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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Com recompras, café fecha dia com alta modesta na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quarta-feira com ganhos modestos, com a posição março operando, ao longo de todo o dia, abaixo do nível de 150,00 centavos por libra peso. Na primeira parte do pregão, a posição março chegou a bater em 150,80 centavos de dólar por libra, mas não conseguiu ampliar as vendas e, assim, testar o primeiro suporte básico. A partir daí, algumas recompras foram empreendidas, sem, contudo, com o patamar de 155,00 centavos ter sido testado. Assim, os ganhos desaceleraram e o fechamento se deu com altas discretas.
Tecnicamente, alguns operadores trabalham com projeções menos desanimadoras para o café se comparadas com aquelas verificadas ao final do ano passado, por exemplo. Esses participantes avaliam que, diante do quadro atual e com o afastamento do março dos suportes recentes, se abre a perspectiva de uma continuidade de compras e de uma correção escalonada, permitindo buscar novos níveis. Alguns operadores avaliam a perspectiva de o nível de 160,00-165,00 centavos ser testado neste primeiro trimestre.
No encerramento do dia, o março em Nova Iorque apresentou alta de 50 pontos, com 153,00 centavos, sendo a máxima em 154,75 e a mínima em 150,80 centavos por libra, com o maio tendo valorização de 50 pontos, com a libra a 155,80 centavos, sendo a máxima em 157,40 e a mínima em 153,55 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição março teve alta de 16 dólares, com 1.969 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 16 dólares, com 1.980 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por ações técnicas, sem um direcionamento mais claro e com o março se posicionando abaixo do nível psicológico de 155,00 centavos. Mesmo assim, com vendas de origens se mostrando apenas pontuais, algumas altas conseguiram ser aferidas, ainda que em escala bastante modesta. "Tivemos um dia com o dólar demonstrando estabilidade em relação a várias moedas internacionais e tivemos alguns ganhos em segmentos de commodities. O café seguiu essa tendência apenas pontual de ganhos e mantivemos os parâmetros mais básicos. Enfim, uma sessão sem maiores novidades", disse um trader.
As exportações de café de El Salvador caíram de 8,7% em dezembro, para 74.993 de sacas de 60 quilos, disse o Conselho de café de El Salvador. A agência explicou que as vendas externas acumuladas nos três primeiros meses do ciclo 2012/2013 totalizaram 144.518 sacas, 6,9% mais do que no mesmo período da safra anterior.
As exportações de café do Brasil em janeiro, até o dia 15, somaram 513.868 sacas, contra 573.576 sacas registradas no mesmo período de janeiro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 275 sacas, indo para 2.600.918 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 20.159 lotes, com as opções tendo 4.459 calls e 6.592 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem uma resistência em 154,75, 154,90-155,00, 155,50, 156,00, 156,50, 157,00, 157,50, 158,00, 158,50, 159,00, 159,50, 159,90-160,00, 160,50, 161,00 e 161,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 150,80, 150,50, 150,10-150,00, 149,50, 149,00, 148,85, 148,50, 148,00, 147,75, 147,00, 146,50, 146,00-145,95 e 145,65 centavos por libra.
Londres tem recompras e consegue fechar dia com altas
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta quarta-feira com ganhos, mantendo, porém, os intervalos que já são praticados a um considerável período na bolsa britânica. O volume negociado ficou dentro da média recente.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi consideravelmente tranqüilo. O março esboçou algumas baixas na primeira metade da sessão, batendo no nível de 1.945 dólares por tonelada. Nessa mínima, no entanto, não se observou o acionamento de stops e, assim, as recompras foram processadas, garantindo ganhos ao final do pregão. "Tivemos mais do mesmo. Continuamos a flutuar em um range básico. Chegamos a romper o nível de 1.950 dólares, mas não conseguimos ter um avanço de vendas e, assim, as recompras puderam ser processadas e finalizamos o dia com ganhos, sem testar as máximas recentes", apontou um trader.
O dia na bolsa de Londres teve o contrato de café de março com uma movimentação de 7,88 mil lotes, com o maio tendo 1,75 mil lotes negociados. O spread entre as posições março e maio ficou em 11 dólares. No encerramento da sessão na Euronext/Liffe, a posição março teve alta de 16 dólares, com 1.969 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 16 dólares, com 1.980 dólares por tonelada.
Com China e EUA no radar, dólar alcança R$ 2,044
O mercado externo voltou a pesar sobre o câmbio brasileiro. O dólar fechou em
alta pelo segundo dia consecutivo, na maior cotação desde a registrada no
primeiro pregão do ano. A apreciação, puxada pela demanda de tesourarias de
bancos, reflete a preocupação de investidores com o impasse sobre o teto da
dívida americana e a queda de 4,5% registrada em dezembro no investimento
estrangeiro direto (IED) na China, além da perspectiva de crescimento menor
para a economia mundial.
A moeda americana fechou em alta de 0,34%, a R$ 2,044. Em 2 de janeiro, na
primeira sessão do ano, o dólar fechou a R$ 2,045.
