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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Queda em preços do café cria distorções para o mercado, diz trader

A queda das cotações internacionais do café tem provocado distorções no mercado. O café conilon, considerado de qualidade inferior ao arábica, está cotado em cerca de R$ 230 a saca de 60 kg, em Vitória (ES). O café rio, embora não seja o arábica mais fino, é negociado a R$ 190 a saca, em Minas. Mais: o café arábica do cerrado e do sul de Minas, fino, é cotado atualmente a R$ 275, embora tenha alcançado pico de R$ 550 há dois anos.

'Essas distorções são evidentes e não são saudáveis', afirma em comunicado o trader John Wolthers, da exportadora Comexim, de Santos (SP). Wolthers explica que os produtores não estão estimulados a continuar investindo nos cafezais e só o tempo será capaz de reverter esse quadro.

Os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) estão nos níveis mais baixos em quatro anos. O preço diário do arábica, pesquisado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), alcançou na quarta-feira (2) R$ 258 a saca, o menor valor desde 26 de outubro de 2009. As cotações de mercado também estão bem abaixo do preço mínimo de garantia oficial de R$ 307 a saca.

Wolthers cita que o padrão de fertilização dos cafezais corresponde a três aplicações: no fim de outubro, dezembro e fevereiro. 'Com os atuais baixos preços, muitos produtores vão forçosamente optar por reduzir em 50% a aplicação necessária de adubo e muitos podem até deixar as lavouras aos cuidados da natureza. Outros podem substituir os cafezais por outras culturas, como a cana-de-açúcar, e a criação de gado', lamenta.

O traders esteve na semana passada em Ouro Fino, no sul de Minas, onde a Comexim tem um armazém de café. 'A maioria dos armazéns brasileiros relata elevados estoques de café', acrescenta. No fim de julho, o estoque de passagem foi estimado em cerca de 12,4 milhões de sacas, segundo a Comexim.

Para complicar, as chuvas têm sido benéficas para a florada dos cafezais, sinalizando uma grande produção em 2014/15. 'Em Ouro Fino, houve apenas uma floração, enquanto em muitas outras regiões já houve até duas floradas. Agora, no início de outubro, após as chuvas, esperamos uma segunda e maior floração', relata.

Ele pondera que o fator moeda tem auxiliado os exportadores este ano. Recentemente, o dólar chegou a alcançar R$ 2,45, embora agora esteja em cerca de R$ 2,20. 'As pequenas e frequentes altas do mercado futuro e do dólar têm de ser aproveitadas ao máximo pelos exportadores e pelo produtores', ressalta.
Preço do café desestimula investimentos

