Páginas

domingo, 9 de dezembro de 2012

Em mais um dia tranquilo, café consegue avançar na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta sexta-feira com altas, que permitiram que a posição março se consolidasse acima dos 150,00 centavos por libra, acumulando uma alta de 2,15% na semana. O índice não é dos mais relevantes, mas, ao menos, interrompe uma seqüência fraca para os preços, diante de um cenário sobrevendido que se mantém há semanas.
O dia foi iniciado com uma nova tentativa dos baixistas em pressionar as cotações, no entanto, as quedas da manhã pouco avançaram e não encontraram os vendedores com o ânimo mais efetivo. Isso abriu espaço para algumas recompras, sendo que o março chegou a experimentar ganhos mais consistentes e até romper uma resistência básica, como é o caso dos 155,00 centavos por libra. Ao longo do dia, essa marca não foi mantida, devido, principalmente, às conhecidas "realizações dentro do intervalo", mas, ainda assim, o março conseguiu experimentar ganhos relativos e, com isso, fechar, finalmente, a semana no azul.
Tecnicamente, no entanto, o mercado ainda não apresenta oscilações mais efetivas, com os terminais apontando para um cenário negativo no curto, médio e longo prazo. Tecnicamente, poucas novidades.
No que se refere a clima, o destaque é o calor das zonas produtoras do Brasil. O centro-sul do país enfrenta temperaturas altas e sensações térmicas verdadeiramente quentes, com as chuvas sendo apenas modestas. Apesar disso, os operadores ainda não demostram preocupações, já que temperaturas altas vêm se tornando constantes nessa parte do Brasil, sem grandes prejuízos para lavouras, incluindo aquelas que estão instaladas em 'sequeiros'.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi de calma e, mais uma vez, com um volume bastante modesto de contratos negociados. O cenário externo que influenciou diretamente o comportamento do café ao longo dos últimos dias teve uma sexta-feira neutra, sem oscilações mais expressivas em vários segmentos de risco. O dólar experimentou uma alta ligeira em relação a uma cesta de moedas internacionais. "Os preços giram em torno do referencial de 150,00 centavos. Tivemos uma tentativa de 'desgarrar', mas não conseguimos nem sequer ficar acima dos 155,00. É um cenário tranqüilo, com clima de final de ano e a expectativa é que não tenhamos oscilações das mais pronunciadas, ao menos no curtíssimo prazo", disse um trader. Ele lembrou ainda que o mercado analisa as informações do Commerzbank, que em relatório nesta sexta avaliou a possibilidade de os preços do arábica subirem consideravelmente em 2013, refletindo, principalmente, o quadro de aperto da disponibilidade e também a safra menor do grão do Brasil na próxima temporada.
"Usando os números do Cecafé e da Abic, encerraremos neste mês de dezembro a primeira metade do ano-safra brasileiro de café 2012/2013 com o desaparecimento de aproximadamente 25,7 milhões de sacas (ou 4,28 milhões de sacas por mês). Este número significa que metade da atual safra brasileira de café, de 50,48 milhões de sacas, segundo a terceira estimativa da safra brasileira de café, divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento em setembro último, já foi comercializada pelos cafeicultores brasileiros. Os números acima não são exatos, mas mostram que nossos produtores estão escoando sua produção ao longo do ano-safra. Em junho próximo poderemos ter apenas um pequeno remanescente desta safra, para complementar a próxima, que será de ciclo baixo", indicou o Escritório Carvalhaes, em seu comentário semanal.
As exportações de café do Brasil em dezembro, até o dia 6, somaram 312.807 sacas, contra 235.416 sacas registradas no mesmo período de novembro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 5.770 sacas, indo para 2.526.140 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 16.729 lotes, com as opções tendo 5.394 calls e 4.050 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem uma resistência em 155,15, 155,50, 156,00, 156,20-156,25, 156,50, 157,00, 157,15, 157,50, 158,00, 158,50, 159,00, 159,50 e 159,90-160,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 149,30, 149,00, 148,50, 148,00, 147,50, 147,00, 146,50, 146,35, 146,00, 145,50, 145,10-145,00, 144,50 e 144,00 centavos por libra.
