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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

PANORAMA SIMILAR INDICA MAIS ALTAS PELA FRENTE

Os índices inflacionários americanos, divulgados durante a semana, mostraram que a indústria não está repassando aos consumidores os preços crescentes dos alimentos e de energia, calando temporariamente os que criticam o banco central americano por estar injetando dinheiro na economia. Já na China, a alta inflação ainda não convenceu o governo a incrementar os juros internos, talvez pelo receio de atrair mais capital ao país, ou por crer que os aumentos recentes do compulsório sejam suficientes para conter o aquecido consumo.

Na quinta-feira o CFTC (órgão regulador dos mercados futuros americanos) postergou a decisão de impor novos limites de posição à fundos e especuladores, dissipando momentaneamente o medo de haver uma forte liquidação por parte destes participantes, e por consequência ajudando as commodities a subir.

Papai Noel chegou mais cedo e entrega preços mais altos aos produtores de commodities, principalmente os que produzem açúcar, algodão, café e milho, produtos que subiram bem nos últimos 5 dias. O ano de 2010 chega ao fim sendo generoso para os investidores em commodities e ações. Ambas as classes de investimento tiveram uma boa performance na maior parte das regiões, com exceção dos índices de ações dos países que não saíram do noticiário negativo, como por exemplo Grécia (-32%), Irlanda (-13%), Espanha (-24%), Itália (-20%) e Portugal (-12%). Olhando para as commodities que compõe a cesta do CRB, apenas o gás natural e o cacau caíram. Os grandes ganhadores do ano (até sexta-feira) foram o algodão com alta de 98.57%, a prata que subiu 73.07%, o café com ganhos de 65.69%, o milho com 43.91%, e o trigo com 39.75%. Nada mal!

Independentemente da forte alta, a maior parte dos analistas de bancos apontam para um 2011 com mais ganhos para as commodities, o que deve atrair mais dinheiro ao setor. Curioso notar, entretanto, que para o café as previsões são de preços mais baixos, com a “desculpa” do superávit da safra corrente. Nós temos uma visão diferente, dado que o superávit não foi/é suficiente para recompor os estoques dos cafés mais finos, entre outros motivos.

Os contratos futuros de café subiram forte na sexta-feira, e fecharam a semana com alta de US$ 20 por saca em Nova Iorque, US$ 17 por saca em São Paulo e US$ 4.68 em Londres. Tudo indica que o contrato “C” caminha para o seu maior fechamento anual desde 1985, nada menos do que 25 anos – note que em 1997 o mercado chegou a negociar a US$ 318.00 cts (1º mês de negociação) e US$ 277.00 cts (2o mês), mas no último dia útil do ano o ajuste foi de US$ 162.45 centavos e US$ 157.75 centavos respectivamente.

As novas altas em 13 anos e meio que vimos nesta semana refletem a firmeza dos preços no mercado físico. Os diferenciais para os cafés suaves firmaram bem, e no Brasil os produtores mantêm a disciplina de apenas vender com o mercado subindo – e mesmo assim não há volumes tão grandes sendo negociados. Com a demanda externa forte, a situação de emergência na Colômbia provocada pelas enchentes, e com uma boa parte da safra atual da América Central já comercializada, os países produtores não têm pressa em vender seus cafés e estão ainda mais confiantes em preços melhores.

Encerramos o ano com um panorama parecido com o que traçamos no nosso último comentário de 2009, quando falávamos da escassez de cafés de qualidade. A grande diferença é que estávamos em um ano-safra de déficit, e agora temos um ano de superávit liderado pela produção recorde no Brasil. O que acontece é que muito embora sobrará algo em torno de 7 milhões de sacas entre produção e consumo mundial, os estoques de cafés lavados pouco incrementarão. Os naturais brasileiros são os que mais contribuem para a reposição dos estoques, mas os grãos mais finos serão disputados acirradamente.

O barateamento do café robusta (LIFFE) contra o arábica (Nova Iorque) pode forçar uma maior utilização do primeiro, para minimizar o impacto no bolso dos consumidores, e segundo os baixistas não permitir que o mercado suba muito mais. Discordamos do argumento, e o que os diferenciais estão nos mostrando é que Nova Iorque pode subir pelo menos outros 30 centavos por libra. A necessidade de compra dos comerciais, e a oferta de café fino comedida, me faz acreditar que o intervalo de negociação do “C” para 2011 pode ficar entre US$ 200.00 e US$ 280.00 centavos por libra – uma loucura. Outro motivo que me deixa altista é crer que os certificados da ICE, que neste ano caíram quase 1.4 milhões de sacas, devem chegar no fim de 2011 próximo de 300 mil sacas, zerando no ano seguinte. Portanto espero uma convergência cada vez maior entre diferenciais e a bolsa, principalmente via a subida do terminal.

Este é o último relatório do ano de 2010. Voltaremos a publicá-lo no final de semana de 22/23 de janeiro de 2011. Aproveitando o período de Festas, gostaria de desejar aos amigos e leitores desse comentário semanal um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de realizações. O sucesso da Archer Consulting jamais teria sido alcançado sem o prestígio que cada um de vocês nos oferece. Em 2010, o acesso ao site cresceu 225%, com 24.286 visitas de 46 países (China e Índia são 2º e 4º respectivamente) e 159 cidades no Brasil (entre elas, estão Ibaiti, Iperó, Juatuba e Pirapora).

Boas Festas e Feliz 2011 para todos vocês !!
Rodrigo Costa*