Duas agulhadas
No comentário da terça feira desta semana tinha notado uma configuração interessante no gráfico do café na Ice bolsa de mercadorias, gráfico de 60 minutos.
Esta configuração em duas medias exponenciais passarem por dentro de uma mesma candle com as bandas de bolinger se fechando, as candles subseqüente para que lado as medias se abrirem dão o destino dos preços com muita volatilidade, na quarta o mercado corrigiu e fez novo fundo em 192,80 centavos de libra peso rompendo uma congestão de nove dias que tinha como suporte 195,50, logo após fazer este fundo, os fundos de hedge entraram comprando dando suporte aos preços.
Ontem após o FED banco central americano anunciar que iria emitir mais dinheiro no mercado para comprar títulos do governo o mercado recuperou e fechou na casa de 196,50, hoje com a noticia destas recompras de títulos o mercado já veio em gap up mostrou força novamente montou outra agulhada agora no sentido contrario fez novo topo foi a 209.25 e fechou a 205,1 o maior fechamento do ano e o maior em 13 anos, deixando os vendidos cada vez mais em cabelo na cabeça.
O cenário lógico não mudou, pois para mudar deve levar ainda pelo menos uns três a quatro anos, a emissão de moda nova pelo governo americano só ira alimentar alta dos preços provocando inflação nos mercados, estoques baixos, aumento de consumo e problemas climáticos, fundos com posições cada vez maiores, resta aos vendidos empurrar suas posições para frente e recomprar as posições alimentando o lado comprador.
Macro economia ajudando, baixos estoques ajudando, condições técnicas ajudando
Este mercado esta longe de ver o topo dele ainda está sonhando com o topo histórico acima de 3,00 dólares por libra peso e ate La iremos assistir vários rompimentos e vários dias como o dia de hoje.
Wagner Pimentel
WWW.cafezinhocomamigos.blogspot.com
No comentário da terça feira desta semana tinha notado uma configuração interessante no gráfico do café na Ice bolsa de mercadorias, gráfico de 60 minutos.
Esta configuração em duas medias exponenciais passarem por dentro de uma mesma candle com as bandas de bolinger se fechando, as candles subseqüente para que lado as medias se abrirem dão o destino dos preços com muita volatilidade, na quarta o mercado corrigiu e fez novo fundo em 192,80 centavos de libra peso rompendo uma congestão de nove dias que tinha como suporte 195,50, logo após fazer este fundo, os fundos de hedge entraram comprando dando suporte aos preços.
Ontem após o FED banco central americano anunciar que iria emitir mais dinheiro no mercado para comprar títulos do governo o mercado recuperou e fechou na casa de 196,50, hoje com a noticia destas recompras de títulos o mercado já veio em gap up mostrou força novamente montou outra agulhada agora no sentido contrario fez novo topo foi a 209.25 e fechou a 205,1 o maior fechamento do ano e o maior em 13 anos, deixando os vendidos cada vez mais em cabelo na cabeça.
O cenário lógico não mudou, pois para mudar deve levar ainda pelo menos uns três a quatro anos, a emissão de moda nova pelo governo americano só ira alimentar alta dos preços provocando inflação nos mercados, estoques baixos, aumento de consumo e problemas climáticos, fundos com posições cada vez maiores, resta aos vendidos empurrar suas posições para frente e recomprar as posições alimentando o lado comprador.
Macro economia ajudando, baixos estoques ajudando, condições técnicas ajudando
Este mercado esta longe de ver o topo dele ainda está sonhando com o topo histórico acima de 3,00 dólares por libra peso e ate La iremos assistir vários rompimentos e vários dias como o dia de hoje.
Wagner Pimentel
WWW.cafezinhocomamigos.blogspot.com
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
OCDE defende valorização cambial em emergentes
A valorização de moedas de países emergentes mais dinâmicos deverá continuar e
é uma "condição necessária para o reequilíbrio da economia mundial", afirmou
ontem o secretário-geral da Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), Angel Gurria.
Para o chefe dessa espécie de clube dos países ricos, "os ajustes de taxa de
câmbio não deverão, porém, ir muito longe, sob o risco de afetar certos países
de maneira desproporcionada."
A configuração mundial da atividade econômica e das políticas monetárias
favorece um fluxo de capital que aprecia também os preços nos mercados
imobiliários e nas bolsas dos países destinatários. E alerta para a
possibilidade de uma inversão futura dos fluxos de capitais. Para ele, essa
situação pode provocar "intervenções compensatórias" que acentuarão as pressões
sobre certos países e criarão "em definitivo" um risco de protecionismo
particularmente devastador.
A OCDE insiste que os emergentes mais dinâmicos da Ásia deveriam gastar suas
poupanças obtidas através do comércio em programas para suas próprias
populações, em vez de acumular títulos e ações dos países ocidentais.
A entidade, que é representada por Gurria na cúpula do G-20, reunindo as
maiores econômicas do planeta, defende um "quadro eficaz" e reforma do sistema
monetário internacional que poderiam se reforçar mutuamente.
Esse quadro poderia fornecer instrumentos de ajuste de médio prazo, enquanto a
reforma do sistema monetário asseguraria a transição para regimes cambiais
"mais flexíveis de maneira coordenada e regulada, evitando uma instabilidade
excessiva."
Para a OCDE, os dois mecanismos poderiam oferecer também "dispositivos de
segurança financeira apropriados contra uma volatilidade inoportuna de fluxos
de capitais no nível multilateral e regional, reduzindo por aí a necessidade de
medidas estritamente nacionais, como acumulação de reservas excessivas."
Para Gurria, esse amplo acordo permitiria a manutenção do crescimento econômico
evitando o surgimento de "desequilíbrios excessivos." A OCDE confirma que a
recuperação da economia mundial desacelerou e reduziu suas projeções de
crescimento nos países desenvolvidos em 2011. Acha que os EUA poderão ganhar
considerável ímpeto em 2012, enquanto a recuperação do Japão deve perder
fôlego. Em vários emergentes, o crescimento continua robusto, mas em ritmo
menor.
é uma "condição necessária para o reequilíbrio da economia mundial", afirmou
ontem o secretário-geral da Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), Angel Gurria.
Para o chefe dessa espécie de clube dos países ricos, "os ajustes de taxa de
câmbio não deverão, porém, ir muito longe, sob o risco de afetar certos países
de maneira desproporcionada."
A configuração mundial da atividade econômica e das políticas monetárias
favorece um fluxo de capital que aprecia também os preços nos mercados
imobiliários e nas bolsas dos países destinatários. E alerta para a
possibilidade de uma inversão futura dos fluxos de capitais. Para ele, essa
situação pode provocar "intervenções compensatórias" que acentuarão as pressões
sobre certos países e criarão "em definitivo" um risco de protecionismo
particularmente devastador.
A OCDE insiste que os emergentes mais dinâmicos da Ásia deveriam gastar suas
poupanças obtidas através do comércio em programas para suas próprias
populações, em vez de acumular títulos e ações dos países ocidentais.
A entidade, que é representada por Gurria na cúpula do G-20, reunindo as
maiores econômicas do planeta, defende um "quadro eficaz" e reforma do sistema
monetário internacional que poderiam se reforçar mutuamente.
Esse quadro poderia fornecer instrumentos de ajuste de médio prazo, enquanto a
reforma do sistema monetário asseguraria a transição para regimes cambiais
"mais flexíveis de maneira coordenada e regulada, evitando uma instabilidade
excessiva."
Para a OCDE, os dois mecanismos poderiam oferecer também "dispositivos de
segurança financeira apropriados contra uma volatilidade inoportuna de fluxos
de capitais no nível multilateral e regional, reduzindo por aí a necessidade de
medidas estritamente nacionais, como acumulação de reservas excessivas."
Para Gurria, esse amplo acordo permitiria a manutenção do crescimento econômico
evitando o surgimento de "desequilíbrios excessivos." A OCDE confirma que a
recuperação da economia mundial desacelerou e reduziu suas projeções de
crescimento nos países desenvolvidos em 2011. Acha que os EUA poderão ganhar
considerável ímpeto em 2012, enquanto a recuperação do Japão deve perder
fôlego. Em vários emergentes, o crescimento continua robusto, mas em ritmo
menor.
3ª revolução industrial ainda não está à vista
3ª revolução industrial ainda não está à vista
A versão realista de desenvolvimento socioeconômico sustentável se orienta para
uma era cuja economia, produção industrial e vida social sejam baseadas na
baixa emissão de carbono. Fórmulas tecnológicas que reduzam o desperdício de
energia obtida de carbono, modos de vida que reduzam o consumo de energia,
busca de combustíveis renováveis como o etanol de cana de açúcar e o
aproveitamento de outras formas de energia, a exemplo do vento e das marés.