Londres volta a recuar, mas gira em torno dos 1.900 dólares
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta sexta-feira com quedas, com a posição março, mais uma vez, ficando abaixo do nível psicológico de 1.900 dólares. A sessão não trouxe novidades. A posição janeiro flutuou num range de menos de 40 dólares e, nas mínimas, algumas compras modestas de comerciais puderam ser verificadas.
De acordo com analistas internacionais, a sessão foi marcada por algumas vendas especulativas que, ao final do processo, nortearam as baixas que, contudo, foram modestas. Apesar da retração, o mercado londrino conseguiu fechar a semana dentro daquilo que se esperava quando ela começou, ou seja, preços dentro de um patamar não muito distante dos 1.900 dólares, que parece ser o principal referencial de curto prazo para o janeiro. "Na estatística final da semana, o janeiro acumulou uma baixa de 0,94%, pressionado por algumas vendas especulativas e de origens, mas dentro de um intervalo que, mesmo não se mostrando tão forte, conseguiu conter o ímpeto de alguns baixistas mais ativos. Temos de pensar que o mercado de robusta está procurado, mas, também, tem uma oferta expressiva e, ainda assim, consegue manter alguns intervalos", disse um trader.
O dia na bolsa de Londres teve o contrato de café de janeiro com uma movimentação de 5,03 mil lotes, com o março tendo 3,48 mil lotes negociados. O spread entre as posições janeiro e março ficou em 8 dólares. No encerramento da sessão na Euronext/Liffe, a posição janeiro teve queda de 9 dólares, com 1.896 dólares por tonelada, com o março tendo desvalorização de 7 dólares, com 1.904 dólares por tonelada.
Dólar cai quase 2% em semana de medidas do governo no câmbio
SÃO PAULO - O dólar fechou em alta nesta sexta-feira, encerrando a maior
sequência de baixas desde o início de agosto, puxado por um aumento no volume
de compras após a moeda cair 2,44% na semana até ontem. Após a turbulência do
início da semana, com as medidas anunciadas pelo governo para o câmbio, o dia
foi de relativa tranquilidade, com investidores aproveitando para voltar a
atuar na ponta de compra.
A pressão de compra, porém, não foi suficiente para aproximar a moeda do
patamar de R$ 2,10, que não é considerada "confortável" pelo governo por seu
potencial de pressionar a inflação, segundo disseram fontes oficiais à
jornalista Claudia Safatle.
O dólar comercial fechou em alta de 0,58%, a R$ 2,091. Na semana, a baixa
acumulada foi de 1,88%. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato de
dólar futuro para janeiro subia 0,09%, a R$ 2,0820, antes do ajuste final.
"Ontem mesmo, quando a moeda bateu R$ 2,07, R$ 2,08, houve muita procura por
parte de importadores. E hoje, sendo sexta, o pessoal não gosta de se expor
muito e volta a comprar", disse Reginaldo Siaca, superintendente de câmbio da
Advanced Corretora.
Nos últimos minutos da sessão, a moeda americana acelerou a alta, chegando a
bater máxima de R$ 2,093. Nesse horário, o Banco Central realizou pesquisa de
demanda por swaps cambiais tradicionais, cujo efeito é o de uma venda de dólar
futuro, entre bancos "dealers". O BC também realizou pesquisa de demanda por
contratos de linha de dólares, no qual vende moeda com o compromisso de
recompra no futuro.
Comentários nesta manhã do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Fernando Pimentel, já indicavam que o governo deve manter sua
política de câmbio administrado, impedindo que o nível do dólar prejudique a
competitividade do país. Segundo ele, toda vez que o mercado age claramente
contra o câmbio, o governo intervém.
Para operadores, ao menos no início da semana que vem, a moeda deve se manter
nos atuais patamares, enquanto o mercado ainda avalia os impactos das recentes
medidas do governo. Para alguns profissionais, a nova realidade do câmbio só
ficará clara no início do ano que vem. "Só em janeiro é que vai realmente ficar
claro o que o governo realmente quer com essas medidas", disse o operador de
câmbio de uma corretora em São Paulo.
No exterior, o Dollar Index, que acompanha o desempenho do dólar ante uma cesta
de seis moedas, subia 0,20%, a 80,41 pontos, enquanto o euro, principal
integrante dessa cesta, recuava 0,35%, a US$ 1,292.
