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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Alta das commodities pode durar mais que o previsto

Econômico


EDITORIAL
20/04/2011

Aparentemente, o Banco Central (BC) e a Fazenda acordaram para o fato de que a alta dos preços das commodities, especialmente dos alimentos, veio para ficar; e que isso exige a reavaliação da estratégia de combate à inflação.

A nova postura ficou evidente na preocupação do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, em examinar a tendência dos preços dos alimentos. O Valor apurou que Tombini procurou o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e sua equipe para discutir o assunto; e também já contatou técnicos da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário. O BC está monitorando mais de perto commodities como soja, milho, café e algodão, além dos produtos básicos de consumo como arroz, feijão e hortigranjeiros.

Os produtos agropecuários são responsáveis por 22% do IPCA e subiram 7,95% nos doze meses terminados em março, enquanto o índice geral avançou 5,47%. As primeiras constatações são que milho, café, soja e algodão estão com os preços acima da média histórica apesar de o país estar prestes a colher uma nova safra recorde. Isso certamente pesará a favor da elevação da taxa básica de juros nas discussões de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom).

A elevação das commodities é fenômeno global. A demanda aumentou e a oferta não acompanhou. Na China, os preços ao consumidor acumularam alta de 5,4% em doze meses, em março, enquanto os alimentos avançaram 11,7%.

Estudo recentemente divulgado por dois economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI), Thomas Helbling e Shaun Roache, diz que os preços dos alimentos estão em alta desde o início do século. A crise internacional conteve temporariamente a tendência que agora volta a recuperar seu ímpeto, uma vez que a economia já mostra recuperação em várias partes do mundo. Os economistas constataram que o índice de preços do FMI que rastreia o comportamento dos 22 produtos agrícolas mais comercializados está perto do patamar recorde de junho de 2008.

O principal motivo da alta dos preços internacionais também é o aumento da demanda, que cresceu com a melhoria de situação das economias emergentes, onde os alimentos têm maior peso nos gastos das pessoas. A China é responsável por 70% a 80% do aumento da demanda por alimentos entre 2008 e 2010, segundo relatório recém-divulgado pelo Grupo dos 20 (o G-20, grupo de 19 países, mais a União Europeia).

Tem também um papel relevante na elevação dos preços a transformação de alguns produtos agrícolas em alternativa de investimento de especuladores e hedge funds, cujo movimento foi engrossado pelas políticas de expansão monetária das economias avançadas. Houve ainda influência de problemas climáticos e do uso de alguns produtos agrícolas como combustível, casos do milho e da cana.

Outro sinal de que o governo brasileiro passou a ver com outros olhos a alta dos preços dos alimentos foi a postura mais conciliadora do país na reunião do G-20 para discutir a disparada das commodities, realizada na reunião da semana passada, paralelamente ao encontro semestral do FMI e Banco Mundial. Até então, o Brasil vinha se opondo à proposta apresentada pela França, de regulação do mercado de alimentos, receando que os países importadores de commodities impusessem controles aos produtores, como o Brasil.

Mas isso foi um mal-entendido, segundo Christine Lagarde, a ministra das Finanças da França, que ocupa neste ano a presidência rotativa do G-20. De fato, o Brasil aceitou a proposta francesa de criar mecanismos para regular e supervisionar a excessiva volatilidade dos preços dos produtos agrícolas, evitando "abusos de mercado e manipulação", sem fixar ou tabelar cotações.

Um dos principais alvos do G-20 são os investimentos financeiros em commodities, à vista e em derivativos. O G-20 espera receber propostas concretas a respeito do assunto até setembro. O comunicado divulgado pelo grupo registra a expectativa de que a regulamentação garanta "mais transparência no mercado de derivativos para lidar com os abusos e manipulação de mercado".

A alta dos preços das commodities foi considerada na reunião do FMI como possível entrave à recuperação da economia global na medida em que eleva a inflação e amplia as importações dos países não produtores.

Com pouca venda, Nova York sobe fácil e deve buscar 300 cents

AGENCIA ESTADO


20/04/11 - A tensão observada no pregão de segunda-feira do mercado futuro de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) se dissipou ontem. O ambiente macroeconômico menos pessimista favoreceu as commodities, em geral. A aproximação do fim de semana prolongado nos Estados Unidos (Good Friday) e no Brasil (Tiradentes e Sexta-Feira da Paixão) sinaliza inclinação de nova alta para o café, diante da possibilidade de ausência de venda de origem.