É previsível uma intensificação retórica sobre a necessidade de reduzir a
emissão de carbono, seja pelo fantasma do aquecimento global, seja pela redução
das reservas de combustíveis fósseis de carbono. A periferia dessa retórica,
por exemplo, preconiza o automóvel elétrico e a redução de viagens urbanas
diárias por habitante, principalmente na prestação de serviços onde é possível
a divisão de trabalho mantendo-se o pessoal trabalhando, com os instrumentos de
informática, em sua própria residência. Cadeias de serviços complexos podem ser
"residencializados". O uso de rede de computadores permite a diminuição de
movimentos, alterando a logística, de modo a reduzir o consumo de carbono na
movimentação de pessoas e mercadorias.
Essa nova era exige uma 3 Revolução Industrial e provocará, em escala
ciclópica, a destruição das atuais bases produtivas e equipamentos domésticos.
Schumpeter falou da destruição criadora como o modo histórico de evolução, em
longo prazo, do sistema capitalista. É inquestionável a vantagem para a
humanidade dessa 3 revolução, que ampliará a sustentabilidade do homem a
partir da organização social do consumo de baixo carbono. Obviamente, não será
extinta a necessidade de combustível fóssil de carbono; continuarão sendo
necessários petróleo, gás e carvão. O que a 3 revolução industrial fará é
reduzir a participação da energia fóssil no produto mundial.
Nada melhor que desenvolver as atuais estruturas produtivas, civilizando-as com
o tempero da durabilidade
Enquanto houver rentabilidade nas forças produtivas estruturadas pela 2
revolução industrial, não estará aberto o caminho para a "destruição criadora".
Itens periféricos poderão ser desenvolvidos, desde a rápida introdução de novas
e mais eficientes formas de troca de calor até a reciclagem do lixo. O
desperdício do descartado pela reciclagem reduz o consumo energético em um
amplo espectro de itens obteníveis na "mineração" do descartado pela sociedade
afluente. Isso é admissível e integrável nas bases da 2 revolução industrial.
Porém, pense o leitor qual seria a reação empresarial à sugestão de incorporar
na produção fórmulas que aumentem a durabilidade dos produtos. Toda a lógica da
2 revolução foi converter o durável em descartável: a joia, o relógio, a
caneta e o isqueiro são exemplos. Imaginem aumentar a durabilidade, por
exemplo, dos tecidos (até o século XVIII, as roupas de um personagem, quando
falecido, faziam parte do seu inventário). Quando os hippies passaram a
valorizar as roupas jeans usadas e descartadas, surgiu a estratégia de
reproduzir, industrialmente, o aspecto "gasto", para a venda da nova "moda
hippie".
O sistema capitalista resistirá de todos os meios e formas à introdução em
massa dos procedimentos do baixo consumo de carbono. O único argumento que
aceitará será o preço explosivo que irão assumindo todos os energéticos de
carbono fóssil. Como ensinou David Ricardo, nada melhor do que dispor de uma
fonte energética de petróleo que possa ser extraído a custos mais baixos do que
os futuros custos de extraí-los de areias betuminosas, xistos betuminosos com
petróleo oxidado, jazidas localizadas em zonas de mais difícil acesso.
O petróleo do pré-sal brasileiro será, cada vez mais, beneficiado por uma renda
do tipo ricardiano, pois saberemos nós, brasileiros, reduzir os custos de
produção do pré-sal e veremos o preço do petróleo subir para as alturas em
função de sua crescente escassez. Melhor que ouro é petróleo cubado e
disponível para a economia brasileira, que poderá evoluir suas forças
produtivas utilizando essa energia para trabalho e renda dos brasileiros. Nada
é pior, do ponto de vista estratégico, do que converter o Brasil em exportador
de petróleo cru. Nada melhor que desenvolver as estruturas produtivas da 2
revolução industrial civilizando-as com o tempero da durabilidade. O Brasil
necessita se industrializar, pois 80% de nossa população é urbana e 50% é
metropolitana. É um erro ecológico propor que o Brasil seja o "celeiro do
mundo". O gado precisa do desmatamento para dispor de capim; o grão também
exige a liquidação dos cerrados. Se a esse erro, que faz do Brasil um pífio
exportador de produtos industriais, viermos a agregar a situação de exportador
de petróleo cru, estaremos optando por um desastre e mergulhando na maldição
dos países petroleiros quando se aproxima o esgotamento de seu "ouro negro". A
Indonésia exportou a US$ 2 o barril de petróleo e, hoje, o importa a quase US$
100; o México depredou suas reservas e Dubai foi à falência. Não farei
referência à doença holandesa, porém, com o dólar hipervalorizado, vai ser
difícil o Brasil produzir componentes industriais.
Acompanhei de perto os debates da sucessão presidencial. Não consegui perceber
qual o projeto nacional brasileiro. Tudo indica que, pela ausência de
referências ao desenvolvimento industrial, se converge para a ideia de que o
Brasil poderá se desenvolver como "celeiro do mundo". Sobre o pré-sal, Dilma
afirmou que "assim como o café financiou a industrialização brasileira, o
petróleo do pré-sal pode financiar a transição do Brasil para uma economia com
menor emissão de carbono" (Rumos, jul/ago 2010). Li, no mesmo veículo, que
Serra sugere transformar o Brasil em uma verdadeira "potência ambiental", o que
supõe o destino brasileiro como fornecedor de etanol. Marina acompanha essa
sugestão.
O Brasil, como "celeiro do mundo", fornecedor de petróleo de alta qualidade e
fortalecendo o plantio de cana-de-açúcar, não tem, nesse debate, lugar para o
robustecimento da indústria, que é o setor gerador de emprego e renda de
qualidade.
Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa é professor emérito de
economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do BNDES.
A versão realista de desenvolvimento socioeconômico sustentável se orienta para
uma era cuja economia, produção industrial e vida social sejam baseadas na
baixa emissão de carbono. Fórmulas tecnológicas que reduzam o desperdício de
energia obtida de carbono, modos de vida que reduzam o consumo de energia,
busca de combustíveis renováveis como o etanol de cana de açúcar e o
aproveitamento de outras formas de energia, a exemplo do vento e das marés.
É previsível uma intensificação retórica sobre a necessidade de reduzir a
emissão de carbono, seja pelo fantasma do aquecimento global, seja pela redução
das reservas de combustíveis fósseis de carbono. A periferia dessa retórica,
por exemplo, preconiza o automóvel elétrico e a redução de viagens urbanas
diárias por habitante, principalmente na prestação de serviços onde é possível
a divisão de trabalho mantendo-se o pessoal trabalhando, com os instrumentos de
informática, em sua própria residência. Cadeias de serviços complexos podem ser
"residencializados". O uso de rede de computadores permite a diminuição de
movimentos, alterando a logística, de modo a reduzir o consumo de carbono na
movimentação de pessoas e mercadorias.
Essa nova era exige uma 3 Revolução Industrial e provocará, em escala
ciclópica, a destruição das atuais bases produtivas e equipamentos domésticos.
Schumpeter falou da destruição criadora como o modo histórico de evolução, em
longo prazo, do sistema capitalista. É inquestionável a vantagem para a
humanidade dessa 3 revolução, que ampliará a sustentabilidade do homem a
partir da organização social do consumo de baixo carbono. Obviamente, não será
extinta a necessidade de combustível fóssil de carbono; continuarão sendo
necessários petróleo, gás e carvão. O que a 3 revolução industrial fará é
reduzir a participação da energia fóssil no produto mundial.
Nada melhor que desenvolver as atuais estruturas produtivas, civilizando-as com
o tempero da durabilidade
Enquanto houver rentabilidade nas forças produtivas estruturadas pela 2
revolução industrial, não estará aberto o caminho para a "destruição criadora".
Itens periféricos poderão ser desenvolvidos, desde a rápida introdução de novas
e mais eficientes formas de troca de calor até a reciclagem do lixo. O
desperdício do descartado pela reciclagem reduz o consumo energético em um
amplo espectro de itens obteníveis na "mineração" do descartado pela sociedade
afluente. Isso é admissível e integrável nas bases da 2 revolução industrial.
Porém, pense o leitor qual seria a reação empresarial à sugestão de incorporar
na produção fórmulas que aumentem a durabilidade dos produtos. Toda a lógica da
2 revolução foi converter o durável em descartável: a joia, o relógio, a
caneta e o isqueiro são exemplos. Imaginem aumentar a durabilidade, por
exemplo, dos tecidos (até o século XVIII, as roupas de um personagem, quando
falecido, faziam parte do seu inventário). Quando os hippies passaram a
valorizar as roupas jeans usadas e descartadas, surgiu a estratégia de
reproduzir, industrialmente, o aspecto "gasto", para a venda da nova "moda
hippie".
