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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Café recua em sessão pouco procurada na ICE Futures US

  Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta terça-feira com quedas, em uma sessão esvaziada e cujo fechamento se deu com uma hora de antecedência, seguindo o calendário apresentado pela casa de comercialização norte-americana.
Apesar das oscilações negativas, o março continuou a flutuar dentro de um range muito próximo do nível psicológico de 115,00 centavos de dólar. Operadores continuam a indicar que a tendência é que o exercício de 2013 seja encerrado com preços próximos dos patamares atuais, uma vez que o mercado se mostra muito pouco procurados, com os players focados, efetivamente, no período de descanso e de festas do final de ano.

A pressão sobre os preços pode voltar a ganhar força no início do próximo ano, quando os participantes estarão de volta aos terminais e, desse modo, questões como a disponibilidade ampla do grão passarão a ganhar força. Vários operadores continuam a especular sobre a oferta consistente de café, já que nesta temporada várias origens já contaram com safras fortes e em 2014 deverão repetir tal comportamento. Nesse diapasão podem ser incluídos produtores como Brasil, Vietnã e Colômbia, que após um longo período de safras medíocres conseguiu se recuperar, amparada em um programa de renovação de lavouras.

No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição março teve desvalorização de 110 pontos, com 114,75 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 116,80 centavos e a mínima de 114,05 centavos, com o maio registrando perda de 105 pontos, com 117,00 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 119,00 centavos e a mínima de 116,30 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição março teve queda de 14 dólares, com 1.691 dólares por tonelada, com o maio tendo retração de 9 dólares, com 1.660 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o dia na bolsa norte-americana foi marcado por poucos negócios, com a maior parte dos players se posicionando de lado. A abertura do dia ainda teve alguma consistência, mas o março não conseguiu experimentar as máximas da sessão passada, quando chegou a tocar um patamar de 117,00 centavos. Diante dessa falha, algumas ordens de venda foram acionadas e, ao final do processo, o primeiro contrato ficou abaixo do referencial de 115,00 centavos. O segmento externo também teve um dia fraco, com ligeiras altas para as bolsas de valores dos Estados Unidos e poucas oscilações para as commodities.

"Como já era esperado, tivemos um pregão para poucos. Os preços pouco oscilaram e o foco estava muito mais voltado para as últimas compras natalinas. Nos próximos dias não deveremos ter maiores mudanças nesse quadro", disse um trader.

Cada quintal (saca de 46 quilos) de café colhido entre outubro e novembro de 2012 na Nicarágua foi vendido em média 182,13 dólares no mercado internacional. Este ano, no mesmo período, os produtores de café locais estão recebendo 109,29 dólares, ou seja, 72,84 dólares a menos em relação à safra de café 2012/2013, queda de 40%. Nos dois primeiros meses do atual ciclo de produção, o país registrou a produção de 6.274 quintais (4.811 sacas), mas sobe para 97.347 quintais (74.633 sacas), se o excedente da safra passada for incorporado.

As exportações brasileiras no mês de dezembro, até o dia 23, totalizaram 1.470.494 sacas de café, alta de 13,26% em relação às 1.298.242 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior. De acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque ficaram estáveis em 2.698.697 sacas. Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem resistência 116,80, 117,00, 117,50, 118,00, 118,50, 119,00, 119,50, 119,90-120,00, 120,50, 121,00, 121,50 e 122,00 centavos de dólar, com o suporte em 114,05-114,00, 113,55-113,50, 113,10-113,00, 112,50, 112,00, 111,75, 111,50, 111,00, 110,50, 110,10-110,00, 109,80, 109,50, 109,35, 109,00, 108,50, 108,00, 107,50, 107,00 e 106,50 centavos.




Em sessão curta, café registra quedas para contratos de café

  Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram a curta sessão desta terça-feira com quedas, com a posição março ficando abaixo do nível psicológico de 1.700 dólares. Como ocorre tradicionalmente às vésperas do Natal, a bolsa britânica funcionou em um horário restrito e, com isso, o volume de negócios produzidos foi irrisório.

Na quarta-feira, feriado, não há funcionamento da casa de comercialização, assim como na quinta-feira, Boxing Day.

Ao longo do dia, a segunda posição flutuou num range estreito, com mínima em 1.689 dólares e máxima de 1.703 dólares. A posição março teve, ao longo da sessão, 1.056 contratos negociados, com o maio registrando negócios com apenas 416 lotes. O spread entre março e maio ficou em 31 dólares. No encerramento do dia, o março teve queda de 14 dólares, com 1.691 dólares por tonelada, com o maio tendo desvalorização de 9 dólares, com 1.660 dólares por tonelada.



