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terça-feira, 19 de julho de 2011

Oposição quer déficit zero nos EUA, mesmo com crise

Oposição quer déficit zero nos EUA, mesmo com crise
A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos deve votar hoje um radical plano fiscal que, entre outras coisas, inclui uma emenda constitucional que obriga o governo americano a manter déficit público zero. A regra admitiria exceções apenas durante guerras - e seria aplicada até mesmo nas recessões, quando os governos normalmente lançam mão de aumentos de gastos e cortes de impostos para estimular a economia. O projeto, conhecido como "corte, limite e equilibre", inclui ainda reduções profundas nos gastos públicos e institui a exigência de maioria de dois terços no Parlamento para aumentar impostos. Para muitos, a iniciativa mostra o grau de radicalização e irracionalidade econômica no debate político às vésperas do prazo fatal para o Congresso subir o teto do endividamento público, em 2 de agosto. São grandes as chances de os deputados aprovarem o dispositivo, já que o Partido Republicano tem a maioria na Câmara. Mas a ideia não deve ir muito longe por falta de apoio no Senado, cujo controle é democrata. O presidente americano, Barack Obama, declarou ontem que pretende vetar a medida.Pela proposta republicana, os cortes imediatos no próximo orçamento somariam US$ 111 bilhões. "Cortes dessa magnitude teriam um impacto adverso na economia", disse ontem Jason Furman, assessor econômico da Casa Branca. Também limitariam os gastos do governo federal, hoje em 24% do Produto Interno Bruto (PIB), ao equivalente a 18% do PIB. A última vez em que os gastos do governo americano foram tão baixos foi em 1966, segundo o Center for American Progress, um centro de estudos baseado em Washington. De lá para cá, aumentaram sobretudo devido à maior despesa com a previdência social e a saúde. A expectativa de vida da população americana subiu de 70 para 79 anos no período e o custo com saúde por habitante subiu de US$ 1.541 para US$ 8.219.Mas a medida mais radical é a emenda constitucional exigindo que, de forma permanente, o governo federal gaste apenas o que arrecada. Seriam necessários dois terços dos votos para aprová-la, além da ratificação pelos Estados americanos.Foi uma lei desse gênero que levou à paralisação do governo no Estado de Minnesota durante duas semanas, até o governador e parlamentares locais chegarem a um acordo para reequilibrar as contas públicas. "Os Estados, em geral, são obrigados a equilibrar os seus os orçamentos", disse ao Valor Erica Williams, analista de orçamentos estaduais do Center for Budget and Policy Priorities, um centro de estudos de Washington dedicado a assuntos fiscais. "No nível federal, o déficit público é uma ferramenta à disposição do governo para lidar com recessões econômicas."Analista políticos afirmam que, com a iniciativa, os republicanos querem apenas marcar posição e fazer um aceno ao eleitorado mais conservador, sobretudo membros do movimento Tea Party. Quase todos os pré-candidatos a presidente nas primárias republicanas declararam apoio à proposta de "cortar, limitar e equilibrar".As pesquisas de opinião mostram que, de forma geral, a população americana gosta da ideia de orçamento sob equilíbrio, embora muitos fiquem contra quando os cortes são discutidos em detalhes. A máquina de comunicação da Casa Branca procurou caracterizar o plano como uma forma de eliminar os programas sociais, como previdência social e assistência médica aos idosos."Se a proposta virar lei - o que não ocorrerá -, ela vai significar o desmantelamento da nossa rede de proteção social", disse ontem o porta-voz da Casa Branca Jay Carney. Segundo ele, a iniciativa é uma "distração" nas negociações para aumentar o teto da dívida publica americana. Hoje, o governo não pode tomar emprestado mais do que US$ 13,4 trilhões e, se o Congresso não elevar esse limite até 2 de agosto, os Estados Unidos devem deixar de pagar sua dívida. Os republicanos exigem fortes cortes de gastos públicos para aprovar um novo teto, sem aumentar impostos, enquanto Obama propõe uma receita de corte de despesas e aumento de tributos.

