Aumento do consumo de café não sustenta empregos
O consumo quase recorde de café em 2009 no Brasil não salvou empregos nas lavouras, mantendo uma sequência elevada de corte de postos de trabalho de anos anteriores. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no ano passado foram eliminados 5.550 empregos do mercado de trabalho formal, na diferença entre admissões e demissões feitas no período, em empresas dedicadas ao cultivo de café.
Já o emprego nas indústrias de torrefação e moagem de café ficou praticamente estagnado, com só 89 vagas geradas em 2009. Só que, nesse período, a venda de café no mercado brasileiro atingiu um dos maiores patamares da história, com 4,65 kg, ou 78 litros, de café consumidos em média por habitante, segundo relatório da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O recorde histórico de consumo de café foi atingido em 1965, com 4,72 kg do produto consumidos por pessoa. O volume de vendas aumentou 4,15%, entre novembro de 2008 e outubro de 2009, acima da previsão da entidade: de 3% de crescimento.
O principal motivo para o crescimento da venda de café no mercado brasileiro foi a melhoria da qualidade do café brasileiro que popularizou o consumo de formas mais elaborados do produto, como o expresso e o cappuccino, segundo o relatório. Só a Sara Lee, maior indústria de torrefação em atividade no país, que detém a marca de café "Pilão", cresceu 14% em volume de vendas no varejo, de acordo com Ricardo Souza, diretor de marketing da empresa. Ele credita a impulsão do consumo à fidelidade da classe C.
Porém, essa melhora no consumo interno não se refletiu em preços mais vantajosos nas vendas, o que resultou em um empobrecimento dos produtores, segundo os empresários. "O produtor continua vendendo abaixo do custo de produção. O reflexo disso é desemprego. Aquele produtor que tinha 10 funcionários fixos na fazenda, hoje tem 7", diz Breno Mesquita, presidente da Comissão Nacional de Café da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
"Tem produtores que estão derrubando plantio de café e plantando outras culturas", acrescenta o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz. Empresários da indústria se encontraram com representantes do Ministério da Agricultura para pedir leilões de estoques de café da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e linhas de crédito do Banco do Brasil.
Em carta de reivindicações, a Abic alega que há uma redução de margens de lucro por conta do crescimento da concentração do setor e da dificuldade crescente de negociar preços com o setor varejista, que também passou por uma intensa consolidação no ano passado.
Diante desse quadro negativo, mesmo com o crescimento da produção de café previsto para 2010, chegando a 46,8 milhões de sacas produzidas (821 toneladas), devem ocorrer mais demissões do que admissões no campo."Se continuar assim, com certeza vai ter demissão", diz Mesquita.
Souza, da Sara Lee, avalia que há uma tendência de consolidação no setor cafeeiro, que deve tirar empresas de menor porte do mercado: "Vão sobrar pequenos que focam em custo ou grandes empresas que oferecem cafés de qualidade".
A reportagem é do jornal Brasil Econômico, resumida e adaptada pela equipe CaféPoint.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Dólar revoga lei da oferta e da procura
19/02 06:01 Dólar revoga lei da oferta e da procura
Dólar segue, em fevereiro, tendência internacional independentemente da
direção indicada pelo fluxo cambial
A oscilação do dólar não obedece mais a lei da oferta e da procura. A moeda
segue aqui a tendência internacional, independentemente de estar sobrando ou
faltando dólar na praça. Dados sobre o fluxo cambial de fevereiro divulgados
ontem pelo Banco Central mostram que na primeira semana do mês a reação da
moeda a um superávit (sobra de dólares no interbancário) de US$ 1,92 bilhão foi
de alta. Na semana seguinte, quando houve um déficit de U$ 1,39 bilhão, o
preço da moeda recuou 1,69%. A falta de lógica não é privilégio das mesas de
operações de câmbio dos bancos. O BC agiu em fevereiro também no sentido oposto
ao normal. Na primeira semana, quando sobrou muita moeda, comprou apenas US$ 54
milhões. Na segunda, quando faltou, adquiriu US$ 203 milhões. No acumulado do
mês, para um saldo positivo de US$ 526 milhões, o BC comprou US$ 257 milhões.
