanto que a produção em Goiás seria eliminada.
    Em São Paulo, que responde por 10% do total de café colhido no Brasil, o
aquecimento global reduziria a produção em 60%, causando perdas equivalentes a
US$ 300 milhões (R$ 680 milhões). "Essa tendência já vem sendo observada
nos últimos anos. Entre 1998 e 2008, somente o Estado de São Paulo perdeu 35%
de área cultivada com café arábica, a maioria substituídas por seringueira e
cana-de-açúcar, que são plantas mais tolerantes ao calor e às estiagens
mais longas. Nessas áreas, as temperaturas médias subiram mais de 1,5 C,
afetando diretamente o florescimento (dessas plantas)", afirmou à BBC Brasil
Hilton Silveira Pinto, professor da Unicamp e um dos autores do estudo citado no
relatório do IPCC.
    "Por outro lado, poderá haver um incremento de produção em regiões
hoje mais frias, como Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, mas esse
acréscimo não será capaz de compensar as perdas gerais da cultura",
acrescentou ele.
Cálculos matemáticos
    A partir de simulações matemáticas, Silveira Pinto, da Unicamp, e
Eduardo Assad, da Empraba, fizeram uma estimativa futura sobre a redução da
área destinada ao cultivo do café em dois cenários: um otimista (B2), segundo
o qual a temperatura global deve crescer entre 1,4C e 3,8C até 2100, e
outro pessimista (A1), que prevê uma onda de calor entre entre 2C e 5,4C no
mesmo período.
    No primeiro cenário, os pesquisadores estimaram uma queda de 6,75% na
área destinada ao cultivo do café até 2020. Mas em 2050, o total de terrenos
propícios ao plantio do grão poderia diminuir 18,3%, chegando a 27,6% em 2070.
Nesse contexto, o aquecimento global poderia trazer prejuízos de R$ 600
milhões em 2020, R$ 1,7 bilhão em 2050 e R$ 2,55 bilhões em 2070,
acrescentam.
    Já no segundo cenário, o mais pessimista, a queda da área de baixo risco
começa com 9,48% em 2020, subindo para 17,15% em 2050 e chegando a 33% em
2070, o que representaria um perda de R$ 882 milhões, R$ 1,6 bilhão e R$ 3
bilhões, respectivamente.
Brasil
    Em 2013, ano considerado de safra curta, a produção total de café no
Brasil foi de 2.918.652 quilos, o equivalente a 48,6 milhões de sacas de 60
quilos. Neste ano, o IBGE prevê um aumento de apenas 0,1% na produção, que
deve alcançar 2.922.303 quilos.
    No entanto, estima-se que haverá uma redução de 3,2% da área destinada
à colheita do café arábica, que responde por dois terços da produção
total. Se a previsão for confirmada, será a primeira vez em mais de 20 anos
que não será observada a alternância de safras.
    Isto é, safra cheia nos anos pares e safra curta nos ímpares. De 1992 a
2013, a tendência foi observada sem interrupções. As estimativas já levam em
consideração o impacto do clima extremo que atingiu as fazendas de café
brasileiras neste ano, depois que uma seca de grandes proporções eliminou 25%
das lavouras e forçou 140 cidades a racionar água.
    Porém, entidades do setor dizem que as previsões do IBGE estão
descoladas do mercado. Segundo elas, a produção será ainda menor do que a
prevista pelo instituto, dadas as intempéries relacionadas às mudanças
climáticas.
    Por causa das altas temperaturas, a colheita do café também teve de ser
antecipada neste ano entre 15 a 25 dias. No caso do arábica, a colheita, que
normalmente ocorre no final de maio, foi adiantada para o início do mesmo mês.
    Já os produtores da variação robusta (ou conilon) que tradicionalmente
é colhida antes do arábica devido à fenologia, deverão começar para valer a
colheita em meados de abril, quando isso seria feito somente no início de
maio, após chuvas abundantes terem antecipado as floradas e favorecido a
formação do grão, segundo a agência de notícias Reuters. As informações
são da BBC.


Café volta a ganhar corpo na ICE e suplanta resistência

O viés consolidativo do mercado de café não durou por muito tempo. Nesta sexta-feira, novamente os contratos futuros de café negociados na ICE Futures US tiveram um significativo avanço e conseguiram fechar os trabalhos acima do nível psicológico de 180,00 centavos de dólar por libra peso. A sessão foi baseada em boas aquisições especulativas e coberturas deposições short. Depois de uma abertura modesta, rapidamente as ordens de compra passaram a ser processadas, até o rompimento da resistência de 180,00 centavos. O mercado demonstrou solidez ao conseguir se manter acima desse referencial. Já os vendedores, que deram demonstração de atividade ao longo dos últimos dias, ao longo deste pregão se mostram muito mais discretos, sem interferir na consolidação dos ganhos. A questão da disponibilidade global continua na pauta dos players e, diante de tantas incertezas quanto à safra brasileira, alguns players continuam a atuar de maneira mais conservadora, efetuando compras protetivas e, assim, dando um bom suporte para os preços nos terminais da casa de comercialização norte-americana.

