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segunda-feira, 21 de março de 2011

Sem grande pressão externa, café volta a ter ganhos na ICE

Sem grande pressão externa, café volta a ter ganhos na ICE

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta segunda-feira com ligeiras altas, em uma sessão relativamente calma e sem maiores influências do mercado externo, o que deu possibilidade, mais uma vez, ao grão flutuar sem maiores pressões e conseguisse margens para novos ganhos. O dia foi iniciado com volatilidade, com as cotações variando entre boas altas até bater no lado negativo da escala de preços. Entretanto, as perdas rapidamente foram superadas e o mercado passou a flutuar num nível de alta não dos mais fortes, com o maio se mantendo abaixo do intervalo psicológico de 280,00 centavos. Ao contrário de parte da semana anterior, os mercados externos não foram predominantes para "regular" o humor das commodities, entre elas o café.

A notícia mais comentada entre os participantes foi a ação militar perpetrada por alguns países ocidentais na Líbia, que teve uma leitura positiva por parte de mercados como o de petróleo, que nesta segunda-feira acumulou uma valorização de 1%. Outras commodities tiveram algumas altas ou correções. A soja subiu, ao passo que o trigo, que teve ganhos intensos por conta da crise atômica do Japão, teve um dia de correções medianas, com as perdas não sendo das mais profundas. No mercado de café, segundo um operador, a tendência é a volta ao curso anterior aos problemas no Japão, com os preços voltando a ser guiados pelo equilíbrio entre oferta e demanda, que mostra uma oferta escassa, notadamente de grãos de qualidade e por estoques limitados, ao passo que a demanda mantém seu viés de alta.

No encerramento do dia, o maio em Nova Iorque teve alta de 80 pontos com 277,00 centavos, sendo a máxima em 281,15 e a mínima em 275,50 centavos por libra, com o julho tendo oscilação positiva de 75 pontos, com a libra a 279,15 centavos, sendo a máxima em 283,15 e a mínima em 278,00 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição maio registrou alta de 17 dólares, com 2.613 dólares por tonelada, com o julho tendo valorização de 17 dólares, com 2.453 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o dia na bolsa nova-iorquina foi distinto, com maior volatilidade na parte da manhã e com uma maior calma à tarde, quando as cotações se estabilizaram, com uma alta apenas modesta. "O maio tem uma primeira resistência em 281,65 centavos, do começo do mês, mas ao longo do dia não conseguimos testá-la. Isso permitiu que alguns bearishs (baixistas) chegassem a lançar algumas ordens de venda, mas que também não tiveram prosseguimento. O fato de fecharmos em alta dá um novo sinal de consistência ao mercado, mesmo em uma sessão sem grandes atrativos e com algumas rolagens, como a de hoje", disse um trader.

No cenário externo, o café também encontra motivos para as altas. As commodities tiveram novo dia de alta no índice CRB e com o dólar voltando a recuar em relação a uma cesta de moedas internacionais. "O mercado de commodities está refletindo em parte a ofensiva militar na Líbia e uma perspectiva que isso abre de menor risco para a interrupção de oferta de petróleo", disse Ben Westmore, analista do Banco Nacional da Austrália.

As exportações conjuntas do grupo latino de países produtores de café tiveram alta de 19,27% nos cinco primeiros meses da atual safra, informou a Anacafé (Associação Nacional de Café da Guatemala), entidade responsável pelas estatísticas do grupo. El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, México, República Dominicana, Peru e Colômbia remeteram 10.420.181 sacas ao exterior entre outubro de 2010 e o final de fevereiro passado. No mesmo período do ano anterior as remessas somaram 8.6736.812 sacas. Apenas México e Guatemala registraram queda nas vendas ao exterior, sendo que os destaques no aumento dos embarques foram Honduras, com 50%, El Salvador, com 38%, Colômbia, com 28% e Costa Rica, com 20%. Durante a safra passada — outubro de 2009 a setembro de 2010 — os países remeteram 23.533.387 sacas ao exterior.

As exportações de café do Brasil em março, até o dia 18 somaram 1.079.340 sacas, contra 964.100 sacas registradas no mesmo período de fevereiro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 1.080 sacas indo para 1.585.040 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 12.094 lotes, com as opções tendo 2.706 calls e 2.637 puts. Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem uma resistência em 281,15, 281,50, 282,00, 282,50, 282,90-283,00, 283,50, 284,00, 284,50, 284,90-285,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 275,50, 275,00, 274,50, 274,00, 273,50, 273,00, 272,50, 272,00, 271,50 e 271,00 centavos por libra.

Carvalhaes Café abriu a semana com forte baixa, refletindo as preocupações globais com o terremoto e o tsunami no Japão

Boletim semanal - ano 78 - n° 11

Santos, sexta-feira, 18 de março de 2011

Escritório Carvalhaes

As bolsas de café, acompanhando os mercados ao redor do mundo, abriram a semana em forte baixa, refletindo as preocupações globais com o terremoto e o tsunami de sexta-feira passada no Japão (com o fuso horário, o fechamento da ICE Futures US em Nova Iorque, na sexta passada, dia 11, já repercutiu as primeiras notícias sobre a tragédia japonesa) e a grave crise nuclear decorrente dos danos sofridos nos reatores da usina atômica de Fukushima.