O sistema capitalista resistirá de todos os meios e formas à introdução em
massa dos procedimentos do baixo consumo de carbono. O único argumento que
aceitará será o preço explosivo que irão assumindo todos os energéticos de
carbono fóssil. Como ensinou David Ricardo, nada melhor do que dispor de uma
fonte energética de petróleo que possa ser extraído a custos mais baixos do que
os futuros custos de extraí-los de areias betuminosas, xistos betuminosos com
petróleo oxidado, jazidas localizadas em zonas de mais difícil acesso.
O petróleo do pré-sal brasileiro será, cada vez mais, beneficiado por uma renda
do tipo ricardiano, pois saberemos nós, brasileiros, reduzir os custos de
produção do pré-sal e veremos o preço do petróleo subir para as alturas em
função de sua crescente escassez. Melhor que ouro é petróleo cubado e
disponível para a economia brasileira, que poderá evoluir suas forças
produtivas utilizando essa energia para trabalho e renda dos brasileiros. Nada
é pior, do ponto de vista estratégico, do que converter o Brasil em exportador
de petróleo cru. Nada melhor que desenvolver as estruturas produtivas da 2
revolução industrial civilizando-as com o tempero da durabilidade. O Brasil
necessita se industrializar, pois 80% de nossa população é urbana e 50% é
metropolitana. É um erro ecológico propor que o Brasil seja o "celeiro do
mundo". O gado precisa do desmatamento para dispor de capim; o grão também
exige a liquidação dos cerrados. Se a esse erro, que faz do Brasil um pífio
exportador de produtos industriais, viermos a agregar a situação de exportador
de petróleo cru, estaremos optando por um desastre e mergulhando na maldição
dos países petroleiros quando se aproxima o esgotamento de seu "ouro negro". A
Indonésia exportou a US$ 2 o barril de petróleo e, hoje, o importa a quase US$
100; o México depredou suas reservas e Dubai foi à falência. Não farei
referência à doença holandesa, porém, com o dólar hipervalorizado, vai ser
difícil o Brasil produzir componentes industriais.
Acompanhei de perto os debates da sucessão presidencial. Não consegui perceber
qual o projeto nacional brasileiro. Tudo indica que, pela ausência de
referências ao desenvolvimento industrial, se converge para a ideia de que o
Brasil poderá se desenvolver como "celeiro do mundo". Sobre o pré-sal, Dilma
afirmou que "assim como o café financiou a industrialização brasileira, o
petróleo do pré-sal pode financiar a transição do Brasil para uma economia com
menor emissão de carbono" (Rumos, jul/ago 2010). Li, no mesmo veículo, que
Serra sugere transformar o Brasil em uma verdadeira "potência ambiental", o que
supõe o destino brasileiro como fornecedor de etanol. Marina acompanha essa
sugestão.
O Brasil, como "celeiro do mundo", fornecedor de petróleo de alta qualidade e
fortalecendo o plantio de cana-de-açúcar, não tem, nesse debate, lugar para o
robustecimento da indústria, que é o setor gerador de emprego e renda de
qualidade.
Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa é professor emérito de
economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do BNDES.
Fed vai injetar mais US$ 600 bi e parte vai para os emergentes
Fed vai injetar mais US$ 600 bi e parte vai para os emergentes
A decisão do Fed, banco central americano, de injetar mais US$ 600 bilhões na
economia até o final do segundo trimestre de 2011, veio dentro das expectativas
do mercado e por isso trouxe poucos impactos nos preços dos ativos. O quanto o
Fed conseguirá reativar da economia americana com a medida ainda é incerto.
Mas, ao manter a liquidez em dólar abundante no mundo, amplia a tendência de
desvalorização da moeda americana e o interesse dos investidores por títulos e
ações dos mercados emergentes. A busca por rendimento certamente vai se
aprofundar.
Como a injeção de recursos será feita por meio da compra de títulos do Tesouro
americano, de aproximadamente US$ 75 bilhões por mês, provocará alta no preço
desses papéis, devido à maior demanda, e consequente trará redução nos seus
rendimentos, que se movem no sentido contrário.
Com a queda nos juros americanos, que são a base para o mercado de renda fixa
no mundo todo, as emissões de papéis de dívida vão se tornar ainda mais
interessantes em uma ano que já é recorde para esses títulos. Os emissores
brasileiros de menor risco de crédito, como o governo e as companhias maiores,
terão de alongar prazo se quiserem atrair investidores, que não vão se
interessar pelos rendimentos baixos demais do curto prazo. As emissões de novas
ações também são favorecidas, assim como o preço das commodities.
O dólar tende a perder valor no mundo todo, com os impactos comerciais
decorrentes. "A decisão do Fed consolida o ambiente de guerra cambial que já
assistimos", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco
Fator. No entanto, o risco de uma maior intervenção por parte do governo
brasileiro no mercado de câmbio pesa para conter uma valorização maior do real,
comenta Marcelo Salomon, estrategista do Barclays Capital.
Segundo Salomon, os títulos do Tesouro brasileiro em reais de longo prazo
continuam atrativos para o investidor internacional, que no entanto pode querer
comprar esses papéis no mercado internacional por causa do risco de maior
imposto no mercado interno brasileiro.
Para Michael Schoen, do Credit Suisse, a tendência é de a curva de juros dos
títulos do Tesouro americano ampliar sua inclinação positiva, visto que a maior
parte dos papéis que o Fed pretende comprar será de vencimento em até dez anos
(ver tabela nesta página), segundo anunciou ontem. Por isso, diz ele, para
emissores de eurobônus brasileiros mais novatos, o prazo mais curto poderá ser
mais atrativo.
Salomon lembra que a maior parte do mercado esperava injeção de US$ 100 bilhões
por mês. Mas diz que o Fed pretende reavaliar sua política constantemente,
dependendo da inflação e do desemprego no país.
Gonçalves considerou o anúncio do Fed "inteligente" por manter aberta a
possibilidade de rever o montante da recompra de títulos, e portanto da injeção
de liquidez na economia, dependendo dos indicadores de atividade e inflação. "O
Fed mostrou que está comprometido com o seu mandato que é zelar pela inflação e
emprego", afirma. Desta vez, o Fed usou inclusive uma expressão pouco usual que
é "emprego máximo", notou ele.
Para Gonçalves, "o Fed rodou a baiana". Segundo ele, o banco central americano
foi bem explícito num dia peculiar em que o presidente Barack Obama e o Partido
Democrata sofreram derrota na Câmara e no Senado reduzido. "O resultado da
eleição parlamentar nos EUA sugere que as medidas para recuperar a economia
daqui para a frente não passarão pela política fiscal", comenta o economista.
Zeina Latif, economista-sênior do Royal Bank of Scotland (RBS) no Brasil,
pondera que "ainda que o afrouxamento quantitativo fosse maior, não acredito
que haveria otimismo". Segundo lembra ela, menos afrouxamento significa
justamente que a economia americana está indo melhor. Por isso, segundo
especialista do mercado, os investidores ficarão ainda mais atentos aos dados
que serão divulgados sobre emprego e inflação para atuar daqui para frente.
Para Zeina, o crescimento fraco nos EUA se deve a questões estruturais e não de
falta de liquidez. Portanto, a eficácia do afrouxamento quantitativo tende a
ser pequena, no seu entender, além de poder trazer expectativas de "bolhas de
ativos e de mais inflação à frente".
Para a economista do RBS, a discussão sobre a falta de liquidez internacional é
exagerada, e para os países emergentes em geral e para o Brasil em particular,
a inflação preocupa. "A inflação já vem aparecendo nas economias emergentes,
além da apreciação das taxas de câmbio", comenta. Para o Brasil, "as pressões
inflacionárias globais, se agravadas, podem reverter o sinal dado pelo próprio
Banco Central que vem contando com desinflação nas economias centrais", comenta
Zeina, que alerta também para a melhora dos últimos indicadores da economia
americana.
Além de ampliar seu balanço em mais US$ 600 bilhões, o Fed vai comprar títulos
do Tesouro também toda a vez que vencerem papéis que já tem em carteira. Hoje,
antes do chamado "relaxamento quantitativo 2", o Fed tem cerca de US$ 2,1
trilhões em ativos em carteira, adquiridos para evitar uma quebradeira no
sistema financeiro internacional com a crise de 2008. Seu balanço deverá ir
para US$ 2,7 trilhões.
Segundo os cálculos do Fed, serão reinvestidos de US$ 250 bilhões a US$ 300
bilhões até o final do segundo trimestre de 2011, o que soma de US$ 850 bilhões
a US$ 900 bilhões com a injeção de liquidez de US$ 600 bilhões. Serão
aquisições de US$ 110 bilhões por mês em média - US$ 75 bilhões em dinheiro
novo e US$ 35 bilhões em reinvestimento de dinheiro dos títulos que forem
vencendo.