No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição maio teve alta de 425 pontos, com 180,60 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 181,05 centavos e a mínima de 176,40 centavos, com o julho registrando avanço de 430 pontos, com 182,60 centavos por libra, com a máxima em 183,05 centavos e a mínima em 178,50 centavos. Na Euronext/Liffe, o maio teve alta de13 dólares, com 2.096 dólares por tonelada, com o julho apresentando valorização de 13 dólares, para 2.093 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o dia foi marcado por ações técnicas e pela retomada de força dos compradores, que se viram, por vários pregões, de lado, diante de um movimento corretivo mais efetivo, após o maio tocar o teto de 200,00 centavos de dólar. No segmento externo, o dia foi de altas nas bolsas de valores dos Estados Unidos, o dólar voltou a ter pouca oscilação, ao passo que, nas commodities, o petróleo teve mais uma alta, com a maior parte dos softs subindo, com destaque positivo para o café e algodão.

"Tivemos um dia interessante, com uma mudança de padrão, após as baixas da semana passada. Com isso, conseguimos fechar a semana com alta de mais de 5%, demonstrando que o mercado se mantém sustentado. No físico brasileiro, os produtores acreditam em bases ainda mais interessantes e os negócios são limitados", disse um trader.

"Os agrônomos inspecionam os cafezais, constatam os danos, mas informam que ainda é cedo para se falar em números. Há muitas décadas não enfrentamos uma anormalidade meteorológica tão séria e prolongada como esta, o que dificulta os prognósticos. Operadores de mercado se adiantam e começam a arriscar números. Aparecem estimativas para todos os gostos e interesses", indicou o Escritório Carvalhaes, em seu comentário semanal. A empresa sustentou que "o mês com maior número de contratos em aberto na bolsa de Nova Iorque é maio próximo e o segundo é julho. Em maio estaremos no início dos trabalhos de colheita da safra brasileira de arábica e em julho em plena colheita, portanto ainda sem números precisos sobre o volume das perdas em nossa produção. O tamanho dos interesses envolvidos nesses dois vencimentos explica a guerra de informações que estamos assistindo", finalizou.

As exportações brasileiras no mês de março, até o dia 26,totalizaram 1.545.623 sacas, queda de 8% em relação às 1.680.031 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 4.556 sacas, indo para 2.591.914 sacas.

Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem resistência181,05, 181,50, 182,00, 182,50, 183,00, 183,50, 184,00, 184,50, 184,90-185,00,185,50, 186,00, 186,50, 187,00 e 187,50 centavos de dólar, com o suporte em176,40, 176,00, 175,50, 175,00, 174,50, 174,00, 173,60-173,50, 173,00,172,50,172,15, 172,00, 171,50, 171,00, 170,50, 170,10-170,00, 169,50, 169,00, 168,50,168,00, 167,50, 167,00, 166,50 e 166,00 centavos.




Londres tem dia de valorização , mas não se mantém acima dos US$ 2.100

Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta sexta-feira com ganhos leves, como maio chegando a testar o nível de 2.100 dólares, mas finalizando as operações do pregão abaixo desse patamar psicológico.


De acordo com analistas internacionais, o dia seguiu o bom desempenho dos arábicas em Nova Iorque e algumas ações de arbitragem contribuíram para as altas do pregão. A máxima desta sexta-feira foi de 2.108dólares. Nesse nível, contudo, algumas realizações foram identificadas, o que permitiu fazer com que o maio se posicionasse abaixo do referencial.

"Ao final, tivemos uma sessão relativamente calma e com poucas novidades. Os ganhos vieram, mas o maio ficou apenas próximo da resistência de 2.100 dólares. Estamos vendo um aumento das operações de rolagens, com o julho tendo hoje apenas 9 mil lotes em aberto a menos que o maio", disse um trader.

O maio teve uma movimentação ao longo do dia de 6,25 mil contratos, contra 6,03 mil do julho. O spread entre as posições maio e julho ficou em 3 dólares.

No encerramento do dia, o maio teve alta de 13 dólares, com2.096 dólares por tonelada, com o julho apresentando valorização de 13 dólares, para 2.093 dólares por tonelada