Europa e EUA derrubam índice abaixo dos 59 mil

Europa e EUA derrubam índice abaixo dos 59 mil
Num momento marcado por fortes incertezas, os investidores buscam alternativas menos arriscadas para suas aplicações. E ontem não foi diferente. O Indice Bovespa encerrou o dia em queda de 1,08%, aos 58.837 pontos, menor nível desde 20 de maio, quando encerrou a 58.192 pontos. No ano, a queda acumulada soma 15,10%.Os investidores estão em compasso de espera sobre o novo pacote de resgate para a Grécia, assunto que será tema de reunião dos líderes europeus na quinta-feira. Temem também que a crise da dívida de alguns países europeus, como a Itália, se espalhe. Ontem, o mercado resolveu por em dúvida os resultados dos testes de estresse dos bancos europeus divulgados na sexta-feira, após o fechamento das bolsas da região. Os dados mostraram que, dos 90 bancos analisados, apenas oito não alcançaram o capital mínimo de referência, que mede a saúde financeira de um banco. "Os resultados se mostraram bons, mas a suspeita é se esses testes não foram brandos demais", explica Álvaro Bandeira, diretor da Ativa Corretora. Ibovespa fecha em queda de 1,08%, aos 58.837 pontosO mercado espera ainda a aprovação por parte do Congresso americano de um novo teto para a dívida do governo, hoje de US$ 14,3 trilhões. O prazo limite para o aval dos congressistas ocorre em 2 de agosto e, enquanto essa situação não se resolve, a incerteza causada pelo debate tem o poder de deixar as bolsas instáveis. "O Congresso americano tem de aprovar o inevitável; não há espaço para outra hipótese", diz Marcelo Pereira, sócio da Tag Investimentos. Sem o novo limite, o governo americano não conseguirá mais se financiar, o que pode significar um calote da maior economia do mundo.Internamente, o Banco Central (BC) anunciou mais uma medida macroprudencial: estendeu para operações de cartão de crédito consignado a regra de que as operações com parcelamento em prazos superiores a 36 meses terão uma exigência maior de capital para os bancos. Embora a decisão não traga grandes impactos ao consumo, a leitura do mercado foi a de que novas medidas poderão ser adotadas, afirma Jacob Weintraub, sócio da Oren Investimentos. Com isso, as ações de bancos e varejistas sofreram. As units (recibo de ações) do Santander caíram 2,87%, para R$ 15,25, enquanto as ações ordinárias (ON, com direito a voto) do Banco do Brasil registraram perda de 2,68%, fechando a R$ 25,08. As preferenciais (PN, sem voto) do Bradesco se desvalorizaram 2,23%, para R$ 28,10. Entre as varejistas, destaque de queda para Lojas Renner ON (-5,16%, a R$ 53,58).Para ajudar, a bolsa brasileira tem a taxa básica de juros, hoje em 12,25% ao ano, como uma concorrente de peso. E essa competição deve piorar dada a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará novamente a Selic na reunião que começa hoje. "O juro nesse nível acaba pesando contra a bolsa", lembra Carlos Carvalho, operador da Icap. O vencimento de opções (contratos que dão o direito de comprar ou vender um papel a um preço determinado numa data estabelecida) turbinou em R$ 2,38 bilhões o giro da bolsa ontem, que fechou em R$ 8,36 bilhões. Os contratos que davam o direito de comprar papéis responderam porR$ 1,77 bilhão. O maior volume foi registrado nas opções de compra das PNAs da Vale, a R$ 45,48, que movimentaram R$ 456 milhões.Luciana Monteiro - Valor