"A queda do IED na China afeta um pouco mais o real" disse Luciano Rostagno,
estrategista-chefe do Banco WestLB. "Essa notícia traz mais preocupação para
países que têm forte relação comercial com a China, como é o caso do Brasil."
A falta de solução para o problema do teto da dívida nos Estados Unidos
continuou pressionando o dólar e foi um dos motivos citados pelo Banco Mundial
para reduzir sua expectativa de crescimento econômico global neste ano, em
relatório divulgado ontem.
A projeção do Banco Mundial também indica que os preços das commodities devem
cair neste ano. Isso, segundo Rostagno, reduz o fluxo de recursos para países
exportadores, como o Brasil, pressionando a alta do dólar.
Mesmo as altas dos últimos dias, porém, não foram suficientes para que o dólar
saísse do intervalo de R$ 2,03 e R$ 2,05 no qual se mantém desde a última
semana de 2012. As pesadas intervenções do BC e do governo em dezembro
trouxeram a moeda de volta ao patamar que estava até novembro. Para operadores,
isso foi um sinal de que o BC não vai sacrificar as metas de inflação para
beneficiar exportadores com um real mais barato.
"Agora o mercado volta a operar nessa banda entre R$ 2 e R$ 2,05 e a acreditar
que o BC vai defender essa faixa", disse Rostagno. "A não ser que haja uma
notícia forte lá fora para fazer o dólar romper R$ 2,05, dificilmente o mercado
vai apostar numa alta acima disso."
Dólar fecha em alta e vai a R$ 2,044
São Paulo, SP - O dólar subiu e fechou na máxima do dia, mais uma
vez acompanhando o desempenho da moeda americana no exterior.
A divisa americana fechou esta quarta-feira em alta de 0,34%, a R$ 2,044, a
maior cotação desde o dia 2 de janeiro.
Além da preocupação dos investidores com os Estados Unidos perto de atingir o
teto fiscal da dívida, o câmbio local também foi afetado pela notícia da queda
de 4,5% no investimento estrangeiro direto na China, principal parceiro
comercial brasileiro.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato de dólar futuro para
fevereiro avançava 0,36%, a R$ 2,050, antes do ajuste final.
No mercado externo, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana
ante uma cesta de moedas, subia 0,04%, a 79,80 pontos, enquanto o euro caía
0,06%, a US$ 1,329.
PERSPECTIVA: Balanços de bancos nos EUA influenciarão Ibovespa
São Paulo, 16 de janeiro de 2013 - Os resultados do quarto trimestre de
2012 das instituições financeiras norte-americanas Bank of America, Blackrock
e Citigroup e da operadora de planos de saúde UnitedHealth, que serão
divulgados amanhã antes da abertura das bolsas em Wall Street, deverão
influenciar o Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, na primeira etapa do
pregão. "A expectativa dos investidores com esses balanços é elevada, pois
os bancos vinham mostrando números desfavoráveis nos Estados Unidos", afirma
Nastássia Romanó, economista da Omar Camargo Investimentos.
Dentre os indicadores que serão divulgados no território norte-americano,
os destaques serão o índice de atividade industrial de janeiro, que será
informado pelo Federal Reserve Bank da Filadélfia às 13h, para o qual os
analistas esperam queda para 5,2 pontos ante os 8,1 pontos de dezembro. Também
será divulgado o índice de construção de imóveis residenciais de dezembro,
cuja previsão é de alta para 889 mil imóveis em relação aos 861 mil
verificados em novembro.
Para a economista da Omar Camargo esses dados são importantes, pois o
indicador de atividade industrial do distrito de Filadélfia junto com o de
Chicago servem como prévias do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na
sigla em inglês), que se compara ao índice dos gerentes de compras (PMI, na
sigla em inglês) para o setor manufatureiro. "O setor imobiliário tem sido um
dos pilares de recuperação da economia do país. É importante ver qual será
a tendência".
Além disso, o Departamento do Trabalho informa, às 11h30, o número de
pedidos de seguro-desemprego da última semana. Os analistas estimam uma
retração para 370 mil ante os 371 mil solicitações anteriores. No mercado
brasileiro, o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom)
referente à Selic (taxa básica de juros) não deverá exercer influência
relevante no mercado. Conforme a estimativa realizada pelo Termômetro CMA, os
juros para os próximos 45 dias deverão permanecer em 7,25% ao ano.
Hoje, depois de passar a maior parte do dia no campo negativo, o Ibovespa
encerrou com pequena alta de 0,10%, aos 61.787 pontos. O volume financeiro
negociado na bolsa brasileira foi de R$ 5,773 bilhões. As ações com maior
peso no índice, da mineradora Vale (VALE5; 0,07%, a R$ 39,68) e da Petrobras
(PETR4; 0,10%, a R$ 19,84) ficaram bem próximas da estabilidade. Ainda entre as
empresas ligadas a commodities, a OGX (OGXP3; a R$ 5,20) encerrou estável.
No setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4; a R$ 35,34) subiu
0,88% e os do Bradesco (BBDC4; a R$ 37,49) avançaram 0,50%. Segundo a
economista da Omar Camargo, as previsões do Banco Mundial com perspectivas
negativas para o crescimento global, divulgados nesta quarta-feira em
relatório, pesaram na decisão dos investidores.
