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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Cresce apetite da Radar por aquisição de terras

Cresce apetite da Radar por aquisição de terras

A Cosan, maior produtora de açúcar e álcool do país e terceira no ranking de
distribuição de combustíveis, negocia a compra de 60 fazendas localizadas no
Cerrado brasileiro e no Estado de São Paulo, em transações que podem chegar a
US$ 800 milhões. Juntas, essas propriedades somam uma área de 350 mil hectares.
As negociações estão a cargo da Radar, empresa de terras criada em 2008 e na
qual a gigante tem uma fatia de 18,9%.
Nos últimos dois anos, a Radar adquiriu 180 fazendas em São Paulo, Mato Grosso,
sul do Maranhão e oeste da Bahia. São 84 mil hectares no total, que demandaram
investimentos de US$ 440 milhões, conforme Ricardo Mussa, principal executivo
da empresa de imóveis rurais. Com esse valor já aplicado, a Radar ainda tem
disponíveis US$ 115 milhões para investir na ampliação de seu portfólio, uma
vez que o aporte total já autorizado por seus acionistas chega a US$ 555
milhões.
"A joint venture com a Shell vai ampliar ainda mais a nossa oportunidade de
investir", diz Mussa, sinalizando que essa pode ser uma das fonte de recursos
para os negócios de terras em andamento.
Apesar de ter apenas 18,9% do capital da Radar, a Cosan, que criou a companhia,
é sua controladora (direito a voto). Os outros investidores, fundos de pensão
americanos, detém os 81,1% restantes. A Cosan tem direito de ampliar essa
participação em mais 20% nos próximos dez anos, elevando sua participação total
para 38%. "Essa subscrição adicional pode ser feita ao valor inicial de
contribuição, corrigido pelo IPCA [Indice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo]", diz Marcos Lutz, CEO da Cosan.
O foco da Radar é, em um primeiro momento, arrendar terras para cultivo de
algodão, soja, milho e cana-de-açúcar. Depois que atingirem um nível de
valorização desejável, essas terras serão vendidas para que os investidores
tenham seu retorno, diz Mussa. "Já estamos realizando as vendas de algumas
fazendas, dois anos após a criação da Radar, dada a elevada valorização desses
ativos", afirma o executivo.
De acordo com informações de Mussa, uma avaliação feita por uma auditoria
independente em 30% do portfólio de terras da companhia identificou valorização
média de 50% em dois anos.
Lutz, que não vislumbra no momento nenhuma mudança societária para a Radar,
destaca que a empresa de terras oferece contratualmente duas opções de liquidez
para os investidores, sendo que uma delas é a possibilidade de abertura de
capital em bolsa. "Mas nada impede que estudemos juntamente com os investidores
outra forma de liquidez", acrescenta.
O plano inicial da Radar era atingir o portfólio de 80 mil hectares em cinco
anos, prazo que foi reduzido pela metade. Mussa afirma que a companhia hoje
estuda replicar esse modelo de negócios de compra e venda de terras para a
América Latina.
O mercado de terras no Brasil movimenta por ano negócios da ordem de US$ 40
bilhões, segundo estimativas da Cosan. Levantamento realizado pela companhia
aponta que em 2020 a atual área cultivada com soja no país sairá dos atuais 22
milhões de hectares para 29 milhões. A de cana-de-açúcar vai dobrar de 7
milhões de hectares para 14 milhões. "O diferencial está em conseguir antecipar
onde vai acontecer a valorização", afirma Mussa

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