Exportação fica mais dependente de preços no primeiro semestre

Exportação fica mais dependente de preços no primeiro semestre
As exportações brasileiras estão ainda mais dependentes do comportamento dos preços neste ano. No primeiro semestre, o valor das vendas externas aumentou 32,5% em relação ao mesmo período de 2010, atingindo US$ 118,4 bilhões, uma expansão que se deveu em grande parte à alta de 27,5% das cotações, mais de sete vezes o crescimento do volume, de 3,8%. Para comparar, em 2010 inteiro os preços subiram 20,5%, pouco mais de duas vezes o ritmo de expansão das quantidades, de 9,5%, segundo a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). As commodities puxam a alta de preços, como fica claro no aumento de 44,2% das cotações do grupo de produtos básicos. O maior destaque é o do setor de extração de minerais metálicos (que inclui o minério de ferro), com aumento de 74% de preços no período, seguido pelos segmentos de agricultura e pecuária (onde se encontram soja, café e milho), com alta de 36,9%, e de extração de petróleo, com avanço de 34%. "O ritmo de alta dos preços segue muito forte, não dando sinais de estabilização", diz o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro. Ele observa que, mesmo nos meses mais recentes, a alta continua expressiva - em junho, houve aumento de 28,3% na comparação com junho de 2010. Os produtos semimanufaturados também veem suas cotações avançarem com força - 22,1% no primeiro semestre. A influência das commodities também é fundamental nesse grupo. Segundo Ribeiro, açúcar, celulose e semimanufaturados de ferro e aço são produtos com peso expressivo, o que ajuda a entender a forte alta dos preços desse bens. Uma simulação feita pelo economista Fabio Ramos, da Quest Investimentos, dá conta da importância dos preços para as exportações brasileiras. Num exercício que mantêm inalterados os volumes, ele calcula quanto totalizariam as exportações mensais em valores, se os preços fossem os da média de 1980 a 2010. Em vez de US$ 22,3 bilhões exportados em junho deste ano, feito o ajuste sazonal, o país teria obtido apenas pouco mais da metade dessa quantia - US$ 11,2 bilhões. "Isso mostra o quanto estamos ancorados no comportamento da China", diz ele, referindo-se ao apetite do país asiático por commodities, como minério de ferro e soja. Sozinhos, o minério e o complexo soja (grão, farelo e óleo) respondem por um pouco mais de um quarto de todas as exportações brasileiras. Além da demanda chinesa por produtos básicos, Ribeiro diz que o excesso de liquidez no cenário internacional também infla os preços de commodities. Para ele, um componente especulativo explica parte dos altos níveis das cotações desses bens, alimentado pela ampla oferta de dinheiro barato. Para o Brasil, o perigo é um tombo das commodities. Isso derrubaria os preços das exportações e, com isso, o saldo comercial, que em 12 meses até junho atingiu US$ 25,3 bilhões. Em 2010, o superávit foi de US$ 20,3 bilhões.Até mesmo os produtos manufaturados têm registrado alta de preços razoáveis neste ano. Nos primeiros seis meses de 2011, as cotações desse grupo avançaram 13,2% sobre igual período do ano passado. Há alguma influência aí de produtos como derivados de petróleo, classificados como manufaturados - como óleos combustíveis -, mas a questão principal, segundo Ribeiro, é que as empresas que produzem manufaturados têm conseguido alguns reajustes de preços nas vendas para países da América Latina, como a Argentina. Em relação a esses mercados, a valorização do câmbio não é tão acentuada e as empresas brasileiras têm maior poder de mercado. Além disso, algumas companhias investem em produtos mais sofisticados, o que aumenta o preço médio de exportação, diz Ribeiro. No caso do volume, o desempenho fraco das vendas de básicos chama a atenção, segundo ele. No primeiro semestre, as quantidades exportadas desses produtos ficaram praticamente estáveis, com alta de apenas 0,8%. Em 2010, houve uma alta de 11,4%. "Os preços vão salvar as exportações neste ano até mesmo no caso dos básicos."O volume exportado do setor de extração de petróleo foi decepcionante, caindo 8,1% no primeiro semestre. Para Fabio Silveira, sócio da RC Consultores, o resultado se deve à fraca produção da Petrobras - de janeiro a maio, a produção de petróleo e gás natural cresceu apenas 0,4% em relação ao mesmo período de 2010 - e ao fato de que uma parcela maior tem sido destinada ao mercado doméstico. O volume de exportações do setor de agricultura e pecuária também desaponta, crescendo apenas 0,9% no primeiro semestre. Segundo números mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, as quantidades exportadas de soja em grão, que têm um peso expressivo nesse setor, recuaram 6,16% nos primeiros cinco meses do ano. Para Silveira, esse movimento não é preocupante. "Deverá ocorrer um aumento dos embarques nos próximos meses." Parte dos produtores, segundo ele, pode ter adiado uma parcela das vendas à espera de uma cotação ainda melhor. O volume de embarques do segmento de extração de minerais metálicos, por sua vez, teve uma alta de 5,8% nos primeiros seis meses do ano, o que ajudou a compensar o recuo nas quantidades vendidas de petróleo, diz Ribeiro. A despeito do resultado fraco de 2011, ele não espera estagnação no volume de vendas de produtos básicos nos próximos anos. A exportação de petróleo deve aumentar, e a Vale indica que não quer depender apenas da evolução dos preços, afirma Ribeiro.

Quem tem medo do calote dos EUA?

