Café sob pressão amplia ainda mais as perdas na ICE Futures
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US tiveram mais um dia negativo e as cotações do grão bateram, ao longo do dia, nos menores níveis em 17 meses. Vendas especulativas e de fundos fizeram com que as perdas já iniciadas na negra sessão de terça-feira fossem consideravelmente ampliadas ao longo do dia.
Tecnicamente, o mercado cafeeiro se mostra abalado. Com a perspectiva de uma safra considerável do Brasil e uma possível recomposição de estoques mundiais, a bolsa nova-iorquina vê o predomínio dos baixistas, que conseguiram romper facilmente vários suportes ao longo dos últimos dias, derrubando os preços. Apenas nesta semana, a posição maio em Nova Iorque acumula desvalorização de 6,54%.
Tecnicamente, o café assiste um processo de erosão dos preços desde maio de 2011. Após não buscar intervalo acima dos 300,00 centavos, pouco a pouco, o café veio experimentando perdas, com alguns momentos de recuperação, até culminar com a experimentação de alguns suportes em dezembro e, posteriormente, em fevereiro, sendo que nesta semana o processo de perdas ganhou contornos ainda mais sólidos, ao se verificar o rompimento de suportes de 14 meses.
Para alguns operadores, as baixas desta semana foram exageradas. Esses players avaliam que o mercado registrava uma tendência baixista clara, diante, principalmente, das formações técnicas. Porém, a força com que as perdas foram observadas surpreenderam, ainda mais se tendo em conta que, ainda na semana passada, alguns brokers já trabalhavam com um cenário sobrevendido, que, agora, estaria ainda mais exagerado.
Fundamentalmente, o mercado não tem maiores novidades, entretanto, alguns players continuam avaliando a questão "safra brasileira", sendo que alguns cálculos e estimativas independentes avaliam uma perspectiva recorde de produção do país neste ano, o que seria uma possibilidade para a recomposição dos estoques e, desse modo, uma solução para o problema que gerou as altas constantes dos últimos tempos, quando os estoques mundiais ficaram em níveis consideravelmente baixos, por conta de safras limitadas de países chaves, como a Colômbia e os centro-americanos.
No encerramento do dia, o maio em Nova Iorque teve baixa de 445 pontos com 188,20 centavos, sendo a máxima em 194,50 e a mínima em 186,20 centavos por libra, com o julho tendo desvalorização de 455 pontos, com a libra a 191,25 centavos, sendo a máxima em 197,05 e a mínima em 188,90 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição maio registrou alta de 76 dólares, com 2.031 dólares por tonelada, com o julho tendo valorização de 51 dólares, com 1.995 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado pela pressão sobre os preços. Ao longo da manhã, algumas altas chegaram a ser observadas, o que deu margem para uma avaliação de que a sessão seria caracterizada pela correção. No entanto, uma nova ação vendedora foi registrada e rapidamente alguns suportes foram rompidos e o maio chegou a bater no nível de 186,20 centavos, no menor patamar em 17 meses no mercado cafeeiro.
Ao final do dia, algumas recompras e aquisições de comerciais foram registradas, o que permitiu uma desaceleração das perdas, mas com os preços ainda se mostrando bastante deprimidos, em um dia que, ao contrário da terça-feira, os mercados externos se mostraram bem mais calmos, com altas nas bolsas de valores e estabilidade para as commodities.
"As liquidações foram muito mais consistentes que imaginávamos e os preços tiveram perdas muito fortes em apenas duas sessões. Estamos diante de um quadro muito sobrevendido e é possível que tenhamos algumas correções", disse um trader. "Eu penso que, definitivamente, o interesse comercial do mercado cafeeiro está focado no lado vendedor. Eu não acredito que teríamos tantos motivos para baixas tão fortes. Mas há definitivamente alguns players que estão tentando levar o mercado para o fundo do poço", disse Drew Geraghty, broker da Icap Futures.
As remessas internacionais de café verde do Brasil em fevereiro totalizaram 1,9 milhão de sacas, queda de 22,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). As remessas de arábica tiveram baixa de 23%, com 1,86 milhão de sacas, ao passou que os embarques de robusta recuaram 4%, com 50.734 sacas. Até agora, em 2012, o Cecafé estimou as exportações brasileiras do grão em 3,84 milhões de sacas, 24% abaixo dos primeiros dois meses de 2011. As exportações de café do Brasil em março, até o dia 6, somaram 141.006 sacas, contra 170.917 sacas registradas no mesmo período de fevereiro, informou o Cecafé.
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 7.919 sacas, indo para 1.579.721 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 35.039 lotes, com as opções tendo 4.718 calls e 3.553 puts. Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem uma resistência em 194,50, 194,90-195,00, 195,50, 196,00, 196,50, 197,00, 197,50, 198,00, 198,50, 199,00, 199,50 e 199,90-200,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 186,20, 186,00, 185,50, 185,10-185,00, 184,50, 184,00, 183,50, 183,00, 182,50, 182,30, 182,00 e 181,50 centavos por libra.