Agência Estado
"Tivemos bons fluxos de arábica de qualidade durante os primeiros meses deste ano, mas deve ser difícil mantê-los durante o resto do ano-safra porque a temporada é de bienalidade baixa no Brasil", disse. O País é o maior produtor mundial de café.
A previsão é de que a safra do Brasil seja 5 milhões de sacas menor, somando 43 milhões de sacas, enquanto cresce o consumo doméstico. Portanto, os mercados devem ser pressionados em 2011/12. Colheitas fracas na Colômbia e na Indonésia deixaram a oferta de café de qualidade apertada nesta temporada. Os preços do café registraram novas máximas em 14 anos e analistas preveem que podem alcançar novamente 400 cents/lb, enquanto as cotações do robusta estão nas máximas em três anos.
Sobre os estoques globais dos países produtores, "não há expectativa de recuperação significativa num futuro próximo", segundo Sette. "O que será colhido nos próximos 9 a 12 meses deve ser consumido. Os estoques continuarão num nível muito baixo para os padrões históricos", declarou.
A crescente demanda em países em desenvolvimento deve impulsionar o consumo global para 132,5 milhões de sacas, ante 131,2 milhões de sacas em 2009, elevando a média de crescimento na última década para 2,3%. De acordo com estimativas da OIC, os níveis dos estoques caíram em um terço no ano passado, de modo que a temporada inicia com 13 milhões de sacas. As reservas mantidas em países importadores foi estimada em 18,3 milhões de sacas no fim de 2010.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Criada linha de crédito para quitar dívidas de cafeicultores
Brasília (31/03/2011) - Uma linha de crédito especial vai permitir que cafeicultores refinanciem dívidas de antigos empréstimos bancários. A medida, aprovada nesta quinta-feira, 31 de março, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), direciona R$ 300 milhões do Fundo de Defesa para a Economia Cafeeira (Funcafé) para a nova linha de financiamento.
“A recuperação dos preços do café trouxe uma melhor rentabilidade para o produtor, mas ainda há regiões com problemas de endividamento, explica o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone. “Os recursos darão melhores condições para esses cafeicultores liquidarem seus débitos, pois, além do prazo de cinco anos para pagamento, serão financiadas opções de mercado futuro que vão garantir preços do café aos níveis atuais no vencimento das parcelas”, completa.
Bertone se refere à possibilidade de o produtor de café utilizar parte dos recursos da linha especial para adquirir opções no mercado futuro. Ao negociar o produto aos preços atuais – que são remuneradores – o cafeicultor terá uma garantia de renda para quitar as parcelas do financiamento aprovado hoje pelo CMN.
Terão acesso ao financiamento, os cafeicultores com saldo devedor de financiamentos utilizados exclusivamente na lavoura do grão. Os produtores também terão de comprovar ao banco que a composição das dívidas é efetivamente necessária para tornar viável seu pagamento. A medida é válida para produtores que contrataram crédito diretamente de agentes financeiros ou por intermédio de suas cooperativas. Pela nova linha especial, cada produtor poderá contratar até R$ 200 mil a juros de 6,75% ao ano. O financiamento deverá ser pago em até cinco anos.
Os recursos da linha especial não poderão ser utilizados para pagamento de débitos de linhas de investimento e pré-comercialização, bem como de saldos devedores de outras renegociações incluindo o Programa Especial de Saneamento de Ativos (PESA) e a securitização.
Saiba mais
Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) – fundo administrado pelo Ministério da Agricultura com recursos destinados ao financiamento do custeio, colheita, estocagem e comercialização de café. Os recursos do fundo também são direcionados a linhas especiais, promoção do café brasileiro nos mercados interno e externo e apoio a eventos do setor.
Securitização – programa de renegociação de dívidas criado pelo governo federal em 1998 para liquidação de débitos rurais de até R$ 200 mil. Nesse programa, o Tesouro Nacional adquiriu essas dívidas dos bancos e concedeu melhores condições de pagamento aos produtores.