A decisão do Fed, banco central americano, de injetar mais US$ 600 bilhões na
economia até o final do segundo trimestre de 2011, veio dentro das expectativas
do mercado e por isso trouxe poucos impactos nos preços dos ativos. O quanto o
Fed conseguirá reativar da economia americana com a medida ainda é incerto.
Mas, ao manter a liquidez em dólar abundante no mundo, amplia a tendência de
desvalorização da moeda americana e o interesse dos investidores por títulos e
ações dos mercados emergentes. A busca por rendimento certamente vai se
aprofundar.
Como a injeção de recursos será feita por meio da compra de títulos do Tesouro
americano, de aproximadamente US$ 75 bilhões por mês, provocará alta no preço
desses papéis, devido à maior demanda, e consequente trará redução nos seus
rendimentos, que se movem no sentido contrário.
Com a queda nos juros americanos, que são a base para o mercado de renda fixa
no mundo todo, as emissões de papéis de dívida vão se tornar ainda mais
interessantes em uma ano que já é recorde para esses títulos. Os emissores
brasileiros de menor risco de crédito, como o governo e as companhias maiores,
terão de alongar prazo se quiserem atrair investidores, que não vão se
interessar pelos rendimentos baixos demais do curto prazo. As emissões de novas
ações também são favorecidas, assim como o preço das commodities.
O dólar tende a perder valor no mundo todo, com os impactos comerciais
decorrentes. "A decisão do Fed consolida o ambiente de guerra cambial que já
assistimos", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco
Fator. No entanto, o risco de uma maior intervenção por parte do governo
brasileiro no mercado de câmbio pesa para conter uma valorização maior do real,
comenta Marcelo Salomon, estrategista do Barclays Capital.
Segundo Salomon, os títulos do Tesouro brasileiro em reais de longo prazo
continuam atrativos para o investidor internacional, que no entanto pode querer
comprar esses papéis no mercado internacional por causa do risco de maior
imposto no mercado interno brasileiro.
Para Michael Schoen, do Credit Suisse, a tendência é de a curva de juros dos
títulos do Tesouro americano ampliar sua inclinação positiva, visto que a maior
parte dos papéis que o Fed pretende comprar será de vencimento em até dez anos
(ver tabela nesta página), segundo anunciou ontem. Por isso, diz ele, para
emissores de eurobônus brasileiros mais novatos, o prazo mais curto poderá ser
mais atrativo.
Salomon lembra que a maior parte do mercado esperava injeção de US$ 100 bilhões
por mês. Mas diz que o Fed pretende reavaliar sua política constantemente,
dependendo da inflação e do desemprego no país.
Gonçalves considerou o anúncio do Fed "inteligente" por manter aberta a
possibilidade de rever o montante da recompra de títulos, e portanto da injeção
de liquidez na economia, dependendo dos indicadores de atividade e inflação. "O
Fed mostrou que está comprometido com o seu mandato que é zelar pela inflação e
emprego", afirma. Desta vez, o Fed usou inclusive uma expressão pouco usual que
é "emprego máximo", notou ele.
Para Gonçalves, "o Fed rodou a baiana". Segundo ele, o banco central americano
foi bem explícito num dia peculiar em que o presidente Barack Obama e o Partido
Democrata sofreram derrota na Câmara e no Senado reduzido. "O resultado da
eleição parlamentar nos EUA sugere que as medidas para recuperar a economia
daqui para a frente não passarão pela política fiscal", comenta o economista.
Zeina Latif, economista-sênior do Royal Bank of Scotland (RBS) no Brasil,
pondera que "ainda que o afrouxamento quantitativo fosse maior, não acredito
que haveria otimismo". Segundo lembra ela, menos afrouxamento significa
justamente que a economia americana está indo melhor. Por isso, segundo
especialista do mercado, os investidores ficarão ainda mais atentos aos dados
que serão divulgados sobre emprego e inflação para atuar daqui para frente.
Para Zeina, o crescimento fraco nos EUA se deve a questões estruturais e não de
falta de liquidez. Portanto, a eficácia do afrouxamento quantitativo tende a
ser pequena, no seu entender, além de poder trazer expectativas de "bolhas de
ativos e de mais inflação à frente".
Para a economista do RBS, a discussão sobre a falta de liquidez internacional é
exagerada, e para os países emergentes em geral e para o Brasil em particular,
a inflação preocupa. "A inflação já vem aparecendo nas economias emergentes,
além da apreciação das taxas de câmbio", comenta. Para o Brasil, "as pressões
inflacionárias globais, se agravadas, podem reverter o sinal dado pelo próprio
Banco Central que vem contando com desinflação nas economias centrais", comenta
Zeina, que alerta também para a melhora dos últimos indicadores da economia
americana.
Além de ampliar seu balanço em mais US$ 600 bilhões, o Fed vai comprar títulos
do Tesouro também toda a vez que vencerem papéis que já tem em carteira. Hoje,
antes do chamado "relaxamento quantitativo 2", o Fed tem cerca de US$ 2,1
trilhões em ativos em carteira, adquiridos para evitar uma quebradeira no
sistema financeiro internacional com a crise de 2008. Seu balanço deverá ir
para US$ 2,7 trilhões.
Segundo os cálculos do Fed, serão reinvestidos de US$ 250 bilhões a US$ 300
bilhões até o final do segundo trimestre de 2011, o que soma de US$ 850 bilhões
a US$ 900 bilhões com a injeção de liquidez de US$ 600 bilhões. Serão
aquisições de US$ 110 bilhões por mês em média - US$ 75 bilhões em dinheiro
novo e US$ 35 bilhões em reinvestimento de dinheiro dos títulos que forem
vencendo.
VETORES DINÂMICOS PARA O MERCADO DE CAFÉ
VETORES DINÂMICOS PARA O MERCADO DE CAFÉ
Celso Luis Rodrigues Vegro
Eng. Agr. MS Desenvolvimento Agrícola
Pesquisador Científico do IEA
celvegro@iea.sp.gov.br
Qualquer um que se arrisque a analisar criteriosamente o mercado de café, com certeza, observará que o segundo semestre de 2010 veio para demonstrar aspectos antes desconsiderados nas mais destacadas interpretações.
Em análise que anterior (VEGRO, 2009), previa-se que o mercado passaria por estresse baixista decorrente das dificuldades de recomposição das economias abaladas pela crise econômica de 2008 e 2009, especialmente, considerando os reflexos recessivos sobre o emprego e renda das famílias. Em parte, essa previsão se confirmou, uma vez que o relatório da Organização Internacional do Café (OIC), informou que no ano civil de 2009 houve queda no consumo mundial da bebida. Nesse ano foram consumidas 128,8 milhões de sacas frente as 130,7 milhões de sacas consumidas no ano civil de 2008, queda de 1,5% na comparação entre os anos.
A manutenção da crise econômica global pode ser comprovada pela tendência de baixa para as cotações do petróleo. Depois de alcançar valores próximos de US$83/barril (tipo Brent), em agosto de 2010 os preços oscilaram em torno de US$78/barril. Portanto, na apreciação dos analistas dos mercados de commodities, não há pujança econômica que justifique especulação financeira em torno do produto. Até o momento, assim também se comportou o aço e outras importantes commodities.
Se é que as leis da economia não foram revogadas, a diminuição do consumo normalmente repercute em ajustes de preços para baixo. Com consumo em baixa, o que se poderia deduzir para as cotações do café? Na melhor das hipóteses um contexto de estabilidade. E de fato foi o que se viu até meados de junho de 2010, a partir de quando as cotações iniciaram um processo de recuperação que desde os elevadíssimos preços de 1997 não se observava nesse mercado. Que fatores econômicos ou não estariam por trás dessa escalada nos preços?
O mercado, aparentemente, padece sob efeito de uma espécie de choque de oferta causado pela frustração de duas safras consecutivas da Colômbia. Com médias de produção entre 11 e 12 milhões de sacas, as colheitas de 2008/09 e 2009/10 situaram-se entre 8 e 9 milhões de sacas. Aquele que foi o terceiro maior país produtor de café foi ultrapassado pela Indonésia. Como toda a formação dos preços do café está ancorada no Contrato C da ICE (Bolsa de Nova Iorque), o diagnóstico de escassez repentina dessa qualidade de café, causou imediato pânico entre os agentes desse mercado (especuladores, traders importadores, torrefadores e solubilizadores).
Sem oferta dentro do esperado, as cotações dispararam com prêmios para o produto padrão (Contrato C – colômbia supremo) acima dos US$100 cents/lbp. Mesmo com tais prêmios não foram certificados na Bolsa de Nova Iorque novos lotes do produto, mantendo-se o clima de escassez em mercado físico operando acima do futuro, fenômeno raro de acontecer entre as commodities.
