Páginas

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A economia da felicidade por Jeffrey D. Sachs

A economia da felicidade por Jeffrey D. Sachs
Vivemos em tempos de altas ansiedades. Apesar de o mundo usufruir de uma riqueza total sem precedentes, também há ampla insegurança, agitação e insatisfação. Nos Estados Unidos, uma grande maioria dos americanos acredita que o país está "no caminho errado". O pessimismo está nas alturas. O mesmo vale para muitos outros lugares.Tendo essa situação como pano de fundo, chegou a hora de reconsiderar as fontes básicas de felicidade em nossa vida econômica. A busca incansável de rendas maiores vem nos levando a uma ansiedade e iniquidade sem precedentes, em vez de nos conduzir a uma maior felicidade e satisfação na vida. O progresso econômico é importante e pode melhorar a qualidade de vida, mas só se o buscarmos junto com outras metas.Nesse sentido, o Reino do Butão vem mostrando o caminho. Há 40 anos, o quarto rei do Butão, jovem e recém-entronado, fez uma escolha notável: o Butão deveria buscar a "Felicidade Nacional Bruta" (FNB), em vez do Produto Nacional Bruto (PNB). Desde então, o país vem experimentando uma abordagem alternativa e holística em relação ao desenvolvimento, que enfatiza não apenas o crescimento da economia, mas também a cultura, saúde mental, compaixão e comunidade.Dezenas de especialistas reuniram-se recentemente na capital do Butão, Thimbu, para fazer um balanço sobre o desempenho do país. Fui um dos coanfitriões, com o primeiro-ministro do Butão, Jigme Thinley, um líder em desenvolvimento sustentável e grande defensor do conceito de "FNB". A reunião ocorreu na esteira da declaração de julho da assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que convocou os países a avaliar como as políticas nacionais podem promover a felicidade em suas sociedades.Devemos sim apoiar o desenvolvimento e crescimento econômico, mas apenas dentro de um contexto mais amplo: um contexto que promova a sustentabilidade ambiental e os valores da compaixão e honestidade, necessários para criar a confiança social. Todos os que se reuniram em Thimbu concordaram sobre a importância de buscar a felicidade em vez da renda nacional. A questão que examinamos é como alcançar a felicidade em um mundo caracterizado pela rápida urbanização, meios de comunicação de massa, capitalismo global e degradação ambiental. Como nossa vida econômica pode ser reordenada para recriar um senso de comunidade, confiança e sustentabilidade ambiental?Estas foram algumas das conclusões iniciais. Primeira, não devemos menosprezar o valor do progresso econômico. Há sofrimento quando as pessoas passam fome, quando são privadas do atendimento de necessidades básicas, como água potável, atendimento médico e educação, ou empregos dignos.Segunda, a busca contínua do PNB, sem levar em conta outros objetivos, tampouco é caminho para a felicidade. Nos EUA, o PNB subiu acentuadamente nos últimos 40 anos, mas a felicidade, não. Em vez disso, a busca obstinada do PNB levou a grandes desigualdades de riqueza e poder - alimentadas pelo crescimento de uma grande subclasse --, aprisionou milhões de crianças na pobreza e provocou grave degradação ambiental.Terceira, a felicidade é alcançada por meio de uma abordagem de vida equilibrada, entre indivíduos e sociedade. Como indivíduos, somos infelizes quando nos é negado o atendimento de necessidades básicas materiais, mas também somos infelizes se a busca por rendas maiores substitui nosso foco na família, amigos, comunidade, compaixão e equilíbrio interno. Como sociedade, uma coisa é organizar políticas econômicas para manter os padrões de vida em alta, mas outra bem diferente é subordinar todos os valores da sociedade à busca do lucro.A política nos EUA, contudo, permitiu cada vez mais que os lucros empresariais dominassem todas as outras aspirações: igualdade, justiça, confiança, saúde física e mental e sustentabilidade ambiental. As contribuições de empresas a campanhas corroem cada vez mais o processo democrático, com a benção da Corte Suprema dos EUA.Quarta, o capitalismo global apresenta muitas ameaças diretas à felicidade. Está destruindo o ambiente com as mudanças climáticas e outros tipos de poluição, enquanto um fluxo incansável de propaganda da indústria petrolífera leva muitas pessoas a desconhecer o problema. Isso enfraquece a estabilidade mental e confiança social, com a incidência de depressões clínicas aparentemente em alta. Os meios de comunicação de massa se tornaram meio de distribuição de "mensagens" empresariais em grande parte abertamente contra a ciência, enquanto os americanos sofrem de um número cada vez de vícios de consumo.Consideremos como as lanchonetes de refeições rápidas usam óleos, gorduras, açúcares e outros ingredientes viciantes que criam uma dependência, prejudicial à saúde, em relação a alimentos que contribuem para a obesidade. Cerca de 30% dos americanos são obesos na atualidade. O resto do mundo acabará seguindo o mesmo caminho, a menos que os países restrinjam práticas empresariais perigosas, como a publicidade, voltada a crianças, de alimentos viciantes e prejudiciais à saúde.O problema não está apenas nos alimentos, a publicidade voltada às grandes massas contribuiu para muitos outros vícios de consumo, que implicam em altos custos à saúde pública, incluindo o hábito de ver televisão em excesso, apostas, uso de drogas, fumo e alcoolismo.Quinta, para promover a felicidade, precisamos identificar os muitos fatores além do PNB que podem melhorar ou piorar o bem-estar de uma sociedade. A maioria dos países investe para calcular o PNB, mas pouco gasta para identificar as fontes da má situação da área de saúde (como o fast-food e o tempo excessivo em frente à TV), o declínio da confiança social e a degradação ambiental. Uma vez que compreendamos esses fatores, teremos condições de agir.A busca insana pelos lucros empresariais ameaça a todos nós. Naturalmente, devemos apoiar o desenvolvimento e crescimento econômico, mas apenas dentro de um contexto mais amplo: um contexto que promova a sustentabilidade ambiental e os valores da compaixão e honestidade, necessários para criar a confiança social. A busca da felicidade não deveria ficar confinada ao belo reino montanhoso do Butão. Jeffrey D. Sachs é professor de Economia e diretor do Instituto Terra, da Columbia University. É também assessor especial do secretário-geral das Nações Unidas sobre as Metas de Desenvolvimento do Milênio.

