Em sessão técnica e corretiva, café tem bons ganhos na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quarta-feira com bons ganhos, em uma sessão tecnicamente positiva, com várias recompras de especuladores e fundos sendo reportadas. Após as várias perdas recentes, o mercado voltou a mostrar consistência, com os compradores voltando a demonstrar força. O cenário externo, que tanto pressionou os preços recentemente, teve um dia diferenciado. As commodities, em geral, registram bons ganhos e o dólar registrou baixas em relação a uma cesta de moedas internacionais. Tal cenário favoreceu novas aquisições no setor cafeeiro, que voltou a registrar força e fez com que a posição para entrega em setembro flutuasse, mais uma vez, dentro do intervalo de 260,00 centavos de dólar por libra peso. No encerramento do dia, o setembro em Nova Iorque teve alta de 610 pontos com 263,95 centavos, sendo a máxima em 266,20 e a mínima em 258,25 centavos por libra, com o dezembro registrando oscilação positiva de 580 pontos, com a libra a 267,60 centavos, sendo a máxima em 269,65 e a mínima em 261,90 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição setembro registrou alta de 40 dólares, com 2.331 dólares por tonelada, com o novembro tendo ganho de 41 dólares, com 2.360 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, o setembro conseguiu apresentar uma boa reversão de cenário nesta quarta-feira e assim registrar altas consideráveis, o que, tecnicamente, pode ser um indicativo de que a correção para baixo das sessões recentes se estancou. Em um possível cenário de continuidade de altas, a possibilidade é de o mercado buscar os níveis de alta do último 7 de julho, em 271,90 ou 272,00 centavos por libra. Olhando a atual linha técnica, um potencial referencial bullish (altistas), na formação vela japonesa "morning star", pode ser visto no gráfico candlestick. As "velas japonesas" são uma das mais antigas referências gráficas de preço e são baseadas em abertura em alta e fechamento em baixa. O padrão "morning star" é uma formação de três dias, que é considerada o maior botton de reversão do tal padrão, de acordo com a metodologia candlestick. No primeiro dia, 11 de julho, se viu uma grande queda no dia. O segundo dia, 12 de julho, observou um pequeno "corpo real", ou uma faixa estreita entre a abertura e fechamento. Finalmente, a terceira sessão se mostrou bullish (altista), que foi o desdobramento verificado nesta quarta-feira. Outros fatores técnicos altistas estão nas liquidações dentro de 12 de julho, que fica abaixo do nível chave de 61,8% do suporte, entre o patamar de 23 de julho e o rally de 7 de julho, sendo que o índice de força relativa, que é um indicador muito usado no mercado, demonstrou uma característica de alta. Dave Toth, diretor técnico da R.J. O'Brien, indicou que os ganhos desta quarta completaram um quadro de retração que vem se formando desde alguns rallies neste julho. No dia 12 deste mês, por outro lado, o primeiro contrato bateu em 254,55 centavos, nível que agora é considerado um parâmetro de risco para novas perdas, ao passo que no lado de alta o mercado pode tentar buscar um nível de 272,00 centavos. "Temos alguma divergência altista, com suporte para altas para o mercado", disse o especialista, que crê na busca, nos próximos dias, do nível de 272,00 centavos, ao passo que potencialmente seria possível ainda uma tentativa para o intervalo de 3 de maio, quando se verificou a máxima de 14 anos, em 311,40 centavos por libra. As exportações de café do Brasil em julho, até o dia 12, somaram 473.276 sacas, contra 345.178 sacas registradas no mesmo período de junho, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 7.996 sacas indo para 1.591.976 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 14.921 lotes, com as opções tendo 3.837 calls e 1.032 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 266,20, 266,50, 267,00, 267,50, 268,00, 268,50, 269,00, 269,50, 269,90-270,00, 270,50, 271,00 e 271,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 258,25, 258,00, 257,50, 257,00, 256,50, 256,00, 255,50, 255,10-255,00, 254,55-254,50, 254,00, 253,50, 253,00 e 252,50 centavos por libra.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
QE3 - Fed está disposto a ligar impressora de dólar
Dados da China e discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), banco central americano. Esses dois assuntos foram repetidos à exaustão para explicar o dia de tomada de risco ("risk on") que os mercados globais tiveram ontem.No entanto, nenhuma das duas notícias é 100% positiva.No caso da China, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 9,5% no segundo trimestre do ano e o avanço acima do previsto das vendas no varejo e da produção industrial em junho acabam com a ideia de que o Banco Central estaria próximo de encerrar o ciclo de aperto monetário, seja via aumento de compulsório ou taxa de juros. Câmbio local segue apreensivo com chance de medidasA economia chinesa desacelera, mas nem tanto, e a inflação ao consumidor segue no maior patamar em três anos, em 6,4%.Depois da ata inconclusiva, o presidente do Fed, Ben Bernanke, saiu de cima do muro e caiu para o lado mais condizente com sua biografia. Mesmo reafirmando que os choques que tiram força da economia são passageiros, indicou que o Fed está pronto para atuar - se necessário, claro. As ferramentas podem ser novas e não testadas, ou a já conhecida compra de títulos do Tesouro.A melhor forma de medir a reação a esse tipo de aceno é o preço do dólar. O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, caiu 1,12%, para 74,96 pontos.Nada surpreendente tendo em vista que a fala de Bernanke pode ser traduzida da seguinte forma: "estou disposto a religar a impressora de dólares".Esse tipo de aceno também pode levar o mercado a adotar o comportamento esquizofrênico já visto anteriormente de comemorar dados ruins de atividade nos EUA. Afinal de contas, são eles que vão levar o Fed do discurso à ação.No entanto, conforme já discutido outras vezes, o uso de tal ferramenta tem vida curta. O aumento da oferta de dólares estimula as aplicações em commodities (que cada vez mais são um ativo financeiro com menor elasticidade preço/demanda). Commodities caras inibem o consumo e geram inflação. Com isso, a retomada perde força e o ciclo começa novamente.Para um gestor que prefere não se identificar, esse aceno de que o Fed está disposto a injetar mais liquidez no mundo também pode beneficiar os endividados países europeus. Sempre que o dólar sobe (indicando redução de liquidez) os problemas na zona do euro se agravam. Falando em zona do euro, a Fitch cortou a nota da Grécia para "CCC", algo como "extremamente especulativo". Até aí sem grandes novidades.Resolvida a questão do Fed, que é sempre solícito em atender as necessidades do mercado, o foco deve recair cada vez mais sobre a questão do teto do endividamento federal americano. Se um acordo não for atingido até 2 de agosto, os EUA entram em default.