Ainda que as autoridades colombianas tragam ao público suas estimativas de colheita de 11 milhões de sacas para a safra que se inicia, tal previsão tem pouca chance de se concretizar em virtude do agravamento da incidência de doenças fúngicas com grande potencial de reduzir essa esperada produção. Agentes privados, mantém suas previsões de colheita para o intervalo de 8 a 9 milhões de sacas, o que configuraria uma terceira safra com quebra na oferta.
Todavia, será que é preciso ancorar as interpretações para a escalada de preços do mercado de café em função, exclusivamente, da baixa de 2 a 3 milhões de sacas no suprimento do tipo supremo colombiano? Podem existir outros fatores que ainda não estão plenamente configurados, mas que já estariam pautando o mercado de café? São perguntas pertinentes para o momento atual e para as quais ainda não se possui explicações definitivas.
A despeito das irregulares e insuficientes precipitações que ocorreram em princípio de setembro, a estiagem por que vem passando os principais cinturões produtores de café no Brasil, contribui para a intensificação do ambiente de relativo pânico que um possível choque de oferta possa a vir a causar no suprimento do mercado. Mas essa explicação não é muito convincente na medida em que ocorreram outras estiagens prolongadas (como a da safra 2008/09), sem que os preços ganhassem tão maior volatilidade.
Ao longo dos últimos 15 anos os principais conglomerados da torrefação dos países importadores de café, foram testando o mercado com crescente introdução do tipo robusta na constituição de suas ligas. Essa estratégia industrial, ainda que competitiva em preços, causou uma espécie de aversão dos consumidores pela bebida, registrando-se estagnação ou queda no consumo em mercados até então consolidados. De outro lado, as torrefadoras que se posicionaram numa trajetória de incremento da qualidade privilegiando os cafés finos melhor preparados mantiveram taxas de crescimento de até dois dígitos.
Em parte a indústria torrefadora é a grande responsável pela atual escalada nas cotações, na medida em que ao privilegiar, no passado, seu suprimento nos robustas, deprimiu as cotações do arábica, criando ambiente de generalizado pessimismo sobre o horizonte dessa lavoura. A falta de investimentos e até a decisão radical de erradicação foram os fatores que mais se presenciou entre os cafeicultores de arábica em todas as partes do mundo. Não se pode esperar ganhos de produtividade com incremento da produção sem que ocorra a inversão capitalista. Todavia, para que isso aconteça há que necessariamente existir uma taxa de retorno favorável, condição absolutamente sine qua non. Parece uma obviedade, mas não é quando se entende que a formação das cotações no mercado internacional não guarda qualquer relação com os custos intrínsecos da produção, valendo-se de outros parâmetros para precificar suas aquisições.
De fato, comparativamente a outras commodities agrícolas, o arábica não foi beneficiado pelo ciclo de alta iniciado em 2003 e que se estendeu até a crise de 2008/09 e, novamente, voltou a vigorar já em meados de 2010. Diferentemente do ciclo anterior de valorização das commodities, neste o café se alinhou com o restante do conjunto do mercado, inclusive liderando-o com alta acumulada (para o arábica) superior aos 22% no ano e 34% nos doze meses contados entre agosto de 2009 e 2010 (LOPES, 2010). Em setembro, a tendência altista ganhou ainda maior impulso com cotação a se aproximar de um recorde histórico próximo dos US$200,00 cents/lbp.
Aparentemente, como de supetão, grande parte do mercado volta-se para o produto de qualidade. Os arábicas finos passam a ser disputados pelos líderes da torrefação mundial. As transnacionais querem os melhores cafés para oferecê-los de forma exclusiva aos seus consumidores. Criaram-se verdadeiros ícones no mercado como o desenho das máquinas e o preparo a partir de cápsulas da NESPRESSO, inovação que passou a ser invejada e perseguida pelos demais competidores.
No mercado de café, a virada para a qualidade é uma mudança de foco tremenda. A formação de preços dos cafés finos não estará mais vinculada ao volume de cafés baixos e robusta que são permanentemente oferecidos mas, sim, nas disponibilidades dos produtos considerados superiores com padrão de xícara de elevada pontuação dentro das usuais escalas de classificação da bebida. A essa radical mudança pode-se denominar de primeira nova dinâmica do mercado de café.
A segunda dinâmica consiste em nova hipótese que ainda não testada pela comunidade científica e pode estar por trás da onda altista que se assiste no mercado.
Em meados de 1989, chegou ao fim o pacto entre países produtores e importadores que impunha cláusulas econômicas no Acordo Internacional do Café. Desde então, o universo dos países produtores assistiu uma monumental concentração do mercado de café. Transcorridos vinte anos, as quatro maiores torrefadoras congregam 45% do mercado mundial da bebida (Figura 1). Esse grau de concentração, possivelmente, já passa a prejudicar a formação de preços em condição de livre concorrência ainda que imperfeita, pois a baixa competição pelo limitado número de agentes conduz à criação de mecanismo de formação de preços menos transparentes porém, melhor amoldadas às pretensões de valorização acionária dessas companhias líderes.
FIGURA 1 – Market Share das Torrefadoras Líderes Globais, 2009.
Fonte: Euromonitor, 2010.
Do ponto de vista dos países produtores, especialmente, de seus cafeicultores, a concentração empresarial na ponta demandante estava sendo uma das principais barreiras para que o arábica se juntasse as demais commodities na trajetória de alta observada durante toda a década passada. Entretanto, o mesmo fenômeno passa a ocorrer entre os países produtores com apenas quatro deles concentrando pouco mais de 65% da oferta mundial (Tabela 1). Na safra 1999/00, por exemplo, esse conjunto de quatro países congregava 55%. Caso se tome em separado a oferta do arábica e somando-se apenas a produção do Brasil e da Colômbia, alcança-se uma concentração desse tipo ainda mais acentuada.
TABELA 1 – Market Share dos Quatro Maiores Países Produtores de Café, 2009/10 e 2010/11
País2009/10(em mil sc)Participação (%)2010/111(em mil sc)Participação (%)
Brasil39.47032,9247.19935,87
Vietnã18.00015,0118.72514,23
Indonésia11.3809,509.6007,29
Colômbia8.5007,099.0006,84
C4277.35064,5284.52464,23
Total geral119.903100,00131.595100,00
1 Estimativa preliminar.
2 C4 é um indicador bastante simplificado que congrega a participação percentual dos quatro maiores produtores na oferta global, medindo, portanto, o grau de concentração existente nesse mercado.
Fonte: RELATÓRIO, 2010 (disponível em: www.ico.org)
Vetores formadores de uma NAÇÃO
São quatro os vetores que constituem o fulcro das ações em geopolítica: segurança militar; segurança financeira; segurança alimentar e segurança energética. Perceba que para cada tipo de vetor existe uma entidade que procura regular e coordenar as ações supranacionais. No caso da segurança alimentar existe a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Ainda que sob as recentes bandeiras da globalização e do livre mercado, essas agências tenham aparentemente perdido sua importância inicial, poderão reassumir relevância diante de futuros dilemas para os quais a humanidade terá que necessariamente se preparar.
Nessa altura já é possível presumir a segunda nova dinâmica do mercado de café. A semelhança do petróleo que possui sua produção concentrada entre os países da Península Arábica e de seu entorno, a concentração crescente nos países produtores de café passa também a vigorar nesse mercado. No passado, a geopolítica induziu decisões relevantes no mercado de café, sendo a mais emblemática delas a criação da Organização Internacional do Café (OIC), departamento vinculado às Nações Unidas.
Regulação dos Mercados e o Café
Ao início dos anos 60, quando foi criada a OIC, mais de dois terços da população mundial residia no campo e havia uma disponibilidade de terras aparentemente “inesgotável”. Atualmente o contexto é totalmente distinto. A maior parcela da população mundial é urbana; não há fronteiras agrícolas a serem ocupadas; há necessidade crescente de utilização das terras disponíveis para a ampliação da oferta de alimentos e, finalmente, os distúrbios climáticos tornaram muito mais complexo o empreendimento agrícola.
Somando-se os dois elementos acima mencionados: concentração da produção com fechamento das fronteiras agrícolas para a expansão cafeeira, verifica-se que se pode engendrar uma nova dinâmica geopolítica para o café. Se no passado a orientação era pela contenção dos movimentos de esquerda nas comunidades rurais empobrecidas da África, Ásia e Ibero-América, agora se distingue por assentar-se na concentração do mercado. Porém, a resultante tem igual sinalização: a da revitalização de agências reguladoras, com um muito maior interesse dos países consumidores de participarem desses fóruns e até mesmo a possibilidade de se avançar na repactuação de novas cláusulas econômicas para esse mercado.
A previsão de longa duração para as elevadas cotações atuais do café tornará crescente a relevância das decisões de perfil geopolítico no mercado. Tal influência, como tudo em política, avançará na condição de processo sob intensa negociação. Enquanto isso não se concretizar, espera-se um mercado muito mais tenso, em que a volatilidade das cotações exibirá maiores amplitudes para qualquer período de análise (diária, semanal, mensal e anual).