Os índices no mercado acionário nos Estados Unidos também fecharam as
negociações sem tendência definida. O Dow Jones perdeu 1,17%, em 13.511,23
pontos; o S&P 500 ficou praticamente estável, com ligeira variação positiva
de 0,01%, para 1.472,63 pontos; e o Nasdaq Composto subiu 0,22%, em 3.117,54
pontos.
Zona cafeeira do México vive terceira etapa de renovação de cafeeiros
Produtores de café de dez municípios da região de Zongólica, no Estado de Veracruz, no México, receberão, a partir de março, 2,7 milhões de pesos (223,2 mil dólares) como parte da terceira edição do programa de renovação de lavouras cafeeiras desenvolvido pela Secretaria de Agricultura do Estado e federal, informou Emiliano Ernesto Delgado Guerra, presidente do Conselho Regional do Café. Ele sustentou que em todo o Estado haverá a distribuição de 27 milhões de pesos (2,23 milhões de dólares) que serão distribuídos de forma eqüitativa entre produtores que executarem a renovação ao longo de 2010.
Ele sublinhou que no caso específico dos municípios cafeeiros da serra de Zongólica e Orizaba serão plantadas 708 mil mudas, em uma extensão de 2,6 mil hectares em municípios como Magdalena, Los Rayes, Mixtla de Altamirano, Texhuacan, Zongólica, Coetzala, Tequila, Atlahuilco e Santana Atzacan. Delgado Guerra explicou que em 2008 foi possível o plantio de 500 mil novas mudas e em 2009 e 2010 de pouco mais de 700 mil. Posteriormente, seguiu a nova edição do programa, com 700 mil mudas em 2011 e 700 mil em 2012.
O dirigente sustentou que o governo federal e o Estado estão apostando na cultura do café, planejando para daqui cinco anos uma produção histórica e aproveitando os bons preços do produto. Depois da entrega dos recursos nos primeiros dias de março, será iniciado o processo de supervisão física das propriedades cafeeiras por parte de uma equipe das próprias secretarias, que terá a responsabilidade de constatar a renovação e capacitar os produtores das regiões de altas montanhas.
Governo volta a renegociar dívida rural
A lei 12.788/12, que reabre o prazo para a renegociação das operações de crédito rural inscritas na Dívida Ativa da União (DAU), foi publicada ontem no Diário Oficial da União. De acordo com a nova regra, os produtores rurais terão até 31 de agosto para receber um desconto de 33% a 70%, de acordo com o tamanho da dívida. O refinanciamento é válido para as operações inscritas até outubro de 2010, que englobam cerca de 110 mil contratos e 500 mil produtores, que hoje não podem tomar crédito oficial. Segundo dados mais recentes da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), essas operações somavam R$ 11,5 bilhões até fevereiro de 2011.
As operações se aplicam somente a dívidas contraídas junto a instituições financeiras públicas. O diretor-adjunto de produtos e financiamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian, explica que a dívida foi parar no Tesouro após o governo comprá-la dos bancos. "Como os clientes não pagaram o Tesouro, os nomes foram negativados e entraram na DAU. Agora, foi dado esse desconto, que era defendido por nós, para criar uma saída aos produtores que possuem dinheiro para quitar os valores", explicou.
O deputado federal Luís Carlos Heinze (PP/RS), autor da emenda, afirma que é preciso buscar uma nova fórmula para a liquidação da dívida. "São valores inchados por juros e correções, e as contas inscritas recentemente não estão beneficiadas. Fica essa brecha para voltarmos a discutir com o governo", disse. Segundo Heinze, estima-se ainda que contratos que somam outros R$ 2 bilhões foram inscritos na Dívida Ativa da União depois de outubro de 2010 e, portanto, estão fora da renegociação aprovada na lei.
Uma outra lei (11.775/08) já havia possibilitado o refinanciamento de quase 16 mil contratos, que representavam pouco mais de 10% do total das operações de crédito rural à época. Contudo, até fevereiro de 2011 (último dado da PGFN), cerca de 6,4 mil ou 40% dos 16 mil acordos firmados foram rescindidos por falta de pagamento. "Esses números provam que algo está errado. Nenhuma atividade agrícola tem rendimento suficiente para acompanhar juros tão elevados. Por isso os produtores não conseguem pagar", afirmou Heinze. A lei 11.775/08 estabeleceu um desconto de 33% para pagamento em até 10 parcelas dos débitos inscritos em DAU acima de R$ 200 mil. O desconto chegava a 38% caso o mutuário optasse por pagar a dívida integralmente. Além disso, foi fixado um bônus de R$ 19,2 mil sobre o total da conta. Para valores inferiores a R$ 200 mil, o abatimento variava entre 36% até 70%, de acordo com o tamanho da dívida. Em todos os casos, a correção do saldo devedor era da taxa Selic mais 1% ao ano.
Euro não está em nível `perigosamente elevado`
Os comentários do presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro de Luxemburgo,
Jean-Claude Juncker, de que o euro estaria alcançado um nível "perigosamente
elevado" provocaram uma queda da moeda ante seus principais rivais ontem.