Como o excedente de moeda não vem sendo o responsável por um movimento de
apreciação do real - condenável por outros setores do governo - o BC se sente
confortável em reduzir suas intervenções. Em janeiro, a média diária de
aquisições foi de US$ 89,9 milhões. Em fevereiro, não chega a US$ 26 milhões. A
estratégia é deliberada. A redução ocorre porque já comprou muito (US$ 29,44
bilhões) desde que retornou a essa ponta do mercado, em 8 de maio do ano
passado. E o enxugamento tem um custo fiscal pesado. E também porque induz os
bancos privados a ampliarem suas posições compradas à vista. Estas passaram de
US$ 2,66 bilhões no final de janeiro para US$ 2,93 bilhões no dia 12.
Ao trazer as instituições privadas para o seu lado - transformando-as em
aliadas na tarefa de evitar quedas muito acentuadas do dólar -, o BC tira
pressão da venda. A contraparte futura, a ausência de operações oficiais nos
pregões de derivativos cambiais da BM&F, completa a asfixia das posições
especulativas tradicionais, as que são fechadas visando a obtenção da Selic. O
câmbio fica livre para flutuar primeiro ao sabor do vaivém da aversão global a
risco. E, em segundo, em função de aspectos domésticos, como a possibilidade,
em 2011, de o déficit em transações correntes não ser inteiramente coberto pelo
investimento externo direto. E, do lado positivo, da atração de capitais de
investimentos interessados em um emergente que não tem problemas de dívida como
alguns países europeus. A ausência de sobressaltos especulativos faz com que o
dólar oscile entre R$ 1,80 e R$ 1,85, favorecendo o planejamento dos
exportadores.
O dólar caiu ontem 0,27%, cotado a R$ 1,8230, refletindo não só a distensão
externa como também relatórios de instituições globais elogiosos ao Brasil. O
risco-país, medido pelo JP Morgan, cedeu 2,38%, para 205 pontos-base. Vários
indicadores americanos positivos ampliaram o apetite por ativos de risco,
ações, commodities e petróleo.
O comportamento paradoxal não é exclusividade do mercado de câmbio. O pregão de
juros futuros da BM&F também surta às vezes. Ontem, em reação a um Caged
inesperadamente positivo - a criação em janeiro de 181,4 mil empregos formais,
recorde histórico, para uma expectativa consensual do mercado de 115 mil -, uma
clara indicação de que a economia pode estar crescendo acima das previsões
oficiais, a curva não exibiu um comportamento uniforme. As taxas curtas
subiram, e muito pouco, e as longas caíram. A taxa para a virada do ano subiu
ligeiramente de 10,24% para 10,25% e o juro do swap de 360 dias avançou de
10,47% para 10,48%. Enquanto isso, as taxas com vencimento mais distante caíram
em bloco. Para janeiro de 2013, o CDI cedeu de 11,99% para 11,92%. E não se
pode atribuir a falta de consenso da curva à inflexão experimentada pelos
índices de inflação. A desaceleração tanto do IPC FIPE quando do IPC-S já era
esperada. A segunda quadrissemana do indicador da FIPE acusou alta de 1,09%,
dentro da expectativa, ante 1,28% na primeira prévia. O IPC-S, também da
segunda quadrissemana do mês, avançou 1,04%, abaixo tanto do anterior (1,33%)
quanto do consenso do mercado (1,08%).
Na verdade, as instituições decidiram devolver os prêmios exagerados
incorporados à parte longa da curva depois das evidências de que o BC não irá
fazer todo o aperto monetário (equivalente a 3,5 pontos) incorporado à
estrutura a termo de juros, sobretudo se Henrique Meirelles, de olho num
terceiro mandato, permanecer na presidência.
Após decisão da Fed Dólar em máximos de nove meses
.
O dólar negoceia no nível mais elevado dos últimos nove meses face ao euro, depois da Reserva Federal norte-americana ter subido a taxa de desconto pela primeira vez em três anos.
O euro recua 0,41% para negociar nos 1,3472 dólares. A divisa da Zona Euro prolonga assim um ciclo de três sessões em queda face ao dólar.