Quem tem medo do calote dos EUA?
A semana começou com um clássico movimento de saída de risco. Bolsas e commodities caíram, enquanto o dólar apontou para cima.A justificativa para tal movimento não é nova. O tema é o endividamento soberano, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. E o problema nos dois lados do Atlântico parece ser um só, a falta de liderança na solução dos problemas.Nos EUA, segue o embate entre Republicanos e Democratas sobre a elevação do teto do endividamento federal. Os EUA precisam gastar mais que os atuais US$ 14,3 trilhões e precisam de autorização para isso. CDS e títulos da dívida mostram baixo risco de defaultO que mais se ouve sobre o assunto é que a birra política será levada até o último momento, mas que no fim das contas o governo receberá autorização e os EUA não entrarão em um impensável default. Apenas uma ou outra análise chama atenção para a "loucura" de parte dos Republicanos, que impediriam o aumento do teto só para ver o circo pegar fogo.Mas mais do que discurso, sinais do próprio mercado mostram que um calote dos EUA é um evento considerado possível, mas tido como pouco provável.O seguro da dívida de curto prazo (CDS - Credit Default Swap de um ano) segue na linha dos 49 pontos (o que é alto, mas não explosivo). E mesmo na iminência de um default, a demanda pelos papéis americanos segue firme. Sinal claro disso é a taxa de retorno do papel de 10 anos, que voltou a cair para baixo dos 3%.Quem em sã consciência compraria os papéis de um governo que está para dar o calote, ainda mais a taxas decrescentes? O mesmo tipo de questionamento vale para o dólar, que ontem voltou a ganhar de seus principais rivais.Nem medidas correlatas captam esse risco de calote dos EUA. Vamos a um exemplo doméstico. O Brasil, que fechou maio (dado mais recente) com estoque de US$ 211 bilhões em dívida americana, quinto maior financiador mundial, não vê uma disparada de seu risco.O economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, tem interessante abordagem sobre o tema: é impossível um país dar calote na própria moeda. Basta ligar a máquina e imprimir dólares. Os EUA sempre fizeram isso. A situação é mais simples ainda, pois há gente disposta a financiar os americanos.Por isso, o economista discorda um pouco das abordagens que vêm sendo dadas ao problema. Para Perfeito, esse aceno de default vai além dos embates políticos domésticos. Essa ameaça de calote seria um jogo de cena. Mais uma jogada para tentar se fazer o que não se conseguiu com a política do dólar fraco.O economista lembra que, desde o início da crise, os EUA jogaram a taxa de juros a zero para conseguir, entre outras coisas, que o dólar se desvalorizasse. O objetivo era compensar o baixo crescimento doméstico via demanda externa.Não por acaso os EUA pressionaram a China por maior liberdade cambial. Tudo no âmbito da tal "Guerra Cambial". Mas os americanos não conseguiram um naco da demanda chinesa. Os dirigentes chineses foram irredutíveis e, para despistar, adotaram uma banda de oscilação que pouco mudou o preço do yuan.Para Perfeito, o que os EUA querem é ajuda para crescer. "Os EUA estão começando a apertar o resto do mundo para fazer à força o que era para ser feito via diferencial de juros", diz o economista. No mercado local, o dólar começou a semana em alta, mas terminou a jornada longe das máximas do dia.Depois de subir a R$ 1,585, o dólar comercial terminou o dia com alta de 0,12%, a R$ 1,579 na venda. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para agosto apontava queda de 0,06%, também a R$ 1,579, antes do ajuste final. O contrato fez máxima a R$ 1,5895, mas no fim da tarde devolveu os ganhos junto com uma melhora de sentimento que tirou força do dólar, reverteu o movimento de baixa na taxa dos títulos americanos e zerou as perdas do euro. Ainda se procura explicação crível, racional e bem fundamentada para isso.Eduardo Campos - Valor