Contudo, esses comentários deixaram os analistas de mercado intrigados. Isso
porque, apesar da inegável alta de Ano Novo, o euro não parece sobrevalorizado,
segundo muitas medidas objetivas, muito menos perigosamente.
O BNP Paribas, por exemplo, calcula que o valor justo para o euro é de US$
1,32. Certamente isso está abaixo do nível atual, mas não muito abaixo, menos
de um centavo no momento que este artigo foi escrito. Onde estaria o perigo?
A IronFX, por sua vez, aponta para estimativas da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que sugerem que, embora o dólar esteja 7%
subvalorizado em relação ao euro, muitas outras moedas internacionais estão, na
verdade, sobrevalorizadas, em percentuais que variam de 2% para a libra à 35%
para a coroa norueguesa.
O BCE aparentemente discorda de Juncker também. Na entrevista coletiva da
semana passada, seu presidente Mario Draghi disse que a taxa cambial efetiva e
real do euro estavam dentro da média de longo prazo. Se ele estava preocupado
com o valor do euro, não demonstrou isso. Não havia nenhum indício de que
pressentisse algum perigo.
Talvez Juncker seja simplesmente difícil de agradar. Quando o euro está fraco,
ele repreende os mercados por exagerarem as chances de uma fragmentação da
união monetária. Quando a moeda está forte, ele diz que os investidores estão
ficando perigosamente otimistas. Ah, os perigos de uma moeda de regime cambial
flutuante. O euro nunca está no nível certo.
Talvez Juncker estivesse falando para as nações devedoras em dificuldade da
zona do euro. Elas estariam animadas com uma moeda mais fraca e com a
competitividade às exportações que isso pode trazer. Ou, talvez, a verdade é
que o euro não esteja sobrevalorizado afinal de contas, exceto contra um
cenário de desvalorização das moedas competitivas, o tipo de nivelamento por
baixo que o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Mervyn King, previu nos
últimos dias de 2012.
Portanto, o euro não está realmente sobrevalorizado, mas diante da falta de
afrouxamento quantitativo direto, que deprime outras moedas de países
desenvolvidos, e o zelo intervencionista de algumas nações asiáticas, talvez o
euro possa ficar sobrevalorizado em breve. O euro também poderá facilmente
acabar virando a válvula de escape do mercado de câmbio.
Condições melhores no mercado global
O efeito combinado das medidas tomadas pelos governos europeus, focadas na
sustentabilidade fiscal, e pelo Banco Central Europeu (BCE), no que tange a
defesa do euro, fez com que diversos indicadores de risco melhorassem
substancialmente, voltando para patamares observados no início de 2010. Esta é
a avaliação do Banco Mundial no relatório "Global Economic Prospects January
2013".
Outros fatores cruciais para a distensão do mercado foram o avanço do processo
de recapitalização dos bancos tanto nos EUA quanto na Europa e a imensa injeção
de liquidez feita por BCE, Federal Reserve e Banco do Japão.
O efeito prático da melhora no comportamento dos ativos foi a queda disseminada
dos prêmios de risco, como visto nos CDS ("credit default swap"), que mostram o
custo de um seguro para garantir a dívida calculado com base nos papéis
soberanos. Os CDS da maioria dos países da zona do euro voltaram para os níveis
de janeiro de 2010, ou seja, em baixa entre 343 e 1.126 pontos-base em relação
aos picos vistos nos últimos dois anos. Os "yields" (retornos) dos bônus
soberanos da região caíram em vários pontos da curva de maturidade, reduzindo o
custo de financiamento dos governos. O incremento na confiança ajudou os
mercados acionários dos países desenvolvidos, que apresentaram alta de 12,7% em
2012, sendo 10,7% apenas no segundo semestre.
A melhora das condições do mercado financeiro global foi sentida também pelos
emergentes. As evidências são: os fluxos de capital estrangeiro, que caíram de
30% a 40% entre maio e junho e voltaram a atingir novas máximas; os spreads dos
títulos soberanos recuaram 127 pontos-base desde junho; e os mercados
acionários subiram 12,6% desde junho.
A percepção de risco declinou também nos países emergentes, onde os CDS caíram,
em média, 112 pontos-base desde junho. Os yields dos bônus soberanos estão 282
pontos-base abaixo da média entre 2000 e 2010, o que significa que o preço
subiu. Ademais, a qualidade do crédito desses países continuou a melhorar em
2012, fazendo com que houvesse 27 "upgrades" no rating soberano, número
superior aos 19 "downgrades" concedidos pelas agências de classificação de
risco. Como comparação, nos países desenvolvidos houve 20 "downgrades" e nenhum
"upgrade".
A conjunção da queda do prêmio de risco com os estímulos monetários nos países
desenvolvidos fez com que os fluxos de capital para os emergentes dessem um
salto na segunda metade de 2012, depois de queda de 15,5% no segundo trimestre,
atingindo US$ 170 bilhões no último trimestre, nível mais alto desde agosto de
2008.
Mais contundente foi a recuperação das emissões de bônus, beneficiando
principalmente as empresas com grau de investimento e participação estatal
majoritária na América Latina, Europa e Ásia Central. As boas condições de
mercado viabilizaram a entrada de novos emissores soberanos e corporativos.