A moeda norte-americana segue em alta depois da Reserva Federal norte-americana ter anunciado a subida da taxa de desconto cobrada aos bancos em empréstimos directos de 0,5% para 0,75%.
Esta medida visa "normalizar as condições de empréstimo da Reserva Federal" mas "não pretende dificultar as condições de crédito para as famílias e para as empresas e não assinala qualquer alteração nas perspectivas económicas", explicou a instituição monetária norte-americana.
A Fed afastou ainda a possibilidade de vir a subir a taxa de juro de referência ainda este ano. Esta garantia acabou por aliviar ligeiramente os ganhos da moeda norte-americana.
Com mais esta subida do dólar, o euro prepara-se para completar a sexta semana de quedas. A divisa da Zona Euro tem sido penalizada pela situação das contas públicas de alguns países da região, em particular, a Grécia, Espanha e Portugal.
Petróleo cai mais de 1% com subida do dólar
O preço do petróleo segue em queda pela primeira vez em três sessões devido à subida da moeda norte-americana.
O West Texas Intermediate (WTI), transaccionado em Nova Iorque, recua 1,43% para os 77,93 dólares, enquanto o barril de Brent, negociado em Londres, perde 1,41% para os 76,68 dólares.
A matéria-prima está hoje em queda devido à subida da moeda norte-americana. O dólar negoceia no nível mais elevado dos últimos nove meses depois da Reserva Federal dos Estados Unidos ter baixado a subido de desconto cobrada aos bancos em empréstimos directos de 0,5% para 0,75%.
Dólar segue, em fevereiro, tendência internacional independentemente da
direção indicada pelo fluxo cambial
A oscilação do dólar não obedece mais a lei da oferta e da procura. A moeda
segue aqui a tendência internacional, independentemente de estar sobrando ou
faltando dólar na praça. Dados sobre o fluxo cambial de fevereiro divulgados
ontem pelo Banco Central mostram que na primeira semana do mês a reação da
moeda a um superávit (sobra de dólares no interbancário) de US$ 1,92 bilhão foi
de alta. Na semana seguinte, quando houve um déficit de U$ 1,39 bilhão, o
preço da moeda recuou 1,69%. A falta de lógica não é privilégio das mesas de
operações de câmbio dos bancos. O BC agiu em fevereiro também no sentido oposto
ao normal. Na primeira semana, quando sobrou muita moeda, comprou apenas US$ 54
milhões. Na segunda, quando faltou, adquiriu US$ 203 milhões. No acumulado do
mês, para um saldo positivo de US$ 526 milhões, o BC comprou US$ 257 milhões.
Como o excedente de moeda não vem sendo o responsável por um movimento de
apreciação do real - condenável por outros setores do governo - o BC se sente
confortável em reduzir suas intervenções. Em janeiro, a média diária de
aquisições foi de US$ 89,9 milhões. Em fevereiro, não chega a US$ 26 milhões. A
estratégia é deliberada. A redução ocorre porque já comprou muito (US$ 29,44
bilhões) desde que retornou a essa ponta do mercado, em 8 de maio do ano
passado. E o enxugamento tem um custo fiscal pesado. E também porque induz os
bancos privados a ampliarem suas posições compradas à vista. Estas passaram de
US$ 2,66 bilhões no final de janeiro para US$ 2,93 bilhões no dia 12.
Ao trazer as instituições privadas para o seu lado - transformando-as em
aliadas na tarefa de evitar quedas muito acentuadas do dólar -, o BC tira
pressão da venda. A contraparte futura, a ausência de operações oficiais nos
pregões de derivativos cambiais da BM&F, completa a asfixia das posições
especulativas tradicionais, as que são fechadas visando a obtenção da Selic. O
câmbio fica livre para flutuar primeiro ao sabor do vaivém da aversão global a
risco. E, em segundo, em função de aspectos domésticos, como a possibilidade,
em 2011, de o déficit em transações correntes não ser inteiramente coberto pelo
investimento externo direto. E, do lado positivo, da atração de capitais de
investimentos interessados em um emergente que não tem problemas de dívida como
alguns países europeus. A ausência de sobressaltos especulativos faz com que o
dólar oscile entre R$ 1,80 e R$ 1,85, favorecendo o planejamento dos
exportadores.