Desemprego persistente tira o ânimo dos EUA para acordos comerciais

Desemprego persistente tira o ânimo dos EUA para acordos comerciais

Quase subjugada pelo furor do debate sobre o teto da dívida, uma outra disputa está em andamento no Congresso: a aprovação de três acordos de comércio bilateral EUA - com Coreia do Sul, Panamá e Colômbia -, que estão em banho-maria há quatro anos ou mais.Os horríveis dados sobre o mercado de trabalho nos EUA, que registraram um crescimento de apenas 18 mil empregos em junho, deram novo fervor a um debate feroz: acordos comerciais criam ou destroem empregos?A Câmara de Comércio dos EUA afirma que o acordo com a Coreia criará 280 mil empregos. A Casa Branca, mais modestamente, aposta em 70 mil vagas. O Instituto de Política Econômica, um think-tank de tendência esquerdista parcialmente financiado por sindicatos, diz que serão perdidos 159 mil empregos.Pesquisadores independentes e economistas acadêmicos tendem mais a prever aumentos de eficiência econômica em longo prazo, como resultado de um comércio mais livre, do que um número específico de empregos. "A maioria dos economistas sente-se muito desconfortável em assumir quaisquer dessas estimativas com algum grau de certeza", diz Doug Irwin, um dos estudiosos do mundo comercial mais importantes. Um recente relatório do apartidário Serviço de Pesquisa do Congresso também aconselha cautela: "Todos os modelos econômicos incorporam várias suposições. Invariavelmente, essas abordagens determinam, até certo ponto, os resultados que são gerados".O número da Câmara de Comércio baseia-se em tomar o aumento das exportações que a Comissão de Comércio Internacional prevê para o fluxo de negócios, e, então, usar estimativas do Departamento do Comércio de que cada US$ 181 mil de exportações geram um emprego americano.Mas críticos, como a Public Citizen, dizem que as estimativas são unilaterais. Todd Tucker, seu diretor de pesquisa, diz: "Esse exercício envolve tomar dois números produzidos por metodologias muito distintas e aplicá-los apenas às exportações, ignorando qualquer aumento nas importações. Realmente não é muito robusto".A maioria dos modelos examina apenas setores diretamente afetados da economia que conquistam novos mercados para exportações ou competem com importações. Economistas dizem que um dos principais benefícios do comércio é o aumento da eficiência e o barateamento de insumos e de bens de consumo em geral.As desconfianças em relação a grandes números remontam às afirmações grandiloquentes feitas quando do Acordo de Livre Comércio Norte Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), com o Canadá e o México, assinado pelo presidente Bill Clinton em 1993. "Bill Clinton disse que o Nafta criaria meio milhão de empregos americanos, Ross Perot [o candidato independente nas eleições presidenciais de 1992] disse que os EUA iriam perder meio milhão de empregos", diz Irwin. "A maioria dos economistas diria que, no fim das contas, não houve ganhos nem perdas."As afirmações, agora, são mais cuidadosamente calibradas: a estimativa do governo atual, de 70 mil postos de trabalho resultantes do acordo com a Coreia é bastante pequena em comparação com a tendência mensal de crescimento do emprego nos EUA - mais de 150 mil postos de trabalho.Ainda assim, pesquisas sugerem que os americanos revelam-se mais entusiasmados com o comércio em si do que os pactos comerciais. No ano passado, o Pew Research Center, uma organização independente de pesquisas de opinião pública, descobriu que a maioria dos americanos eram favoráveis a mais comércio com o Canadá, a UE, Japão, India, Brasil e México, e ficaram quase igualmente divididos quanto a mais comércio com a China. Mas apenas 35% dos americanos apoiaram acordos de comércio, o mais baixo percentual em uma pesquisa da Pew em 13 anos, e 55% opinaram que eles custam empregos aos EUA.Philip Levy, do think-tank American Enterprise Institute, diz que tais estimativas tornam-se ainda menos úteis à medida que o comércio mundial fica mais complexo, envolvendo mais do que manufaturados aos quais aplicam-se tarifas facilmente mensuráveis."O crescente foco em barreiras não tarifárias e regimes regulatórios domésticos [nos acordos de comércio] implica em que os exercícios de modelagem provavelmente ficarão menos precisos como o passar do tempo", disse Levy.