Angola e Zâmbia emitiram pela primeira vez na história e a Bolívia pela
primeira vez em 90 anos. Preparam-se para a primeira emissão Paraguai, Ruanda,
Quênia, Tanzânia e Uganda.
Mas esse cenário não é isento de riscos. O Banco Mundial destaca quatro
principais: 1) a não conclusão das reformas estruturais na zona do euro. Nesse
caso, os países mais vulneráveis poderiam perder acesso ao mercado, subtraindo
1,1% do PIB dos emergentes; 2) a falta de acordo sobre a elevação do teto da
dívida nos EUA, o que reduziria o PIB do país em 2,3% e do mundo em 1,4%; 3)
uma queda abrupta das altas taxas de investimentos da China, o que derrubaria
os preços das commodities; e 4) uma interrupção na oferta de petróleo e alta
importante de preços de alimentos, especialmente em um cenário de baixos
estoques.
Exportador reduz preço, mas não consegue vender mais em 2012
O exportador brasileiro reduziu o preço dos produtos vendidos no exterior em
4,9%, mas mesmo assim a quantidade embarcada não aumentou no ano passado em
relação a 2011. Já a desaceleração da atividade econômica freou as importações,
que caíram 2,3% em quantidade, mas ficaram mais caras: 0,9%. O esfarelamento do
preço do minério de ferro e das commodities explica o que ocorreu com as
exportações, enquanto o mix das compras externas, por conter maior valor
agregado, é a razão pela qual o nível dos preços aumentou, segundo
especialistas em comércio exterior. Os números estão em estudo sobre o tema que
será divulgado hoje pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior
(Funcex).
Com cerca de 45% da pauta total de exportações concentrada em produtos básicos,
o Brasil é vulnerável à desaceleração da atividade econômica. Segundo a
Organização Mundial do Comércio (OMC), enquanto o volume do comércio mundial
cresceu 5% em 2011, a estimativa para o ano passado é que o aumento tenha sido
menor, de 2,5%. O resultado é reflexo do baixo crescimento americano, da crise
na zona do euro e, o que causa mais impacto nas commodities brasileiras, da
desaceleração da economia chinesa.
Apenas o minério de ferro, produto que corresponde a 13% do total exportado
pelo país no ano passado, teve uma queda de 23,5% no preço, de acordo com
Rodrigo Branco, economista-chefe da Funcex. Lia Valls, coordenadora de estudos
do setor externo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação
Getulio Vargas (FGV), fez uma cesta do preço das commodities, que registrou
queda de 7,7% ao longo do ano passado. "A quantidade aumenta 1,5%, ajudando a
mitigar um pouco a venda mais barata. Mas o incremento não foi igual. Ele foi
concentrado em produtos agrícolas e um pouco em combustíveis", diz Lia.
Nas exportações de básicos, que além das commodities contêm produtos minerais,
o recuo nos preços foi de 8,2%. A queda é a maior entre todas as classes de
produtos avaliados no estudo. Com um pouco mais de valor agregado, os
semimanufaturados recuaram nos dois recortes: 6,8% em preço e 1,6% em volume.
A manufatura "ajudou a segurar o resultado", segundo Lia, pois os preços
recuaram 0,3% e o volume 1,3%. "Os EUA ajudaram bastante, especialmente no
último trimestre, quando retomaram as compras. As vendas de manufatura ao país
aumentaram 3,5% ano passado, puxado muito por óleo combustível."
Dentro desse setor de manufaturas, os bens de capital fabricados no Brasil
aumentaram a presença no exterior, com 4,3% de crescimento no volume exportado.
Contudo, os produtores seguraram os preços, que cresceram 0,9%.
A queda na quantidade de importação ocorreu em parte por causa das medidas
tomadas pelo governo no ano passado. O aumento do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) para automóveis importados levou os bens duráveis a cair
nada menos que 18,2% em volume em relação a 2011, quando foi verificado aumento
maciço de veículos asiáticos no mercado brasileiro.
Branco diz que os automóveis possuem uma participação forte nos bens duráveis,
tanto na importação como na exportação. De fato, registrou-se também recuo de
15,7% nas vendas ao exterior desse tipo de grupo. No entanto, os preços
aumentaram 6,3% para a importação e 5,2% na exportação. Nas compras do
exterior, máquinas e equipamentos ficaram em média 2,8% mais caras e veículos
3,7%, por exemplo.
Somente as barreiras aos veículos, contudo, não explicam a retração no volume
de importações. A razão principal, para Lia, é a desaceleração da economia
brasileira, que depois de crescer 2,7% em 2011, deve se expandir cerca de 1% em
2012.
Lia também aponta que a desvalorização cambial em 2011 não foi suficiente para
fazer os exportadores ganharem terreno. "A depreciação de 10% do real não foi
suficiente em um cenário internacional de retração da demanda."
