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domingo, 13 de dezembro de 2009

Floradas irregulares geram preocupação entre técnicos e cafeicultores

Floradas irregulares geram preocupação entre técnicos e cafeicultores
(11/12/2009 08:31)

Florações atípicas do café neste ano de 2009 estão trazendo transtornos para técnicos e cafeicultores das regiões produtoras brasileiras, que estão preocupados com a queda da produção e da qualidade do produto. Por este motivo, pesquisadores do Centro de Ecofisiogia e Biofísica do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) estudaram as causas que poderiam ter contribuído para a ocorrência deste problema. Concluíram que a anormalidade ocorrida na floração do cafeeiro em 2009, nestas regiões, estaria relacionada às condições climáticas atípicas, principalmente à distribuição das chuvas, ocorridas no período indutivo da formação de gemas florais e à ausência de um período seco no inverno, necessário à uniformização e maturação das gemas florais. Realizaram a pesquisa que verificou que o problema é a ocorrência, nestas regiões, de vários períodos de chuvas alternados por períodos secos, o que está provocando amadurecimentos muito desuniformes dos grãos.

O pesquisador do IAC, Joel Irineu Fahl, que participou do estudo, explica que o processo de floração do cafeeiro passa por diversas etapas, desde a indução até o amadurecimento do fruto para a fase da colheita. Todas as etapas são influenciadas pelas condições do ambiente, como a luz, a temperatura do ar e a disponibilidade de água.

O período de chuvas nas regiões produtoras de café no Brasil é caracterizado por excessos hídricos, que começam em setembro/ outubro, indo até meados de março/abril. Essa distribuição de chuvas gera, assim, um modal, quando então, inicia-se o período de deficiência hídrica, de maior ou menor intensidade, que se estende até o reinício das chuvas.

O pesquisador explica que a intensidade das temperaturas ocorre, aproximadamente, de acordo com o padrão de distribuição das chuvas, temperaturas mais elevadas nos períodos chuvosos e mais amenas nos períodos secos. Com essas condições do ambiente o período indutivo das gemas florais ocorre de fevereiro a junho.

Conforme explica Joel Fahl, no ano de 2009, semelhante ao que ocorreu em 2008, a cafeicultura da região Sudeste e do Paraná, como mostra o gráfico abaixo, tem apresentado floração atípica, com várias floradas em períodos diferentes, caracterizada por floradas de baixa intensidade em períodos longos de agosto até novembro. Essa distribuição das floradas, sem uma definição de uma ou duas principais, traz dificuldades na colheita pelo fato de ter frutos de vários tipos de amadurecimento, o que acarreta em diminuição da produção e da qualidade da bebida.



Esse comportamento atípico das floradas está ligado diretamente às condições climáticas, uma vez que depende do clima para a produção de café. Ao analisar o balanço hídrico de 2009, os pesquisadores concluíram que ao contrário dos períodos normais de chuva, houve vários períodos alternados por períodos secos, gerando vários modais durante o período indutivo das gemas florais.

De acordo com o balanço hídrico tivemos um inverno chuvoso sem um período de seca, o qual atuaria uniformizando a maturação das gemas florais. Com isso as chuvas que aconteceram a partir de agosto resultaram em pequenas floradas de intensidades variáveis.

O balanço hídrico climático do ano de 2009 mostra vários pequenos modais, indicando, portanto, a ocorrência de vários ciclos de indução floral durante o período de fevereiro a junho. Esse período irregular que ocorreu neste ano, resultou em frutificação irregular, com frutos nos mais diferentes estágios de desenvolvimento. Isso gera, além de um efeito hormonal negativo dos frutos maiores sobre os menores, uma competição por carboidratos, entre os frutos em diferentes fases de desenvolvimento, o que resulta em redução da produção. E juntamente com os efeitos negativos do clima atrapalha na qualidade da produção.

Além de Fahl, o estudo foi realizado pelos pesquisadores Maria Luiza Carvalho , Carelli, e Marcelo Bento Paes de Camargo.


Café e Mercado

Boletim semanal Carvalhaes - Mercado físico de café ritmo das festas de final de ano

Boletim semanal Carvalhaes - Mercado físico de café ritmo das festas de final de ano





Boletim semanal - ano 76 - n° 49


Santos, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Escritório Carvalhaes


O Mercado físico de café vai aos poucos acalmando e entrando no ritmo das festas de final de ano. Na prática, teremos apenas a próxima semana para completar as vendas de dezembro. Compradores e vendedores se apressam para concluir os negócios pendentes e muitas empresas não deverão abrir entre os feriados de Natal e Ano Novo.