Com os preços do café arábica em curva descendente desde o segundo semestre de 2011, depois de atingirem mais de US$ 3 por libra-peso, a renovação dos cafezais e a ampliação de áreas em algumas regiões produtoras do país deverão ser reduzidas, assim como os tratos culturais. Não há, porém, expectativa de recuo de área para a próxima safra.
Em Minas Gerais, a mais importante região cafeeira do Brasil, a estimativa é que a renovação de cafezais deva cair 20% neste ano em relação a 2012, segundo Julian Silva Carvalho, coordenador técnico estadual da Emater-MG.
O especialista afirma que a produtividade da próxima safra também pode ser afetada pela redução dos tratos culturais, como a adubação dos cafezais. Entretanto, ele avalia que ainda é cedo para estimar o rendimento da próxima colheita, uma vez que as lavouras ainda estão em fase de floração.
Em seu levantamento mais recente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou que as áreas de café em formação (que incluem renovação de cafezais antigos e áreas novas que entrarão em produção a partir de 2014) somam 302,287 mil hectares nesta safra 2013/14, um aumento de 8% em relação à safra passada - em 2001/02, eram 438,6 mil hectares.
Esse aumento ainda capta o efeito dos altos preços que prevaleceram até 2011, já que um cafezal leva de três a quatro anos para começar a dar frutos. Em outras palavras, apesar da crise de rentabilidade, os produtores podem ter "contratado" um aumento de produção para os próximos anos. Na avaliação de Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do café (CNC), a renovação dos cafezais está no mesmo ritmo do ano passado.
De acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entre agosto de 2012 e maio deste ano, houve redução de 18,98% nos preços médios de venda em diferentes polos nos Estados produtores de café e um aumento de 4,72% nos custos de produção. Em Guaxupé, no Sul mineiro, os produtores amargam um prejuízo líquido de R$ 178 por saca.
As cotações do arábica na bolsa de Nova York recuaram 20,35% desde o início do ano até o fim de setembro, segundo o Valor Data.
O passado recente mostrou que não houve redução significativa de área cultivada desde o início da última década, mesmo em períodos em que as cotações estavam em baixos patamares. Esse cenário deve se repetir. As erradicações de pés de café e abandono da atividade em Minas Gerais, responsável por mais de 50% da safra nacional, são pontuais, na avaliação de João Ricardo Albanez, superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura do Estado.
A área mineira em produção tem sido mantida em cerca de 1 milhão de hectares nos últimos anos porque o custo para sair da atividade é muito alto, afirma Albanez.
Outro fator que evita o desmantelamento da produção é que muitos cafeicultores, além de diversificarem os cultivos na propriedade, sempre têm a esperança de que o mercado vai melhorar, como em 2011, quando a saca chegou a valer mais de R$ 500, observa Carvalho.
Mas os preços baixos da commodity afetam a abertura de áreas novas na cafeicultura. Na região de Unaí, no noroeste mineiro -que faz parte do Cerrado Mineiro - deve haver uma redução de 60% na demanda por mudas este ano, ante cerca de 6 milhões comercializadas em 2012 pelo Viveiro Sacoman, afirma Clésio Aparecido Sacoman, proprietário da empresa e também cafeicultor na região.
Os produtores fazem encomendas de mudas para plantá-las entre o fim de um ano e início do ano seguinte. Na região, conforme Sacoman, as mudas são usadas em sua maior parte para ampliação de área. Desde 2009 cerca de um mil hectares eram incorporados anualmente, diz.
Na região de Unaí, a renovação dos cafezais deverá começar a partir do próximo ano nas áreas com as plantas mais antigas -os cafezais ainda são relativamente novos, cultivados a partir de 1998 -, mas a decisão de renovar vai depender do mercado, que hoje está mais rentável para outras culturas como feijão, soja e milho, pondera Sacoman. "Os aventureiros deverão sair [do café]", afirma Sacoman.
O custo de produção, em torno de R$ 250 por saca, empata com o preço recebido, diz ele, que pretende manter sua área de café.
No Cerrado Mineiro, um dos principais polos de crescimento da cafeicultura brasileira, a atividade é altamente tecnificada, com mecanização e irrigação e tem a maior produtividade média de Minas - 29,2 sacas por hectare, ante uma média estadual de 25,2 sacas por hectare.
No oeste da Bahia, cerca de 1,5 mil hectares com café foram abandonados nos últimos dois anos por produtores que migraram para outras culturas, como a soja e algodão, de acordo com João Lopes Araújo, presidente da Associação dos Produtores de café da Bahia (Assocafé).
Mas a área total da região continua em torno de 15 mil hectares, mesmo número de dez anos atrás. "Tem gente plantando [café] e gente saindo. Uma cultura de 300 anos não pode ter julgamento por um ou dois anos de crise", avalia Araújo.
O presidente da Assocafé afirma que produtores capitalizados não estão preocupados com um ou dois anos de crise e continuam investindo na cultura. Mas admite que houve uma redução da expansão da atividade. O Estado da Bahia poderia produzir de cinco a seis milhões de sacas de café, mas continua com cerca de dois milhões, estima.
O plantio em áreas novas também deve ser menor em São Paulo, terceiro maior produtor nacional. A intenção de plantio de áreas novas de café em novembro de 2011 era de 4,363 mil hectares. O número caiu para 3,904 mil em julho deste ano, segundo cálculos de Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado. Na mesma comparação, a intenção de renovação saiu de 2,896 mil hectares em 2011 para 2,404 mil este ano.
No Paraná, cuja área em produção caiu de 127,7 mil hectares em 2001 para 65,6 mil este ano, a situação foi agravada com as geadas deste inverno que atingiram as regiões produtoras.
Os impactos ainda serão mais bem avaliados neste e no próximo mês, mas a estimativa inicial é que cerca de 20% da área total com o grão no Paraná (em torno de 82 mil hectares) será erradicada, de acordo com o Departamento de Economia Rural. Segundo Paulo Franzini, coordenador do setor de café do Deral, nos últimos anos a renovação também era muito baixa no Estado, no máximo em 5% da área.
Diminui a fatia de robusta no produto torrado e moído

