As informações são da Dow Jones.
As operações em N.Y. finalizaram a segunda-feira em queda, com a posição setembro atingindo mínima de -7,20 pontos fechando com -4,25. Vendas especulativas acompanhando o desempenho negativo dos mercados pesou sobre a maioria das commodities hoje.
O dólar fechou com alta de 1,09% cotado a R$ 1,5810. O mercado esteve atento quanto à disseminação da crise da dívida na zona do euro e pela necessidade de enquadramento dos agentes financeiros no Brasil à nova medida do Banco Central. Pela norma, a partir de hoje o limite de "posição vendida" em dólar no mercado à vista foi reduzido para US$ 1 bilhão ou o tamanho do patrimônio da instituição (se este for menor). Em janeiro, o BC havia limitado essa exposição em US$ 3 bilhões ou o tamanho do patrimônio. Caso excedam os limites, os bancos têm de recolher ao BC 60% do valor da aposta. O Banco Central fez apenas uma leilão de compra de dólar no mercado à vista hoje e definiu a taxa de corte das propostas em R$ 1,5805. No mercado internacional de moedas, o euro Caiu e atingiu uma mínima de US$ 1,3986, refletindo a tensão com o potencial de disseminação da crise da dívida da Grécia para a Espanha e Itália. A cautela com a dívida e a economia dos EUA e preocupações com a inflação na China, que poderia justificar uma nova alta de juros para conter o crescimento do país, também continuaram trazendo inquietação aos mercados.
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês) comunica que está aberto, até o dia 30 de setembro deste ano, o prazo para inscrições no 12º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil – Cup of Excellence 2011, evento que realiza em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Alliance for Coffee Excellence (ACE) e a Agricoffee, empresa responsável pela coordenação técnica do certame. O 12º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil – Cup of Excellence 2011 tem por objetivo eleger o melhor café arábica brasileiro produzido nesta safra, através de quatro fases. Na pré-seleção, é feita a triagem das amostras recebidas, a fim de eliminar grandes defeitos físicos e sensor iais. Na fase nacional, ocorre a análise de um segundo exemplar retirado pela organização do concurso dos lotes que passaram pela triagem, e a seleção daqueles cafés com nota mínima de 84 pontos, em uma escala de 0 a 100, cuja avaliação é feita considerando tipo, cor, aspecto, umidade, defeitos e qualidade de bebida. Na fase internacional, cerca de 20 juízes (importadores, torrefadores, baristas, donos de coffee-shops) da América do Norte, Ásia e Europa avaliam os cafés selecionados na etapa nacional. E, por fim, é realizado o leilão via internet daqueles cafés que, na fase internacional, também obtiveram notas superiores a 84 pontos.
As exportações de café do México totalizaram 294,47 mil sacas em junho, o que corresponde a 51% mais do que no mesmo mês do ano passado, de acordo com a Associação Mexicana de Produção de Café (Amecafé). Os embarques foram avaliados em US$ 86,9 milhões, mais do que os US$ 39,4 milhões de junho de 2010. No acumulado da temporada 2010/11, o México exportou 2,05 milhões de sacas de café, 0,3% menos do que no período de nove meses do ciclo anterior. A temporada vai de outubro a setembro. Estima-se que a produção do país seja 5% menor, totalizando 4 milhões de sacas, por causa do clima desfavorável e de cafeeiros antigos e menos produtivos. Os Estados Unidos são o principal destino do café mexicano, recebendo 58% dos embarques. A Bélgica vem em seguida, com 8% e Porto Rico recebeu 6%. Um total de 44 países importaram o produto do México. Do volume exportado, 73% é de grãos processados, 26% de café solúvel e 1% de café torrado.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Boletim Diario do Mercado de Café - 11 Julho 2011.
Hencorp Commcor
O Mercado físico de café iniciou a semana com ofertas mais baixas, devido a queda do mercado futuro. Para cafés safra 11/12 tendo ofertas de R$ 465,00 a R$ 475,00 para café com 15% de catação, e ofertas de R$ 455,00 a R$ 465,00 para cafés com 20% de catação.
