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sábado, 3 de janeiro de 2015

Café, 2.015 o que esperar?

O ano de 2.014 será lembrado como a maior seca que a cafeicultura moderna viu.
Nada foi igual, estudado e comentado.
A seca inaugurou como o poder da força da mídia pode alavancar uma notícia, houve largas publicações de estudos fisiológicos e desta forma tivemos várias aulas gratuitas e aprendemos muito, e agradeço assim aos grandes mestres brasileiros que se expuseram e nos passaram seus conhecimentos.
O mercado que estava sensível a tudo precificou rapidamente e vimos o preço subirem em uma velocidade alucinante, e desta forma tivemos o 2.014 com preços médios remunerativos, alguns ainda o acham pouco, mas esquecem da ultima tendência de baixa assistido por todos de 2.011 a 2.013.
Novamente os preços acima da média histórica trazem novos investimentos e assim vimos todo ciclo se repetir, mas novamente vimos o mercado se moldar a esta anomalia climática com uma solução que também foi usada na ultima tendência de alta, o aumento do uso dos cafés robustos nos blends.
Esta nova forma de consumo de café, que só amenta, é hoje o grande vilão do mercado cafeeiro, a produção deste tipo de café, é mais barata, o rendimento na indústria é maior e o consumo mundial não para de crescer, portanto uma realidade dura para como diria um amigo, os arábicos.
A alta tão alardeada na mídia, com alvos estratosféricos onde alguns especialistas acreditavam em $3,00 por libra e até acima, eu mesmo acreditei por certo período, teve como grande inimigo a troca no blend pela indústria por cafés robusta, portanto a possível falta de arábica ficou em xeque, tivemos a precificação da quebra da safra por causa da seca, fato inegável, mas trouxe a tona também a falta de estrutura da centenária cafeicultura nacional, onde tínhamos uma falta de café eminente, teve a indústria nacional abastecida, e uma exportação acima do normal, e ainda temos cafés estocados, esta conclusão que os produtores nacionais não colhem a quantidade por hectare divulgada, sendo a produção uma quantidade bem acima, desta forma o parque cafeeiro nacional possui um potencial produtivo ainda desconhecido, deixando assustados os mais otimistas dos traders.
O clima a vedete do mercado de 2.014 ainda esta em voga, podemos ter uma nova seca, portanto os problemas climáticos que algum tempo atrás, não muito tempo assim, parecia que não nos atingiria nunca, bate a nossa porta a cada dia, este fator, o climático, ainda trará volatilidade ao mercado nos próximos anos, será de agora em diante um fator sempre levado em forte consideração nas análises, mas como a cafeicultura do norte paranaense que já foi o grande centro produtor na década de 1.960 até meados de 1.970, e teve sua pá de cal por problemas climáticos, à produção de arábica em minas correm sérios riscos se repetir a seca deste ano de 2.014, a cada seca o robusta/conilon aumenta sua área, sua tecnologia, sua produtividade, sua lucratividade, portanto tem que se levar muito a sério o que acontece hoje na cafeicultura, como diria um poeta, É preciso saber viver...
Teremos no primeiro semestre de 2.015 realmente uma diminuição de estoques no Brasil, o que traz tensão ao mercado, mas não acredito que faltará produto, temos uma grande crise na economia nacional, ajustes já anunciados para o segundo mandato do governo PT, temos a crise mundial partindo para um segundo round, a crise mundial agora é disputa por vender petróleo, a mãe das comodites, o preço cai violentamente no mercado internacional, o que provoca uma grande saída dos fundos da ponta compradora, são fundos que investem o que o mercado chama de cestas de comodites, esta saída provoca falta de liquidez o mercado logicamente atingindo o café também.
Rússia anunciando ajustes, Brasil anunciando ajustes, China desacelerando, Europa ainda não encontrou a fórmula, portanto economicamente não temos nada a favor do mercado do nosso cafezinho.
As bolsas começa o ano em queda, deverá se manter assim até fevereiro onde teremos a troca do contrato hoje o vigente é o março, neste período entrará em vigor o maio, acredito que neste período estaremos sobre vendidos e a safra dos países produtores acima da linha do Equador já tenha sido praticamente comercializada, assim teremos um repique nos preços, neste período também já teremos a safra 2.015 brasileira melhor avaliada.
Alvos gráficos hoje se mostra que iremos buscar entre 1,30 a 1,4 centos de dólar de libra peso, para depois termos um repique.
O dólar fica como a variante da esperança, pois sua tendência alta no mercado internacional e nacional mostra como acalanto ao produtor, diminuindo uma dura realidade que bate a porta.
Tivemos nos últimos anos, recuperação de lavouras, tratos culturais melhores, aumento de área plantada e de produtividade, no futuro bem próximo o mercado irá precificar este investimento e uma nova crise será instalada na cafeicultura.
Ainda temos tempo para prudência e ação, ou seja, o produtor ainda pode procurar algum tipo de seguro no mercado que deixe sua lavoura remunerativa para os próximos dois anos e garantindo sua sobrevivência, pois o tempo do salve se quem puder esta chegando.

Wagner Pimentel
www.cafezinhocomamigos.blogspot.com




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