O dólar caiu ontem 0,27%, cotado a R$ 1,8230, refletindo não só a distensão
externa como também relatórios de instituições globais elogiosos ao Brasil. O
risco-país, medido pelo JP Morgan, cedeu 2,38%, para 205 pontos-base. Vários
indicadores americanos positivos ampliaram o apetite por ativos de risco,
ações, commodities e petróleo.
O comportamento paradoxal não é exclusividade do mercado de câmbio. O pregão de
juros futuros da BM&F também surta às vezes. Ontem, em reação a um Caged
inesperadamente positivo - a criação em janeiro de 181,4 mil empregos formais,
recorde histórico, para uma expectativa consensual do mercado de 115 mil -, uma
clara indicação de que a economia pode estar crescendo acima das previsões
oficiais, a curva não exibiu um comportamento uniforme. As taxas curtas
subiram, e muito pouco, e as longas caíram. A taxa para a virada do ano subiu
ligeiramente de 10,24% para 10,25% e o juro do swap de 360 dias avançou de
10,47% para 10,48%. Enquanto isso, as taxas com vencimento mais distante caíram
em bloco. Para janeiro de 2013, o CDI cedeu de 11,99% para 11,92%. E não se
pode atribuir a falta de consenso da curva à inflexão experimentada pelos
índices de inflação. A desaceleração tanto do IPC FIPE quando do IPC-S já era
esperada. A segunda quadrissemana do indicador da FIPE acusou alta de 1,09%,
dentro da expectativa, ante 1,28% na primeira prévia. O IPC-S, também da
segunda quadrissemana do mês, avançou 1,04%, abaixo tanto do anterior (1,33%)
quanto do consenso do mercado (1,08%).
Na verdade, as instituições decidiram devolver os prêmios exagerados
incorporados à parte longa da curva depois das evidências de que o BC não irá
fazer todo o aperto monetário (equivalente a 3,5 pontos) incorporado à
estrutura a termo de juros, sobretudo se Henrique Meirelles, de olho num
terceiro mandato, permanecer na presidência.
Após decisão da Fed Dólar em máximos de nove meses
.
O dólar negoceia no nível mais elevado dos últimos nove meses face ao euro, depois da Reserva Federal norte-americana ter subido a taxa de desconto pela primeira vez em três anos.
O euro recua 0,41% para negociar nos 1,3472 dólares. A divisa da Zona Euro prolonga assim um ciclo de três sessões em queda face ao dólar.
A moeda norte-americana segue em alta depois da Reserva Federal norte-americana ter anunciado a subida da taxa de desconto cobrada aos bancos em empréstimos directos de 0,5% para 0,75%.
Esta medida visa "normalizar as condições de empréstimo da Reserva Federal" mas "não pretende dificultar as condições de crédito para as famílias e para as empresas e não assinala qualquer alteração nas perspectivas económicas", explicou a instituição monetária norte-americana.
A Fed afastou ainda a possibilidade de vir a subir a taxa de juro de referência ainda este ano. Esta garantia acabou por aliviar ligeiramente os ganhos da moeda norte-americana.
Com mais esta subida do dólar, o euro prepara-se para completar a sexta semana de quedas. A divisa da Zona Euro tem sido penalizada pela situação das contas públicas de alguns países da região, em particular, a Grécia, Espanha e Portugal.
Petróleo cai mais de 1% com subida do dólar
O preço do petróleo segue em queda pela primeira vez em três sessões devido à subida da moeda norte-americana.
O West Texas Intermediate (WTI), transaccionado em Nova Iorque, recua 1,43% para os 77,93 dólares, enquanto o barril de Brent, negociado em Londres, perde 1,41% para os 76,68 dólares.
A matéria-prima está hoje em queda devido à subida da moeda norte-americana. O dólar negoceia no nível mais elevado dos últimos nove meses depois da Reserva Federal dos Estados Unidos ter baixado a subido de desconto cobrada aos bancos em empréstimos directos de 0,5% para 0,75%.
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