Café tem dia de reação e consegue ficar acima dos 120,00 centavos
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quarta-feira com bons ganhos, dando fim a uma sequência modorrenta, na qual os preços não tiveram uma orientação mais efetiva e flutuaram entre as mínimas de 49 meses e um patamar ligeiramente abaixo dos 120,00 centavos, sem esboçar reações mais consistentes. O volume negociado ao longo do dia também aumentou substancialmente.
O quadro de "falta de ânimo" por parte dos compradores, por fim, teve um revés e, ao longo do dia, várias ordens de aquisição foram emitidas e o dezembro conseguiu flutuar a maior parte do pregão acima do nível psicológico de 120,00 centavos, numa atitude claramente corretiva, diante de um mercado que continuava a ostentar sinais sobrevendidos. Operadores sustentaram que as ações do dia estiveram relacionadas, efetivamente, a aspectos técnicos, com algumas recompras básicas. Não houve nenhuma mudança efetiva no campo fundamental que pudesse dar essa nova orientação aos terminais, porém, diante de um quadro letárgico que vinha sendo registrado ao longo das últimas sessões era aguardado um contra-ataque, seja no lado vendedor ou comprador, que pudesse dar um "salto de volatilidade" ao mercado cafeeiro, que, tradicionalmente, é caracterizado por oscilações mais constantes.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve alta de 415 pontos, com 120,80 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 121,10 centavos e a mínima de 116,70 centavos, com o março registrando avanço de 410 pontos, com 123,80 centavos por libra, com a máxima em 124,00 centavos e a mínima em 119,80 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve evolução de 22 dólares, com 1.769 dólares por tonelada, com o janeiro tendo alta de 22 dólares, no nível de 1.766 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi marcado por uma abertura ainda que calma para, logo na sequência, os compradores ganharem fôlego e passar a emitir ordens de aquisição mais consistentes. Ao longo da manhã, os ganhos já foram bastante interessantes e, na segunda metade do dia, o dezembro conseguiu registrar a máxima de 121,10 centavos, melhor patamar de preços desde o dia 20 de agosto.
"O segmento externo direcionou os mercados de commodities mais para a estabilidade que para um ponto específico. Tivemos as bolsas de valores reagindo com sobriedade com a questão da Síria, que ainda está na ordem do dia de muitos operadores, ao passo que o dólar caiu em relação a várias divisas internacionais, incluindo o real brasileiro. Essa fraqueza da moeda deu alguma sustentação ao café, sendo que os ganhos mais efetivos vieram na esteira de correções que eram há muito aguardadas, dado que o mercado é caracterizado por estar sobrevendido. Foi um dia de ganhos pontuais, de avanços técnicos, mas que deu algum alento a um mercado que ainda tem um viés baixista", disse um trader.
O diretor executivo da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, Luiz Genaro Muñoz, afirmou que a tendência de crescimento constante na produção do café do país, fato que foi ratificado em agosto, quando ela chegou a 770 mil sacas, patamar que não era observado desde 2007. Nesse sentido, a cultura do café na Colômbia cresceu 38% nos primeiros oito meses deste ano (janeiro a agosto) , atingindo 6,7 milhões de sacas em comparação com 4,9 milhões de sacas produzidas no exercício anterior. Ele sublinhou que os números são resultado do aumento da produtividade, que é amparado em programas de modernização e renovação dos cafezais, combinados com uma boa fertilização e um clima favorável.
As exportações brasileiras no mês de setembro, até o dia 10, totalizaram 368.715 sacas de café, contra 375.654 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 3.420 sacas, indo para 2.785.547 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 31.653 lotes, com as opções tendo 3.442 calls e 2.767 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 121,10, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20, 122,50, 122,75, 123,00, 123,50, 124,00, 124,50-124,60, 124,90-125,00, 125,50 e 125,90-126,00 centavos de dólar, com o suporte em 116,70, 116,50, 116,00, 115,70, 115,50, 115,25, 115,10-115,00, 114,50, 114,00, 113,50, 113,00, 112,50, 112,00, 111,50, 111,00, 110,50, 110,10-110,00, 109,50 e 109,00 centavos.
Arbitragens dão sustentação à sessão positiva em Londres
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta quarta-feira com ganhos, com a posição novembro ficando novamente acima do nível psicológico de 1.750 dólares. O volume negociado aumentou em relação ao fraco desempenho do pregão anterior, mas não foi além da média recente da casa de comercialização britânica.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi marcado por boas compras especulativas, que permitiram fazer com que a posição novembro chegasse a testar o patamar de 1.775 dólares, ainda que sem ter a força necessária para romper as máximas da semana passada. No entanto, o mercado deu sinais de recuperação, ainda que apenas parcialmente, sem se aproximar de uma resistência efetiva, como o patamar de 1.800 dólares. Os fatores externos também contribuíram para o desempenho favorável dos robustas.
"Boa parte dos ganhos vieram das operações de arbitragem. Os arábicas em Nova Iorque tiveram um dia de ganhos substanciais e isso também se refletiu nos terminais de Londres. Evidentemente, que ainda temos a sombra da disponibilidade ampla, principalmente com a safra entrante do Vietnã, mas, ao menos, conseguimos ter uma ligeira correção, após as fortes perdas empreendidas recentemente em Londres", sustentou um trader.
O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 5,75 mil contratos, contra 1,84 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 3 dólares. No encerramento do dia, o novembro teve evolução de 22 dólares, com 1.769 dólares por tonelada, com o janeiro tendo alta de 22 dólares, no nível de 1.766 dólares por tonelada.