Copom mantém Selic em 7,25%
O Banco Central (BC) manteve a taxa de juros em 7,25% ao ano conforme o
esperado, mas fez alterações na sua comunicação com o mercado. O aviso
divulgado após a reunião de ontem, reconhece uma piora no balanço de riscos
para a inflação no curto prazo e aponta que a recuperação da atividade
doméstica foi menos intensa do que o esperado. Outra novidade foi o abandono da
expressão "ainda que de forma não linear" ao se referir à convergência da
inflação para o centro da meta.
Ainda assim, todos os membros do colegiado consideraram a manutenção da Selic
"por um período de tempo suficientemente prolongado" como a estratégia mais
adequada para convergência da inflação à meta de 4,5% ao ano, com tolerância de
dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Sobre o cenário externo, a avaliação do Copom é de que a "complexidade ainda
envolve o ambiente internacional".
De um balanço de três variáveis que influenciam a decisão, o comunicado dá a
entender que a piora da inflação no curto prazo teria sido "compensada" pelo
ritmo menos intenso da atividade doméstica e pela persistência das incertezas
externas. Por isso a opção pela manutenção.
A retirada do período "ainda que de forma não linear" deve abrir discussões no
mercado até que a ata da reunião, que sai na próxima semana, traga mais
esclarecimentos. Uma das possíveis avaliações é de que o BC estaria mais
confiante no seu cenário de retomada da convergência da inflação para o centro
da meta ao longo deste ano sem grandes desvios. Outra visão é que a autoridade
está adotando um tom mais duro e que pode agir, de alguma forma, para garantir
que essa convergência aconteça.
"A partir de agora eles mostraram que querem convergir para a meta sem espaço
para desvios", afirma Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander.
Para o economista-chefe do J.Safra, Carlos Kawall, o BC enviou o recado de que
absorveu as variáveis novas na inflação, mas mantém a estratégia de buscar a
manutenção dos juros porque a atividade ainda não responde satisfatoriamente.
Juan Jensen, economista da Tendências Consultoria Integrada segue a mesma
linha. "Um fator [inflação] puxa para um lado e o outro [atividade fraca] para
o outro. Isso reforça o quadro de estabilidade", diz.
A manutenção da Selic na primeira reunião do ano já era aposta da totalidade
dos 31 economistas consultados pelo Valor Data na semana passada. A mesma
opinião foi expressa na mediana das projeções colhidas na pesquisa Focus.
Mas um questionamento que segue em aberto é por quanto tempo a Selic
permanecerá em 7,25%. Do elenco consultado pelo Valor Data, 24 esperam a
estabilidade da Selic até dezembro. Quatro veem elevação da taxa, que pode
chegar a 9% até o fim do ano, e três contam com corte para 6,25%. Já para os
consultados pelo BC no Focus, a Selic fechará 2013 em 7,25% e só começará a
subir em março de 2014 (7,5% ao ano) até alcançar 8,25% ao ano em julho de 2014.
A inflação oficial encerrou 2012 em 5,84%, dentro do intervalo de tolerância de
dois pontos da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A mediana das projeções do Focus indica a inflação oficial fechando este ano em
5,53%. A autoridade monetária reconhece em comunicado divulgado na semana
passada que a inflação mostra resistência "no curto prazo", mas afirmou que, ao
longo de 2013, as perspectivas apontam para a retomada da tendência declinante.
No fim de 2012, o presidente do BC, Alexandre Tombini, apontou um conjunto de
fatores que favorece, segundo ele, a convergência da inflação à meta neste ano.
Entre eles, o reajuste "marcadamente menor" do salário mínimo na comparação com
o do ano passado; a "moderação na dinâmica dos preços de certos ativos reais e
financeiros", sendo que um desses ativos é o dólar; medidas adotadas pelo
governo para reduzir os custos de produção e aumentar a competitividade, como a
redução na conta de energia; o ritmo "mais alinhado" da expansão do crédito às
pessoas físicas e o "ainda frágil cenário internacional".
Ainda no front inflacionário, cresce a expectativa com a alta no preço dos
combustíveis. O reajuste vem em 2013, mas não há definição de data e
percentuais.
Outra dúvida que influencia as decisões do Copom é a condução da política
fiscal. Fica a expectativa sobre como o colegiado vai classificar a variável
fiscal agora em 2013, vista como expansionista em suas últimas comunicações
oficiais. Na sua hipótese de trabalho, o BC considera o cumprimento da "meta
cheia" de superávit primário, de 3,1% do PIB, sem ajustes, para 2013.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das projeções do Focus
indica que o mercado espera crescimento de 3,20% neste ano. Para 2012, as
expectativas giram em torno de 1%. O BC divulgou ontem que o nível de atividade
da economia avançou 0,4% em novembro do ano passado, na comparação com o mês
anterior. No acumulado dos onze meses de 2012, o IBC-Br registra expansão de
1,68%, na série sem ajustes.