É evidente a politização do assunto entre Democratas e Republicanos, e, lá no fundo, todos acreditam que o problema será resolvido, mesmo que em cima da hora. Mas como a estupidez não tem limites, ainda mais na política, é bom se precaver.É mais ou menos isso que a Moody's disse, ontem, ao colocar o rating soberano dos EUA sob revisão para possível rebaixamento. Antes disso, a Standard & Poor's já tinha lançado uma ameaça de corte da nota "AAA" para "D" de default.Para a Moody's, há um pequeno, mas crescente risco de calote, mesmo que de curta duração, em função da demora em se elevar o teto de endividamento de US$ 14,3 trilhões.O Tesouro americano saiu correndo e minutos depois de divulgada a ação da Moody's, capitalizou politicamente o tema, apontando que esse é um bom sinal para o Congresso agir tempestivamente.Por aqui, o mercado de câmbio continua cinza. As notícias indicando que novas medidas podem ser anunciadas seguem em pauta. E como não poderia ser diferente, o mercado reage com ceticismo, apontando que elas teriam pouco efeito, pois o problema é mesmo estrutural: juros altos. Além do que, a criatividade quando, se trata de ganhar dinheiro, não tem limites.O dólar comercial fechou com baixa de 0,37%, a R$ 1,574 na venda. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para agosto recuava 0,28%, a R$ 1,582, antes do ajuste final.O dia também contou com um novo leilão de swap cambial reverso (operação que equivale à compra de dólares no mercado futuro). Dos 30 mil contratos ofertados, apenas 38% foram colocados, movimentando US$ 563 milhões. Com esse já são 21 leilões de swap no ano, que somam US$ 15,8 bilhões.
QE3 - Bernanke reacende apetite por risco Ben Bernanke,
QE3 - Bernanke reacende apetite por risco Ben Bernanke,
o presidente do Federal Reserve (Fed), ajudou ontem a alimentar um rali dos ativos de risco, depois de ter aventado a possibilidade de novos estímulos à economia dos Estados Unidos, desviando as atenções do mercado dos temores persistentes com a crise da dívida soberana da Europa.Os mais otimistas também foram encorajados por dados maiores que os esperados sobre o crescimento da China, que segundo analistas diminuíram os temores de uma "aterrissagem violenta" da economia do país.No entanto, as preocupações com a dívida da zona do euro não desapareceram, uma vez que os preços dos bônus do governo irlandês caíram - elevando os rendimentos para níveis recordes -, depois da decisão tomada pela agência Moody's Investors Service na terça-feira de rebaixar a nota do país para o nível "junk".Mas os mercados se mostraram mais do que satisfeitos em se concentrar nas notícias positivas sobre a recuperação econômica. Bernanke, num pronunciamento preparado ao Congresso, disse que o Fed está pronto para adotar novas medidas que estimulem o crescimento- incluindo novas compras de títulos do governo, ou afrouxamento quantitativo -, se a fraqueza econômica se mostrar mais persistente que o esperado."Três meses atrás todas as atenções estavam sobre o fim das políticas heterodoxas; agora Bernanke menciona a possibilidade de um terceiro afrouxamento quantitativo", disse Paul Meggyesi, estrategista de câmbio do J.P. Morgan.Analistas notaram que os mercados preferiram em grande parte ignorar o comentário posterior de Bernanke de que é também possível que a economia americana evolua de uma maneira que garanta a adoção de uma política menos acomodatícia.Dan Greenhaus, principal estrategista global da BTIC, disse: "Na verdade, tudo que o Fed tem feito, ou está fazendo, é dizer que 'se as coisas derem errado, isso é o que poderemos fazer. Mas se as coisas melhorarem, isso é o que poderemos fazer'. Poderíamos afirmar que Bernanke está apenas oferecendo uma avaliação equilibrada sobre a situação, apontando para as opções do Fed em cada um dos cenários".A avaliação otimista sobre o pronunciamento de Bernanke reforçou o apetite pelo risco, que havia sido estimulado pelos dados sobre a economia da China. O crescimento real do PIB do país no segundo trimestre diminuiu para 9,5%, em comparação ao mesmo período do ano passado, sendo que o crescimento no primeiro trimestre do ano foi de 9,7%. O número do segundo trimestre foi melhor que o esperado pela maioria dos economistas.Jian Chang do Barclays Capital disse que o dado deu suporte à visão de que a economia continua a caminho de um crescimento de 9% em 2011, embora as incertezas quanto a demanda externa representem alguns riscos."A política [monetária] continuará pendendo ao aperto por algum tempo - dados os riscos persistentes de inflação -, mas acreditamos que a probabilidade de um aperto excessivo é pequena porque o governo está ciente desses riscos e provavelmente vai tolerar uma inflação um pouco maior em 2011."Ontem, os mercados de ações dos Estados Unidos e da Europa reagiram, após três dias de quedas. Por volta do meio-dia em Nova York o índice Standard & Poor's subia 1,2%, enquanto o FTSE Eurofirst 300 avançava 0,7%. O índice Vix, visto como um indicador da aversão ao risco, caiu quase 8%.No mercado de câmbio, o euro foi cotado acima de US$ 1,41, com a moeda americana sofrendo uma queda ampla, principalmente contra as moedas mais arriscadas, que dependem muito das commodities, como o dólar australiano.Nos mercados de commodities, a fraqueza do dólar, a possibilidade da política monetária dos EUA permanecer acomodativa e a persistência dos temores com a dívida da zona do euro ajudaram a levar o preço do ouro a um novo patamar recorde de mais de US$ 1.585 a onça.A prata subiu quase 6%, enquanto o petróleo do tipo Brent avançou US$ 1,75 para US$ 119,50, beneficiado ainda mais por um relatório que mostrou uma queda nos estoques de petróleo bruto dos EUA na semana passada.Os bônus referenciais dos EUA e da Alemanha caíram, com o rendimento dos Treasuries de 10 anos subindo 6 pontos-base para 2,94%, e o dos Bunds avançando 4 pontos-base para 2,75%. O rendimento do título de 10 anos do governo irlandês subiu 80 pontos-base para 14,29%, mas os títulos de dívida da Itália e da Espanha passaram por uma trégua, depois da onda recente de vendas. A agência Fitch disse que a Itália poderá continuar mantendo sua nota de crédito se cumprir suas metas fiscais.