O fechamento do café arábica BMF para o vencimento Set/11 foi a US$ 330,80 com -4,05 de baixa, totalizando um volume de 2.147 contratos.Spreads de set dez @ -0,50 a 1,00; Set/Set de -12,00 a -10,00; Dez/set de -12,00 a -11,00. Observamos arbitragens de Set/Set entre -11,70 a -9,00; Set/Dez entre -14,50 a -12,00. O mercado de Café na BMF iniciou a semana continuando a queda dos últimos pregões, onde saída de posição por parte de fundos e especuladores em função da crise na Europa, a melhora do dólar perante à outras moedas e também a melhora do clima nas áreas produtoras brasileiras favorece esta queda.
O mercado de café para o vencimento Setembro/11 encerrou cotado a 259,05, com 425 pontos de queda, e range entre 256,10 e 263,00. Dando continuidade ao movimento assistido na última sessão, a cotação do café nesta segunda-feira trabalhou em franco movimento de queda. Fazendo a maxima do dia logo pela abertura, a 263,00, níveis próximos da mínima do movimento anterior, forte volume de vendas começou a ser notadas, quando então o grão acompanhava a acentuada depreciação do euro frente ao dólar, uma vez que ainda se voltada para tensões não zona do euro. A quebra do suporte de 260,00, fez com que a commodity logo objetivasse sua média móvel de 14 dias a 258,60, onde então, alimentada por certa ativação de stops, registrou a mínima do dia a 256,10. Perto de seu ajuste, novas compras deram fôlego para o café fechar o dia, acima de sua entãoresistência de 258,60, cotado a 259,05. Na sessão de hoje não desceu nenhum canudo, totalizando no acumulado do período, 2.529 canudos. As médias móveis de 40, 100 e 200 dias estão compreendidas em 263,40 / 274,20 e 244,10 respectivamente. De acordo com a Cecafé, os embarques de julho (entre os dias 01 e 08) somam 374.009 sacas, uma variação positiva de 8,4% em relação ao mesmo período do mês anterior. O café Londres Setembro/11 encerrou cotado a 2354, com 83 pontos de queda, num range de 2341 e 2420.
O Mercado físico de café iniciou a semana com ofertas mais baixas, devido a queda do mercado futuro. Para cafés safra 11/12 tendo ofertas de R$ 465,00 a R$ 475,00 para café com 15% de catação, e ofertas de R$ 455,00 a R$ 465,00 para cafés com 20% de catação.
O fechamento do café arábica BMF para o vencimento Set/11 foi a US$ 330,80 com -4,05 de baixa, totalizando um volume de 2.147 contratos.Spreads de set dez @ -0,50 a 1,00; Set/Set de -12,00 a -10,00; Dez/set de -12,00 a -11,00. Observamos arbitragens de Set/Set entre -11,70 a -9,00; Set/Dez entre -14,50 a -12,00. O mercado de Café na BMF iniciou a semana continuando a queda dos últimos pregões, onde saída de posição por parte de fundos e especuladores em função da crise na Europa, a melhora do dólar perante à outras moedas e também a melhora do clima nas áreas produtoras brasileiras favorece esta queda.
O mercado de café para o vencimento Setembro/11 encerrou cotado a 259,05, com 425 pontos de queda, e range entre 256,10 e 263,00. Dando continuidade ao movimento assistido na última sessão, a cotação do café nesta segunda-feira trabalhou em franco movimento de queda. Fazendo a maxima do dia logo pela abertura, a 263,00, níveis próximos da mínima do movimento anterior, forte volume de vendas começou a ser notadas, quando então o grão acompanhava a acentuada depreciação do euro frente ao dólar, uma vez que ainda se voltada para tensões não zona do euro. A quebra do suporte de 260,00, fez com que a commodity logo objetivasse sua média móvel de 14 dias a 258,60, onde então, alimentada por certa ativação de stops, registrou a mínima do dia a 256,10. Perto de seu ajuste, novas compras deram fôlego para o café fechar o dia, acima de sua entãoresistência de 258,60, cotado a 259,05. Na sessão de hoje não desceu nenhum canudo, totalizando no acumulado do período, 2.529 canudos. As médias móveis de 40, 100 e 200 dias estão compreendidas em 263,40 / 274,20 e 244,10 respectivamente. De acordo com a Cecafé, os embarques de julho (entre os dias 01 e 08) somam 374.009 sacas, uma variação positiva de 8,4% em relação ao mesmo período do mês anterior. O café Londres Setembro/11 encerrou cotado a 2354, com 83 pontos de queda, num range de 2341 e 2420.