CDI descolado da Selic afeta ganho de aplicações
Os investidores ainda nem se recuperaram do luto pela perda do juro alto nas
aplicações e já precisam encarar outra má notícia: com o Certificado de
Depósitos Interfinanceiros (CDI) bastante descolado da Selic, muitos de seus
investimentos podem acabar rendendo menos do que eles imaginavam. O CDI é o
principal referencial usado no mercado brasileiro para aplicações e muitos o
imaginavam como espécie de sinônimo da taxa básica de juros. No comportamento
do mercado nos últimos tempos, porém, o que se observa é que não apenas o CDI
está descolado, mas também que a taxa Selic praticada no mercado não é a mesma
da chamada meta Selic, que é aquela definida pelo Comitê de Política Monetária
do Banco Central (BC). Na terça-feira, por exemplo, a Selic estava a 7,11% ao
ano no mercado enquanto o CDI era de 6,94%, como mostrou reportagem de ontem do
Valor.
Marcelo d'Agosto, titular do blog "O Consultor Financeiro", lembra que, assim,
se um CDB oferece remuneração, por exemplo, de 90% do CDI ao investidor, isso
não significa que esse ganho seja de 6,53%, o que equivaleria a 90% da meta
Selic de 7,25%, fixada em outubro. O ganho esperado seria de 6,25%, o que
representa 90% do CDI - levando em conta os números do dia 15. Vale observar
que nos últimos 30 dias, porém, o CDI chegou a ser menor. O especialista alerta
que, em um momento de juros já baixos, as diferenças pesam, sobretudo porque a
inflação anda acima do centro da meta, girando em cerca de 5,5%. "Se você
retira 20% de Imposto de Renda, o ganho já começa a perder da inflação", afirma
d'Agosto.
Neste cenário, as aplicações que oferecem retorno isento de imposto para o
aplicador individual ganhariam, em tese, atratividade. É o caso das Letras de
Crédito Imobiliário (LCIs), Certificados de Recebíveis Imobiliários e Letras de
Crédito do Agronegócio (LCA). O consultor recomenda, porém, que o investidor
fique atento aos custos de transação e à remuneração oferecida. "É preciso
checar se o fato de ter isenção de IR não vai de alguma forma reduzir o ganho
oferecido", diz d'Agosto.
Na avaliação de consultores e especialistas, o investidor terá de começar a
fazer contas com base no ganho real, ou seja, comparando o rendimento com a
inflação projetada. Como andava mais colado na Selic, o CDI virou uma espécie
de marca, diz Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora e professor da
Fundação Getulio Vargas (FGV). Aos poucos, entretanto, recorrer à taxa como
referência para investimentos perde sentido. "Se o CDI já não é bom, uma
porcentagem do CDI nem se fala", afirma. Qual seria então a nova referência?
Dificilmente os investidores vão começar a falar em retornos absolutos, diz
Gala. Isso porque a alta no nível de preços torna taxas prefixadas um risco. "O
novo padrão deve ser um retorno real", diz. A planejadora financeira Leticia
Camargo concorda. "O investidor comum tem mania de olhar o CDI e não tem noção
de que esse descolamento pode estar acontecendo. É preciso ficar atento ao
ganho real", afirma ela.
Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos, afirma que a
empresa já buscava formas de driblar o CDI. "O fundo de crédito privado que
recomendamos, por exemplo, é todo focado em debêntures de primeira linha com
remuneração atrelada ao IPCA." Bittencourt diz ainda que os investidores devem
ficar alertas quanto aos lastros de forma geral, já que com o juro baixo pode
haver o risco de se buscar remunerações mais elevadas em ativos com risco de
crédito exageradamente alto.
Um outro caminho será alongar prazos. Geralmente, títulos mais longos oferecem
retornos maiores e ajudam a reduzir o imposto que incide sobre o ganho, já que
em várias aplicações o IR é menor para aplicar o dinheiro por mais tempo. Uma
opção são os títulos públicos que pagam uma taxa prefixada mais a variação do
IPCA, as NTN-Bs. Aqueles com prazo mais curto, com vencimento em 2015, oferecem
taxa em torno de apenas 1,8%. "Considerando custos e impostos, com a taxa nesse
nível, já começa a colocar o ganho real em risco", diz Marcelo d'Agosto.
Nos fundos (leia mais abaixo), dizem os especialistas, o descolamento do CDI em
relação à Selic pode tornar mais fácil superar o referencial. "Os fundos
costumam informar que renderam 'X%' do CDI. Não dá para ver quanto é da Selic",
afirma Leticia. Outro ponto é que muitos fundos cobram taxa de performance como
um percentual acima do que render o CDI.
Governo tenta impedir o `contágio` da inflação
O governo age para desconcentrar os aumentos de preços que tradicionalmente
ocorrem no início do ano, como os das tarifas de ônibus, para evitar que a alta
dos índices em janeiro e fevereiro contaminem as expectativas de inflação para
o resto do ano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, procurou prefeitos e governadores para
pedir o adiamento dos reajustes nas tarifas de transportes. Há também no
governo a expectativa de que esses aumentos sejam mais moderados, já que o
setor de transporte urbano foi um dos beneficiados pela desoneração na folha de
pagamento e pode repassar os ganhos aos usuários.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse anteontem que foi
procurado por Mantega para adiar o reajuste da tarifa de ônibus de janeiro
para, possivelmente, 1 de junho. Ontem, o governador do Estado, Geraldo
Alckmin (PSDB), recebeu pedido semelhante para segurar a tarifa do metrô, que
costuma subir em fevereiro. Nenhuma decisão foi tomada ainda, disse.