Formam-se assim as duas novas fontes de dinâmica para o mercado de café: a) a revalorização da qualidade do café e sobre esse padrão de bebida a estruturação dos mecanismos formadores das cotações e b) a concentração crescente na ponta da oferta com repercussões crescentes de padrão próximo ao geopolítico com incremento da tensão tanto no mercado físico como no futuro.
Fatores complementares
A valorização cambial das moedas nacionais de diversos países produtores de café é um fator que complica o contexto de retomada do investimento nas lavouras. De forma generalizada observa-se essa tendência que não apenas se manteve como se aprofundou no transcurso de 2010.
Em países em que a produção de café está voltada para as transações com o exterior o problema da valorização cambial torna-se ainda mais desastroso. Diferentemente do Brasil, na Colômbia, por exemplo, apenas 10% a 15% do total do café produzido é destinado ao consumo interno, tornando o segmento muito mais exposto à problemática do câmbio valorizado. Tal situação diminui os ingressos dos cafeicultores, criando um ambiente de desmotivação com imediata redução da tecnologia empregada.
A cafeicultura instalada em regiões de montanha demanda urgentes inovações. Com limitadas condições para mecanização da colheita, os custos de produção desses sistemas produtivos resvalam na inviabilidade econômica. Ademais, a baixa produtividade da colheita nos sistemas produtivos em que se colhe por meio da “catação a dedo”, torna quase que inviável a realização dessa modalidade de colheita mesmo sob contexto de salários/diárias bem pagos. A precarização da mão de obra rural, seja ela familiar ou assalariada não estimula que as próximas gerações permaneçam nessa atividade, preferindo buscar outras oportunidades, especialmente, urbanas em que a possibilidade de melhoria do bem estar está mais adiantada. O contexto é de impasse e a demanda por inovações imediata para a manutenção competitiva desses sistemas produtivos.
Celso Luis Rodrigues Vegro
Eng. Agr. MS Desenvolvimento Agrícola
Pesquisador Científico do IEA
celvegro@iea.sp.gov.br
Qualquer um que se arrisque a analisar criteriosamente o mercado de café, com certeza, observará que o segundo semestre de 2010 veio para demonstrar aspectos antes desconsiderados nas mais destacadas interpretações.
Em análise que anterior (VEGRO, 2009), previa-se que o mercado passaria por estresse baixista decorrente das dificuldades de recomposição das economias abaladas pela crise econômica de 2008 e 2009, especialmente, considerando os reflexos recessivos sobre o emprego e renda das famílias. Em parte, essa previsão se confirmou, uma vez que o relatório da Organização Internacional do Café (OIC), informou que no ano civil de 2009 houve queda no consumo mundial da bebida. Nesse ano foram consumidas 128,8 milhões de sacas frente as 130,7 milhões de sacas consumidas no ano civil de 2008, queda de 1,5% na comparação entre os anos.
A manutenção da crise econômica global pode ser comprovada pela tendência de baixa para as cotações do petróleo. Depois de alcançar valores próximos de US$83/barril (tipo Brent), em agosto de 2010 os preços oscilaram em torno de US$78/barril. Portanto, na apreciação dos analistas dos mercados de commodities, não há pujança econômica que justifique especulação financeira em torno do produto. Até o momento, assim também se comportou o aço e outras importantes commodities.
Se é que as leis da economia não foram revogadas, a diminuição do consumo normalmente repercute em ajustes de preços para baixo. Com consumo em baixa, o que se poderia deduzir para as cotações do café? Na melhor das hipóteses um contexto de estabilidade. E de fato foi o que se viu até meados de junho de 2010, a partir de quando as cotações iniciaram um processo de recuperação que desde os elevadíssimos preços de 1997 não se observava nesse mercado. Que fatores econômicos ou não estariam por trás dessa escalada nos preços?
O mercado, aparentemente, padece sob efeito de uma espécie de choque de oferta causado pela frustração de duas safras consecutivas da Colômbia. Com médias de produção entre 11 e 12 milhões de sacas, as colheitas de 2008/09 e 2009/10 situaram-se entre 8 e 9 milhões de sacas. Aquele que foi o terceiro maior país produtor de café foi ultrapassado pela Indonésia. Como toda a formação dos preços do café está ancorada no Contrato C da ICE (Bolsa de Nova Iorque), o diagnóstico de escassez repentina dessa qualidade de café, causou imediato pânico entre os agentes desse mercado (especuladores, traders importadores, torrefadores e solubilizadores).
Sem oferta dentro do esperado, as cotações dispararam com prêmios para o produto padrão (Contrato C – colômbia supremo) acima dos US$100 cents/lbp. Mesmo com tais prêmios não foram certificados na Bolsa de Nova Iorque novos lotes do produto, mantendo-se o clima de escassez em mercado físico operando acima do futuro, fenômeno raro de acontecer entre as commodities.
Ainda que as autoridades colombianas tragam ao público suas estimativas de colheita de 11 milhões de sacas para a safra que se inicia, tal previsão tem pouca chance de se concretizar em virtude do agravamento da incidência de doenças fúngicas com grande potencial de reduzir essa esperada produção. Agentes privados, mantém suas previsões de colheita para o intervalo de 8 a 9 milhões de sacas, o que configuraria uma terceira safra com quebra na oferta.
Todavia, será que é preciso ancorar as interpretações para a escalada de preços do mercado de café em função, exclusivamente, da baixa de 2 a 3 milhões de sacas no suprimento do tipo supremo colombiano? Podem existir outros fatores que ainda não estão plenamente configurados, mas que já estariam pautando o mercado de café? São perguntas pertinentes para o momento atual e para as quais ainda não se possui explicações definitivas.
A despeito das irregulares e insuficientes precipitações que ocorreram em princípio de setembro, a estiagem por que vem passando os principais cinturões produtores de café no Brasil, contribui para a intensificação do ambiente de relativo pânico que um possível choque de oferta possa a vir a causar no suprimento do mercado. Mas essa explicação não é muito convincente na medida em que ocorreram outras estiagens prolongadas (como a da safra 2008/09), sem que os preços ganhassem tão maior volatilidade.
Ao longo dos últimos 15 anos os principais conglomerados da torrefação dos países importadores de café, foram testando o mercado com crescente introdução do tipo robusta na constituição de suas ligas. Essa estratégia industrial, ainda que competitiva em preços, causou uma espécie de aversão dos consumidores pela bebida, registrando-se estagnação ou queda no consumo em mercados até então consolidados. De outro lado, as torrefadoras que se posicionaram numa trajetória de incremento da qualidade privilegiando os cafés finos melhor preparados mantiveram taxas de crescimento de até dois dígitos.
Em parte a indústria torrefadora é a grande responsável pela atual escalada nas cotações, na medida em que ao privilegiar, no passado, seu suprimento nos robustas, deprimiu as cotações do arábica, criando ambiente de generalizado pessimismo sobre o horizonte dessa lavoura. A falta de investimentos e até a decisão radical de erradicação foram os fatores que mais se presenciou entre os cafeicultores de arábica em todas as partes do mundo. Não se pode esperar ganhos de produtividade com incremento da produção sem que ocorra a inversão capitalista. Todavia, para que isso aconteça há que necessariamente existir uma taxa de retorno favorável, condição absolutamente sine qua non. Parece uma obviedade, mas não é quando se entende que a formação das cotações no mercado internacional não guarda qualquer relação com os custos intrínsecos da produção, valendo-se de outros parâmetros para precificar suas aquisições.
De fato, comparativamente a outras commodities agrícolas, o arábica não foi beneficiado pelo ciclo de alta iniciado em 2003 e que se estendeu até a crise de 2008/09 e, novamente, voltou a vigorar já em meados de 2010. Diferentemente do ciclo anterior de valorização das commodities, neste o café se alinhou com o restante do conjunto do mercado, inclusive liderando-o com alta acumulada (para o arábica) superior aos 22% no ano e 34% nos doze meses contados entre agosto de 2009 e 2010 (LOPES, 2010). Em setembro, a tendência altista ganhou ainda maior impulso com cotação a se aproximar de um recorde histórico próximo dos US$200,00 cents/lbp.
Aparentemente, como de supetão, grande parte do mercado volta-se para o produto de qualidade. Os arábicas finos passam a ser disputados pelos líderes da torrefação mundial. As transnacionais querem os melhores cafés para oferecê-los de forma exclusiva aos seus consumidores. Criaram-se verdadeiros ícones no mercado como o desenho das máquinas e o preparo a partir de cápsulas da NESPRESSO, inovação que passou a ser invejada e perseguida pelos demais competidores.