Programa Especial de Saneamento de Ativos (PESA) - Criado em 1998, o programa incluiu produtores com dívidas acima de R$ 200 e que não foram renegociadas por meio da securitização. Nesse caso, o produtor adquiriu um título do governo com validade de 20 anos. Ao final desse prazo, os débitos do valor principal da dívida deverão ser quitados com o rendimento desses títulos. No período, o participante do programa deve pagar, anualmente, o chamado serviço da dívida (juros). (Laila Muniz )
“A recuperação dos preços do café trouxe uma melhor rentabilidade para o produtor, mas ainda há regiões com problemas de endividamento, explica o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone. “Os recursos darão melhores condições para esses cafeicultores liquidarem seus débitos, pois, além do prazo de cinco anos para pagamento, serão financiadas opções de mercado futuro que vão garantir preços do café aos níveis atuais no vencimento das parcelas”, completa.
Bertone se refere à possibilidade de o produtor de café utilizar parte dos recursos da linha especial para adquirir opções no mercado futuro. Ao negociar o produto aos preços atuais – que são remuneradores – o cafeicultor terá uma garantia de renda para quitar as parcelas do financiamento aprovado hoje pelo CMN.
Terão acesso ao financiamento, os cafeicultores com saldo devedor de financiamentos utilizados exclusivamente na lavoura do grão. Os produtores também terão de comprovar ao banco que a composição das dívidas é efetivamente necessária para tornar viável seu pagamento. A medida é válida para produtores que contrataram crédito diretamente de agentes financeiros ou por intermédio de suas cooperativas. Pela nova linha especial, cada produtor poderá contratar até R$ 200 mil a juros de 6,75% ao ano. O financiamento deverá ser pago em até cinco anos.
Os recursos da linha especial não poderão ser utilizados para pagamento de débitos de linhas de investimento e pré-comercialização, bem como de saldos devedores de outras renegociações incluindo o Programa Especial de Saneamento de Ativos (PESA) e a securitização.
Saiba mais
Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) – fundo administrado pelo Ministério da Agricultura com recursos destinados ao financiamento do custeio, colheita, estocagem e comercialização de café. Os recursos do fundo também são direcionados a linhas especiais, promoção do café brasileiro nos mercados interno e externo e apoio a eventos do setor.
Securitização – programa de renegociação de dívidas criado pelo governo federal em 1998 para liquidação de débitos rurais de até R$ 200 mil. Nesse programa, o Tesouro Nacional adquiriu essas dívidas dos bancos e concedeu melhores condições de pagamento aos produtores.
Programa Especial de Saneamento de Ativos (PESA) - Criado em 1998, o programa incluiu produtores com dívidas acima de R$ 200 e que não foram renegociadas por meio da securitização. Nesse caso, o produtor adquiriu um título do governo com validade de 20 anos. Ao final desse prazo, os débitos do valor principal da dívida deverão ser quitados com o rendimento desses títulos. No período, o participante do programa deve pagar, anualmente, o chamado serviço da dívida (juros). (Laila Muniz )
OIC - Exportações mundiais de café tem alta de 4,78%
De acordo com dados preliminares divulgados, na última sexta-feira, pela Organização Internacional do Café (OIC), as exportações mundiais para todos os destinos totalizaram 99.105.215 sacas no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em fevereiro de 2011, o que implicou crescimento de 4,78% em relação às 94.582.730 sacas embarcadas em idêntico intervalo antecedente. Entre os países que mais exportaram o produto, o Brasil, apresentando alta de 11,85% frente às remessas efetuadas de março de 2009 a fevereiro de 2010 (30.148.932 sacas), manteve-se na liderança dos embarques, registrando o envio de 33.722.996 sacas a todos os destinos.
Em fevereiro de 2011 conforme dados preliminares recebidos dos países membros, foram embarcadas 8.483.750 sacas por todas as nações produtoras. Esse volume é 14,83% superior ao registrado no segundo mês de 2010, quando foram exportadas 7.388.078 sacas, mas 4,08% menor do que o montante apurado em janeiro deste ano (8.844.488 sacas). O país que mais exportou café, no mês passado, foi o Brasil, totalizando o envio de 2.663.946 sacas ao exterior, o que implicou alta de 17,60% em relação a fevereiro de 2010, quando o país embarcou 2.265.166 sacas, mas queda de 4,50% frente às 2.789.538 sacas de janeiro deste ano.