o presidente do Federal Reserve (Fed), ajudou ontem a alimentar um rali dos ativos de risco, depois de ter aventado a possibilidade de novos estímulos à economia dos Estados Unidos, desviando as atenções do mercado dos temores persistentes com a crise da dívida soberana da Europa.Os mais otimistas também foram encorajados por dados maiores que os esperados sobre o crescimento da China, que segundo analistas diminuíram os temores de uma "aterrissagem violenta" da economia do país.No entanto, as preocupações com a dívida da zona do euro não desapareceram, uma vez que os preços dos bônus do governo irlandês caíram - elevando os rendimentos para níveis recordes -, depois da decisão tomada pela agência Moody's Investors Service na terça-feira de rebaixar a nota do país para o nível "junk".Mas os mercados se mostraram mais do que satisfeitos em se concentrar nas notícias positivas sobre a recuperação econômica. Bernanke, num pronunciamento preparado ao Congresso, disse que o Fed está pronto para adotar novas medidas que estimulem o crescimento- incluindo novas compras de títulos do governo, ou afrouxamento quantitativo -, se a fraqueza econômica se mostrar mais persistente que o esperado."Três meses atrás todas as atenções estavam sobre o fim das políticas heterodoxas; agora Bernanke menciona a possibilidade de um terceiro afrouxamento quantitativo", disse Paul Meggyesi, estrategista de câmbio do J.P. Morgan.Analistas notaram que os mercados preferiram em grande parte ignorar o comentário posterior de Bernanke de que é também possível que a economia americana evolua de uma maneira que garanta a adoção de uma política menos acomodatícia.Dan Greenhaus, principal estrategista global da BTIC, disse: "Na verdade, tudo que o Fed tem feito, ou está fazendo, é dizer que 'se as coisas derem errado, isso é o que poderemos fazer. Mas se as coisas melhorarem, isso é o que poderemos fazer'. Poderíamos afirmar que Bernanke está apenas oferecendo uma avaliação equilibrada sobre a situação, apontando para as opções do Fed em cada um dos cenários".A avaliação otimista sobre o pronunciamento de Bernanke reforçou o apetite pelo risco, que havia sido estimulado pelos dados sobre a economia da China. O crescimento real do PIB do país no segundo trimestre diminuiu para 9,5%, em comparação ao mesmo período do ano passado, sendo que o crescimento no primeiro trimestre do ano foi de 9,7%. O número do segundo trimestre foi melhor que o esperado pela maioria dos economistas.Jian Chang do Barclays Capital disse que o dado deu suporte à visão de que a economia continua a caminho de um crescimento de 9% em 2011, embora as incertezas quanto a demanda externa representem alguns riscos."A política [monetária] continuará pendendo ao aperto por algum tempo - dados os riscos persistentes de inflação -, mas acreditamos que a probabilidade de um aperto excessivo é pequena porque o governo está ciente desses riscos e provavelmente vai tolerar uma inflação um pouco maior em 2011."Ontem, os mercados de ações dos Estados Unidos e da Europa reagiram, após três dias de quedas. Por volta do meio-dia em Nova York o índice Standard & Poor's subia 1,2%, enquanto o FTSE Eurofirst 300 avançava 0,7%. O índice Vix, visto como um indicador da aversão ao risco, caiu quase 8%.No mercado de câmbio, o euro foi cotado acima de US$ 1,41, com a moeda americana sofrendo uma queda ampla, principalmente contra as moedas mais arriscadas, que dependem muito das commodities, como o dólar australiano.Nos mercados de commodities, a fraqueza do dólar, a possibilidade da política monetária dos EUA permanecer acomodativa e a persistência dos temores com a dívida da zona do euro ajudaram a levar o preço do ouro a um novo patamar recorde de mais de US$ 1.585 a onça.A prata subiu quase 6%, enquanto o petróleo do tipo Brent avançou US$ 1,75 para US$ 119,50, beneficiado ainda mais por um relatório que mostrou uma queda nos estoques de petróleo bruto dos EUA na semana passada.Os bônus referenciais dos EUA e da Alemanha caíram, com o rendimento dos Treasuries de 10 anos subindo 6 pontos-base para 2,94%, e o dos Bunds avançando 4 pontos-base para 2,75%. O rendimento do título de 10 anos do governo irlandês subiu 80 pontos-base para 14,29%, mas os títulos de dívida da Itália e da Espanha passaram por uma trégua, depois da onda recente de vendas. A agência Fitch disse que a Itália poderá continuar mantendo sua nota de crédito se cumprir suas metas fiscais.