PERSPECTIVA CÂMBIO E JUROS: DIs sobem com inflação e dado positivo nos EUA
São Paulo, 7 de dezembro de 2012 - Os contratos de Depósito
Interfinanceiro (DI) encerraram o pregão de hoje na BM&FBovespa em alta,
recuperando parte das perdas da última sessão e refletindo os dados de
inflação divulgados mais cedo, bem como indicadores demonstrando melhora da
situação econômica nos Estados Unidos e a reafirmação de Alexandre Tombini,
presidente do Banco Central, de que a Selic (taxa básica de juros) será
mantida por tempo prolongado.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Indice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - indicador oficial de inflação
do País -, que mostrou aceleração para 0,60% em novembro, acima da taxa de
0,59% registrada em outubro. O mercado estimava que a inflação medida pelo
IPCA fosse de 0,50%, em novembro, segundo a mediana das projeções do
Termômetro CMA, pesquisa feita com instituições de mercado com as estimativas
para os principais indicadores econômicos do País.
"O IPCA veio acima das expectativas devido ao setor de serviços. Ainda
tivemos dados positivos do mercado norte-americano, com uma taxa de desemprego
em queda inesperada. Esses fatores posicionaram os DIs", avalia Luciano
Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB.
Soma-se a isso o fato de o presidente do Banco Central reiterar a
informação constante na ata da reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom) de que a entidade manterá a Selic (taxa básica de juros) no patamar
atual - de 7,25% ao ano -, contrariando expectativas de novos cortes. Os
contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) registram alta no pregão de hoje da
BM&FBovespa.
Lá fora, a economia dos Estados Unidos gerou 146 mil empregos em novembro e
a taxa de desemprego diminuiu para 7,7% durante o período, de 7,9% um mês
antes. Analistas esperavam a criação de 90 mil vagas e a manutenção na taxa
de desemprego. Em outubro, foram criados 138 mil postos de trabalho, segundo
números revisados.
Diante deste cenário, o título para janeiro 2014 subiu de 6,91% para 7% e
era o mais líquido, com movimentação de R$ 85.052 bilhões. Em seguida ficou
o contrato para janeiro de 2015, que avançou de 7,42% para 7,51%, com giro de
R$ 22,254 bilhões.
No curto prazo, o DI com vencimento em julho de 2013 saiu de 6,92% para
7,01%, girando R$ 20,744 bilhões. Entre os DIs com vencimento no longo prazo, o
contrato para janeiro de 2017 subiu de 8,36% para 8,38%, com movimentação
financeira de R$ 12,499 bilhões.
O número de contratos negociados atingiu 1.934.994, uma queda de 39,4%
quando comparado aos negócios realizados no pregão de ontem. O volume
financeiro somou R$ 169,893 bilhões.
Câmbio
O dólar comercial encerrou as negociações de hoje com valorização de
0,57% a R$ 2,0890 para compra e R$ 2,0910 para venda. Durante o dia a moeda
oscilou entre a mínima de R$ 2,0720 e a máxima de R$ 2,0930. Na semana, a
moeda recuou 1,87%.
"A produção industrial alemã apresentou uma queda inesperada e favoreceu
o dólar frente ao euro, o que se refletiu no movimento por aqui. O mercado
também fez realização de lucros e recomposição de investimentos", aponta
Rostagno.
A produção industrial da Alemanha recuou 2,6% em outubro na comparação
com setembro, quando caiu 1,3% (valor revisado). Os dados ajustados sazonalmente
foram divulgados hoje pelo Ministério de Economia e Tecnologia do país. Em
relação a outubro de 2011, houve um aumento de 3,1% (dado sem ajuste sazonal).
No mercado futuro, o contrato de dólar com vencimento em janeiro de 2013
recuou 0,09%, a R$ 2.082,000 e o contrato com vencimento em fevereiro de 2013
avançava 0,02%, para R$ 2.095,500.
Dado de emprego nos EUA anima e Bovespa ensaia rali
SÃO PAULO - A Bovespa aproveitou o clima positivo nos mercados internacionais
para tentar tirar parte do atraso do ano nesta sexta-feira. Investidores
compraram blue chips e também ações que estavam mais descontadas na semana. Na
ponta vendedora ficaram alguns papéis de energia e também ações com gordura
para queimar neste ano, como Hypermarcas.
