De olho no impasse nos EUA, café tem dia pouco volátil na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quarta-feira com quedas ligeiras, em mais uma sessão caracterizada pela manutenção dos intervalos e por uma volatilidade bastante curta. Ao longo de todo intraday, a posição dezembro flutuou dentro de um intervalo de apenas 185 pontos, dentro de um range inferior ao verificado no pregão de terça-feira. O mercado de café continua a operar em cima de fatores de caráter técnico, sem um direcionamento mais claro para cima ou para baixo.
As imagens de boas floradas no cinturão cafeeiro do Brasil, somadas às novas chuvas que atingem o centro-sul do país, colaboram para que os players tenham convicção de que a safra 2014 do país deverá ser uma das maiores da história, seguindo a já ótima produção registrada neste ano de bienalidade baixa de 2013. Por sua vez, a Colômbia, que vinha amargando produções exíguas, devido à renovação das lavouras e problemas climáticos, tende a voltar a injetar mais de 10 milhões de sacas no mercado, ao passo que o Vietnã inicia a sua nova safra com a perspectiva de ser uma das mais robustas da história desse player. Diante desse quadro, até mesmo a quebra dos centro-americanos fica em outro plano, já que muitos operadores trabalham com um cenário de disponibilidade ampla, o que não propicia um cenário mais efetivo para a recuperação das cotações. Ao longo desta quarta, algumas rolagens de posições foram verificadas, principalmente entre os intervalos de dezembro e março.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve baixa de 60 pontos, com 115,85 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 117,50 centavos e a mínima de 115,65 centavos, com o março registrando desvalorização de 65 pontos, com 118,95 centavos por libra, com a máxima em 120,50 centavos e a mínima em 118,85 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve queda de 24 dólares, com 1.655 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 23 dólares, para o nível de 1.648 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi marcado por ações técnicas, mas com muitos operadores de olho no que ocorria nos Estados Unidos. Por fim, veio a confirmação de que o Senado do país chegou a um acordo para pôr fim à paralisação dos serviços públicos federais e também para elevar o teto da dívida, o que evita, assim, o temível calote das contas públicas, o que poderia afetar a economia global como um todo. Com o acordo parcial, a elevação do teto se dará, ao menos, até 07 de fevereiro de 2014 e a reabertura dos serviços governamentais até 15 de janeiro do próximo ano.
"Os mercados vinham dando sinais de que confiavam na aprovação de um acordo neste dia chave e isso ocorreu. As bolsas de valores nos Estados Unidos se comportaram bem e subiram, assim como várias commodities. O café, por sua vez, continua dissociado dos mercados globais e parece mais focado em gravitar próximo do nível de 115,00 centavos, num cenário claro de lateralidade", disse um trader.
Os estoques de café verde dos Estados Unidos apresentaram uma diminuição de 114.771 sacas no final de setembro, somando 5.446.805 sacas, de acordo com dados divulgados pela GCA (Green Coffee Association). Em 31 de agosto, os estoques do país eram de 5.561.576 sacas. A diminuição mais efetiva de estoques se deu no armazém de São Francisco, com queda de 73.304 sacas, ao passo que o armazém de Nova Iorque computou uma retração de 72.921 sacas. Já o armazém de Baltimore teve um aumento de 70.573 sacas.
As exportações brasileiras no mês de outubro, até o dia 15, totalizaram 842.158 sacas de café, alta de 46,78% em relação às 573.757 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 18.353 lotes, com as opções tendo 2.393 calls e 1.098 puts — floor mais eletrônico. Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque ficaram estáveis em 2.752.284 sacas. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 117,50, 117,65, 117,95-118,00, 118,50, 119,00, 119,20, 119,50, 119,90-120,00, 120,50, 120,75, 121,00-121,05, 121,10, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20 e 122,50 centavos de dólar, com o suporte em 115,65, 115,50, 115,10-115,00, 114,50, 114,25, 114,15, 114,00, 113,85, 113,50, 113,00, 112,50, 112,00, 111,50, 111,00, 110,50, 110,10-110,00 e 109,50 centavos.
Londres amplia liquidações e se aproxima dos 1.650 dólares
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta quarta-feira com novas perdas, com as liquidações observadas ao longo da sessão anterior tendo continuidade e o novembro se aproximando do nível psicológico de 1.650 dólares. Apenas nesta semana, a primeira posição na bolsa britânica acumulou perda de 4,50%.
De acordo com analistas internacionais, o mercado de opções vinha conseguindo equilibrar alguns preços interessantes ao longo das últimas semanas, principalmente com a preservação do patamar de 1.750 dólares. Entretanto, depois de várias coberturas, os players passaram a liquidar de forma mais incisiva e alguns operadores já trabalham com projeções de cotações ao redor dos 1.600 dólares, já que a "sombra" das opções não mais será observada.
"Existe uma especulação sobre os estoques em Londres. Tivemos uma retração considerável no volume de café armazenado no último relatório da bolsa e, diante disso, tivemos até algum suporte para a alta dos preços. No novo levantamento de estoques, que sai ainda nesta semana, deveremos ter uma visão mais concreta de quanto café existe na casa de comercialização", disse um trader.
O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 5,65 mil contratos, contra 5,04 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 7 dólares. No encerramento do dia, o novembro teve queda de 24 dólares, com 1.655 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 23 dólares, para o nível de 1.648 dólares por tonelada.