Crise se aproxima da Itália e UE flerta com o desastre
Crise se aproxima da Itália e UE flerta com o desastre
As sucessivas tentativas de resolver a crise grega, envoltas em má vontade, divergências, paliativos e planos mal concebidos, acabaram por colocar a terceira maior economia da zona do euro à beira de um desastre. Com isso, a crise deixa a periferia da união monetária e caminha para seu centro - uma enorme mudança de qualidade, para pior, do cenário econômico e institucional na zona do euro. Hesitação e complacência contribuíram para que se criasse, com a deterioração acentuada das expectativas do mercado, a maior ameaça à existência da moeda comum desde sua criação, em 2000.Itália e Espanha são grandes demais para ruírem e também para serem socorridas. A dívida italiana em poder do mercado é de US$ 2 trilhões, com cerca de US$ 500 bilhões nas mãos de não residentes. Os bancos europeus têm exposição de US$ 327 bilhões em títulos soberanos do país e mais US$ 256 bilhões em congêneres espanhóis. Os débitos italianos corresponderão a 120% do PIB do país este ano, com um avanço desprezível sobre a situação do ano passado. Ainda assim, a situação italiana é mais sólida do que a de seus companheiros de infortúnio. O déficit público declinou de 5,3% do PIB em 2009 para 4,52% em 2010, com os menores gastos reais primários desde os anos 90. O indicador deve chegar a 3% em 2012 e perto do zero em 2014, se um pacote de austeridade de US$ 55 bilhões for aprovado em tempo recorde pelo Parlamento na sexta-feira. A bagunça crônica da política italiana contribuiu para elevar em alguns graus a fervura dos mercados. O partido do premiê Silvio Berlusconi vem colecionando derrotas nas urnas e Berlusconi anda às turras com o ministro das Finanças, Giulio Tremonti, entre outras coisas porque o pacote de austeridade deprime ainda mais as chances de vitórias eleitorais do governo. Berlusconi se convenceu de que não há outro caminho agora e pediu sacrifícios à população, que ela terá mesmo de fazer. O pacote é regressivo, com a maior parte da conta recaindo sobre as camadas de renda mais baixas. A esperança dos analistas é a de que a histórica blindagem do Tesouro em relação às estripulias dos políticos prevaleça, embora ela venha sendo erodida há tempos. Na largada do euro, a Itália pré-Berlusconi tinha um superávit primário de 5,5% do PIB. A aprovação do pacote, diante da ameaça de um desastre econômico, é vital e deve ocorrer.Mas a parte mais importante da história se desenrola fora da Itália. A cada pacote mal costurado lançado pelas autoridades da zona do euro para aliviar a situação da Grécia, mais as coisas pioram. Está claro que apenas despejar dinheiro não resolverá o problema da crise dos países da periferia do euro e a reunião de ministros das Finanças da zona na sexta-feira pode começar, com muito atraso, a alinhavar soluções mais duradouras. Aparentemente, os governos da união monetária resolveram ceder diante da pressão alemã para que os credores arquem com uma parte da conta da dívida grega, renovando prazos dos débitos voluntariamente e aceitando algum desconto. Por outro lado, os alemães cederam e aceitaram que o fundo de estabilização de € 440 bilhões (US$ 622 bilhões) possa ser utilizado na compra de títulos soberanos dos países sob intensa desconfiança dos mercados. Um semicalote em uma dívida que não poderá de qualquer forma ser paga nos termos atuais, mais a compra das dívidas pelo fundo de estabilização fariam com que os Estados da união monetária assumissem conjuntamente a dívida soberana dos países em dificuldades, apropriando-se também do deságio de mercado e abatendo o peso dos débitos dos governos socorridos. As agências de classificação de riscos, que falharam pavorosamente antes da crise financeira de 2008, rebaixarão à vontade os títulos da Grécia, mas o fato é que, se os ministros reunidos em Bruxelas quiserem, as dívidas estarão garantidas pela União Europeia e o risco da insolvência será afastado. Esse é um arranjo que poderia ter sido acordado desde o início, quando já era clara a magnitude do problema das dívidas soberanas, e é capaz de reverter a crise por algum tempoCom a socialização das dívidas pelos governos, resta ao bloco caminhar para uma política fiscal comum, que permita aos governos perdulários em apuros pagar em melhores condições suas contas. A alternativa a isso será o caos e uma implosão na união monetária.
