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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dólar sobe com força e já mira R$ 1,75

Dólar sobe com força e já mira R$ 1,75

Desde a mínima de 13 de outubro o dólar já subiu 4,05%
A moeda americana teve um pregão de firme valorização na quarta-feira,
retomando a linha de R$ 1,72 pela primeira vez em mais de um mês.
Parte da alta pode ser atribuída à piora de humor externo, que deu fôlego ao
dólar e tirou força dos ativos de risco. No entanto, as ordens de compra por
aqui não recuaram mesmo com o pessimismo perdendo força no fim no pregão.
O assunto em pauta no campo externo era o tamanho do plano de ajuda que o
Federal Reserve (Fed), banco central americano, poderá adotar para estimular a
economia.
Cabe lembrar que muito do tom positivo das últimas semanas, que foram pautadas
pela venda do dólar e aportes em ativos de risco, foi estimulado pelas
expectativas de uma firme atuação da autoridade monetária americana na compra
de títulos do Tesouro como forma de derrubar os juros e, assim, estimular a
economia.
No entanto, reportagem do The Wall Street Journal indicou que o Fed estaria
estudando a compra de algumas centenas de bilhões de dólares em títulos,
enquanto alguns agentes pensavam em trilhão de dólares.
A contribuição doméstica para essa puxada no preço da moeda americana foi
incerta.
O volume no mercado à vista foi baixo, o que exclui a ocorrência de remessas
relevantes de dólares para fora do país.
Alguns operadores chamaram a atenção à movimentação de corretoras que
tipicamente operam para estrangeiros, que estariam em firme movimento de
compra, indicando zeragem de posições vendidas.
Há quem que enxergue, também, uma cautela pré-eleições, já que as últimas
pesquisas contrariaram os rumores de mercado e mostraram crescimento da
candidata governista, Dilma Rousseff.
Os operadores mais técnicos chamam atenção para o fato de o dólar ter rompido
pontos gráficos importantes, que caso confirmados, colocariam a moeda rumo a R$
1,75.
Quanto mais explicações para um mesmo fato, maior a percepção de que esse
mercado "tem dono", ou seja, há grandes agentes defendendo ou mudando sua
posição.
Ontem, o dólar comercial chegou a cair a R$ 1,703, mas encerrou o dia R$ 1,722,
o que representa uma alta de 0,93% (veja gráfico abaixo) e a maior cotação de
fechamento desde 20 de setembro, quando valia R$ 1,728. Chamou atenção o baixo
volume estimado para o mercado interbancário, apenas US$ 1,4 bilhão.
Desde 13 de outubro, quando encerrou o dia a R$ 1,655 (menor preço desde 1 de
setembro de 2008) o dólar comercial já subiu 4,05%.
Mérito das medidas do governo? Segundo o analista de câmbio da BGC Liquidez,
Mário Paiva, é muito difícil medir a contribuição das atuações do governo via
aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nessa rodada de
valorização da moeda americana.
"As medidas ajudam, mas a influência do governo é pequena com relação ao
tamanho do mercado."
Para o analista, a tendência para o dólar segue a mesma, ou seja, perdendo
força no mundo todo. "Mas é óbvio que se o ambiente global se deteriorar, o
dólar pode subir um pouco mais."
Hoje, atenção à ata do Copom. Não é esperada alteração no viés de estabilidade
do juro básico em 10,75%. Com isso, ganha peso a leitura dos comentários do
Banco Central sobre o comportamento da inflação, demanda doméstica e ambiente
internacional.

Ricardo Borges - 7 anos de vacas gordas e 7 anos de vacas magras - 28/10/2010 - Sobre o artigo "Quem fixa a taxa Selic?"

Tem um artigo escrito por Pedro C. Ferreira e Renato Fragelli com o título “Quem fixa a taxa Selic?”(que se encontra no final deste comentário) que saiu no Valor Econômico de ontem(27/10) caderno opiniões. O artigo é bom e deve ser lido, embora eu discorde de alguns pontos dos autores

Eles dizem no artigo que o BC sobe a taxa de juros para conter a inflação e explica o porque da existência desta.

Eles explica, (finalmente) que o real está se valorizando devido aos juros reais muito elevados. É importante lembrar que até pouco tempo todos os artigos dos jornais negavam este fato que agora é inquestionável.

Eles citam no artigo também que pode haver desindustrialização no Brasil, o que quase todos os artigos nos jornais anteriormente, principalmente vindos de economistas de bancos, negavam. Havia inclusive artigos provando estatisticamente que o câmbio não influencia o desenvolvimento industrial... O que acho engraçado é que precisou um ministro brasileiro citar “guerra fiscal” e os países do mundo admiti-la para que estes economistas normalmente ligados ao setor bancário começassem a também admitir esta verdade inquestionável da teoria macroeconômica, o câmbio INFLUENCIA FORTEMENTE a competitividade da indústria e de vários serviços e que, se uma moeda de um país está muito valorizada, pode sim haver desindustrialização e um aumento de desemprego no futuro... Fica claro, evidente, quando vemos a discussão sobre o assunto no G20.

No artigo eles citam que o BC tem de agir contra a inflação subindo os juros e que o BACEN não pode mais aumentar os compulsórios, pois “já foram utilizados ao limite extremo.” Este discurso parece ter sido encomendado pelos bancos, pois o que leva a crer que os atuais níveis de compulsórios são extremos? O BC pode elevar o depósito compulsório até 100% no extremo, nível que, no Brasil, está longe de ser atingido. Quem ficaria prejudicado com um aumento do nível de depósito compulsório e quem ganharia? Os bancos certamente seriam os prejudicados. Se os juros se reduzirem, ganham as empresas e os brasileiros. Fica óbvio o caminho que o BACEN deveria ter tomado e que ainda pode tomar antes que seja tarde demais...