EUA - Inadimplência e governo ainda maior

EUA - Inadimplência e governo ainda maior
Importantes congressistas dos Estados Unidos estão determinados a provocar um confronto com o governo Obama sobre o teto de dívida do governo federal. Normalmente, seria de se esperar que, a esta altura das negociações, os republicanos cedessem, mas uma minoria inflexível parece realmente achar que a inadimplência das dívidas do governo não seria algo ruim.Esses deputados - com os quais interagi recentemente em três audiências no Congresso - estão convencidos de que o governo federal é grande demais em relação à economia e que são necessárias medidas drásticas para que fique sob controle. Dependendo de como você avalie a força do movimento "Tea Party" no Capitólio, no mínimo uma inadimplência parcial não parece ser algo tão implausível como se imaginava no passado - e os recentes alertas das agências avaliadoras de crédito refletem esse aumento de risco.As consequências de qualquer inadimplência, no entanto, ironicamente, aumentariam o tamanho do governo em relação à economia dos EUA - justamente o resultado que os republicanos mais intransigentes dizem tentar evitar.O motivo é simples: a inadimplência do governo destruiria o sistema de crédito na forma como o conhecemos. As essenciais taxas de juros referenciais dos mercados financeiros modernos são as taxas dos bônus governamentais, consideradas de "risco zero". Remover esse pilar do sistema - ou criar um alto grau de risco em torno aos títulos do Tesouro dos EUA - desestabilizaria muitos contratos privados e todos os tipos de transações.Além disso, muitas pessoas e empresas mantêm seu "dinheiro para emergências" na forma de títulos do Tesouro americano. Os fundos do mercado monetário, vistos como os mais seguros, por exemplo, são os que possuem apenas títulos de dívidas do governo dos EUA. Se o governo ficar inadimplente, contudo, todos vão "quebrar" a marca do dólar, ou seja, não conseguiriam manter o valor do principal investido no fundo e devolveriam menos de US$ 1 por dólar investido.O resultado seria uma fuga de capitais - mas, para onde? Muitos bancos teriam um problema similar: o desmoronamento dos preços dos títulos do Tesouro dos EUA (com os juros subindo, já que os preços dos bônus e as taxas movem-se em direções opostas) destruiria seus balanços patrimoniais.Os republicanos da Câmera e do Senado que não querem elevar o teto da dívida estão brincando com fogo. Defendem uma política que teria efeitos terríveis. A única lei que o Congresso não pode revogar é a lei das consequências involuntárias.Não há uma só empresa nos EUA que não seria afetada pela inadimplência do governo - e não há um só banco ou outra instituição financeira que poderia proporcionar um porto seguro para as poupanças. Haveria uma corrida maciça de resgates de dinheiro em um grau sem precedentes desde a Grande Depressão, com longas filas de pessoas nos caixas eletrônicos e nos guichês de bancos para sacar o máximo possível.Além disso, o crédito privado desapareceria do sistema econômico dos EUA, deixando o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) diante de uma escolha desagradável. Poderia intervir e fornecer enormes volumes de crédito diretamente às famílias e empresas (de forma parecida ao Gosbank, o banco central da antiga União Soviética) ou poderia ficar imóvel enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cai de 20% a 30% - magnitude de retração que vemos nas economias modernas quando o crédito seca repentinamente.Com o setor privado em queda livre, o consumo e os investimentos declinariam de forma acentuada. A capacidade de exportação dos EUA também seria afetada, porque os mercados estrangeiros provavelmente seriam afetados e porque, de qualquer forma, se as exportadoras não conseguissem créditos, muito provavelmente não conseguiriam produzir.Os republicanos estão certos quanto a uma coisa: a inadimplência levaria a uma queda dos gastos do governo em termos reais. Mas o que cairia mais, os gastos do governo ou o tamanho do setor privado? A resposta, quase certamente, é o setor privado, tendo em vista sua dependência em relação ao crédito para comprar insumos. Pegue a contração que se seguiu à crise do sistema financeiro em 2008 e multiplique-a por dez.O governo, por outro lado, tem acesso ao Fed e poderia, portanto, ter dinheiro para pagar salários. Com o teto de dívida ficando inalterado, isso exigiria certo truque jurídico. Mas a alternativa, claramente, seria o colapso da segurança nacional dos EUA - soldados e guardas de fronteira precisam ser pagos, o sistema de transporte precisa operar e assim por diante.Emitir dinheiro nessa situação quase certamente seria inflacionário, mas o Fed poderia concluir de outra forma, porque os EUA nunca estiveram nessa situação antes, o crédito agora está implodindo e as medidas desesperadas de expansão de crédito criadas em 2008 mostraram não ser tão ruins como muitos críticos temiam.É assim, portanto, que uma inadimplência das dívidas dos EUA seria: o setor privado desmoronaria, o desemprego rapidamente superaria os 20% e, embora o governo encolhesse, continuara sendo o empregador de última instância.Os republicanos da Câmera e do Senado que não querem elevar o teto da dívida estão brincando com fogo. Defendem uma política que teria efeitos terríveis e resultaria no oposto do que eles querem, porque a inadimplência tornaria, imediatamente, o governo mais importante e não menos. A única lei que o Congresso não pode revogar é a lei das consequências involuntárias. Simon Johnson foi economista-chefe do FMI, é professor da MIT Sloan, membro sênior do Instituto Peterson para Economia Internacional e coautor de "13 Bankers" (13 banqueiros), com James Kwak. É cofundador do blog www.BaselineScenario.com