Em âmbito federal, a contribuição mais importante para aliviar a inflação do
primeiro trimestre seria o adiamento do reajuste dos combustíveis. Ontem, o
secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Antônio
Henrique Silveira, disse que o aumento é "plausível" porque há uma defasagem de
7% nos preços, mas ponderou que também não há decisão sobre o assunto.
O governo mantém o cenário de convergência do IPCA para o centro da meta de
4,5%. A área econômica estima que "reajustes menores de vários produtos e
serviços neste ano", possibilitados pela desoneração da folha de pagamento e
corte no preço da energia, contribuam para a redução da taxa. Também não devem
se repetir fatores negativos, como a depreciação cambial de 30% desde 2011.
O Brasil encerrou 2012 com inflação bem mais alta que a do Chile, Colômbia,
México e Peru, países latino-americanos que também adotam o regime de metas de
inflação e que conseguiram um crescimento bem maior que o brasileiro.
"Colômbia, Peru e Chile fizeram um trabalho melhor na consolidação do processo
de estabilização de suas economias, reduzindo a indexação e com menor nível de
dívida pública", diz o analista-sênior da Economista Intelligence Unit (EIU),
Robert Wood.
O mercado de ações nada contra a corrente
Walter Mendes
No início de dezembro, afirmei nesta coluna que o mercado brasileiro de ações
deveria apresentar recuperação, baseada na significativa melhora do ambiente
internacional, conjugada com a expectativa (talvez, a esta altura, melhor dizer
esperança) de retomada do crescimento interno neste ano. Deixada para trás a
grande decepção com a pífia expansão do PIB em 2012, que nos impediu de
acompanhar a alta da maioria dos mercados de ações do mundo, o Brasil poderia
mostrar um estreitamento dessa diferença em relação aos pares internacionais
(citava como exemplo a enorme perda de performance para o mercado mexicano).
Tal movimento efetivamente ocorreu em dezembro, mas tem claramente perdido
força ou até mesmo se revertido neste mês (em relação ao México, quase todo o
ganho de dezembro já foi revertido nos primeiros dias de janeiro).
Seguindo a incrível capacidade do Brasil de gerar ruídos incômodos e surpresas
negativas, viramos o ano novo com o alívio do acordo que evitou o "fiscal
cliff" (abismo fiscal) americano, mas perplexos com a triste discussão pública
sobre a possibilidade de um racionamento de energia elétrica. Para quem precisa
urgente de uma recuperação do crescimento e, particularmente, do investimento,
não poderia haver algo mais inconveniente. Mesmo que as chuvas venham generosas
e evitem o problema, o risco vai perdurar por pelo menos dois a três meses,
afetando negativamente a confiança dos investidores e empresários e, por
conseguinte, as decisões de investimento. Além disso, não deverá passar
despercebida a contradição de que o aumento do risco de desabastecimento de
energia esteja ocorrendo logo após a controvertida redução da tarifa elétrica
definida pelo governo por medida provisória. Pode-se imaginar o grau de
incerteza que esse quadro tem gerado nos investidores estrangeiros,
responsáveis por cerca de 40% do nosso mercado de ações.
Neste contexto, como fica a perspectiva de recuperação da bolsa em 2013? Acho
que não é preciso muito esforço para prever um mercado bem fraco se ocorrer um
racionamento, pois a esperada retomada do crescimento seria frustrada.
No caso mais provável, de que se evite o racionamento, mantidas as atuais
condições moderadamente favoráveis do cenário internacional, teríamos uma
recuperação, embora bem mais modesta que aquela esperada no início de dezembro.
Isso porque a discussão do racionamento já afetou a confiança e o ânimo dos
investidores, induzindo-os a "olhar o copo meio vazio". Assim, ganham
importância a persistência da inflação acima da meta central do BC (apesar da
economia estagnada), as manobras contábeis para cumprir a meta de superávit
primário, a resistência da inadimplência no crédito e outras tantas
fragilidades que perderiam relevância caso o PIB e os investimentos mostrassem
clara recuperação. Daí a metáfora do mercado nadando contra a correnteza, usada
no título. O fluxo de notícias reduz a velocidade potencial do mercado.
Nesta situação, como deveria se comportar o investidor brasileiro, que tem a
necessidade de buscar mais risco, dada a queda da taxa de juros real? Acho que
não muito diferente do que deveria ter feito em 2012 ou mesmo nos últimos três
anos. Desde 2010, o mercado brasileiro de ações medido pelos índices mais
relevantes, como o Ibovespa ou IBrX, tem apresentado um fraquíssimo desempenho.
Mas isso não impediu que diversos fundos de ações com uma política de
investimentos livre, não atrelada aos índices de mercado, apresentassem,
particularmente no ano passado, uma performance muito atraente.
A diversificação do mercado de ações brasileiro, alimentada pelos IPOs
[lançamentos iniciais de papéis na bolsa] dos últimos oito anos, tem gerado
muitas oportunidades e possibilitado aos gestores que não atuam com a camisa de
força dos índices garimpar e aproveitar o desempenho