As sucessivas tentativas de resolver a crise grega, envoltas em má vontade, divergências, paliativos e planos mal concebidos, acabaram por colocar a terceira maior economia da zona do euro à beira de um desastre. Com isso, a crise deixa a periferia da união monetária e caminha para seu centro - uma enorme mudança de qualidade, para pior, do cenário econômico e institucional na zona do euro. Hesitação e complacência contribuíram para que se criasse, com a deterioração acentuada das expectativas do mercado, a maior ameaça à existência da moeda comum desde sua criação, em 2000.Itália e Espanha são grandes demais para ruírem e também para serem socorridas. A dívida italiana em poder do mercado é de US$ 2 trilhões, com cerca de US$ 500 bilhões nas mãos de não residentes. Os bancos europeus têm exposição de US$ 327 bilhões em títulos soberanos do país e mais US$ 256 bilhões em congêneres espanhóis. Os débitos italianos corresponderão a 120% do PIB do país este ano, com um avanço desprezível sobre a situação do ano passado. Ainda assim, a situação italiana é mais sólida do que a de seus companheiros de infortúnio. O déficit público declinou de 5,3% do PIB em 2009 para 4,52% em 2010, com os menores gastos reais primários desde os anos 90. O indicador deve chegar a 3% em 2012 e perto do zero em 2014, se um pacote de austeridade de US$ 55 bilhões for aprovado em tempo recorde pelo Parlamento na sexta-feira. A bagunça crônica da política italiana contribuiu para elevar em alguns graus a fervura dos mercados. O partido do premiê Silvio Berlusconi vem colecionando derrotas nas urnas e Berlusconi anda às turras com o ministro das Finanças, Giulio Tremonti, entre outras coisas porque o pacote de austeridade deprime ainda mais as chances de vitórias eleitorais do governo. Berlusconi se convenceu de que não há outro caminho agora e pediu sacrifícios à população, que ela terá mesmo de fazer. O pacote é regressivo, com a maior parte da conta recaindo sobre as camadas de renda mais baixas. A esperança dos analistas é a de que a histórica blindagem do Tesouro em relação às estripulias dos políticos prevaleça, embora ela venha sendo erodida há tempos. Na largada do euro, a Itália pré-Berlusconi tinha um superávit primário de 5,5% do PIB. A aprovação do pacote, diante da ameaça de um desastre econômico, é vital e deve ocorrer.Mas a parte mais importante da história se desenrola fora da Itália. A cada pacote mal costurado lançado pelas autoridades da zona do euro para aliviar a situação da Grécia, mais as coisas pioram. Está claro que apenas despejar dinheiro não resolverá o problema da crise dos países da periferia do euro e a reunião de ministros das Finanças da zona na sexta-feira pode começar, com muito atraso, a alinhavar soluções mais duradouras. Aparentemente, os governos da união monetária resolveram ceder diante da pressão alemã para que os credores arquem com uma parte da conta da dívida grega, renovando prazos dos débitos voluntariamente e aceitando algum desconto. Por outro lado, os alemães cederam e aceitaram que o fundo de estabilização de € 440 bilhões (US$ 622 bilhões) possa ser utilizado na compra de títulos soberanos dos países sob intensa desconfiança dos mercados. Um semicalote em uma dívida que não poderá de qualquer forma ser paga nos termos atuais, mais a compra das dívidas pelo fundo de estabilização fariam com que os Estados da união monetária assumissem conjuntamente a dívida soberana dos países em dificuldades, apropriando-se também do deságio de mercado e abatendo o peso dos débitos dos governos socorridos. As agências de classificação de riscos, que falharam pavorosamente antes da crise financeira de 2008, rebaixarão à vontade os títulos da Grécia, mas o fato é que, se os ministros reunidos em Bruxelas quiserem, as dívidas estarão garantidas pela União Europeia e o risco da insolvência será afastado. Esse é um arranjo que poderia ter sido acordado desde o início, quando já era clara a magnitude do problema das dívidas soberanas, e é capaz de reverter a crise por algum tempoCom a socialização das dívidas pelos governos, resta ao bloco caminhar para uma política fiscal comum, que permita aos governos perdulários em apuros pagar em melhores condições suas contas. A alternativa a isso será o caos e uma implosão na união monetária.
Com impasse, Moody`s põe sob revisão o rating dos EUA
Com impasse, Moody`s põe sob revisão o rating dos EUA
A Moody's, empresa de classificação de risco, colocou a nota de crédito do governo dos Estados Unidos em revisão para um possível rebaixamento. A decisão foi tomada em meio a uma arrastada negociação entre o governo do presidente Barack Obama e o Congresso americano em relação ao aumento do teto de endividamento do governo - que atualmente está em US$ 14,3 trilhões.É a primeira vez desde 1995 que a classificação "Aaa" da dívida americana é colocada em revisão. Instituições financeiras ligadas diretamente ao governo, como a Fannie Mae e Freddie Mac, também terão suas notas revisadas, disse ontem a Moody's. O anúncio foi feito no mesmo dia de em que uma pesquisa da Reuters/Ipsos mostrou que os americanos estão profundamente pessimistas em relação ao futuro da economia. A parcela dos entrevistados que dizem que acreditar que o país está num caminho errado subiu de 60% em junho para 63% este mês. As incertezas sobre o desempenho da economia - ainda longe de uma recuperação plena depois da crise financeira - e o impasse em relação ao limite de endividamento parecem pesando nas avaliações dos americanos.A pesquisa mostra, no entanto, que os eleitores estão divididos em apontar responsáveis pelo pessimismo. A fatia dos que apontam o dedo para Obama oscilou um ponto percentual para baixo, ficando em 49% em julho.
A Moody's, empresa de classificação de risco, colocou a nota de crédito do governo dos Estados Unidos em revisão para um possível rebaixamento. A decisão foi tomada em meio a uma arrastada negociação entre o governo do presidente Barack Obama e o Congresso americano em relação ao aumento do teto de endividamento do governo - que atualmente está em US$ 14,3 trilhões.É a primeira vez desde 1995 que a classificação "Aaa" da dívida americana é colocada em revisão. Instituições financeiras ligadas diretamente ao governo, como a Fannie Mae e Freddie Mac, também terão suas notas revisadas, disse ontem a Moody's. O anúncio foi feito no mesmo dia de em que uma pesquisa da Reuters/Ipsos mostrou que os americanos estão profundamente pessimistas em relação ao futuro da economia. A parcela dos entrevistados que dizem que acreditar que o país está num caminho errado subiu de 60% em junho para 63% este mês. As incertezas sobre o desempenho da economia - ainda longe de uma recuperação plena depois da crise financeira - e o impasse em relação ao limite de endividamento parecem pesando nas avaliações dos americanos.A pesquisa mostra, no entanto, que os eleitores estão divididos em apontar responsáveis pelo pessimismo. A fatia dos que apontam o dedo para Obama oscilou um ponto percentual para baixo, ficando em 49% em julho.
