Osorio (OIC) fala sobre preços e estoques de café
A Organização Internacional de Café (OIC) espera que os preços internacionais do café arábica sigam em níveis semelhantes aos atuais, afirmou ontem (25) o diretor executivo da instituição, Néstor Osorio. Em conferência na Guatemala, ele declarou que a oferta global de grãos de alta qualidade continua "muito apertada" e está sustentando os preços.
Osorio afirmou, ainda, que o fornecimento global continuará sendo afetado por problemas relacionados ao fenômeno climático El Niño, que tem atingido a produção com intensidade, especialmente na América Central e na Colômbia. Em 2009, a Colômbia produziu uma de suas menores safras em 30 anos.
O diretor disse que, com base em informações oficiais do país, a OIC mantém sua estimativa preliminar para a safra 2009/10 da Colômbia em 9 milhões de sacas. Mas ele acredita que as condições de plantio atuais podem fazer com que a colheita colombiana tenha tamanho semelhante ao do ano passado, 30% menor, com 8,67 milhões de sacas. Se o clima adverso permanecer, a estimativa para a safra da Colômbia "muito provavelmente" será revisada para 8,5 milhões de sacas.
Estoques
Segundo Osorio, os estoques de café mantidos pelos países produtores "quase se esgotaram" depois de três anos de pressão sobre a oferta. Ele disse ainda que o contínuo crescimento do consumo global não se sustentará durante muito mais tempo por meio da utilização dos estoques. Acrescentou que as lavouras de café da África, do Sudeste da Ásia e da América Latina precisam de renovação.
"Tivemos cinco ano de certo equilíbrio porque, mesmo com o consumo superando a produção, o déficit vem sendo compensado pelos estoques. Mas agora não há mais estoque", explicou ele.
O balanço global entre oferta e demanda resultou em déficit por três anos consecutivos, de acordo com dados da OIC. A produção do ciclo 2009/10 é estimada em 123,6 milhões de sacas, ante demanda de 134 milhões de sacas. Em 2008/09, a produção global alcançou 128,2 milhões de sacas, ante 123 milhões de sacas consumidas. Já em 2007/08, foram 119,4 milhões de sacas produzidas, frente a uma demanda de 130 milhões de sacas.
"A produção média dos últimos cinco anos foi de 122 milhões de sacas por ano e o consumo cresceu de apenas 104 milhões de sacas em 2000 para 132 milhões de sacas em 2009. Portanto, os estoques que estão nas mãos dos produtores quase se esgotaram", comentou o representante da OIC.
Osório afirmou que pedirá aos líderes internacionais, tanto dos países produtores e quanto dos consumidores, que apresentem "políticas claras" sobre como sustentar a produção. Ele também lançará uma ampla iniciativa para renovação das áreas de café mais antigas do mundo.
Para 2010, a OIC estima que o consumo cresça de 1,5% a 2,0%, para ao menos 134 milhões de sacas, apesar da fraqueza da economia global. Desde 2000, o consumo global de café já cresceu em média 2,6% ao ano, segundo a OIC.
As informações são da Dow Jones, divulgadas pela Agência Estado, resumidas e adaptadas pela equipe CaféPoint.