Os contratos futuros de café negociados na ICE Futures
US tiveram uma sexta-feira de perdas intensas, com uma grande volatilidade e com as cotações chegando a acumular, ao longo da sessão, baixa de 7%. Operadores se mostraram preocupados com a situação macroeconômica, com as especulações sobre uma ampliação do cenário de crise na União Européia, um possível calote da Grécia e também com a apatia com que o pacote econômico do governo dos Estados Unidos foi recebido pelos mercados. Diante desse cenário tenso, diversos players efetuaram realizações de lucro, aproveitando os bons ganhos acumulados nas últimas semanas na bolsa nova-iorquina. O dia também foi de vencimento das opções de outubro e, segundo alguns operadores, um grande banco teria realizado uma forte operação com vendas de opções de café, contra um preço entre 270,00 e 290,00 centavos de dólar, o que teria desencadeado uma reação considerável no mercado de futuros, com muitos operadores liquidando, o que deu espaço para novos stops, o que permitiu que, em determinado momento do dia, a posição dezembro chegasse a acumular perda de significativos 1.900 pontos. Os mercados externos tiveram um dia bastante negativo, com as bolsas de valores encerrando com perdas de mais de 2,5%. Guiado para baixo pelo café e pelo petróleo, o índice CRB recuou mais de 1,5%. Já o dólar voltou a se fortalecer ante uma cesta de moedas internacionais e encerrou o dia com ganho de 1,23%. Apesar das perdas do dia, desde o dia 9 de agosto, o café ainda acumula uma valorização de 16,1% na bolsa de Nova Iorque. No encerramento do dia, o dezembro em Nova Iorque teve queda de 1.410 pontos com 270,00 centavos, sendo a máxima em 283,60 e a mínima em 265,10 centavos por libra, com o março registrando oscilação negativa de 1.400 pontos, com a libra a 273,05 centavos, sendo a máxima em 286,00 e a mínima em 268,90 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro registrou queda de 48 dólares, com 2.171 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 47 dólares, com 2.195 dólares por tonelada. Alguns analistas internacionais não avaliaram as baixas do dia como um fato dos mais preocupantes, sendo que alguns, inclusive, já trabalhavam com a possibilidade de um movimento nesse sentido. "O café teve um avanço extraordinário recentemente e o que tivemos hoje foi apenas uma liquidação de posições excedentes compradas", sustentou Drew Geraghty, broker da Icap Futures. Mesmo com os preços praticados recentemente, quando o café voltou a ficar próximo das máximas de maio, os produtores do Brasil continuaram a se mostrar reticentes, vendendo relativamente pouco, a espera de mais ganhos no mercado. "Os cafeicultores estão se mostrando muito disciplinados neste ano. O café só deverá cair mais fortemente se tivermos uma grande crise econômica", observou Márcio Bernardo, analista da corretora Newedge. As novas safras ainda não se iniciaram na Colômbia, nos países da América Central e no México, regiões que colocam no mercado grãos de arábica suaves. "Foi uma semana negativa também para os preços do café no mercado futuro. A forte alta do dólar frente ao real derrubou as cotações na bolsa de Nova Iorque. Hoje os mercados reagiram mal ao discurso de ontem do presidente Obama e à renúncia de um dos principais diretores do Banco Central Europeu, pressionando ainda mais as bolsas ao redor do mundo e a do café em Nova Iorque. Em nossa opinião, as quedas desta semana não refletem mudanças nos fundamentos do mercado de café, que permanecem sólidos e positivos", indicou o Escritório Carvalhaes, em seu comentário semanal. As exportações de café do Brasil em setembro, até o dia 8, somaram 316.021 sacas, contra 333.456 sacas registradas no mesmo período de agosto, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 5.035 sacas, indo para 1.443.026 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 27.258 lotes, com as opções tendo 5.062 calls e 9.161 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 283,60, 284,00, 284,50, 284,75, 284,90-285,00, 285,50, 286,00, 286,50, 287,00, 287,50, 288,00 e 288,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 265,10-265,00, 264,50, 264,00, 263,50, 263,00, 262,50, 262,00, 261,50, 261,00, 260,50, 260,10-260,00 e 259,50 centavos por libra.