A grande oferta de cafés arábicas de pior qualidade nesta safra 2013/14 fez diminuir a demanda pelo café robusta, considerado menos nobre e usado nos blends pelas torrefadoras brasileiras. A queda na demanda é reflexo do maior uso nas misturas dos cafés arábicas de bebida rio e riada, cujos preços estão mais baixos que os do robusta.
Com a mudança, a estimativa é que participação do robusta (conilon) nos "blends" de café torrado e moído já tenha recuado de 50% para 30% a 35%, segundo Bruno Forzza Sarcinelli, diretor da Custódio Forzza Comércio e Exportação Limitada, do Espírito Santo. O Estado é o maior produtor nacional de café robusta.
De acordo com Sarcinelli, há cerca de 45 dias a demanda pelo café robusta diminuiu e os preços do produto, que chegaram a R$ 250 a saca em maio deste ano, recuaram para os atuais R$ 215 por saca. O café arábica bebida rio, por exemplo, é negociado no Sul de Minas Gerais por R$ 160 a saca, ante R$ 190 a R$ 200 dez dias atrás.
Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de café (Abic), afirma que o maior uso de cafés arábicas em detrimento dos robustas vem ocorrendo há cerca de dois meses em muitas torrefações.
Assim, o percentual de 50% do robusta na composição dos blends de torrado e moído atualmente já recuou, embora a entidade não tenha ainda uma estimativa de qual seja o percentual. "A indústria enxerga nisso [queda no preço do arábica] oportunidade de novamente fazer uma mudança gradual do blend. Sessenta a setenta reais por saca é uma diferença enorme", declara.
Com o recuo dos preços do café conilon no mercado interno, os produtores dessa espécie começaram há cerca de 15 dias a reter o produto, à espera de melhora na cotação, diz Sarcinelli. Antes, vendiam de forma escalonada para pagar o custeio da colheita, encerrada entre julho e agosto.
Mondelez Enters New Coffee Markets
John Revill

  ZURICH - Food company Mondelez International Inc. (MDLZ) said it would enter
two new coffee markets and expand its offerings in another, perking up the
battle with world's biggest coffee seller Nestle SA (NESN.VX) and a crowded
field of rivals.
  The Deerfield, Ill.-based food company, which owns the Carte Noire and Jacobs
coffee brands, said it was entering Australia and the Netherlands. The company
is also introducing new java products in Spain, where it already sells some
coffee items.
  Mondelez's expansion in those countries marks the latest battle lines in the
increasingly competitive market. The coffee market has drawn food companies
because it is relatively recession-resistant and offers high profit margins..
The $75.7 billion-a-year coffee market will grow by as much as 22% by 2017,
according to Euromonitor International, and carries margins of at least 25% on
most products, according to analysts.
  But it is a crowded field. Nestle, Mondelez and privately held DE Master
Blenders 1753 NV together control almost 40% of the market. And competitors,
including Luigi Lavazza SpA, Green Mountain Coffee Roasters Inc. (GMCR) and
Starbucks Corp. (SBUX), are expanding their presence around the world.
  "It's a very competitive market," said Jonny Forsyth, who covers the beverage
industry for Mintel, a market research company. "The only way to grow is by
taking sales off your competitors."
  Mondelez, which was spun off from Kraft Inc. (KRFT) last year, has identified
coffee--in particular the high end of the market--as a key part of its growth
strategy and pits it against Nestle, which has increasingly moved toward
upmarket brands as the popularity of instant coffee declines in developed
markets.
  The two companies will likely clash in France and Germany, two of the world's
biggest coffee markets. Last week, Mondelez launched capsules designed to fit
Nestle's Nespresso system in the two countries.
  Nestle declined to comment on Mondelez's product launches.
  Australia, the Netherlands and Spain are also among the most promising
markets for coffee, with combined sales expected to reach $2.9 billion this
year, according to Mintel. Mondelez says launching in these countries will help
it increase sales, take more market share and build Carte Noire, its premium
coffee product, into one of its most important brands.
  Mondelez will launch a full range of coffee products, including ground and
whole beans, pods for use in its Tassimo machines and capsules that fit rival
Nestle's Nespresso system in the Netherlands. It will also introduce its
Millicano line of instant coffees in Australia.
  Nestle is the market leader in coffee in Australia and Spain, although it is
in third position in the Netherlands, according to figures from Mintel.
  The products will be available in the three countries by the end of the
month.