No mercado de café, a virada para a qualidade é uma mudança de foco tremenda. A formação de preços dos cafés finos não estará mais vinculada ao volume de cafés baixos e robusta que são permanentemente oferecidos mas, sim, nas disponibilidades dos produtos considerados superiores com padrão de xícara de elevada pontuação dentro das usuais escalas de classificação da bebida. A essa radical mudança pode-se denominar de primeira nova dinâmica do mercado de café.
A segunda dinâmica consiste em nova hipótese que ainda não testada pela comunidade científica e pode estar por trás da onda altista que se assiste no mercado.
Em meados de 1989, chegou ao fim o pacto entre países produtores e importadores que impunha cláusulas econômicas no Acordo Internacional do Café. Desde então, o universo dos países produtores assistiu uma monumental concentração do mercado de café. Transcorridos vinte anos, as quatro maiores torrefadoras congregam 45% do mercado mundial da bebida (Figura 1). Esse grau de concentração, possivelmente, já passa a prejudicar a formação de preços em condição de livre concorrência ainda que imperfeita, pois a baixa competição pelo limitado número de agentes conduz à criação de mecanismo de formação de preços menos transparentes porém, melhor amoldadas às pretensões de valorização acionária dessas companhias líderes.
FIGURA 1 – Market Share das Torrefadoras Líderes Globais, 2009.
Fonte: Euromonitor, 2010.
Do ponto de vista dos países produtores, especialmente, de seus cafeicultores, a concentração empresarial na ponta demandante estava sendo uma das principais barreiras para que o arábica se juntasse as demais commodities na trajetória de alta observada durante toda a década passada. Entretanto, o mesmo fenômeno passa a ocorrer entre os países produtores com apenas quatro deles concentrando pouco mais de 65% da oferta mundial (Tabela 1). Na safra 1999/00, por exemplo, esse conjunto de quatro países congregava 55%. Caso se tome em separado a oferta do arábica e somando-se apenas a produção do Brasil e da Colômbia, alcança-se uma concentração desse tipo ainda mais acentuada.
TABELA 1 – Market Share dos Quatro Maiores Países Produtores de Café, 2009/10 e 2010/11
País2009/10(em mil sc)Participação (%)2010/111(em mil sc)Participação (%)
Brasil39.47032,9247.19935,87
Vietnã18.00015,0118.72514,23
Indonésia11.3809,509.6007,29
Colômbia8.5007,099.0006,84
C4277.35064,5284.52464,23
Total geral119.903100,00131.595100,00
1 Estimativa preliminar.
2 C4 é um indicador bastante simplificado que congrega a participação percentual dos quatro maiores produtores na oferta global, medindo, portanto, o grau de concentração existente nesse mercado.
Fonte: RELATÓRIO, 2010 (disponível em: www.ico.org)
Vetores formadores de uma NAÇÃO
São quatro os vetores que constituem o fulcro das ações em geopolítica: segurança militar; segurança financeira; segurança alimentar e segurança energética. Perceba que para cada tipo de vetor existe uma entidade que procura regular e coordenar as ações supranacionais. No caso da segurança alimentar existe a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Ainda que sob as recentes bandeiras da globalização e do livre mercado, essas agências tenham aparentemente perdido sua importância inicial, poderão reassumir relevância diante de futuros dilemas para os quais a humanidade terá que necessariamente se preparar.
Nessa altura já é possível presumir a segunda nova dinâmica do mercado de café. A semelhança do petróleo que possui sua produção concentrada entre os países da Península Arábica e de seu entorno, a concentração crescente nos países produtores de café passa também a vigorar nesse mercado. No passado, a geopolítica induziu decisões relevantes no mercado de café, sendo a mais emblemática delas a criação da Organização Internacional do Café (OIC), departamento vinculado às Nações Unidas.
Regulação dos Mercados e o Café
Ao início dos anos 60, quando foi criada a OIC, mais de dois terços da população mundial residia no campo e havia uma disponibilidade de terras aparentemente “inesgotável”. Atualmente o contexto é totalmente distinto. A maior parcela da população mundial é urbana; não há fronteiras agrícolas a serem ocupadas; há necessidade crescente de utilização das terras disponíveis para a ampliação da oferta de alimentos e, finalmente, os distúrbios climáticos tornaram muito mais complexo o empreendimento agrícola.
Somando-se os dois elementos acima mencionados: concentração da produção com fechamento das fronteiras agrícolas para a expansão cafeeira, verifica-se que se pode engendrar uma nova dinâmica geopolítica para o café. Se no passado a orientação era pela contenção dos movimentos de esquerda nas comunidades rurais empobrecidas da África, Ásia e Ibero-América, agora se distingue por assentar-se na concentração do mercado. Porém, a resultante tem igual sinalização: a da revitalização de agências reguladoras, com um muito maior interesse dos países consumidores de participarem desses fóruns e até mesmo a possibilidade de se avançar na repactuação de novas cláusulas econômicas para esse mercado.
A previsão de longa duração para as elevadas cotações atuais do café tornará crescente a relevância das decisões de perfil geopolítico no mercado. Tal influência, como tudo em política, avançará na condição de processo sob intensa negociação. Enquanto isso não se concretizar, espera-se um mercado muito mais tenso, em que a volatilidade das cotações exibirá maiores amplitudes para qualquer período de análise (diária, semanal, mensal e anual).
Formam-se assim as duas novas fontes de dinâmica para o mercado de café: a) a revalorização da qualidade do café e sobre esse padrão de bebida a estruturação dos mecanismos formadores das cotações e b) a concentração crescente na ponta da oferta com repercussões crescentes de padrão próximo ao geopolítico com incremento da tensão tanto no mercado físico como no futuro.
Fatores complementares
A valorização cambial das moedas nacionais de diversos países produtores de café é um fator que complica o contexto de retomada do investimento nas lavouras. De forma generalizada observa-se essa tendência que não apenas se manteve como se aprofundou no transcurso de 2010.
Em países em que a produção de café está voltada para as transações com o exterior o problema da valorização cambial torna-se ainda mais desastroso. Diferentemente do Brasil, na Colômbia, por exemplo, apenas 10% a 15% do total do café produzido é destinado ao consumo interno, tornando o segmento muito mais exposto à problemática do câmbio valorizado. Tal situação diminui os ingressos dos cafeicultores, criando um ambiente de desmotivação com imediata redução da tecnologia empregada.
A cafeicultura instalada em regiões de montanha demanda urgentes inovações. Com limitadas condições para mecanização da colheita, os custos de produção desses sistemas produtivos resvalam na inviabilidade econômica. Ademais, a baixa produtividade da colheita nos sistemas produtivos em que se colhe por meio da “catação a dedo”, torna quase que inviável a realização dessa modalidade de colheita mesmo sob contexto de salários/diárias bem pagos. A precarização da mão de obra rural, seja ela familiar ou assalariada não estimula que as próximas gerações permaneçam nessa atividade, preferindo buscar outras oportunidades, especialmente, urbanas em que a possibilidade de melhoria do bem estar está mais adiantada. O contexto é de impasse e a demanda por inovações imediata para a manutenção competitiva desses sistemas produtivos.
Cresce apetite da Radar por aquisição de terras
Cresce apetite da Radar por aquisição de terras
A Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do país e terceira no ranking de
distribuição de combustíveis, negocia a compra de 60 fazendas localizadas no
Cerrado brasileiro e no Estado de São Paulo, em transações que podem chegar a
US$ 800 milhões. Juntas, essas propriedades somam uma área de 350 mil hectares.
As negociações estão a cargo da Radar, empresa de terras criada em 2008 e na
qual a gigante tem uma fatia de 18,9%.
Nos últimos dois anos, a Radar adquiriu 180 fazendas em São Paulo, Mato Grosso,
sul do Maranhão e oeste da Bahia. São 84 mil hectares no total, que demandaram
investimentos de US$ 440 milhões, conforme Ricardo Mussa, principal executivo
da empresa de imóveis rurais. Com esse valor já aplicado, a Radar ainda tem
disponíveis US$ 115 milhões para investir na ampliação de seu portfólio, uma
vez que o aporte total já autorizado por seus acionistas chega a US$ 555
milhões.
"A joint venture com a Shell vai ampliar ainda mais a nossa oportunidade de
investir", diz Mussa, sinalizando que essa pode ser uma das fonte de recursos
para os negócios de terras em andamento.
Apesar de ter apenas 18,9% do capital da Radar, a Cosan, que criou a companhia,
é sua controladora (direito a voto). Os outros investidores, fundos de pensão
americanos, detém os 81,1% restantes. A Cosan tem direito de ampliar essa
participação em mais 20% nos próximos dez anos, elevando sua participação total
para 38%. "Essa subscrição adicional pode ser feita ao valor inicial de
contribuição, corrigido pelo IPCA [Indice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo]", diz Marcos Lutz, CEO da Cosan.