Espanha e Itália sob risco de contágio
Espanha e Itália sob risco de contágio
Proteger a Espanha e a Itália - o objetivo da União Europeia em seu confuso enfrentamento da crise da dívida soberana sempre foi resguardar sua terceira e quarta maior economia dos problemas dos países menores.Mas na semana passada essa política foi posta em séria dúvida pela primeira vez em um período de 18 meses desde que os problemas da Grécia chegaram às manchetes. O rendimento sobre títulos do governo da Itália, de longe o maior mercado de bônus da Europa, atingiu o maior nível desde outubro de 2002.Por outro lado, o custo do dinheiro da Espanha flertou com a alta recorde da era do euro, que foi alcançada apenas duas semanas atrás. Ambos os países estão pagando seu maior ágio de todos os tempos em relação à Alemanha para sua tomada de empréstimos.Os mais recentes aumentos foram desencadeados quando a agência de classificação de risco americana Moody's rebaixou Portugal em quatro marcas, para o status de alto risco ("junk"), na noite de quarta-feira, em meio à persistência dos temores de um episódio de inadimplência da Grécia. As ações dos bancos despencaram, com as do italiano UniCredit registrando queda de 20% esta semana apenas e euro recuando 2% no câmbio com o dólar."[Isso] claramente mostrou que existe risco grave de contágio", diz Asoka Wöhrmann, diretor de investimentos da DWS, maior gestora de recursos da Alemanha. "Os níveis extremos dos spreads na Espanha e Itália indicam o desmoronamento dos mercados que uma inadimplência grega desencadearia." Atingiria não apenas países específicos como Espanha e Itália, mas toda a região do euro. Investidores admitem que há risco cada vez maior de Espanha e Itália serem sugadas pela crise, mas se mostram profundamente divididos ao comentar se esse risco é justificado.Até aqui, a Espanha emitiu mais da metade dos € 93,8 bilhões previstos em dívidas de médio e longo para o ano. Elena Salgado, ministra das Finanças, afirmou que a demanda por dívida espanhola foi "extraordinária" e disse que o país não teria problemas de financiamento. "Não é uma questão espanhola. É uma instabilidade, uma volatilidade que está afetando os mercados de dívida em geral ", disse. Mas Miguel Angel Fernández Ordóñez, presidente do Banco da Espanha, havia dito em maio que um diferencial entre ôs bônus alemães e espanhóis de mais de 200 pontos-base seria "inaceitável" a longo prazo, por representar um custo maior para o setor privado em recuperação. Na sexta-feira, esse spread atingiu 284 pbDidier St. Georges, do comitê de investimentos da Carmignac Gestion, maior gestora de recursos da França, diz que "a reação é exagerada, mas que os mercados começam a assumir o controle e isso pode levar a situações injustas". "Não se pode ignorar isso como gestor de fundos."O resultado é que Carmignac não detém bônus de governos da região do euro, a não ser da Alemanha. Neil Williams, economista-chefe da Hermes, administradora de fundos do Reino Unido, confia na Itália, destacando seu programa orçamentário proativo. Está mais preocupado, no entanto, com a Espanha, que ele teme estar ameaçada de qualquer forma."Se não conseguir aprovar reformas significativas, como as feitas em meados dos anos 90, as agências de risco de crédito e os vigilantes dos bônus voltarão os holofotes para a Espanha, onde o endividamento do setor privado é maior do que a economia."