De acordo com corretor da Newedge Group, os futuros de café se mostraram bastante resistentes à inclinação negativa. "O comportamento de ontem sugeriu dificuldade de correção para baixo, com uma boa recuperação", informa. Como o fim de semana será prolongado no Brasil e nos Estados Unidos, o mercado pode encontrar facilidades para subir, diante da ausência de venda de origem.

As análises sobre a reafirmação do rating AAA dos EUA pela Standard & Poors (S&P), cuja perspectiva de classificação foi reduzida de estável para negativa na segunda-feira, ganharam novos contornos ontem. De acordo com analistas, a nova perspectiva foi considerada apenas um aviso aos EUA, já que o triplo A dificilmente será rebaixado.

Ontem o mercado de café avançou com alguma participação de fundos de investimento. O torrador teria comprado mais cedo. O contrato para julho encerrou em alta de 2,38% (685 pontos), a 294,25 cents. A máxima chegou a marcar 294,65 cents (mais 725 pontos). A mínima foi de 286 cents (menos 140 pontos).

Graficamente, os contratos podem testar a máxima de 9 de março a 296,65 cents, mirando o nível psicológico de 300 cents. Apesar dos sinais positivos, "está difícil vislumbrar uma direção para os contratos", diz o corretor. "Os indicadores macroeconômicos continuam influenciando muito o comportamento das commodities", diz a fonte. Nesta quarta-feira começa o período de aviso de entrega do contrato maio em Nova York. Há pouco, julho já rompia a resistência a 296,65 cents, subindo 1,01% (300 pontos), a 297,25 cents.

Os contratos futuros de arábica na BM&FBovespa fecharam em alta ontem. O vencimento setembro/11, o mais líquido com 11.394 lotes em aberto, subiu US$ 8,40, a US$ 366,70 a saca. A estrutura dos contratos continua invertida, com o vencimento maio e julho mais valorizados em relação aos meses mais distantes. O mercado brasileiro não vai operar amanhã e na sexta-feira, por causa de feriado de Dia de Tiradentes e Sexta-feira Santa.

Os contratos futuros de café robusta na Bolsa de Londres (Liffe) fecharam em alta ontem. O vencimento maio teve valorização de US$ 24 ou 0,99%, para US$ 2.452/t. Há pouco, maio subia 0,74% (18 dólares), a 2.446 dólares/t.

Clima

A Somar Meteorologia informa que o padrão climático não se altera na Região Sudeste nos próximos 5 dias. Assim, as áreas produtoras de café terão tempo aberto, ensolarado e com temperaturas oscilando de 13 a 16 graus. "Somente no início da próxima semana a chegada de um frente fria deixará o tempo nublado sobre São Paulo, sul e zona da mata mineira e no Espírito Santo, com grande possibilidade de ocorrência de chuvas", informa o agrônomo da Somar, Marco Antonio dos Santos.

Na região norte do Espírito Santo, principal produtora de café conillon, a colheita segue em ritmo lento, pois ainda são observadas chuvas em todas as localidades produtoras, o que vêm atrapalhando as atividades de colheita e de secagem dos grãos. Até o momento, porém, não foram observados prejuízos que possam reduzir a safra robusta, avalia a agrônomo. No sul do Estado, as lavouras de café arábica seguem apresentando bom desenvolvimento.

No Paraná e em São Paulo os cafezais também estão em perfeito estado vegetativo, com os grãos em fase inicial de amadurecimento, sinalizando que a colheita deve começar no fim de maio.

Conforme a Somar, uma forte chuva de granizo atingiu a região de Nova Rezende, no sul de Minas, na semana passada. Calcula-se que 2.400 hectares foram destruídos e que, desse total, em pelo menos 60% a perda foi total. Além disso, algumas lavouras só irão produzir novamente daqui a dois anos, pois as plantas danificadas pelo granizo não conseguirão dar florada este ano.

As lavouras da região sul de Minas Gerais que não foram atingidas pelo granizo encontram-se em bom estado vegetativo, apresentando um ou outro problema pontual, como coração negro (apodrecimento dos grãos). Isso não irá prejudicar a produção do Estado nesta safra. No restante do Estado de Minas Gerais, as condições também são boas. Mesmo com a diminuição das chuvas na semana passada, o nível de água no solo ainda está elevado, dando suporte à demanda hídrica das plantas, apesar do forte calor observado durante o período.

Mercado físico

As vendas de café no mercado físico foram bem fracas ontem. A forte recuperação dos contratos futuros na Bolsa de Nova York afastou compradores. "O vendedor pedia alto e o comprador não quis pagar", diz um corretor de Santos (SP).