Apesar das incertezas continuarem e até se agravarem, o sólido cenário nos fundamentos do mercado de café, fez com que já na quarta-feira as bolsas de café fechassem em alta, permanecendo assim ontem e hoje, dia 18, encerrando a semana com balanço positivo.

O mercado físico brasileiro, em plena entressafra, permaneceu praticamente paralisado, com compradores e vendedores se limitando a observar os desdobramentos da crise nuclear japonesa no mercado de café. Hoje, voltaram a aparecer ofertas nos mesmos níveis da semana anterior ao carnaval e alguns negócios foram fechados.

Cafés arábica mais fracos só encontram interessados com grandes deságios em relação aos de boa qualidade. Seus produtores não mostram interesse em vendê-los nas bases oferecidas, preferindo aguardar ofertas mais justas. Boa parte dos lotes de café que ainda restam em mãos de cafeicultores são desses arábicas inferiores.

Hoje, na cidade de São Paulo, será realizado o evento de celebração dos 20 anos da Illycaffè no Brasil e entrega do Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Espresso.

Até o dia 17, os embarques de março estavam em 823.300 sacas de café arábica, 44.469 sacas de café conillon, somando 867.769 sacas de café verde, e 90.339 sacas de solúvel, contra 698.934 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o dia 17, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 1.363.228 sacas, contra 1.346.641 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 11, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 18, subiu nos contratos para entrega em maio próximo, 180 pontos ou US$ 2,39 (R$ 4,00) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 11 a R$ 604,36/saca e hoje, dia 18, a R$ 610,15/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 530 pontos.

Na cafeicultu​ra, emissão chega a 182 quilos por saca - 21/03/2011

21/03 Na cafeicultura, emissão chega a 182 quilos por saca
Estudo realizado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade
de São Paulo (Cena/USP) indica que os cafezais do Brasil têm um baixo grau de
emissão de gases de efeito estufa (GEE). Segundo o levantamento, que considerou
apenas a variedade arábica - responsável por 75% da produção nacional -, as
emissões de gás carbônico equivalente podem variar entre 2,03 toneladas por
hectare e 4,95 toneladas por hectare, dependendo da região.
De acordo com Carlos Clemente Cerri, pesquisador do Cena responsável pelo
estudo, o levantamento foi feito nas três principais regiões produtoras de
Minas Gerais, Estado que responde por 70% da produção de café arábica do país.
"Esse é um primeiro levantamento do setor e leva em consideração apenas a
produção do café, dentro da porteira", afirmou. Não entram na conta, por
exemplo, as emissões dos caminhões que transportam o café até as indústrias,
nem dos veículos que trazem os fertilizantes para as fazendas.
O sul de Minas foi a região que apresentou a menor taxa de emissões, seguido
pela região conhecida como Matas de Minas e pelo cerrado mineiro. Cada hectare
cultivado com café emitiu 2,03 toneladas, 2,83 toneladas e 4,95 toneladas,
respectivamente. "Não é possível comparar esses volumes às emissões de países
como Colômbia ou Vietnã, pois eles não têm esse tipo de levantamento. O que
podemos dizer é que as emissões da cafeicultura são de duas a quatro vezes
menores que outros grãos que se tem informação", disse.
Considerando a emissão por saca de café, o sul de Minas produz 50 quilos de
GEE, enquanto a região das Matas emite 126 quilos para cada saca e o cerrado,
182.
O estudo apontou que os "vilões" das emissões da cafeicultura são os
fertilizantes nitrogenados. Nas Matas de Minas, eles são responsáveis por 78%
do total de emissões, tendo uma fatia de 75% no cerrado e de 50% no sul de
Minas. Segundo Cerri, o uso de fertilizantes orgânicos misturados aos de origem
mineral no sul do Estado é o que justifica um peso menor do insumo no total das
emissões de GEE na região.
Apesar de o professor do Cena considerar o nível de emissões da cafeicultura
baixo, ele disse ser possível reduzir os volumes para patamares ainda menores e
até mesmo neutralizar as emissões. Conforme Cerri, o desafio do setor é adequar
as doses de fertilizantes utilizadas, além de buscar outras fontes e também
novas maneiras de aplicação. A utilização de algumas tecnologias já
disponíveis, como fertilizantes com inibidores de emissão, também pode
contribuir para melhorar a eficiência do setor.
O inventário de carbono da cafeicultura foi financiado pela torrefadora
italiana illycaffè. O estudo servirá de base para que a empresa possa informar
nos rótulos de seus produtos a quantidade de gases de efeito estufa que emite.
"A empresa percebeu que o mercado exigirá esse tipo de informação em breve. O
que ela fez foi se antecipar a essa demanda", afirmou Cerri.