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terça-feira, 11 de maio de 2010

Safra é recorde, mas renda continua estável

Safra é recorde, mas renda continua estável

A safra de grãos deste ano sobe para o recorde de 147 milhões de
toneladas, mas a renda do produtor fica praticamente no mesmo patamar da
de 2009.
Dados divulgados hoje pelo Ministério da Agricultura mostram que o valor
bruto da produção deste ano atingirá R$ 160 bilhões, apenas 1% a mais do
que no ano anterior.
Preços menores dos principais produtos, como os da soja e do milho,
fizeram com que o Centro-Oeste, importante região na produção nacional,
registrasse queda de 11% no valor da produção neste ano em relação ao
anterior.
A região Sul foi a única que obteve boa recuperação do valor de produção.
José Garcia Gasques, do Ministério da Agricultura, cruzou os mais recentes
dados de safra do IBGE, divulgados neste mês, com os preços médios
recebidos pelos produtores apurados pela Fundação Getulio Vargas em
janeiro e fevereiro últimos. A alta foi de 12,5% para a região Sul.
A alta ocorre devido ao Paraná, onde o valor de produção subiu para R$ 22
bilhões. O avanço da colheita foi mostrando uma produtividade que nem os
produtores esperavam.
Além dessa produtividade, os paranaenses conseguiram comercializar a soja
a R$ 36 por saca no início da safra, valor superior ao registrado em Mato
Grosso: próximo de R$ 26.
A queda do valor de produção na região Centro-Oeste foi puxada por Mato
Grosso, onde a renda caiu para R$ 16,8 bilhões, com queda de 16,7%. Os
preços da soja foram influenciados ainda em Mato Grosso pela aceleração no
valor do frete.
O transporte da soja mato-grossense para os portos chegou a custar R$ 230
por tonelada, valor que acaba sendo descontado do preço final pago ao
produtor.
A região Norte, que vinha obtendo bons resultados no ano passado,
principalmente devido ao valor do arroz, perdeu força neste ano. O valor
bruto da produção da região caiu para R$ 6,3 bilhões, 55% menos do que no
ano anterior.
A região Sudeste não teve alteração, mantendo o valor da produção em R$
43,7 bilhões, segundo os dados de Gasques.

Exportadores vendem dólares

Exportadores vendem dólares

A crise europeia trouxe uma puxada no câmbio e, com ela, a volta da demanda por
"hedge" (proteção) de receita dos exportadores. As companhias aproveitaram que
o dólar para daqui a um ano bateu nos níveis acima de R$ 2 e saíram vendendo a
moeda no mercado futuro. Os bancos mais atuantes perceberam volumes de negócios
na quinta-feira de duas a três vezes maiores aos de um dia normal.
Mesmo no mercado de dólar à vista, os exportadores aproveitaram para vender com
mais força quando o mercado estressou e as cotações se aproximaram dos níveis
de R$ 1,90. Os exportadores têm muito dinheiro fora do país: os números do
Banco Central mostram que em 12 meses as exportações efetivas foram US$ 16
bilhões superiores ao câmbio contratado para a exportação.
A maior parte da venda futura foi feita por meio dos tradicionais contratos a
termo sem entrega de moeda, conhecidos pela sigla NDF (do inglês
non-deliverable forward). A empresa combina que vai vender a moeda em uma data
determinada por um preço determinado e, quando chegar essa data, paga ou recebe
a diferença com relação à cotação verificada de fato.
O movimento dos exportadores ajudou a derrubar o dólar, que depois de ganhar
6,5% na semana passada registrou ontem a maior queda percentual diária desde o
final de 2008: 3,99%, para fechar a R$ 1,777.
"O maior impacto da crise europeia no mercado de derivativos para corporações
foi o aumento na tomada de hedge pelos exportadores", diz o diretor do Itaú BBA
Marcelo Maziero. Hiroshi Ogawa, da mesa de derivativos para clientes do BNP
Paribas, concorda. "Os prazos para o hedge ainda são curtos e raramente passam
de um ano", conta.
Apesar de os bancos estarem hoje pedindo um volume maior de garantias para os
clientes corporativos, depois do susto do final de 2008 e das perdas
bilionárias de empresas como a Aracruz e a Sadia, a chamada de margens das
companhias foi pequena na crise agora e o impacto na liquidez para elas foi
insignificante, segundo os bancos.
O Itaú BBA e o BNP Paribas, por exemplo, adotam cláusulas de depósito de margem
de garantia nos contratos de valores "expressivos" feitos diretamente com a
empresa no chamado mercado de balcão e de prazo maior do que um ano. "Mas a
quase totalidade dos contratos são de prazo inferior e por isso a chamada
adicional de margens foi pouco significativa", diz Maziero. Hoje, com a queda
do dólar, as exigências de garantias já foram reduzidas novamente.
Essas garantias, na maior parte títulos públicos, são depositadas em contas nos
próprios bancos. A Cetip, central na qual são registrados a maior parte dos
derivativos fechados entre duas partes, está procurando criar um sistema de
depósitos. "Claro que não faz sentido exigir, num mercado de balcão, margens
diárias ou com periodicidade grande demais, até porque o depósito dessas
margens exige um pouco mais de burocracia no balcão do que nas bolsas", explica
Maziero.
Também está em fase final de implementação a Central de Exposição a Derivativos
(CED), que vai permitir aos bancos consultar a posição consolidada das empresas
em derivativos de balcão, registrados na Cetip, e nos mercados de balcão ou de
bolsa da BM&F Bovespa.