O comentário na praça de Santos é que café tipo 6, com 15% de catação, do sul de Minas, tinha pedido de comprador entre R$ 555/R$ 560 a saca. As ofertas pelo produto a R$ 540/R$ 550 seriam mais assimiláveis pelo comprador, mas não foram reportados negócios.

Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informam que os preços do café arábica subiram com força ontem na Bolsa de Nova York (ICE Futures) por causa da maior demanda mundial e também pela continuidade das chuvas na Colômbia - a umidade pode influenciar o surgimento de doenças fúngicas nos cafezais.

O indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6 bebida dura para melhor fechou a R$ 538,22/sc de 60 kg, posto São Paulo, aumento de 1,38% sobre a média da segunda-feira, ou de quase R$ 8,00/sc a mais em relação ao dia anterior. Mesmo com a alta nos preços, as vendas de café arábica seguiram em ritmo calmo. Segundo apurou o Cepea, a queda do dólar limitou os avanços na liquidez. A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 1,576, queda de 0,88% sobre o dia anterior. De modo geral, houve maior procura pelo grão, mas poucos foram os vendedores dispostos a comercializar. A preferência para as negociações era para os cafés finos, mas estes tipos estão escassos no mercado, informa o Cepea. O mercado de robusta esteve ainda mais calmo em relação ao de arábica. Muitos agentes aguardam a safra nova para comercializar. A colheita da nova temporada, no entanto, está atrasada, por causa das constantes chuvas no Espírito Santo, que impedem uma maturação mais rápida. Ontem praticamente não houve mudanças nos preços do robusta. O indicador Cepea/Esalq do robusta tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 221,28/sc de 60 kg, a retirar no Espírito Santo. Para o tipo 7/8 bica corrida, o indicador Cepea/Esalq encerrou na média de R$ 212,71/sc de 60 kg, também a retirar na origem. Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em abril, até ontem, alcançavam 1.279.797 sacas, representando aumento de 3,1%, em relação ao observado no mesmo período do mês anterior. Em março passado foram embarcadas 2.693.722 sacas. Este mês, até ontem, foram emitidos certificados de origem de 1.783.349 sacas, resultado 3,1% maior em comparação com o mesmo período do mês passado. EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FÍSICO E NA BM&F MERCADO INTERNO (em R$ por saca de 60 kg) ARABICA TIPO 6 DURO 12-abr 13-abr 14-abr 15-abr 18-abr 19-abr Noroeste PR 488,10 497,50 498,36 505,82 500,29 507,50 Mogiana 513,40 521,46 522,90 530,00 525,25 536,11 Sul MG 509,44 518,50 520,20 526,67 525,28 533,25 Zona/Mata 501,63 508,33 509,67 514,63 511,00 513,14 Cerrado 516,36 524,00 526,00 534,57 529,13 535,46 CONILLON TIPO 6 Espírito Santo 219,17 219,33 220,58 220,83 220,23 222,44 INDICADOR ESALQ/BM&F (em sacas de 60 kg) 12-abr 13-abr 14-abr 15-abr 18-abr 19-abr À Vista R$ 513,05 521,46 523,35 530,17 527,19 534,49 À Vista US$ 322,07 327,76 331,23 335,97 331,57 339,14 A Prazo R$ 516,63 525,10 526,96 533,83 530,87 538,22 FUTUROS NA BM&F (em US$ por saca de 60 kg) 12-abr 13-abr 14-abr 15-abr 18-abr 19-abr Mai/11 357,50 367,05 370,00 375,90 374,90 383,20 Jul/11 350,65 359,90 362,45 368,60 366,55 374,95 Set/11 343,10 351,50 354,25 361,40 358,30 366,70 Dez/11 342,25 352,00 355,00 361,00 358,00 365,55 Set/12 332,55 341,00 343,85 347,90 344,00 349,25 Fontes: Cepea-Esalq/BM&F e Agência Estado Att. Senhores Assinantes: Em virtude dos feriados de Tiradentes amanhã (21) e da Sexta-Feira da Paixão (22), não haverá Cenário de Café na segunda-feira (25). As informações sobre a commodity nesta quarta-feira seguirão no próprio noticiário ao longo dia.