Ouro atinge recorde após sinal do Fed
Ouro atinge recorde após sinal do Fed
O ouro futuro subiu para o valor recorde de US$ 1.588,90 a onça (31,1 gramas) ontem, com o tombo do dólar e a crise da dívida na Europa estimulando a demanda por metais preciosos como investimentos alternativos. O dólar caiu mais de 1% contra uma cesta de seis moedas depois que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, disse no Congresso americano que a instituição está preparada para fornecer estímulos adicionais à economia. Anteontem, a Irlanda tornou-se a terceira nação na União Europeia a ter sua nota de crédito cortada para nível inferior ao de grau de investimento. "O Fed está falando sobre mais liquidez, e não menos", disse Frank Lesh, operador da FuturePath Trading LLC, em Chicago, Estados Unidos. "Isso é dinheiro para os mercados, e o ouro é estimulado também pelos investidores fugindo da volatilidade das moedas", afirmou.O ouro futuro com entrega para agosto subiu US$ 23,20, ou 1,5%, para US$ 1.585,50 no início da tarde de ontem na Comex, em Nova York, em seu sétimo dia seguido de ganhos. O recorde anterior durante o pregão ("intraday") havia sido US$ 1.577,40 em 2 de maio. O preço do metal à vista em euro e libras também subiu para o maior nível de todos os tempos ontem. Desde 1 de dezembro de 2008, o ouro dobrou de valor. Nesse período, o Fed manteve os juros em níveis recordes de baixa e os governos gastaram trilhões para estimular o crescimento global.
O ouro futuro subiu para o valor recorde de US$ 1.588,90 a onça (31,1 gramas) ontem, com o tombo do dólar e a crise da dívida na Europa estimulando a demanda por metais preciosos como investimentos alternativos. O dólar caiu mais de 1% contra uma cesta de seis moedas depois que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, disse no Congresso americano que a instituição está preparada para fornecer estímulos adicionais à economia. Anteontem, a Irlanda tornou-se a terceira nação na União Europeia a ter sua nota de crédito cortada para nível inferior ao de grau de investimento. "O Fed está falando sobre mais liquidez, e não menos", disse Frank Lesh, operador da FuturePath Trading LLC, em Chicago, Estados Unidos. "Isso é dinheiro para os mercados, e o ouro é estimulado também pelos investidores fugindo da volatilidade das moedas", afirmou.O ouro futuro com entrega para agosto subiu US$ 23,20, ou 1,5%, para US$ 1.585,50 no início da tarde de ontem na Comex, em Nova York, em seu sétimo dia seguido de ganhos. O recorde anterior durante o pregão ("intraday") havia sido US$ 1.577,40 em 2 de maio. O preço do metal à vista em euro e libras também subiu para o maior nível de todos os tempos ontem. Desde 1 de dezembro de 2008, o ouro dobrou de valor. Nesse período, o Fed manteve os juros em níveis recordes de baixa e os governos gastaram trilhões para estimular o crescimento global.
Exportador traz fluxo cambial de volta ao positivo no início de julho
Exportador traz fluxo cambial de volta ao positivo no início de julho
Os dados do fluxo cambial da primeira semana de julho, divulgados ontem pelo Banco Central (BC), justificam os mais recentes sinais de preocupação por parte do governo com a entrada de dólares. Depois de um mês com saída líquida de recursos, o saldo da movimentação de divisas voltou ao terreno positivo. Em seis pregões, entraram no país US$ 1,521 bilhão, entre os dias 1 e 8 de julho.A maior parte dos dólares veio do fechamento de contratos de câmbio de exportadores, com resultado líquido de US$ 1,205 bilhão. Mas o segmento financeiro também ficou com saldo positivo na semana, de US$ 316 milhões, depois de três meses com fuga de capital por essa conta, que registra a movimentação de moeda estrangeira para aplicações em títulos e ações, além do investimento estrangeiro direto (IED).A valorização do real, mesmo em um cenário de saída de recursos, como ocorreu em junho, se deve em grande medida a apostas dos investidores locais e estrangeiros nos mercados futuro e spot. Os bancos ampliaram fortemente as posições vendidas no segmento à vista (aposta na queda da cotação), que pularam de US$ 9,3 bilhões, em maio, para US$ 14,7 bilhões na semana passada. Os fundos internacionais pularam, no mesmo período, de uma posição vendida no mercado futuro de US$ 18,6 bilhões para US$ 21 bilhões.O avanço foi tão forte que pela primeira vez os bancos superaram o limite do compulsório. Foi registrado pelo BC um total de R$ 55 milhões depositado compulsoriamente no dia 5 de julho. Essa posição recuou no dia 8 para US$ 11 milhões.Como resposta, o BC apertou ainda mais o recolhimento compulsório sobre as posições vendidas dos bancos, cujo limite passou de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão, ou o patrimônio de referência, o que for menor. A nova regra passa a valer sexta-feira, a partir da média diária dos cinco dias anteriores.A medida do BC obriga que os bancos reduzam a posição vendida em cerca de US$ 5 bilhões, ou seja, comprem dólares no mercado à vista. Como na semana passada o BC retirou do mercado US$ 1,585 bilhão, praticamente todo o fluxo positivo que permanecia no país, é possível afirmar que as instituições financeiras só começaram esse trabalho na segunda-feira. Os fundos hedge, contraparte dos bancos na bolsa, também diminuíram as apostas na apreciação do real em quase US$ 3 bilhões.A enxurrada de dólares, que desde o começo do ano soma US$ 41,355 bilhões, é considerada pelo governo a principal responsável pela apreciação excessiva do real frente ao dólar. Os recursos migram para países em desenvolvimento, como o Brasil, em decorrência das políticas econômicas dos países ricos, que ainda tentam se livrar dos efeitos da crise de 2008.Essa tendência ainda deve se manter por um longo período, já que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, reafirmou essa política na tarde de terça-feira, ao sinalizar, na ata da última reunião do seu comitê de política monetária (Fomc), que manterá os juros em patamares baixos por um período ainda prolongado.