Proteger a Espanha e a Itália - o objetivo da União Europeia em seu confuso enfrentamento da crise da dívida soberana sempre foi resguardar sua terceira e quarta maior economia dos problemas dos países menores.Mas na semana passada essa política foi posta em séria dúvida pela primeira vez em um período de 18 meses desde que os problemas da Grécia chegaram às manchetes. O rendimento sobre títulos do governo da Itália, de longe o maior mercado de bônus da Europa, atingiu o maior nível desde outubro de 2002.Por outro lado, o custo do dinheiro da Espanha flertou com a alta recorde da era do euro, que foi alcançada apenas duas semanas atrás. Ambos os países estão pagando seu maior ágio de todos os tempos em relação à Alemanha para sua tomada de empréstimos.Os mais recentes aumentos foram desencadeados quando a agência de classificação de risco americana Moody's rebaixou Portugal em quatro marcas, para o status de alto risco ("junk"), na noite de quarta-feira, em meio à persistência dos temores de um episódio de inadimplência da Grécia. As ações dos bancos despencaram, com as do italiano UniCredit registrando queda de 20% esta semana apenas e euro recuando 2% no câmbio com o dólar."[Isso] claramente mostrou que existe risco grave de contágio", diz Asoka Wöhrmann, diretor de investimentos da DWS, maior gestora de recursos da Alemanha. "Os níveis extremos dos spreads na Espanha e Itália indicam o desmoronamento dos mercados que uma inadimplência grega desencadearia." Atingiria não apenas países específicos como Espanha e Itália, mas toda a região do euro. Investidores admitem que há risco cada vez maior de Espanha e Itália serem sugadas pela crise, mas se mostram profundamente divididos ao comentar se esse risco é justificado.Até aqui, a Espanha emitiu mais da metade dos € 93,8 bilhões previstos em dívidas de médio e longo para o ano. Elena Salgado, ministra das Finanças, afirmou que a demanda por dívida espanhola foi "extraordinária" e disse que o país não teria problemas de financiamento. "Não é uma questão espanhola. É uma instabilidade, uma volatilidade que está afetando os mercados de dívida em geral ", disse. Mas Miguel Angel Fernández Ordóñez, presidente do Banco da Espanha, havia dito em maio que um diferencial entre ôs bônus alemães e espanhóis de mais de 200 pontos-base seria "inaceitável" a longo prazo, por representar um custo maior para o setor privado em recuperação. Na sexta-feira, esse spread atingiu 284 pbDidier St. Georges, do comitê de investimentos da Carmignac Gestion, maior gestora de recursos da França, diz que "a reação é exagerada, mas que os mercados começam a assumir o controle e isso pode levar a situações injustas". "Não se pode ignorar isso como gestor de fundos."O resultado é que Carmignac não detém bônus de governos da região do euro, a não ser da Alemanha. Neil Williams, economista-chefe da Hermes, administradora de fundos do Reino Unido, confia na Itália, destacando seu programa orçamentário proativo. Está mais preocupado, no entanto, com a Espanha, que ele teme estar ameaçada de qualquer forma."Se não conseguir aprovar reformas significativas, como as feitas em meados dos anos 90, as agências de risco de crédito e os vigilantes dos bônus voltarão os holofotes para a Espanha, onde o endividamento do setor privado é maior do que a economia."
ICMS - O futuro da subvenção para a baixa renda
ICMS - O futuro da subvenção para a baixa renda
No dia 31 de maio, o ministro Luiz Fux requereu a inclusão em pauta para julgamento pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) n 3973, proposta pelo Democratas (DEM) contra o Convênio-ICMS n 60, de 2007, expedido pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Esse convênio autorizou os Estados da Bahia e de Rondônia a conceder isenção de ICMS nas operações de fornecimento de energia elétrica em favor dos consumidores enquadrados na classe residencial de baixa renda, procurando dar, com isso, legitimidade para que os Estados cobrem ICMS sobre os valores subvencionados.A depender da solução que será dada pelo Supremo, o resultado final poderá legitimar ou desvalidar a pretensão dos Estados. Se legitimar, o efeito será o aumento do custo da tarifa de energia elétrica para o consumidor brasileiro.O pano de fundo para o debate levantado por essa ação está relacionado às mudanças no sistema energético. A partir da aprovação das Leis n 10.438, de 2002, e n 10.762, de 2003, houve uma profunda mudança nos parâmetros para a qualificação dos consumidores da classe de baixa renda, que resultou em um aumento substancial na quantidade de usuários beneficiados por tarifas reduzidas, o que, por sua vez, afetou os contratos de concessão e a remuneração das concessionárias, exigindo que a União subvencionasse a redução das tarifas para permitir o prosseguimento do programa de universalização. Uma das consequências da mudança desses parâmetros foi também a aparente redução da receita fiscal dos Estados. Isso porque se o valor da tarifa final exigida de boa parte dos consumidores foi reduzido, e se a tarifa final constitui