Sinal de maior estímulo à demanda por café arábica

  O diferencial entre os preços internacionais do café arábica, de melhor qualidade e normalmente mais caro, e os do robusta já voltou a subir depois de atingir neste mês o menor patamar desde 2008 - 28,70 centavos de dólar por libra-peso na comparação entre os contratos para entrega em março e janeiro de 2014 nas bolsas de Nova York (arábica) e Londres (robusta), respectivamente. Esse "spread" é um importante termômetro para a arbitragem entre os papéis negociados nas duas bolsas e indica e para os quadros de oferta e demanda de cada espécie da commodity.

"Especuladores respondem mais rapidamente à abertura [aumento] e ao fechamento [redução] desse diferencial", afirma Moris Mermelstein, consultor da MM Commodities. Segundo ele, com um diferencial em torno de 30 centavos de dólar por libra-peso, considerado "muito estreito", a expectativa é que as torrefadoras alterem os blends [do café torrado e moído] e passem novamente a demandar mais café arábica e menos robusta. "Essa substituição vai alterar a oferta e demanda de cada variedade, o que fará com que o diferencial tenda a voltar ao normal", prevê.

Ele estima que o diferencial vai se situar em torno de 35 a 40 centavos de dólar por libra-peso. Trata-se de uma reversão da tendência ocorrida em 2011, quando os preços do arábica subiram demasiadamente e provocaram uma substituição do café mais nobre pelo robusta. Embora as perspectivas apontem para um maior uso do arábica, cuja substituição não é tão rápida, a demanda por café robusta continuará forte no curto prazo, conforme o consultor.

Uma indicação é que os estoques certificados na bolsa de Londres recuaram recentemente em cerca de 500 mil sacas (um terço do total) em um intervalo de 15 dias. A demanda é motivada pelo atraso na safra do Vietnã, que é o maior produtor e exportador mundial de café robusta, por questões climáticas e pela ocorrência de um tufão, além da retenção por parte dos produtores que recebem preços mais baixos pelos grãos ante o mesmo período de 2012. Um problema fiscal também agravou a situação. As exportações vietnamitas recuaram cerca de 30% em outubro e novembro em relação ao mesmo período do ano passado.

Entretanto, no médio e no longo prazos não deverá faltar café robusta diante das estimativas de mais uma safra volumosa no país asiático (2013/14). Tradings estimam entre 27 milhões e 30 milhões de sacas, e o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), 28,5 milhões de sacas. De acordo com Mermelstein, na indústria nacional a substituição de robusta por arábicas mais baratos (como os de bebida rio), vem ocorrendo mais rapidamente desde o mês de agosto deste ano. No mercado internacional, a troca é mais lenta, pondera, pois as torrefadoras têm mais dificuldade para mudar radicalmente os blends.

Para ele, outra indicação de que a substituição está acontecendo é a menor exportação global de robusta registrada pela Organização Internacional do Café (OIC) - 864.092 sacas a menos em outubro do que no mesmo mês de 2012, a queda mais significativa entre grupos de café como os naturais brasileiros e os suaves colombianos, conforme a entidade. Já Rodrigo Costa, diretor da Caturra Coffee, comercializadora de café com base em Nova York, não crê que vá ocorrer uma substituição significativa de robusta por arábicas de menor qualidade diante de um diferencial menor, a não ser em mercados não tradicionais importadores, como o Leste Europeu.

Segundo ele, Europa, Japão e Estados Unidos, tradicionais consumidores do grão, não fazem essa troca diante de uma situação pontual, por causa do risco de que isso afete a demanda. "É cultural". Ele afirma que o arábica mais barato não tem tanta absorção no mercado internacional. A indústria internacional de café, observa Costa, não tem tanta flexibilidade para mudar suas compras de matéria-prima como tem um trader, até porque as empresas costumam antecipar as aquisições da matéria-prima em quatro a cinco meses.

Para o diretor da Caturra, o diferencial "estreito" entre as duas espécies de café não vai perdurar. "Não é sustentável". Costa diz que, utilizando como parâmetro um arábica de pior qualidade, cuja diferença acaba sendo ainda menor que em relação ao robusta - o café entregue em Nova York é de boa qualidade (semilavado) -, acaba havendo uma distorção no mercado, que já foi "percebida". Daí o "spread" já ter diminuído. Costa prevê que o robusta continuará a ser muito demandado.

Mas o produto não terá força para subir, já que o Vietnã - que também tem "segurado" as vendas - terá de voltar ao mercado. Segundo ele, o arábica vai "sofrer" sem a ajuda do robusta e não vai conseguir subir sozinho. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou na sexta-feira a 4ª estimativa para a produção brasileira de café na safra 2013/14. Serão 49,15 milhões de sacas - 38,29 milhões de arábica e 10,86 milhões de robusta. O volume total é 3,3% inferior ao colhido na temporada 2012/13.