Os dados do fluxo cambial da primeira semana de julho, divulgados ontem pelo Banco Central (BC), justificam os mais recentes sinais de preocupação por parte do governo com a entrada de dólares. Depois de um mês com saída líquida de recursos, o saldo da movimentação de divisas voltou ao terreno positivo. Em seis pregões, entraram no país US$ 1,521 bilhão, entre os dias 1 e 8 de julho.A maior parte dos dólares veio do fechamento de contratos de câmbio de exportadores, com resultado líquido de US$ 1,205 bilhão. Mas o segmento financeiro também ficou com saldo positivo na semana, de US$ 316 milhões, depois de três meses com fuga de capital por essa conta, que registra a movimentação de moeda estrangeira para aplicações em títulos e ações, além do investimento estrangeiro direto (IED).A valorização do real, mesmo em um cenário de saída de recursos, como ocorreu em junho, se deve em grande medida a apostas dos investidores locais e estrangeiros nos mercados futuro e spot. Os bancos ampliaram fortemente as posições vendidas no segmento à vista (aposta na queda da cotação), que pularam de US$ 9,3 bilhões, em maio, para US$ 14,7 bilhões na semana passada. Os fundos internacionais pularam, no mesmo período, de uma posição vendida no mercado futuro de US$ 18,6 bilhões para US$ 21 bilhões.O avanço foi tão forte que pela primeira vez os bancos superaram o limite do compulsório. Foi registrado pelo BC um total de R$ 55 milhões depositado compulsoriamente no dia 5 de julho. Essa posição recuou no dia 8 para US$ 11 milhões.Como resposta, o BC apertou ainda mais o recolhimento compulsório sobre as posições vendidas dos bancos, cujo limite passou de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão, ou o patrimônio de referência, o que for menor. A nova regra passa a valer sexta-feira, a partir da média diária dos cinco dias anteriores.A medida do BC obriga que os bancos reduzam a posição vendida em cerca de US$ 5 bilhões, ou seja, comprem dólares no mercado à vista. Como na semana passada o BC retirou do mercado US$ 1,585 bilhão, praticamente todo o fluxo positivo que permanecia no país, é possível afirmar que as instituições financeiras só começaram esse trabalho na segunda-feira. Os fundos hedge, contraparte dos bancos na bolsa, também diminuíram as apostas na apreciação do real em quase US$ 3 bilhões.A enxurrada de dólares, que desde o começo do ano soma US$ 41,355 bilhões, é considerada pelo governo a principal responsável pela apreciação excessiva do real frente ao dólar. Os recursos migram para países em desenvolvimento, como o Brasil, em decorrência das políticas econômicas dos países ricos, que ainda tentam se livrar dos efeitos da crise de 2008.Essa tendência ainda deve se manter por um longo período, já que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, reafirmou essa política na tarde de terça-feira, ao sinalizar, na ata da última reunião do seu comitê de política monetária (Fomc), que manterá os juros em patamares baixos por um período ainda prolongado.
Pânico é base do contágio na zona do euro`
Pânico é base do contágio na zona do euro`
A crise da dívida soberana na zona euro pode se alastrar, se não houver ação decisiva e rápida das autoridades europeias. O sistema bancário, ainda fragilizado, pode ser um dos transmissores do pânico. A avaliação é de Cinzia Alcidi, especialista de Europa e finanças no Centre for European Policy Studies (Ceps), um dos principais fóruns de inteligência da região, com sede em Bruxelas.Com um default parcial da Grécia, haverá quem ganhe. Muitos especuladores apostaram nos "credit default swaps" (CDS, títulos de garantia para cobrir inadimplência), um mercado estimado em € 78 bilhões para a Grécia. A seguir, os principais trechos da entrevista Valor: A crise do euro vai se agravar?Cinzia Alcidi De certa maneira, sim, porque está se tornando uma crise sistêmica. Quando estava limitada a Grécia, Irlanda e Portugal era administrável. Mas é preciso dizer que o que ocorreu com Espanha e Itália foi um ataque especulativo. Os países estão em situação vulnerável, de fragilidade. E é muito difícil administrar porque no momento não há instrumentos para isso. Os fundos de estabilização europeus são insuficientes para intervir. As garantias de socorro são de € 500 bilhões, mas a capacidade efetiva de emprestar aos países é mais baixa, menos de € 300 bilhões. Só em junho de 2013 é que o sistema terá condição de reagi Valor: Como conter o contágio?Alcidi Há a crise da economia real, mas também o elemento de pânico que é a base do contágio na zona euro. A resposta no caso italiano é sobretudo nacional. O governo italiano precisa se engajar numa política que realmente leve suas finanças a situação de equilíbrio, isso é crucial. Na Itália, os juros sobre a dívida são muito importantes. Para se ter uma ideia, a dívida é de 100% do PIB, e cada vez que a taxa de juro sobe em 1%, é 1% do PIB a mais que deve ir para o pagamento dos juros. No caso da Grécia, a resposta tem que vir da União Europeia. Valor: Qual o risco de colapso da zona do euro?Alcidi Se for crise é sistêmica, toda a zona do euro está em perigo. Além do problema da dívida e o crescimento econômico baixo, temos um sistema bancário bastante fraco a Europa. Se há um problema em um