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Café rompe máxima na ICE e projeta alcançar nível de 318 cents (1997)

Café rompe máxima na ICE e projeta alcançar nível de 318 cents (1997)

Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US tiveram uma quarta-feira de altas, na qual as posições atingiram os melhores patamares de preços em quase 14 anos. Compras generalizadas de especuladores e de fundos foram reportadas, principalmente na parte da manhã. Essas compras estiveram amparadas, principalmente, em aspectos técnicos, já que o café demonstra nos gráficos um comportamento ascendente. Além disso, o cenário externo colaborou. O índice CRB, por exemplo, subiu mais de 1,5% nesta quarta, com o petróleo chegando a registrar valorização de 3%, ao passo que o dólar teve uma considerável queda, o que estimulou muitos players a ofertar em mercados de maior risco, como é o caso das commodities agrícolas.

Notícias como a retomada das chuvas na Colômbia, com possibilidade de as novas águas afetarem ainda mais a produção desse país, deram ainda mais impulso para os compradores. Na segunda parte do dia, alguns operadores aproveitaram para realizar lucros e algumas vendas foram processadas, com o fechamento se dando em níveis mais modestos que os alcançados ao longo da manhã.

No encerramento do dia, o maio em Nova Iorque teve alta de 320 pontos com 294,40 centavos, sendo a máxima em 298,50 e a mínima em 291,40 centavos por libra, com o julho tendo oscilação positiva de 520 pontos, com a libra a 299,45 centavos, sendo a máxima em 302,50 e a mínima em 294,25 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição maio registrou alta de 26 dólares, com 2.454 dólares por tonelada, com o julho tendo valorização de 30 dólares, com 2.482 dólares por tonelada.

Os contratos de maio e julho de café conseguiram novos níveis de altas nesta quarta-feira, com uma força altista se sobressaindo e com o mercado já considerando absolutamente crível a possibilidade de se testar as máximas de maio de 1997, em 318 centavos de dólar por libra. As formações técnicas continuam todas positivas e o indicador diário continua direcionando as cotações para cima. Olhando a formação gráfica consistente do café, o mercado teve uma projeção bastante altista por vários meses. Desde o começo de junho de 2010 o bulls (altistas) para o café começaram a direcionar os preços, levando o julho, naquele momento em 133,15 centavos de dólar por libra, para 302.50 centavos, máxima alcançada nesta quarta. Os níveis de preço de negócios com o café estão acima da maior parte das médias móveis, incluindo de 20 dias, 50 dias, 100 e 200 dias. Isso é um indicativo tradicional, com os traders, em geral, seguindo tal direcionamento do mercado.

Ao se fazer uma análise do gráfico diário se observa uma alta bastante ordenada nos últimos meses, com uma formação mais clássica de alta, não formando, portanto, uma parábola. Deixando para trás as pressões recentes de baixa, nesta quarta-feira os altistas voltaram a comandar os negócios, com a resistência de 9 de março conseguindo ser superada, nível que era a máxima anterior para a posição julho. As liquidações entre os dias 10 de março e 5 de abril provocaram uma forte correção para baixo no mercado, no entanto, recentemente as forças altistas retomaram o fôlego e as compras se intensificaram.

Paul Hare, vice-presidente executivo do Linn Group, disse que o café "está tendo uma grande evolução, tivemos algumas correções anteriores, mas agora estamos apontando para buscar o novo desafio, que é a máxima de 1997, em 318,00 centavos por libra", disse. Ele apontou que o maio nesta quarta-feira atingiu seus novos patamares de alta, o que significou, também, em um novo ponto de alta no gráfico semanal do mercado. Hare ressaltou que esta quinta-feira, véspera de final de semana prolongado, poderá indicar a força do café neste instante. "Se conseguirmos encerrar a semana acima dos 295,00 centavos por libra, isso teria uma conotação de força, e essa consistência poderia ser o impulso para buscarmos os 318,00 centavos", disse. Analisando o contexto, o vice-presidente do Linn Group ressaltou que a figura do mercado parece positiva, talvez com uma exceção sobre um quadro de sobrecompra. "No entanto, se chegarmos perto de uma nova alta, então o mercado vai tomar mais um fôlego para continuar subindo", complementou.

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram aumento de 3.878 sacas indo para 1.574.726 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 23.122 lotes, com as opções tendo 9.173 calls e 7.972 puts. As exportações de café do Brasil em abril, até o dia 19, somaram 1.279.797 sacas, contra 1.241.883 sacas registradas no mesmo período de março, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem uma resistência em 298,50, 299,00, 299,50, 299,90-300,00, 300,50, 301,00, 301,50 e 302,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 291,40, 291,00, 290,50, 290,10-290,00, 289,50, 289,00, 288,50, 288,00 e 287,50 centavos por libra.