As exportações referentes a variedade arábica totalizaram 5.544.828 sacas em fevereiro de 2011, o que implicou alta de 16,98% na comparação com as 4.740.121 sacas registradas no mesmo mês de 2010, mas queda de 2,38% frente às 5.679.926 sacas de janeiro deste ano. Respondendo por 42,76% do total apurado, o Brasil permanece na liderança das exportações mundiais de café arábica, tendo registrado a remessa de 2.371.161 sacas ao exterior em fevereiro, ou 18,55% a mais do que o embarcado no segundo mês de 2010 (2.000.130 sacas).
No caso do conilon o Vietnã segue como líder das exportações mundiais de café robusta, com seus embarques apresentando alta de 27,84% em fevereiro deste ano frente às 1.095.161 sacas remetidas no mesmo período de 2010. No segundo mês de 2011, os vietnamitas responderam por 61,07% das exportações globais de conilon, tendo comercializado 1,4 milhão de sacas com o exterior. Os dados, preliminares, são do relatório estatístico da Organização Internacional do Café (OIC). De acordo com a entidade, o total embarcado por todos os países produtores, em fevereiro passado, foi de 2.292.267 sacas de robusta, montante 15,77% superior ao registrado no segundo mês de 2010, quando a exportação mundial da variedade somou 1.980.072 sacas, porém 17,65% menor do que as 1,7 milhão de sacas de janeiro. O Brasil figurou como quinto colocado no ranking mundial, em fevereiro, atrás de Indonésia, Índia e Uganda, além do próprio Vietnã. No mês retrasado, o País remeteu 48.838 sacas de conilon ao exterior, volume que implicou declínio de 117% em relação a fevereiro de 2010 (22.506 sacas) e representou apenas 2,13% do total.
Em fevereiro de 2011 conforme dados preliminares recebidos dos países membros, foram embarcadas 8.483.750 sacas por todas as nações produtoras. Esse volume é 14,83% superior ao registrado no segundo mês de 2010, quando foram exportadas 7.388.078 sacas, mas 4,08% menor do que o montante apurado em janeiro deste ano (8.844.488 sacas). O país que mais exportou café, no mês passado, foi o Brasil, totalizando o envio de 2.663.946 sacas ao exterior, o que implicou alta de 17,60% em relação a fevereiro de 2010, quando o país embarcou 2.265.166 sacas, mas queda de 4,50% frente às 2.789.538 sacas de janeiro deste ano.
As exportações referentes a variedade arábica totalizaram 5.544.828 sacas em fevereiro de 2011, o que implicou alta de 16,98% na comparação com as 4.740.121 sacas registradas no mesmo mês de 2010, mas queda de 2,38% frente às 5.679.926 sacas de janeiro deste ano. Respondendo por 42,76% do total apurado, o Brasil permanece na liderança das exportações mundiais de café arábica, tendo registrado a remessa de 2.371.161 sacas ao exterior em fevereiro, ou 18,55% a mais do que o embarcado no segundo mês de 2010 (2.000.130 sacas).
No caso do conilon o Vietnã segue como líder das exportações mundiais de café robusta, com seus embarques apresentando alta de 27,84% em fevereiro deste ano frente às 1.095.161 sacas remetidas no mesmo período de 2010. No segundo mês de 2011, os vietnamitas responderam por 61,07% das exportações globais de conilon, tendo comercializado 1,4 milhão de sacas com o exterior. Os dados, preliminares, são do relatório estatístico da Organização Internacional do Café (OIC). De acordo com a entidade, o total embarcado por todos os países produtores, em fevereiro passado, foi de 2.292.267 sacas de robusta, montante 15,77% superior ao registrado no segundo mês de 2010, quando a exportação mundial da variedade somou 1.980.072 sacas, porém 17,65% menor do que as 1,7 milhão de sacas de janeiro. O Brasil figurou como quinto colocado no ranking mundial, em fevereiro, atrás de Indonésia, Índia e Uganda, além do próprio Vietnã. No mês retrasado, o País remeteu 48.838 sacas de conilon ao exterior, volume que implicou declínio de 117% em relação a fevereiro de 2010 (22.506 sacas) e representou apenas 2,13% do total.
