Café, 2.015 o que
esperar?
O ano de 2.014 será lembrado como a maior seca que a
cafeicultura moderna viu.
Nada foi igual, estudado e comentado.
A seca inaugurou como o poder da força da mídia pode
alavancar uma notícia, houve largas publicações de estudos fisiológicos e desta
forma tivemos várias aulas gratuitas e aprendemos muito, e agradeço assim aos
grandes mestres brasileiros que se expuseram e nos passaram seus conhecimentos.
O mercado que estava sensível a tudo precificou rapidamente
e vimos o preço subirem em uma velocidade alucinante, e desta forma tivemos o
2.014 com preços médios remunerativos, alguns ainda o acham pouco, mas esquecem
da ultima tendência de baixa assistido por todos de 2.011 a 2.013.
Novamente os preços acima da média histórica trazem novos
investimentos e assim vimos todo ciclo se repetir, mas novamente vimos o
mercado se moldar a esta anomalia climática com uma solução que também foi
usada na ultima tendência de alta, o aumento do uso dos cafés robustos nos
blends.
Esta nova forma de consumo de café, que só amenta, é hoje o
grande vilão do mercado cafeeiro, a produção deste tipo de café, é mais barata,
o rendimento na indústria é maior e o consumo mundial não para de crescer,
portanto uma realidade dura para como diria um amigo, os arábicos.
A alta tão alardeada na mídia, com alvos estratosféricos
onde alguns especialistas acreditavam em $3,00 por libra e até acima, eu mesmo
acreditei por certo período, teve como grande inimigo a troca no blend pela
indústria por cafés robusta, portanto a possível falta de arábica ficou em
xeque, tivemos a precificação da quebra da safra por causa da seca, fato
inegável, mas trouxe a tona também a falta de estrutura da centenária
cafeicultura nacional, onde tínhamos uma falta de café eminente, teve a
indústria nacional abastecida, e uma exportação acima do normal, e ainda temos
cafés estocados, esta conclusão que os produtores nacionais não colhem a
quantidade por hectare divulgada, sendo a produção uma quantidade bem acima, desta
forma o parque cafeeiro nacional possui um potencial produtivo ainda desconhecido,
deixando assustados os mais otimistas dos traders.
O clima a vedete do mercado de 2.014 ainda esta em voga,
podemos ter uma nova seca, portanto os problemas climáticos que algum tempo atrás,
não muito tempo assim, parecia que não nos atingiria nunca, bate a nossa porta
a cada dia, este fator, o climático, ainda trará volatilidade ao mercado nos
próximos anos, será de agora em diante um fator sempre levado em forte
consideração nas análises, mas como a cafeicultura do norte paranaense que já
foi o grande centro produtor na década de 1.960 até meados de 1.970, e teve sua
pá de cal por problemas climáticos, à produção de arábica em minas correm
sérios riscos se repetir a seca deste ano de 2.014, a cada seca o
robusta/conilon aumenta sua área, sua tecnologia, sua produtividade, sua
lucratividade, portanto tem que se levar muito a sério o que acontece hoje na
cafeicultura, como diria um poeta, É preciso saber viver...
Teremos no primeiro semestre de 2.015 realmente uma
diminuição de estoques no Brasil, o que traz tensão ao mercado, mas não
acredito que faltará produto, temos uma grande crise na economia nacional,
ajustes já anunciados para o segundo mandato do governo PT, temos a crise
mundial partindo para um segundo round, a crise mundial agora é disputa por
vender petróleo, a mãe das comodites, o preço cai violentamente no mercado
internacional, o que provoca uma grande saída dos fundos da ponta compradora,
são fundos que investem o que o mercado chama de cestas de comodites, esta
saída provoca falta de liquidez o mercado logicamente atingindo o café também.
Rússia anunciando ajustes, Brasil anunciando ajustes, China
desacelerando, Europa ainda não encontrou a fórmula, portanto economicamente
não temos nada a favor do mercado do nosso cafezinho.
As bolsas começa o ano em queda, deverá se manter assim até
fevereiro onde teremos a troca do contrato hoje o vigente é o março, neste
período entrará em vigor o maio, acredito que neste período estaremos sobre
vendidos e a safra dos países produtores acima da linha do Equador já tenha
sido praticamente comercializada, assim teremos um repique nos preços, neste
período também já teremos a safra 2.015 brasileira melhor avaliada.
Alvos gráficos hoje se mostra que iremos buscar entre 1,30 a
1,4 centos de dólar de libra peso, para depois termos um repique.
O dólar fica como a variante da esperança, pois sua
tendência alta no mercado internacional e nacional mostra como acalanto ao
produtor, diminuindo uma dura realidade que bate a porta.
Tivemos nos últimos anos, recuperação de lavouras, tratos
culturais melhores, aumento de área plantada e de produtividade, no futuro bem
próximo o mercado irá precificar este investimento e uma nova crise será
instalada na cafeicultura.
Ainda temos tempo para prudência e ação, ou seja, o produtor
ainda pode procurar algum tipo de seguro no mercado que deixe sua lavoura
remunerativa para os próximos dois anos e garantindo sua sobrevivência, pois o
tempo do salve se quem puder esta chegando.
Wagner Pimentel
www.cafezinhocomamigos.blogspot.com