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quinta-feira, 26 de maio de 2011

O governo não desistiu do câmbio

O governo não desistiu do câmbio

Com a aceleração inflacionária recente na América Latina e na Ásia, tem sido
comum a leitura de que os governos deixarão o câmbio se apreciar, compensando
parte dos efeitos das altas de preços de commodities. A lógica desse argumento
é que os políticos estariam menos sensíveis aos impactos negativos da
apreciação cambial sobre a competitividade do país em virtude da necessidade de
se combater um inimigo mais importante, a inflação.
O mesmo raciocínio tem sido aplicado ao Brasil. Há um quase consenso no mercado
financeiro de que a política cambial permitirá taxas mais apreciadas a partir
de agora. De fato, a presidente Dilma Rousseff tem afirmado publicamente a
prioridade do combate à inflação.
Do ponto de vista econômico faz sentido apostar em uma mudança de estratégia da
política cambial. Não apenas o câmbio reduz as pressões inflacionárias, mas os
fundamentos econômicos sugerem um real forte. A liquidez global, os preços de
commodities, o risco econômico e os diferenciais de juros e crescimento abrem
espaço para uma moeda mais apreciada.
Além disso, em um contexto de necessidade de financiamento externo com
incerteza global, medidas mais fortes de controle de capital são arriscadas.
Uma alta nos juros internacionais ou um aumento da aversão ao risco global
podem diminuir a atratividade da economia brasileira e elevar o risco do
financiamento do déficit em conta corrente. Da mesma forma, os custos fiscais
da manutenção de reservas internacionais elevadas não são desprezíveis. Sem
soluções extremas, o arsenal e a eficácia de medidas se esgotam com o tempo: os
mercados antecipam fluxos e passam a atribuir maior peso aos fundamentos que à
capacidade de intervenção do governo.
A democracia brasileira ensina que as condições de renda são centrais para
explicar os níveis de aprovação do governo
Politicamente, no entanto, é prematuro supor que a luta contra o câmbio
apreciado e a estratégia intervencionista tenham chegado ao limite. Há vários
indícios de que o "DNA" deste governo o torna sensível ao câmbio. A indústria
brasileira, que já vem sendo pesadamente penalizada pelas baixas condições de
competitividade sistêmica do país, assiste a uma queda importante na
rentabilidade de suas exportações. Diferentemente do agronegócio, os preços
internacionais não são favoráveis. O setor industrial, além disso, percebe um
aumento da competição local com o aumento das importações. Os temas da
desindustrialização e da doença holandesa, ainda que inconclusos, são cada vez
mais populares dentro e fora do governo.
Além da preocupação com a competitividade, o Banco Central tem seguido um
debate internacional e defendido a tese de que o controle cambial atende a
demandas prudenciais: ingressos excessivos de capitais tornam câmbio e crédito
vulneráveis a mudanças de humor externas, podendo gerar impactos indesejados
sobre o crescimento.
Desse modo, embora a inflação tenha mudado o discurso oficial, é cedo para
dizer que as preocupações com o crescimento e a indústria já estejam em segundo
plano. Mesmo que se tenha deixado de defender um patamar específico para a taxa
de câmbio, dificilmente se desistiu da luta contra o real forte em nome do
combate à inflação. O receio de se adotar medidas mais drásticas de controle de
capital diante de um cenário externo incerto pode ter convencido o governo a
aceitar, momentaneamente, um câmbio mais apreciado. Isso é diferente de dizer
que a política cambial foi alterada de forma coerente, em nome do combate à
inflação.
Um bom exemplo da falta de consenso dentro do governo sobre o tema cambial é o
fato de o Ministério da Fazenda e o BNDES continuarem propondo medidas para
conter a apreciação da moeda mesmo com a inflação já tendo se transformado em
tema popular.
Novas ações no câmbio, no entanto, dependem tanto do comportamento da moeda
quanto do desempenho da popularidade do governo. A democracia brasileira,
refletindo a experiência internacional, tem ensinado que as condições de renda
são centrais para explicar os níveis de aprovação do governo. Com o mercado de
trabalho aquecido, o aumento da ocupação tem compensado, até agora, a corrosão
inflacionária dos salários, preservando o crescimento da renda real. Com isso,
a presidente ainda reúne capital político suficiente para aceitar taxas mais
elevadas de inflação, permitindo uma postura intermediária entre os incentivos
políticos e econômicos. Por um lado, procura controlar o câmbio nominal e
atende a demandas localizadas. De outro, aceita uma inflação mais elevada e
conduz a uma apreciação em termos reais silenciosa, disfarçada e politicamente
palatável.
Para que haja uma guinada na política cambial e se aceite a livre apreciação da
moeda, seria preciso que a inflação corroesse de modo relevante o poder
aquisitivo da população e a popularidade do governo. Não parece ser o caso
ainda.
A tese de que o pior já passou vem ganhando adeptos e reduzindo o senso de
urgência no combate à inflação. Da mesma forma, dificilmente a aprovação do
governo sofrerá queda mais aguda. Com isso, a "calmaria" na questão cambial
pode ter sido algo temporário. O governo não desistiu do câmbio.
Christopher Garman, diretor para a América Latina do Eurasia Group
Roberto Padovani, mestre em Economia, é economista do Banco WestLB AG