A aposta é de US$ 20 bi no real. Quem cobre?
A aposta é de US$ 20 bi no real. Quem cobre?
Eduardo Campo
A tentativa do governo de reverter ou mesmo amenizar o viés de valorização do
real bate em uma singela montanha de US$ 20,217 bilhões.
Essa é a posição vendida (aquela que ganha com a queda do dólar) do investidor
estrangeiro na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) neste começo de mês.
A soma recorde é composta por US$ 12,711 bilhões vendidos em contratos de dólar
futuro e outros US$ 7,505 bilhões em cupom cambial (DDI - juro em dólar). Cabe
ressaltar que apenas na sexta-feira, dia 1 de abril, os não residentes
venderam US$ 4,38 bilhões em contratos de dólar futuro. Por mais que as
posições estejam "sujas" em função da virada do mês, com vencimentos e posições
ainda cruzados, o montante não deixa de ser impressionante.
A pergunta que surge agora é se tal posição é meramente especulativa ou tem
algum caráter de hedge. Não podemos afirmar nada muito além dos números que a
BM&F nos dá, pois não sabemos se esses agentes têm posição em outros
instrumentos que neutralizam tal exposição na BM&F.
Em um pregão estrangeiro "vende" US$ 4,38 bilhões
No entanto, é possível fazer algumas observações relevantes. Primeira delas,
podemos supor que os estrangeiros não dispõem de tantos instrumentos cambiais
para operar no mercado local como os bancos, que podem ter posições à vista, no
futuro, no mercado de balcão e outros contratos.
Segundo ponto que merece atenção é que esse crescimento na posição líquida
vendida decorre menos de um aumento nas apostas pró-real e mais de um
reposicionamento dos estrangeiros que vinham carregando posição comprada
(aquela que ganha com a valorização do dólar).
Colocando de outra forma, o estrangeiro que estava comprado em dólar saiu dessa
posição. Ou seja, se ele tinha hedge de alguma operação, sentiu-se confortável
o bastante para ficar exposto ou até mesmo apostar no real.
Conforme explicou um operador, sempre que o estrangeiro ingressa no país para
aplicar em juros, por exemplo, ele faz a conversão da moeda e compra o título
em reais. Para não correr o risco de variação cambial do período, o natural é
esse investidor fazer um hedge dessa exposição cambial, pois em algum momento
ele deve deixar o país, vendendo reais e recomprando dólar. Ele faria esse
hedge comprando dólar futuro. Esse raciocínio também válido para investimento
em renda variável ou investimento direto.
Mas o que parece estar acontecendo é que o estrangeiro está vendendo o dólar
"duas vezes". Uma vez quando ingressa no país e outra na BM&F, onde deveria
estar fazendo hedge. Além de ganhar a variação de juros da aplicação, ele
também busca se beneficiar da apreciação do real no período.
Sendo uma estratégia meramente especulativa (ou não), cabe lembrar que ela está
dentro das regras do mercado.
O fato é que essa posição vendida dificulta o trabalho do Banco Central (BC),
ainda mais que seus instrumentos não atingem diretamente esse tipo de
investidor.
Não por mera coincidência, o preço máximo do dólar no mês de março, de R$
1,686, foi atingido no dia 17, quando a posição vendida do estrangeiro estava
na mínima do mês, de US$ 1,60 bilhão, considerando apenas dólar futuro.
Desse dia em diante a posição vendida foi sistematicamente elevada, até o dólar
fechar o dia 1 de abril em R$ 1,612. Uma queda de 4,39% no período.
Se tem gente vendida tem gente comprada. E essa função, na BM&F é dos bancos e
de outras pessoas jurídicas financeiras.
No pregão de segunda-feira, as declarações de Mantega de que o governo "vai
continuar" adotando medidas para conter a valorização do real também não
fizeram preço. O dólar comercial caiu 0,18%, a R$ 1,609. Preço igual a esse não
era visto desde 8 de agosto de 2008.