Lá fora, a animação veio do indicador de emprego nos EUA, chamado de "payroll",
que mostrou uma geração de 146 mil empregos em novembro nos Estados Unidos,
acima da previsão de criação 80 mil vagas feita por economistas.
Mas Wall Street reduziu a empolgação, especialmente após o presidente da Câmara
dos Representantes, o republicano John Boehner, acusar o presidente Barack
Obama de conduzir "lentamente" a economia para a beira do "abismo fiscal". Ele
afirmou que não foi obtido nenhum avanço nas negociações para evitar a entrada
em vigor de uma série de aumentos nos impostos e cortes nos gastos programados
para o início de 2013.
O Ibovespa fechou em alta de 1,44%, aos 58.487 pontos. Desta forma, a bolsa
brasileira acumula ganho de 1,76% em dezembro, mas sobe apenas 3,05% no ano. Em
Nova York, próximo do fechamento, o índice Dow Jones subia 0,62%, o Nasdaq caía
0,38% e o S&P 500 avançava 0,27%.
"O mercado está tentando corrigir um pouco do atraso da Bovespa, enquanto as
bolsas americanas estão esticadas", avaliou um operador. Ele lembrou ainda que
parte dessa "animação" pode ser reflexo da proximidade do vencimento de opções
sobre índice e Ibovespa Futuro, na quarta-feira (12).
O volume financeiro voltou a ser fraco, de apenas de R$ 5,577 bilhões. Ou seja,
a meia hora a mais de pregão que a Bovespa implementou nesta semana não trouxe
vantagens em termos de liquidez. A medida tem como objetivo reduzir a janela
entre o funcionamento da bolsa brasileira e Wall Street, que chegava a duas
horas antes da alteração do horário. Conforme o balanço mensal divulgado ontem
pela BM&FBovespa, a média diária em novembro foi de R$ 6,6 bilhões, a mesma de
outubro, embora o volume total tenha caído 14% devido ao maior número de
feriados no mês passado.
Sem grandes notícias relevantes no dia, os investidores compraram ações que
estavam mais atrasadas ou que caíram forte nesta semana. É o caso de Usiminas
ON (5,26%) e PNA (4,54%), MMX ON (4,61%) e Gol PN (3,63%).
O setor de construção avançou novamente, ainda embalado pelas medidas
anunciadas esta semana pelo governo, de desoneração da folha de pagamentos.
Gafisa ON (6,55%) liderou os ganhos do Ibovespa, PDG Realty ON teve alta de
4,41, MRV ON ganhou 2,01% e Rossi ON teve alta de 1,86%.
Depois de uma abertura negativa, Bradesco PN (0,05%) e Itaú PN (0,18%),
encerraram com altas moderadas, enquanto Banco do Brasil ON avançou 2,14% e
Santander Unit teve alta de 0,62%. O Tribunal Regional do Trabalho da 2 Região
suspendeu as demissões sem justa causa feitas pelo Santander na cidade de São
Paulo e região metropolitana nos últimos dias, segundo liminar deferida no fim
da tarde de quinta-feira.
O Santander informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que realizou esta
semana "algumas mudanças organizacionais que levaram a uma redução de cerca de
1.000 pessoas de seu quadro de funcionários". O banco não determina em que
regiões tais demissões foram feitas. Segundo as entidades sindicais, as
demissões passariam de 2 mil pessoas em todo o país.
Na ponta negativa do Ibovespa ficaram algumas elétricas: Eletropaulo PN
(-0,89%), Eletrobras ON (-0,74%) e CPFL ON (-0,49%). E também ações que estão
com grandes ganhos no ano, como Hypermarcas ON (-0,69%) e Ambev PN (-0,49%),
que acumulam altas de 83,7% e 33,4% em 2012, respectivamente. Nenhum papel do
índice caiu mais de 1% hoje.
Fora do Ibovespa, mereceram atenção Time For Fun ON (-6,66%), Equatorial ON
(4,22%, a R$ 17,51) e Telebrás PN (14,32%).