EUA continuam vulneráveis a novas crises, diz Barnett

EUA continuam vulneráveis a novas crises, diz Barnett

A grande flexibilidade da economia americana deve levar os Estados Unidos a se
recuperar da crise e superar a estagnação, mas o país continua vulnerável aos
mesmos problemas que levaram à enorme turbulência de 2008, adverte o professor
William Barnett, da Universidade de Kansas. Para ele, o uso de estatísticas
monetárias de má qualidade pelo Federal Reserve (Fed, o banco central
americano) levou tanto o setor privado quanto o próprio Fed a tomarem decisões
com base em informações inadequadas, o motivo decisivo, segundo ele, para a
eclosão da crise, e um problema que segue presente. "As causas reais da crise
não foram adequadamente enfrentadas", diz Barnett, que falou ao Valor por
e-mail.
"Os meus dados mostram que o crescimento das taxas de agregados monetários
antes da crise eram muito maiores do que os números do Fed indicavam. Como
resultado, a política do Fed alimentava as bolhas sem que o conselho do banco
soubesse disso", afirma Barnett, que critica o uso pelos bancos centrais da
soma simples de agregados monetários - o mais adequado, segundo ele, é utilizar
um indicador que leve em conta a evolução ponderada da taxa de crescimento
desses agregados (que vão do papel moeda em circulação e os depósitos à vista
até os títulos da dívida pública e alguns títulos privados).
Barnett era um dos principais convidados do seminário "Avanços na
macroeconomia", que ocorrerá de hoje a sábado no Rio de Janeiro, em comemoração
aos 50 anos da Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio
Vargas (FGV). Mas, ele desistiu da viagem já que não conseguiria chegar a tempo
ao Rio, porque tornados fecharam aeroportos nos EUA. Para Barnett, a combinação
de política monetária muito frouxa e desregulação do sistema financeiro de fato
contribuiu para a eclosão da crise, como defendem muitos analistas, mas a fonte
mais profunda dos problemas é a questão do mau uso de dados monetários.
O economista observa que, nos anos que levaram a crise, "a complexidade
financeira aumentou dramaticamente como resultado de inovações como os swaps de
default de crédito (CDS, na sigla em inglês)". Nesse quadro, era fundamental
ter mais informações, e de melhor qualidade. "Mas, em vez disso, a quantidade e
a qualidade dos dados provenientes do Fed pioraram. Uma economia privada e
descentralizada não pode operar adequadamente sem que os agentes sejam bem
informados. A necessidade de informação aumentou, mas a disponibilidade e
qualidade da informação diminuiu."
Dada a capacidade de reação da economia americana a choques adversos, Barnett
diz esperar a recuperação dos EUA, que ainda mostra uma atividade econômica
hesitante. O setor privado, acredita ele, tem hoje um entendimento mais claro
dos riscos na economia. "Ninguém mais acredita nos mitos sobre como os bancos
domaram permanentemente o ciclo de negócios." Apesar disso, a economia
americana deverá continuar vulnerável aos mesmos problemas de antes,
resultantes de um setor privado informado de modo inadequado, num ambiente
econômico cada vez mais complexo, adverte o economista, que por oito anos
trabalhou na divisão de estudos especiais do Fed.
Barnett mostra ceticismo quanto à política de afrouxamento quantitativo
promovida pelo Fed, marcada pela compra maciça de títulos públicos e privados.
"O chamado afrouxamento quantitativo levou a um enorme aumento das reservas
bancárias acumuladas pelos bancos e não emprestadas. Como o Fed paga juros
sobre elas, por que os bancos deveriam assumir o risco de fazer empréstimos?",
pergunta ele, para quem é "irrelevante" se o Fed continua ou não com a segunda
rodada do afrouxamenteo quantitativo. "Com ele ou sem ele, diz Barnett, o Fed
está olhando em todas os lugares errados em busca de indicadores para definir
sua política. "Os meus dados sugerem que, uma vez que a crise financeira
começou, a política do Fed se tornou extremamente restritiva, tornando desse
modo a recessão na 'Grande Recessão'."
Barnett combate a tendência de se buscar bodes expiatórios que surgiu depois da
crise. Para ele, a questão é que as pessoas tomaram decisões com base em
informações inadequadas, de má qualidade.

DJ Vietnam's 2011-12 Coffee Output May Rise 10%, Weigh On Prices

DJ Vietnam's 2011-12 Coffee Output May Rise 10%, Weigh On Prices

Coffee output in top robusta producer Vietnam may
exceed 20 million 60-kilogram bags in the 2011-12 crop year, rising as much as
10%, mostly due to favourable weather conditions and better farming practices,
trading executives said Thursday.
A better crop in Vietnam may ease global robusta prices, which hit a
three-year high in March on expectations of a global deficit this year as
demand outpaces supply.
The coffee crop year runs from October to September.
Global coffee bean output in 2010-11 is estimated at 133 million bags, up
8.1%, while demand is expected to rise to 134 million bags, up 2.4%,
International Coffee Organisation said in a monthly coffee market report last
month.
Rains arrived in April at Daklak, a major coffee growing province, compared
with June last year, and will likely aid crop flowering, said a trading
executive in Ho Chi Minh City.
Farmers are adopting yield-enhancing measures to take advantage of high
prices, said a second trading executive in Ho Chi Minh City.
Domestic prices are hovering near record highs at VND51,400/kg as very little
coffee is available amid firm demand from roasters, said a trading executive
based in Daklak. "Whatever's available is mostly with wealthier farmers and is
estimated to be less than 10% of the current harvest."
Exports are likely to dip in the next few months, but domestic prices may
ease once the new crop hits the market, the executives said.
Vietnam exported 1.83 million bags of coffee in May, down 12.7% from a month
ago, the General Statistics Office said Wednesday.