Entre um fundamental forte e um macro fraco.
É dentro deste paradoxo que vive o mercado cafeeiro nestas ultimas semanas, e esta ambigüidade reflete na dificuldade que encontramos na tomadas de decisões, tanto no mercado físico como no mercado financeiro.
Logo após o mercado ter feito um OCO (Ombro cabeça Ombro) rompido, uma das figuras gráficas mais fortes e procuradas do mercado, o temor do frio fez com que o café se recuperasse e voltasse para dentro de uma consolidação de 33 pregoes onde fica entre 273/253 cents de dólar por libra peso.
Um problema climático realmente faria um estrago de proporções inimagináveis no preço e realmente não temos como medir o tamanho do movimento porque sairia proporções já conhecidas.
No entanto no lado fundamental esta semana tivemos dados interessantes, o fechamento das exportações brasileiras do ano safra que terminou em junho ultimo com recorde de exportação onde o Brasil exportou 34,9 milhões de sacas de café de 60 kg, realmente temos que parabenizar todos da cadeia, pois realmente um feito impressionante e passa a ser o próximo recorde a ser batido.
Com a exportação de 34,9 milhões de sacas e com o consumo nacional batendo a casa dos 20 milhões de sacas de 60 kg, o mercado mostra que precisamos de uma safra de 55 milhões de sacas de café em media para atender a demanda, ou seja, este ano não a teremos , pegando os números mais sensatos do mercado como base, que seria os dados do USDA (Departamento de Agricultura Americano), pois os outros são poucos confiáveis, teremos um ano de 2.011 com produção em torno de 48 milhões de sacas, o que não seria suficiente pata manter o mesmo ritmo, ou seja, neste ano safra não bateremos o recorde de exportação o que trará uma diminuição dos estoques internacionais trazendo mais força para o mercado do lado fundamentalista.
O cenário fundamentalista não ira mudar por alguns anos se o consumo mundial continuar a subir na razão que vem subindo nos últimos anos, ou seja, uma razão de 3,1% ao ano segundo dados da OIC o que remonta a um aumento de 4 milhões de sacas de café ao ano, como já dito neste espaço em dez anos teremos que dobrar o parque cafeeiro brasileiro, se não houver plantio em outros países, portanto esperamos que dentro dos preços médios anuais pagos o produtor pode esperar um aumento no preço do café e no seu faturamento sendo o momento ideal para pagar dividas e se capitalizar.
O cenário macro econômico, no entanto seria o calcanhar de Aquiles do produtor, as dividas na estratosfera dos países, principalmente da zona do Euro e o EUA pode atrapalhar essa dinâmica de preços, alegria de pobre sempre dura pouco mesmo.
A dívida de Portugal, Irlanda, Grécia, já está acima de 140% do seu PIB, e a Espanha que segundo economista seria a próxima bola da vez esta trazendo desconforto ao setor financeiro.
A dívida do EUA que seria o grande buraco negro do mercado financeiro que hoje fica em 14 trilhões e 300 bilhões de dólares, (14.300.000.000.000,00), acho que consegui escrever o numero, é realmente uma quantia astronômica, e para piorar a situação o congresso Americano precisa votar urgentemente uma medida até dia 2 de agosto de 2.011, autorizando que o governo Americano possa dever ainda mais para que possa honrar seus compromissos, como seguro desemprego, aposentadoria, e outros serviços de ordem estatal social, para que não haja um colapso ou default na economia Americana o que levaria o resto do mundo de arrasto.
Bom isto significa que o EUA está pedindo ao congresso o direito de emitir mais títulos do governo e aumentar a divida emitindo mais dólares no mercado, que também seria a mesma solução encontrada pelos políticos da zona do Euro. Uma solução conhecida por nos brasileiros que gerou a década perdida a anos atrás.
Para onde estamos caminhando prefiro não esboçar minha teoria, pois iriam me chamar de o destruidor de mercados, portanto veremos o desfecho disto tudo só urubuservando.
O café se encontra no meio deste tiroteio, e o produtor hora fica tentado em acreditar que o preço não vai cair, pois realmente nunca tivemos estoque e produção tão baixos com consumo tão altos, e hora fica tentado em acreditar que é uma fase passageira de bons preços e com tanto problemas nas economias isto vai refletir no mercado a qualquer hora.
Para minha humilde opinião sobre isto tudo, o mercado já precificou a falta que o mercado pode ter para este ano safra menor, e logo após passarmos pela temporada de frio começaremos a visualizar a próxima temporada de flores em nossos cafezais, e que não tendo problema climático neste inverno iremos para um triênio onde teremos safra alta em 2.012, safra baixa em 2.013, e safra alta em 2.014, sendo que o novo plantio que virá certamente em respostas aos preços melhores pagos pelo café trará uma nova realidade de dados que teremos que analisar no futuro próximo, portanto o maior aperto de matéria prima que vivemos agora.
Tecnicamente mercado esta em tendência de alta no gráfico semanal, e não perdera esta condição mesmo tendo uma correção para níveis de 2,00 por libra cents, mas estamos em tendência de baixa no gráfico diário onde depois de marcar o topo de 311,40 no gráfico de setembro no dia 03/05 deste ano vem fazendo topos e fundos descendentes onde sua projeção joga para o valor entre 1,80 e 2,00 de cents de dólar por libra peso.
Segundo os meteorologistas, não existe risco de geadas ate dia 22/07, portanto a temporada de frio esta passando sem grandes prejuízos no cinturão cafeeiro o que fará que o mercado faça o teste de fundo onde seria o novo alvo do mercado em 241,50, preço atingido no dia 23/06.
Vamos assistir a tudo de perto, e analisando o que vier pela frente, o que para mim não me parece um futuro muito promissor, ou seja, teremos sim um agravamento nas crises financeiras e veremos os investidores, a cada dia mais, ficarem com aversão ao risco, o que já estamos vendo, pois no nosso setor cafeeiro os fundos que detinham 40.000 contratos comprados na bolsa ICE em Nova Iorque no ultimo relatório, mesmo mostrando uma melhora, esta com 10.000 contratos, e devera diminuir ainda mais assim que aproximarmos da florada e a próxima safra tiver a sua primeira previsão, vimos isto no algodão e também no milho.
A briga entre fundamental e macro economia será bonita e trará o tom do mercado ficaremos atentos a tudo para não perdermos e estarmos do lado certo da onda.
Uma boa semana a todos e que Deus abençoe a todos
Wagner Pimentel
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