Vale lembrar que continua latente a percepção de que mais alguma coisa será
feita no câmbio. Os agentes imaginam, agora, qual será a "canetada".
Eduardo Campo
A tentativa do governo de reverter ou mesmo amenizar o viés de valorização do
real bate em uma singela montanha de US$ 20,217 bilhões.
Essa é a posição vendida (aquela que ganha com a queda do dólar) do investidor
estrangeiro na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) neste começo de mês.
A soma recorde é composta por US$ 12,711 bilhões vendidos em contratos de dólar
futuro e outros US$ 7,505 bilhões em cupom cambial (DDI - juro em dólar). Cabe
ressaltar que apenas na sexta-feira, dia 1 de abril, os não residentes
venderam US$ 4,38 bilhões em contratos de dólar futuro. Por mais que as
posições estejam "sujas" em função da virada do mês, com vencimentos e posições
ainda cruzados, o montante não deixa de ser impressionante.
A pergunta que surge agora é se tal posição é meramente especulativa ou tem
algum caráter de hedge. Não podemos afirmar nada muito além dos números que a
BM&F nos dá, pois não sabemos se esses agentes têm posição em outros
instrumentos que neutralizam tal exposição na BM&F.
Em um pregão estrangeiro "vende" US$ 4,38 bilhões
No entanto, é possível fazer algumas observações relevantes. Primeira delas,
podemos supor que os estrangeiros não dispõem de tantos instrumentos cambiais
para operar no mercado local como os bancos, que podem ter posições à vista, no
futuro, no mercado de balcão e outros contratos.
Segundo ponto que merece atenção é que esse crescimento na posição líquida
vendida decorre menos de um aumento nas apostas pró-real e mais de um
reposicionamento dos estrangeiros que vinham carregando posição comprada
(aquela que ganha com a valorização do dólar).
Colocando de outra forma, o estrangeiro que estava comprado em dólar saiu dessa
posição. Ou seja, se ele tinha hedge de alguma operação, sentiu-se confortável
o bastante para ficar exposto ou até mesmo apostar no real.
Conforme explicou um operador, sempre que o estrangeiro ingressa no país para
aplicar em juros, por exemplo, ele faz a conversão da moeda e compra o título
em reais. Para não correr o risco de variação cambial do período, o natural é
esse investidor fazer um hedge dessa exposição cambial, pois em algum momento
ele deve deixar o país, vendendo reais e recomprando dólar. Ele faria esse
hedge comprando dólar futuro. Esse raciocínio também válido para investimento
em renda variável ou investimento direto.
Mas o que parece estar acontecendo é que o estrangeiro está vendendo o dólar
"duas vezes". Uma vez quando ingressa no país e outra na BM&F, onde deveria
estar fazendo hedge. Além de ganhar a variação de juros da aplicação, ele
também busca se beneficiar da apreciação do real no período.
Sendo uma estratégia meramente especulativa (ou não), cabe lembrar que ela está
dentro das regras do mercado.
O fato é que essa posição vendida dificulta o trabalho do Banco Central (BC),
ainda mais que seus instrumentos não atingem diretamente esse tipo de
investidor.
Não por mera coincidência, o preço máximo do dólar no mês de março, de R$
1,686, foi atingido no dia 17, quando a posição vendida do estrangeiro estava
na mínima do mês, de US$ 1,60 bilhão, considerando apenas dólar futuro.
Desse dia em diante a posição vendida foi sistematicamente elevada, até o dólar
fechar o dia 1 de abril em R$ 1,612. Uma queda de 4,39% no período.
Se tem gente vendida tem gente comprada. E essa função, na BM&F é dos bancos e
de outras pessoas jurídicas financeiras.
No pregão de segunda-feira, as declarações de Mantega de que o governo "vai
continuar" adotando medidas para conter a valorização do real também não
fizeram preço. O dólar comercial caiu 0,18%, a R$ 1,609. Preço igual a esse não
era visto desde 8 de agosto de 2008.
Vale lembrar que continua latente a percepção de que mais alguma coisa será
feita no câmbio. Os agentes imaginam, agora, qual será a "canetada".
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