Café volta a ter bons ganhos na ICE e pode buscar os 300,00 - 29/08

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta segunda-feira com fortes ganhos, em mais uma ação de continuidade de compras, que já se estende por mais de duas semanas na bolsa norte-americana.

O dia foi caracterizado por ações compradoras de especuladores e de fundos, ao passo que as origens, notadamente as brasileiras, continuam demonstrando pouco apetite vendedor, o que dá sustentação para os ganhos na bolsa. Os níveis de preço alcançados na casa de comercialização nova-iorquina atingiram os melhores níveis desde maio e alguns operadores já avaliam a possibilidade de o nível de 300,00 centavos ser testado.

O fechamento da sessão se deu próximo das máximas do dia, o que, na visão de traders, também é uma sinalização de força. As médias móveis de curto e de longo prazo estão conseguindo ser superadas, o que também é uma sinalização altista, sendo que, passo a passo, o mercado vem conseguindo ampliar seus níveis de cotação. Fundamentalmente, o mercado continua a verificar uma escassez de notícias.

A questão climática no Brasil praticamente está descartada, sendo que várias regiões do país registram temperaturas dignas de verão, totalmente atípicas para um agosto. Por sua vez, a Colômbia não demonstra maiores preocupações climáticas e o Vietnã não apresenta novidades no que se refere aos atrasos nos embarques.

O mercado externo também contribuiu para o bom desempenho das cotações do café. As bolsas de valores dos Estados Unidos tiveram um dia de ganhos consistentes, ao passo que o dólar voltou a demonstrar fraqueza em relação a uma cesta de moedas internacionais.

No encerramento do dia, o dezembro em Nova Iorque teve alta de 525 pontos com 284,45 centavos, sendo a máxima em 284,75 e a mínima em 279,90 centavos por libra, com o março registrando oscilação positiva de 525 pontos, com a libra a 286,95 centavos, sendo a máxima em 287,00 e a mínima em 282,00 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, não se verificou sessão, por conta do feriado bancário de primavera.

De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado pela força dos preços. A abertura do dia se deu na mínima registrada, sendo que, escalonadamente, os ganhos foram se consolidando, se tornando ainda mais incisivos na segunda parte da sessão. "Tivemos uma continuidade do clima favorável verificado ao longo das últimas sessões. O café demonstra uma retomada do cenário de força e poderemos, sim, buscar níveis mais altos, rompendo resistências mais fortes", disse um trader.

As cotações na ICE tendo a ficar firmes, em torno do nível de 300,00 centavos, por conta da demanda do grão. A opinião é de Emmanuel Drivas, co-fundador e diretor da The Coffee Club, maior rede de cafeterias da Austrália. Para ele, a forte procuara por café de alta qualidade, em especial nos mercados emergentes, como China e Índia, deve continuar a sustentar as cotações em alta. Para Drivas, o café é visto como um produto sofisticado. "É isso que está elevando a demanda nos mercados asiáticos."

Drew Geraghty, broker da Icap Futures, disse que é possível que o mercado possa, novamente, buscar os 300,00 centavos por libra peso, no curto prazo, principalmente se o Brasil mantiver sua atividade vendedora de forma limitada e também por conta da aproximação do inverno no hemisfério norte, período em que, tradicionalmente, se verifica uma maior demanda por grãos no mercado internacional. Os futuros de café arábica tiveram um ganho de 20% desde o último dia 8 de agosto.

As exportações de café do Brasil em agosto, até o dia 26, somaram 2.195.845 sacas, contra 1.747.270 sacas registradas no mesmo período de setembro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 2.000 sacas, indo para 1.468.595 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 11.510 lotes, com as opções tendo 2.645 calls e 2.948 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 284,75, 284,90-285,00, 285,50, 286,00, 286,50, 287,00, 287,50, 288,00, 288,50 e 289,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 279,90, 279,50, 279,00, 278,50, 278,00, 277,50, 277,00, 276,50, 276,00, 275,50 e 275,10-275,00 centavos por libra.