Teste dos bancos europeus falha em recuperar a confiança

Teste dos bancos europeus falha em recuperar a confiança
Em mais uma tentativa de reconquistar a confiança e acalmar os mercados, as autoridades europeias divulgaram, na semana passada, os resultados do mais recente teste de estresse a que foram submetidos os bancos da região. A solidez dos bancos e sua capacidade de absorver perdas em caso de calote é importante indicador da saúde de um país ou uma região. Isso explica o destaque que as autoridades europeias deram ao teste. No caso dos bancos europeus, porém, o tiro pode ter saído pela culatra.Para começar, os testes aplicados pela European Banking Authority (EBA) foram considerados fracos. Os testes buscaram avaliar se os bancos examinados tinham capital suficiente para suportar uma série de eventos negativos e ainda assim manter em 5% dos ativos ponderados pelo risco o capital de nível 1 - capital de melhor qualidade, geralmente constituído apenas por ações com direito a voto, chamado de "tier one".No teste europeu, foi avaliado o impacto nos bancos de uma recessão de 0,5% na economia da zona do euro, da queda de 15% do mercado acionário e de uma perda de 20% a 25% no valor do título grego de dez anos. Os testes foram considerados superficiais, porém, porque a experiência mostra que a realidade pode ser bem pior. No auge da crise, a contração na economia da zona do euro foi dez vezes maior. Além disso, o mercado já espera uma perda de 40% a 50% nos papéis gregos. Na realidade, houve quem defendesse que o teste calculasse o impacto de um eventual calote total grego, considerado bastante provável pelo mercado de "credit default swaps" (CDS). Segundo a EBA, os bancos europeus tinham em carteira € 100 bilhões em títulos gregos, em dezembro, dos quais 67% em poder de instituições gregas, e mais € 100 bilhões em papéis da Irlanda e de Portugal. A dívida pública grega é equivalente a 142,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país; a da Irlanda, a 96,2%; e a de Portugal, a O mercado logo se lembrou do fiasco do teste de 2010, quando a EBA não existia, que estimou em apenas € 3,5 bilhões a necessidade de capital dos bancos europeus e aprovou todos os irlandeses, que quebraram alguns meses depois e tiveram de ser resgatados pelo governo.Apesar de considerados fracos, no entanto, os testes deste ano reprovaram 9 das 91 instituições examinadas de 21 países. Esses bancos, que ficariam com o capital de nível 1 abaixo de 5%, caso o pior cenário do teste se concretizasse, terão que reforçar o capital em € 2,5 bilhões (US$ 3,54 bilhões) até o fim do ano. Outros 16 também terão que tomar providências porque estão perigosamente perto do mínimo, com 5% a 6% após a simulação dos eventos em seus balançosOs resultados teriam sido piores não tivessem os bancos europeus elevado o capital antes dos testes. Os bancos europeus emitiram cerca de € 50 bilhões em ações e ainda retiveram igual quantia dos lucros, reforçando o capital em um total de quase € 100 bilhões. Não fosse isso, 20 bancos estariam desenquadrados, e o buraco no capital seria dez vezes maior, de € 26,8 bilhõeOs resultados de um teste de estresse podem variar terrivelmente conforme as hipóteses assumidas e esse é outro motivo para os mercados relativizarem a sinalização de tranquilidade dada pela EBA. Teste feito em março nos bancos europeus pela Standard & Poor's (S&P), pressupondo uma "recessão econômica severa" e "acentuado aumento no yield" dos títulos da zona do euro, concluiu que os bancos europeus precisavam de reforço de capital de nada menos do que € 250 bilhões.Outro motivo que enfraqueceu o impacto dos testes foi a reação de alguns países. Dos nove bancos reprovados, cinco são espanhóis, de pequeno porte, dois são gregos, um é austríaco e um é alemão. Teoricamente, os resultados do teste de estresse devem levar os reguladores de cada país a obrigar a instituição reprovada a se capitalizar com a emissão de ações, retenção de lucros e dividendos, venda de ativos e a reduzir a alavancagem. As autoridades da Espanha, porém, afirmaram que os bancos espanhóis reprovados não precisarão aumentar o capital porque têm outros instrumentos para absorver as perdas. E o banco alemão reprovado nem autorizou a divulgação de seus dados, alegando que a Alemanha aceita certos tipos de ações sem direito a voto como capital de boa qualidade. Afirmações como essas põem sob suspeita a eficiência e a validade dos testes de estresse. Até porque o problema da zona do euro não é exatamente esse. Se a situação continuar se deteriorando, os testes de estresse ficarão obsoletos rapidamente.