A companhia de entretenimento sofreu com o que está sendo chamado nas mesas de
operação de "efeito Madonna". Os shows da popstar no Brasil, promovidos pela
T4F, não têm conseguido lotar os estádios onde estão sendo realizados. Há
poucas semanas atrás, Lady Gaga, também trazida ao Brasil pela T4F, enfrentou o
mesmo problema.
A Equatorial fechou há poucos minutos sua oferta primária de ações, ao preço de
R$ 16,00 por ação, um desconto de 9,4% em relação ao preço de mercado. E a
Telebrás anunciou a ativação de 4,6 mil quilômetros da rede de fibras ópticas
interligando nove Estados da região Nordeste a Brasília.
PERSPECTIVA SEMANAL: Ata do Fed e Grécia vão estar na rota dos investidores
São Paulo, 7 de dezembro de 2012 - A expectativa para o Ibovespa, principal
índice da BM&FBovespa, continua nebulosa, mesmo depois de registrar alta
semanal de 1,76%. A indefinição entre os partidos Democrata e Republicano para
o desenrolar do abismo fiscal nos Estados Unidos e a falta de uma sequência de
indicadores externos positivos têm freado o tradicional de fim de ano no
mercado acionário brasileiro. Na próxima semana, as previsões da Ata do
Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e as reuniões na Europa
que vão definir o rumo da Grécia vão guiar as decisões dos investidores.
O destaque da próxima semana será o anúncio da decisão de política
monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que
acontecerá na quarta-feira à tarde. No mesmo período, Ben Bernanke,
presidente do Fed, falará à imprensa sobre as perspectivas para a economia
norte-americana. "Essas projeções de crescimento do PIB [Produto Interno
Bruto] e mercado de trabalho são primordiais para os investidores", salienta
Nastássia Romanó, economista da Omar Camargo Corretora.
Perto do fim da semana, o indicador de criação de postos de trabalho e
taxa pedidos de seguro-desemprego vão ser o termômetro dos pregões nas
principais bolsas do mundo, e no dia seguinte, a produção industrial das
companhias norte-americanas será importante para avaliar a evolução da
consumo no país.
Segundo Clodoir Vieira, analista-chefe da corretora Souza Barros, a
injeção de capital externo no País tem diminuído gradativamente, e, se
ocorrer alguma melhora, será de maneira lenta. "O mercado aguarda que o
governo grego anuncie na segunda-feira o programa de recompra de títulos para
reduzir a aversão a risco no curto prazo", afirma.
Ainda na Europa, acontecerá na quarta e quinta-feiras a reunião do
Conselho Europeu, que deverá ter como foco a situação político-econômica na
Grécia. A economista da Omar Camargo Corretora pontua que, durante este
encontro, haverá a possibilidade de ser definido um prazo para a liberação de
recursos àquele país. "Se isso acontecer, o cenário melhora para a zona do
euro."
Dentre os indicadores mais importantes, destacam-se os índices dos gerentes
de compras (PMIs, na sigla em inglês) do setor industrial na eurozona e da
Alemanha. Ainda no bloco da eurozona, será informado no meio da semana a
produção industrial do bloco econômico. Na China, novamente o PMI relacionado
ao setor de manufatura influenciará o movimento de ações da mineradora Vale
e das principais empresas brasileiras exportadoras de commodities.
Para a economista da Omar Camargo, o boletim Focus, do Banco Central (BC),
será um importante indicador de como estarão as previsões das principais
instituições financeiras do País para o PIB e o Indice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA), após a divulgação desses indicadores que
mostraram a evolução da inflação. Na quinta, as vendas do varejo aferidas
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
CONTRATO DE ARÁBICA NA ICE JÁ ACEITA BRASIL
A criação de mais postos de trabalhos do que esperado nos Estados Unidos para o mês de novembro teve impacto menos positivo do que as revisões para baixo de números dos meses anteriores, assim como a resposta negativa da confiança do consumidor depois do furacão Sandy.
Na Europa o crescimento menor da Alemanha e taxas inflacionárias mais baixas para a os países da moeda comum, indicam nova queda dos juros para a região – fatores que enfraqueceram o euro na semana.
O mercado acionário continua de olho nas discussões do congresso americano sobre o abismo fiscal, e seu efeito já é sentido para algumas ações que tiveram bom desempenho nos últimos anos. Isto porque mesmo com indefinições, muitos investidores esperam uma alíquota de impostos maior tanto para dividendos como para ganhos de capital, portanto é melhor por no bolso lucros até o fim de 2012.