país da zona do euro, é toda a região que pode sofrer de maneira importante pela propagação da crise pelo sistema bancário. É essa possibilidade que alimenta a situação de pânico nos mercados. Valor: Um "default" parcial da dívida grega ameaçará mais a saúde dos bancos?.Alcidi Veja, os bancos têm uma exposição pequena à Grécia. Trata-se sobretudo de bancos franceses e alemães. Há um ano que se fala de default da Grécia e os bancos tiveram tempo de se preparar. O temor maior é de que esse acontecimento resulte em pânico generalizado. Mas se a crise ficar limitada à Grécia, devemos ser capazes de fazer face à situação, sem choques. Valor: Esta sexta-feira será crucial para a Grécia?Alcidi Espera-se que o conselho dos ministros de finanças europeus apresente uma política crível para a situação da Grécia. Vamos ver a reação dos mercados. Aí vamos ter uma ideia do tamanho do choque. De toda maneira, é a Grécia que deve declarar default. Vai tomar um pouco de tempo, mas o mercado de CDS, que é uma segurança contra default, terá um choque que pode ser forte. Valor: E o impacto dos testes de estresse dos bancos?Alcidi A expectativa é que vários bancos não passem nos testes, como alguns espanhóis. Precisarão ser recapitalizados e devem buscar investidores internacionais. Numa situação de pânico, isso é difícil. Sem investidor privado, os governos terão que recapitalizar os bancos. O que se espera dos governos é que injetem dinheiro para torná-los sólidos de novo. O que foi feito até agora não é suficiente.
A crise da dívida soberana na zona euro pode se alastrar, se não houver ação decisiva e rápida das autoridades europeias. O sistema bancário, ainda fragilizado, pode ser um dos transmissores do pânico. A avaliação é de Cinzia Alcidi, especialista de Europa e finanças no Centre for European Policy Studies (Ceps), um dos principais fóruns de inteligência da região, com sede em Bruxelas.Com um default parcial da Grécia, haverá quem ganhe. Muitos especuladores apostaram nos "credit default swaps" (CDS, títulos de garantia para cobrir inadimplência), um mercado estimado em € 78 bilhões para a Grécia. A seguir, os principais trechos da entrevista Valor: A crise do euro vai se agravar?Cinzia Alcidi De certa maneira, sim, porque está se tornando uma crise sistêmica. Quando estava limitada a Grécia, Irlanda e Portugal era administrável. Mas é preciso dizer que o que ocorreu com Espanha e Itália foi um ataque especulativo. Os países estão em situação vulnerável, de fragilidade. E é muito difícil administrar porque no momento não há instrumentos para isso. Os fundos de estabilização europeus são insuficientes para intervir. As garantias de socorro são de € 500 bilhões, mas a capacidade efetiva de emprestar aos países é mais baixa, menos de € 300 bilhões. Só em junho de 2013 é que o sistema terá condição de reagi Valor: Como conter o contágio?Alcidi Há a crise da economia real, mas também o elemento de pânico que é a base do contágio na zona euro. A resposta no caso italiano é sobretudo nacional. O governo italiano precisa se engajar numa política que realmente leve suas finanças a situação de equilíbrio, isso é crucial. Na Itália, os juros sobre a dívida são muito importantes. Para se ter uma ideia, a dívida é de 100% do PIB, e cada vez que a taxa de juro sobe em 1%, é 1% do PIB a mais que deve ir para o pagamento dos juros. No caso da Grécia, a resposta tem que vir da União Europeia. Valor: Qual o risco de colapso da zona do euro?Alcidi Se for crise é sistêmica, toda a zona do euro está em perigo. Além do problema da dívida e o crescimento econômico baixo, temos um sistema bancário bastante fraco a Europa. Se há um problema em um país da zona do euro, é toda a região que pode sofrer de maneira importante pela propagação da crise pelo sistema bancário. É essa possibilidade que alimenta a situação de pânico nos mercados. Valor: Um "default" parcial da dívida grega ameaçará mais a saúde dos bancos?.Alcidi Veja, os bancos têm uma exposição pequena à Grécia. Trata-se sobretudo de bancos franceses e alemães. Há um ano que se fala de default da Grécia e os bancos tiveram tempo de se preparar. O temor maior é de que esse acontecimento resulte em pânico generalizado. Mas se a crise ficar limitada à Grécia, devemos ser capazes de fazer face à situação, sem choques. Valor: Esta sexta-feira será crucial para a Grécia?Alcidi Espera-se que o conselho dos ministros de finanças europeus apresente uma política crível para a situação da Grécia. Vamos ver a reação dos mercados. Aí vamos ter uma ideia do tamanho do choque. De toda maneira, é a Grécia que deve declarar default. Vai tomar um pouco de tempo, mas o mercado de CDS, que é uma segurança contra default, terá um choque que pode ser forte. Valor: E o impacto dos testes de estresse dos bancos?Alcidi A expectativa é que vários bancos não passem nos testes, como alguns espanhóis. Precisarão ser recapitalizados e devem buscar investidores internacionais. Numa situação de pânico, isso é difícil. Sem investidor privado, os governos terão que recapitalizar os bancos. O que se espera dos governos é que injetem dinheiro para torná-los sólidos de novo. O que foi feito até agora não é suficiente.
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