O cafeicultor brasileiro termina o ano frustrado com os preços oferecidos pelo mercado e preocupado com o contínuo aumento dos custos de produção. Outro assunto que está trazendo preocupações a todos os envolvidos na produção de café no Brasil é a anormalidade ocorrida na floração do cafeeiro em 2009. A cafeicultura de toda a região sudeste e do Paraná, tem apresentado floração atípica, com várias floradas de baixa intensidade em períodos diferentes, sem uma ou duas principais. Ainda agora em dezembro ocorreram floradas em diversas regiões produtoras (temos recebido diariamente fotos de floradas das mais diversas regiões cafeicultoras, com ramos apresentando ao mesmo tempo flores e grãos em vários estágios de maturação). O fenômeno está relacionado com condições climáticas que vem se alterando ano após ano, principalmente quanto à distribuição das chuvas ao longo do ano. Veja mais sobre o trabalho do IAC – Instituto Agronômico de Campinas, em nosso site.

Segundo o diretor executivo da OIC – Organização Internacional do Café, Nestor Osório, o déficit mundial de café deverá se ampliar neste ano-safra mundial iniciado em primeiro de outubro último. A oferta mundial deverá ficar entre 123 e 125 milhões de saca de 60 kg, enquanto o consumo mundial é estimado em 132 milhões de sacas. Excesso de chuvas no Brasil, na Colômbia e no Vietnã, os três maiores produtores mundiais de café, e o aumento de consumo interno dos países produtores deverão levar a esse déficit.

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café Verde, informou que no último mês de novembro foram embarcadas 2.539.127 de sacas de 60 kg de café, 14 % a menos do que no mesmo mês de 2008 e 10% a menos que no último mês de outubro. Foram 2.255.600 sacas de café arábica e 51.994 sacas de café connilon, totalizando 2.307.594 sacas de café verde, que somadas a 229.483 sacas de solúvel e 2.050 sacas de torrado, totalizaram 2.539.127 sacas de café embarcadas.

Até o dia 10, os embarques de dezembro estavam em 448.842 sacas de café arábica, e 18.270 sacas de café conillon, somando 467.112 sacas de café verde, e 48.651 sacas de solúvel, contra 440.583 sacas no mesmo dia de novembro. Até o dia 10, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em dezembro totalizavam 1.043.465 sacas, contra 929.044 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, em uma semana (do fechamento do dia 4, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 11), subiu nos contratos para entrega em março próximo, 130 pontos ou US$1,71 (R$3,00) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 4, a R$322,54 e hoje, dia 11, a R$331,16/saca. Hoje, nos contratos para entrega em março, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 5 pontos.
O presidente anunciou que depois de voltar de Copenhague, para onde vai na semana que vem, vai fazer um projeto de lei com propostas de mudanças no Código Florestal, para atualizá-lo. O projeto deverá propor a legalização do plantio nas áreas de encostas e morros para lavouras de café, maçã, mate, uva e pêssego.

Decreto de Lula adia em 18 meses prazo para fazendeiro registrar reserva legal

Em meio à Conferência do Clima de Copenhague e a menos de um ano das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto que adia de hoje para 11 de junho de 2011 a exigência para que os fazendeiros façam o registro da reserva legal de sua propriedade - 80% na Amazônia e 20% para o restante do País. O decreto, que adiou em 18 meses o prazo da averbação, será publicado hoje no Diário Oficial da União (DOU).

Com o adiamento, revelado no fim de outubro em reportagem do Estado, Lula atendeu principalmente à sua base no Congresso, formada por ruralistas e ambientalistas. O presidente concedeu aos fazendeiros que desejarem recompor a reserva legal ajuda financeira e técnica. Donos de fazendas de até 150 hectares receberão ainda mudas e sementes, além de financiamentos especiais.

Para obter os incentivos, os proprietários terão de aderir ao programa Mais Ambiente e assinar um termo de adesão e compromisso, garantindo a recomposição das reservas. O Código Florestal estabelece prazo até 2031 para que elas sejam recompostas. Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, hoje cerca de 3 milhões de propriedades não têm condição de cumprir as exigências de recomposição. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) diz que 90% delas não registraram a área de reservas.

O decreto de Lula também cria outra condição especial para que o proprietário cumpra a legislação. Não haverá multa mesmo que ele não obedeça ao prazo que acaba em 11 de junho de 2011. A partir do momento em que um fiscal do meio ambiente perceber o descumprimento, o proprietário terá mais seis meses de prazo para indicar a área da reserva, correr atrás da papelada e fazer o registro no cartório. As informações partem do O Estado de S. Paulo, com João Domingos e Célia Froufe, BRASÍLIA