O Mercado físico de café trabalhou o dia sem muitos negócios e tendo uma retração nas ofertas de compra. Para cafés safra 11/12 tendo ofertas de R$ 45

Hencorp Commcor


O Mercado físico de café trabalhou o dia sem muitos negócios e tendo uma retração nas ofertas de compra. Para cafés safra 11/12 tendo ofertas de R$ 450,00 a R$ 460,00 para café com 15% de catação, e ofertas de R$ 440,00 a R$ 450,00 para cafés com 20% de catação.

O fechamento do café arábica BMF para o vencimento Set/11 foi a US$ 321,45 com -4,80 de baixa, totalizando um volume de 1.739 contratos.Spreads de Set/Dez de -0,30 a 0,00. Observamos arbitragens de Set/Set entre -6,50 a -5,30; Set/Dez entre -10,00 a -9,00. O mercado de Café na BMF iniciou a semana estendendo as perdas da semana anterior, acompanhando a queda das demais commodities agrícolas e também agravamento das crises na Europa e também nos Estados Unidos. Com a entrada da safra brasileira e também falta de previsão de frio para os próximos dias, ajudaram realização no pregão de hoje.

O mercado de café para o vencimento Setembro/11 encerrou cotado a 248,20, com 535 pontos de queda, e range entre 247,30 e 253,25. Pela terceira sessão consecutiva, a cotação do café nesta segunda-feira trabalhou em acentuada tendência de queda. Fazendo a máxima do dia a 253,25, nível ainda abaixo do fechamento da última sexta-feira, forte vendas em escala pressionaram o grão rapidamente para seu principal suporte de250,00, quando então acompanhava a generalizada e negativa tendência dos mercados em geral. Com a quebra deste suporte, notamos relativa liquidação de compras, pressionando rapidamente a commodity para níveis mais baixos, até registrar um fundo duplo de um movimento de 13 dias a 247,30, quando então defesa de compras foi observada. Com moderada recuperação, leve apreciação levou o café a fechar o dia cotado a 248,20. Na sessão de hoje não desceu nenhum canudo, totalizando no acumulado do período, 2.529 canudos. As médias móveis de 40, 100 e 200 dias estão compreendidas em 261,70 / 273,40 e 245,90 respectivamente. De acordo com a Cecafé, os embarques de julho (entre os dias 01 e 15) somam 789.168 sacas,uma variação positiva de 86,5% em relação ao mesmo período do mês anterior. O café Londres Setembro/11 encerrou cotado a 2250, com 26 pontos de queda,num range de 2232 e 2280.

Café: colheita avança no sul de Minas Gerais e cafeicultores estão colhendo boa qualidade dos grãos‏

A queda constante no preço do café durante as duas últimas semanas está mais ligada à fragilidade européia e de outros países do que aos fundamentos de produção agrícola. Essa foi a conclusão do presidente da Cocatrel (Cooperativa dos Cafeicultores de Três Pontas), Francisco Miranda. Atualmente, o café tipo 6 está cotado na faixa de R$450, mas na média fica entre R$ 420 e R$ 430. Porém, o valor do produto já esteve em R$500.

Portanto, a recomendação para o cafeicultor que não precisa de dinheiro no momento é de segurar a venda, pois a produção do Brasil não deve ser maior que a do ano passado. Aliás, provavelmente, será bem menor que a expectativa, segundo avaliação de Francisco Miranda.

Para segurar o café, a cooperativa de Três Pontas está buscando recursos para fazer estocagem. “Nós estamos esperando dinheiro para financiar o café, segurar um pouco e o produtor não ficar totalmente descapitalizado”, diz. A expectativa é que o grão se mantenha em patamares um pouco mais altos que os preços praticados hoje.

No entanto, como o passivo dos cafeicultores se arrastam por 10 anos, uma recuperação do setor exigiria no mínimo 3 anos de preços razoáveis. Isso porque esses produtores vêm acumulando despesas diversas, “tem que trocar lavoura, comprar maquinário, reformar casa do colono”, diz Miranda.

A Cocatrel
Completando 50 anos no dia de hoje (18 de Julho), a Cocatrel tem 5.000 cooperados, sendo que 4.200 são atuantes. No ano passado, a cooperativa recebeu 1,1 milhão de sacas e espera receber uma quantidade um pouco maior este ano, pois o número de associados também aumentou. Porém, a safra de 2011 foi proporcionalmente a mesma que a de 2010 ou, talvez, um pouco menor, de acordo com as estimativas de Francisco Miranda.

Fonte: Notícias Agrícolas // João Batista Olivi e Fernanda Cruz