Os principais índices de commodities caíram um pouco nas últimas semanas, sendo que do dia 16 de novembro até sexta-feira dia 7 de dezembro o café esteve entre as que mais perderam junto com gás natural, gasolina, óleo de aquecimento e petróleo.
O contrato do arábica em Nova Iorque tem conseguido se manter ao redor de US$ 150 centavos por libra, fazendo movimentos de alta provocados por cobertura de posição vendida dos fundos. Tão logo os preços sobem, acabam encontrando origens ávidas na venda, que levam as cotações para baixo novamente.
O robusta por ora respeita os 1850 dólares por tonelada, nível que se rompido pode atrair vendas de especuladores, e eventualmente mudar a atitude retraída nas vendas de Vietnã e Indonésia.
No mercado físico a movimentação só acontece com as altas do terminal, muito embora os diferenciais para os naturais tenham enfraquecido mesmo com a bolsa ficando “de lado”.
A demanda no spot tem tido destaque maior nos Estados Unidos, já que os torradores tem conseguido comprar diferenciais mais atrativos e esperam um barateamento no basis pois vêem um volume de café aumentando na mãos de praticamente todas as origens.
Nesta semana o CECAFE informou que no mês de novembro, 2.98 milhões de sacas foram exportadas pelo Brasil, acumulando o volume do atual ano-safra (que começou em julho) em 12,695 milhões, ou 10% a menos do que o ano passado. Isto não se esquecendo de que a safra corrente é maior do que a anterior, e vale mencionar que há bastante café sendo negociado ainda da safra 11/12. A leitura inevitavelmente acaba sendo negativa para os diferenciais, que creio deve abrir (ficar mais negativos) no primeiro trimestre de 2013.
A OIC também divulgou dados das exportações mundiais até outubro, e os números dos últimos doze meses apontam um aumento total de volume em 4.5% , sendo que o robusta aumentou 16.2% no período.
Outra informação importante divulgada por uma das maiores tradings do ramo, é que a importação entre janeiro e agosto de 2012 na União Européia foi de 0.8%, com o Vietnã pela primeira vez passando o Brasil em 200 mil sacas (8.6 milhões e 8.4 milhões respectivamente).
Está difícil ficar muito otimista para a recuperação dos preços do terminal, principalmente depois de termos visto o alargamento do spread entre os contratos de dezembro e março na ICE (que chegaram a incríveis 9 centavos de desconto), e o constante incremento dos estoques certificados do arábica. O contrato presente, março de 2013, já aceitará a entrega dos “não-naturais” brasileiros, assim como contempla penalidades maiores aos cafés velhos (motivo principal da abertura do spread).
Vai ser interessante acompanhar as certificações de Brasil, que acontecerão naturalmente – sem trocadilho aqui, por favor. Isto não significa que quem certifica entregará, óbvio, pois comercialmente a entrega de cafés semi-lavados não faz sentido acontecer a 9 centavos de desconto in-store .
Parece que o mercado em Nova Iorque continuará dentro do intervalo entre 140 e 160 centavos por algum tempo – salvo se o Real brasileiro voltar a testar as mínimas de maio de 2009 ou se (sabe-se lá porque) os fundos resolverem ficar comprados.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos.
De Dubai,
Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
CNC - BALANÇO SEMANAL — 03 a 07/12/2012
Setor busca novos mecanismos para comercialização do café e negocia com o governo medidas de suporte frente aos atuais preços aviltantes. No mercado, os fundos, com perigosa exposição vendida, realizaram recompras e sustentaram ganhos no acumulado da semana.
NOVA PLATAFORMA COMERCIAL — Na quarta-feira (05), o Conselho Nacional do Café (CNC) organizou uma audiência, em sua sede de Brasília (DF), com representantes da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da BM&FBOVESPA e das regiões produtoras do País. Na oportunidade, o diretor de Commodities da Bolsa, Ivan Wedekin, apresentou uma nova plataforma comercial para o café, embasada em negociações de mercado futuro.