Como o aumento da Selic ajuda a controlar os juros? Quando o BC aumenta a taxa básica de juros (Selic), o mercado (bancos, etc) repassam este aumento de custo para a taxa para empréstimo a empresas e pessoas físicas, tornando os mais caros. Como passa a ficar mais caro pegar emprestado o dinheiro, as pessoas e empresas param de consumir / investir e passam a poupar aplicando seus recursos em títulos.

O que está ocorrendo no Brasil? A Selic tem aumentado, entretanto como os bancos estatais (BNDES, BB e Caixa Econômica Federal) estão baixando os juros para empréstimos as empresas e as pessoas físicas, os bancos comerciais estão seguindo.

Como eles fazem isto se o custo de captação dos bancos está aumentando (atrelado a selic)? O spread de juros no Brasil é absurdamente alto devido ao oligopólio dos bancos comerciais e dos juros reais extraordinários altos pagos pelo governo brasileiro tornando desinteressante ao setor privado emprestar correndo risco a outros que não o governo, isto permite uma margem de manobra grande para política de empréstimos dos bancos comerciais. Por este motivo, o governo tem aumentado a selic e mesmo assim os bancos privados tem diminuído os juros.

Como conclusão, podemos observar que aumento na selic não tem em absoluto ajudado a controlar a inflação. É possível causar o efeito inverso, ou seja, provocar o aumento inflacionário? É, desde que ao aumentar os juros básicos (selic), especuladores externos (ou internos) tragam dólares do exterior e ao internalizar estes recursos, estes, ou parte destes, acabem indo parar na economia real.

Vamos ver como funciona o processo. No Brasil atualmente a taxa de juros está muito atrativa (absurdamente alta) para um país, POR ENQUANTO, com risco baixo. Isto faz com que especuladores externos e internos, bancos comerciais por exemplo, captem recursos no exterior a taxas de juros muito baixas (próximas de zero) para emprestar no Brasil, por exemplo ao governo, a taxas de juros reais muito elevadas. Se o governo não entrar comprando estes dólares que estão entrando, o real irá se valorizar rapidamente e a indústria nacional irá acabar na mesma velocidade. Obviamente neste contexto não haverá investimentos produtivos...

Para evitar isto, o governo através do BACEN (reservas cambiais), Fundo Soberano, estatais, financiamento para empresas nacionais comprarem empresas no exterior (BNDES), procura criar uma demanda para estes recursos que vem do exterior, no intuito de diminuir a velocidade de valorização do real. Os recursos internalizados vão para a economia e podem virar investimentos ou aplicações financeiras, que posteriormente podem virar mais investimentos e consumo, ou seja inflação. Como podemos constatar, o aumento da selic está PROVOCANDO INFLAÇÃO e não o contrário como os economistas dos bancos procuram nos fazer crer.

Para evitar o aumento inflacionário o BACEN tem de emitir títulos, ou seja, aumentar dívida, para tirar este dinheiro do mercado. Já podemos observar o risco Brasil aumentando o que posteriormente poderá nos levar a uma crise com possibilidade de levar uma década para ser resolvida.

O que poderia ser feito para não partirmos em RUMO AO ABISMO? O BACEN poderia ELEVAR o DEPÓSITO COMPULSÓRIO e REDUZIR os JUROS. Porque então isto não está sendo feito? Pode haver um ou vários motivos possíveis. Primeiro, os bancos tem uma influencia muito grande e conseguem convencer o governo e o BACEN de aumentar os juros e não o compulsório. Será? Não sei...

Outro motivo é que o governo quer gastar cada vez mais e precisa de recursos para isto, então ele aumenta os juros reais, atrai o capital especulativo, emite títulos e depois pega o dinheiro e gasta ele todo em investimentos como o PAC e em benesses tradicionais como bolsa família, reajustes nas aposentadorias, desvios de recursos, contratações de funcionários públicos mesmo sem a necessidade, mas com a finalidade de se perpetuar no poder, pois a cada vaga oferecida, o governo consegue votos de milhões de sonhadores em se tornar funcionários públicos.

É triste... Estou muito decepcionado com o governo atual e bastante preocupado com o futuro do país. É fácil compreender o que acontecerá se você imaginar o país como sendo a sua família. Imagina se você, provedor do lar, pegar empréstimo em instituições financeiras para gastar com viagens de lazer com a família e aumentar a mesada dos filhos? No início, todos eles votarão em você e dirão que é o melhor pai do mundo, mas depois quando o banco vier cobrar a conta e você não tiver recursos para pagar... Venderá os bens da família e a levará para morar debaixo da ponte, não é? É bem pior se visualizarmos que não é você e sim o seu padrasto agindo com os bens deixados pelo seu falecido pai... Quando o banco vier, ele simplesmente abandonará a sua família debaixo da ponte e irá morar nos EUA com o dinheiro conseguido dos otários...

Espero que o texto tenha sido útil para elucidar a situação que o país se encontra e lembre-se da bíblia, pois agora será mais importante do que pode imaginar... “7 anos de vacas gordas e 7 anos de vacas magras.” O que você tem de fazer agora para se precaver de crises futuras?