O foco da Radar é, em um primeiro momento, arrendar terras para cultivo de
algodão, soja, milho e cana-de-açúcar. Depois que atingirem um nível de
valorização desejável, essas terras serão vendidas para que os investidores
tenham seu retorno, diz Mussa. "Já estamos realizando as vendas de algumas
fazendas, dois anos após a criação da Radar, dada a elevada valorização desses
ativos", afirma o executivo.
De acordo com informações de Mussa, uma avaliação feita por uma auditoria
independente em 30% do portfólio de terras da companhia identificou valorização
média de 50% em dois anos.
Lutz, que não vislumbra no momento nenhuma mudança societária para a Radar,
destaca que a empresa de terras oferece contratualmente duas opções de liquidez
para os investidores, sendo que uma delas é a possibilidade de abertura de
capital em bolsa. "Mas nada impede que estudemos juntamente com os investidores
outra forma de liquidez", acrescenta.
O plano inicial da Radar era atingir o portfólio de 80 mil hectares em cinco
anos, prazo que foi reduzido pela metade. Mussa afirma que a companhia hoje
estuda replicar esse modelo de negócios de compra e venda de terras para a
América Latina.
O mercado de terras no Brasil movimenta por ano negócios da ordem de US$ 40
bilhões, segundo estimativas da Cosan. Levantamento realizado pela companhia
aponta que em 2020 a atual área cultivada com soja no país sairá dos atuais 22
milhões de hectares para 29 milhões. A de cana-de-açúcar vai dobrar de 7
milhões de hectares para 14 milhões. "O diferencial está em conseguir antecipar
onde vai acontecer a valorização", afirma Mussa
A Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do país e terceira no ranking de
distribuição de combustíveis, negocia a compra de 60 fazendas localizadas no
Cerrado brasileiro e no Estado de São Paulo, em transações que podem chegar a
US$ 800 milhões. Juntas, essas propriedades somam uma área de 350 mil hectares.
As negociações estão a cargo da Radar, empresa de terras criada em 2008 e na
qual a gigante tem uma fatia de 18,9%.
Nos últimos dois anos, a Radar adquiriu 180 fazendas em São Paulo, Mato Grosso,
sul do Maranhão e oeste da Bahia. São 84 mil hectares no total, que demandaram
investimentos de US$ 440 milhões, conforme Ricardo Mussa, principal executivo
da empresa de imóveis rurais. Com esse valor já aplicado, a Radar ainda tem
disponíveis US$ 115 milhões para investir na ampliação de seu portfólio, uma
vez que o aporte total já autorizado por seus acionistas chega a US$ 555
milhões.
"A joint venture com a Shell vai ampliar ainda mais a nossa oportunidade de
investir", diz Mussa, sinalizando que essa pode ser uma das fonte de recursos
para os negócios de terras em andamento.
Apesar de ter apenas 18,9% do capital da Radar, a Cosan, que criou a companhia,
é sua controladora (direito a voto). Os outros investidores, fundos de pensão
americanos, detém os 81,1% restantes. A Cosan tem direito de ampliar essa
participação em mais 20% nos próximos dez anos, elevando sua participação total
para 38%. "Essa subscrição adicional pode ser feita ao valor inicial de
contribuição, corrigido pelo IPCA [Indice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo]", diz Marcos Lutz, CEO da Cosan.
O foco da Radar é, em um primeiro momento, arrendar terras para cultivo de
algodão, soja, milho e cana-de-açúcar. Depois que atingirem um nível de
valorização desejável, essas terras serão vendidas para que os investidores
tenham seu retorno, diz Mussa. "Já estamos realizando as vendas de algumas
fazendas, dois anos após a criação da Radar, dada a elevada valorização desses
ativos", afirma o executivo.
De acordo com informações de Mussa, uma avaliação feita por uma auditoria
independente em 30% do portfólio de terras da companhia identificou valorização
média de 50% em dois anos.
Lutz, que não vislumbra no momento nenhuma mudança societária para a Radar,
destaca que a empresa de terras oferece contratualmente duas opções de liquidez
para os investidores, sendo que uma delas é a possibilidade de abertura de
capital em bolsa. "Mas nada impede que estudemos juntamente com os investidores
outra forma de liquidez", acrescenta.
O plano inicial da Radar era atingir o portfólio de 80 mil hectares em cinco
anos, prazo que foi reduzido pela metade. Mussa afirma que a companhia hoje
estuda replicar esse modelo de negócios de compra e venda de terras para a
América Latina.
O mercado de terras no Brasil movimenta por ano negócios da ordem de US$ 40
bilhões, segundo estimativas da Cosan. Levantamento realizado pela companhia
aponta que em 2020 a atual área cultivada com soja no país sairá dos atuais 22
milhões de hectares para 29 milhões. A de cana-de-açúcar vai dobrar de 7
milhões de hectares para 14 milhões. "O diferencial está em conseguir antecipar
onde vai acontecer a valorização", afirma Mussa
Café-XP: preços fecham em forte queda em Nova York
Um dia no mínimo eletrizante! Ontem, enquanto nossa bolsa estava fechada, o café em NY acumulou boa alta de quase 1%. Hoje na abertura dava prosseguimento a alta, subindo mais 0,30%, com isso nossa BMF abriu ajustando, com negócios acima de 235,00 para o vencimento dez/10. O dia estava positivo, com outras commodities em alta e dólar em baixa frente outras moedas. Porém era dia de anúncio do FED falando e pouco tempo antes de ser anunciado o mercado resolveu virar forte e foi tomado por uma onda de mau humor!
A análise gráfica diz que quanto mais vezes for testada uma zona de suporte, mais forte ela é. É nisso que especuladores posicionados na compra acima de 198,00 acreditavam. Porém um ditado popular antigo diz o seguinte: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Foi o que ocorreu, o café bateu tantas vezes no 198,20, que furou. Essa perda acionou muitos stops de comprados e fez o café desabar incríveis 5 dólares em alguns minutos.
Na parte de físico não temos novidades. Algumas cooperativas na semana passada relataram uma melhor oferta devido aos bons preços. Mas efetivamente cafés de qualidade seguem escassos e produtores se interessam em vender a preços em torno de R$ 350,00/saca. Hoje com esta queda o físico foi bem travado. Graficamente nosso café na BMF está difícil. Tem divergência baixista de IFR no gráfico diário e com essa queda fica com espaço para buscar os 226,00. Porém no gráfico intraday a divergência é altista e o fechamento deixou possibilidades de uma correção amanhã para alta. Na minha opinião veremos esta correção.
A análise gráfica diz que quanto mais vezes for testada uma zona de suporte, mais forte ela é. É nisso que especuladores posicionados na compra acima de 198,00 acreditavam. Porém um ditado popular antigo diz o seguinte: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Foi o que ocorreu, o café bateu tantas vezes no 198,20, que furou. Essa perda acionou muitos stops de comprados e fez o café desabar incríveis 5 dólares em alguns minutos.
Na parte de físico não temos novidades. Algumas cooperativas na semana passada relataram uma melhor oferta devido aos bons preços. Mas efetivamente cafés de qualidade seguem escassos e produtores se interessam em vender a preços em torno de R$ 350,00/saca. Hoje com esta queda o físico foi bem travado. Graficamente nosso café na BMF está difícil. Tem divergência baixista de IFR no gráfico diário e com essa queda fica com espaço para buscar os 226,00. Porém no gráfico intraday a divergência é altista e o fechamento deixou possibilidades de uma correção amanhã para alta. Na minha opinião veremos esta correção.
Café Arábica: Preços ficam pressionados em NY com expectativa da chegada da safra da América Central
O café encerrou a quarta-feira em forte baixa na Bolsa de Nova York (Ice Futures US). Os preços foram pressionados pela expectativa da chegada de safra de café da América Central ao mercado.
\"Estamos passando de uma situação de oferta muito apertada para outra razoavelmente apertada,conforme mais café se torna disponível para nós\", disse Jack Scoville, vice-presidente da Price Futures Group.
O mercado tentou se manter acima dos 200 cents/lb, mas não foi capaz, pois compradores europeus e de outros países aguardam os resultados da colheita na América Central.
O vencimento dezembro perdeu 325 pontos ou 1,63% e fechou a US$196,15 cents por libra-peso.
Fonte: Redação NA
\"Estamos passando de uma situação de oferta muito apertada para outra razoavelmente apertada,conforme mais café se torna disponível para nós\", disse Jack Scoville, vice-presidente da Price Futures Group.
O mercado tentou se manter acima dos 200 cents/lb, mas não foi capaz, pois compradores europeus e de outros países aguardam os resultados da colheita na América Central.
O vencimento dezembro perdeu 325 pontos ou 1,63% e fechou a US$196,15 cents por libra-peso.
Fonte: Redação NA
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