Após debater a ideia com os presentes, entendemos que não se trata de uma ferramenta para sanar os baixos preços praticados pelo mercado atualmente, mas que terá grande valia, pois será possível trabalhar com travas de preço, de maneira que o produtor já tenha ciência de quanto receberá por seu café. Esse plataforma está agora em processo de ajustes finais e deveremos apresentá-la em breve.
PROTEÇÃO AO PRODUTOR — Na quinta-feira (06), em conjunto com opresidente da Comissão do Café da CNA, Breno Mesquita, participamos de audiência com o secretário-adjunto de Política Agrícola da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, João Rabelo, e com os secretários Executivo e de Produção e Agroenergia, José Carlos Vaz e Gerardo Fontelles, respectivamente, e o diretor do Departamento do Café do Mapa, Edilson Alcântara. A audiência teve como objetivo a adoção de medidas que deem suporte financeiro aos produtores para que não tenham que vender o produto aos baixos preços atuais para honrar parcelas de estocagem e demais linhas de financiamento.
De acordo com compromisso assumido em reuniões prévias realizadas nos dias 21 de novembro e 4 de dezembro, o secretário José Carlos Vaz explicou nossas propostas ao Ministério da Fazenda, reforçando a necessidade de que medidas emergenciais sejam adotadas no que diz respeito a reescalonamento dos recursos do Funcafé e demais mecanismos de garantia de renda.
Foi discutida a possibilidade de acordo no sentido de se contemporizar os vencimentos das linhas do Funcafé que ocorram nos meses de dezembro e janeiro até que o mercado chegue a um nível referencial e mesmo a possibilidade do adiamento desses pagamentos, o que será confirmado na semana que vem.
Após as tratativas, definiu-se, ainda, que os representantes do governo federal elaborarão um voto, objetivando o remanejamento dos recursos das várias linhas do Funcafé — haja vista que algumas estão com demanda reprimida enquanto outras se encontram com recursos disponíveis, porém sem demanda —, o qual será encaminhado para apreciação do Conselho Monetário Nacional (CMN).
MERCADO — Após várias tentativas de rompimento dos suportes que vieram abaixo de US$ 1,50 por libra peso, os fundos acabaram, no pregão desta sexta-feira (07), realizando recompras que fizeram o contrato março se recuperar. O movimento evidenciou a alta e perigosa exposição vendida dos fundos, que, não encontrando respaldo por parte dos produtores, os quais tem se mantido fora do mercado nos níveis praticados nas últimas semanas, tiveram dificuldade em recomprar suas posições, o que levou a uma alta rápida no pregão de hoje e consolidou os ganhos na semana.
De fato, conforme temos alertado em nossas análises, as baixas que tem sido registradas não encontram respaldo nos fundamentos do mercado. Corroborando com nossa visão, está o diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Robério Silva. Em entrevista concedida durante o Encafé, ele observou que há um ajuste “precário” entre oferta e demanda, tendo em vista que a produção mundial em 2011/12 foi indicada pela entidade em 134,5 milhões de sacas, com o consumo situando-se em 139 milhões de sacas em 2011, o que levou a um déficit de oferta de 4,5 milhões de sacas.
Em seu último relatório mensal, a Organização indicou que, na temporada cafeeira 2012/13, a produção deverá ficar em aproximadamente 146 milhões de sacas. Com o consumo projetado em 142 milhões de sacas, o superávit na oferta ficaria em torno de 4 milhões de sacas, o que apenas cobriria o déficit do ano safra anterior.
Segundo Robério, os estoques dos países consumidores permanecem em torno de 20 milhões de sacas nos últimos quatro anos, não sofrendo grandes alterações. O que ele admite afetar o mercado é a crise macroeconômica, com os problemas em países europeus destacadamente, mas também com o crescimento econômico complicado nos Estados Unidos, China e outras nações, fato que prejudica as commodities como um todo, incluindo o café. “A disponibilidade de financiamentos das empresas foi bem afetada”, alertou.
Ainda assim, o executivo da OIC acredita que, como não há mudanças nos fatores fundamentais, em “algum momento o mercado vai reverter essa situação”, o que, conforme ele, não deverá demorar. Entretanto, Robério Silva preferiu não arriscar o potencial de reversão que as cotações na Bolsa de Nova York, por exemplo, podem registrar.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo do CNC