a base de cálculo do ICMS, assim por força de previsão constitucional (artigo 34 do ADCT), então a receita de ICMS dos Estados diminuiria. Trata-se de mera aparência, porque a questão envolve subsídio cruzado. Ou seja, a subvenção é feita, em grande parte, por meio de recursos arrecadados nas contas dos "não baixa renda", usualmente tributados com alíquotas maiores, eis que em geral há isenção ou alíquotas menos gravosas para as faixas de consumo mais modestas, em comparação com a alíquota aplicada ao consumo geral das famílias e empresas. O Supremo deve analisar com cautela a Adin n 3973, proposta pelo DEMAinda assim, os Estados resolveram tributar os valores subvencionados. O que isso quer dizer, na prática, é que os fiscos estaduais buscam tributar os valores que são pagos pela União às concessionárias, em uma relação de natureza puramente administrativa que visa compensar o que deixou de ser pago pelos consumidores de baixa renda na tarifa final. Quem pagará a conta será, mais uma vez, o consumidor final, inclusive o da subclasse baixa renda, justamente aquele que deveria ser beneficiado pelo programa Luz para Todos, instituído há anos pelo governo federal. A subvenção não é favor. É, de um lado, política pública em prol dos mais necessitados, e de outro decorrência do princípio constitucional do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Por conta disso a União, através da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), inclui na tarifa um encargo destinado a manter a chamada Conta de Desenvolvimento Econômico (CDE), encargo esse que integra a base de cálculo do ICMS. Com os recursos daí advindos, a União compensa as concessionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica da parcela do custo não suportado pelo preço pago pelos consumidores de baixa renda. Se for adicionado um novo custo, o ICMS, o equilíbrio precisará ser reposto, com acréscimo dos repasses e, via de consequência, aumento do encargo da Conta de Desenvolvimento Econômico e, por decorrência, mais aumento do ICMS, já que, como dito, tal encargo integra sua base de cálculo.Portanto, o Supremo deverá ser cauteloso ao apreciar a Adin n 3973 que será agora levada a julgamento, certo de que o seu exame poderá significar mais do que a mera validação ou a mera rejeição de um convênio do Confaz, mas sim a validação ou a rejeição de uma política fiscal que pretende ignorar a matriz Constitucional, atingindo em cheio - e com um custo elevadíssimo - o projeto de universalização de energia elétrica iniciado há dez anos pelo governo federal, quando a atual presidente Dilma Roussef era ministra de Minas e Energia e uma das maiores defensoras do Programa Luz para Todos, hoje ainda em plena implementação, considerado prioritário em razão da sua busca pela inclusão social, crescimento sustentado e qualidade de vida. Alexandre Schiller é advogado do escritório Paulo Cezar Pinheiro Carneiro - Advogados Associados.
No dia 31 de maio, o ministro Luiz Fux requereu a inclusão em pauta para julgamento pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) n 3973, proposta pelo Democratas (DEM) contra o Convênio-ICMS n 60, de 2007, expedido pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). Esse convênio autorizou os Estados da Bahia e de Rondônia a conceder isenção de ICMS nas operações de fornecimento de energia elétrica em favor dos consumidores enquadrados na classe residencial de baixa renda, procurando dar, com isso, legitimidade para que os Estados cobrem ICMS sobre os valores subvencionados.A depender da solução que será dada pelo Supremo, o resultado final poderá legitimar ou desvalidar a pretensão dos Estados. Se legitimar, o efeito será o aumento do custo da tarifa de energia elétrica para o consumidor brasileiro.O pano de fundo para o debate levantado por essa ação está relacionado às mudanças no sistema energético. A partir da aprovação das Leis n 10.438, de 2002, e n 10.762, de 2003, houve uma profunda mudança nos parâmetros para a qualificação dos consumidores da classe de baixa renda, que resultou em um aumento substancial na quantidade de usuários beneficiados por tarifas reduzidas, o que, por sua vez, afetou os contratos de concessão e a remuneração das concessionárias, exigindo que a União subvencionasse a redução das tarifas para permitir o prosseguimento do programa de universalização. Uma das consequências da mudança desses parâmetros foi também a aparente redução da receita fiscal dos Estados. Isso porque se o valor da tarifa final exigida de boa parte dos consumidores foi reduzido, e se a tarifa final constitui a base de cálculo do ICMS, assim por força de previsão constitucional (artigo 34 do ADCT), então a receita de ICMS dos Estados diminuiria. Trata-se de mera aparência, porque a questão envolve subsídio cruzado. Ou seja, a subvenção é feita, em grande parte, por meio de recursos arrecadados nas contas dos "não baixa renda", usualmente tributados com alíquotas maiores, eis que em geral há isenção ou alíquotas menos gravosas para as faixas de consumo mais modestas, em comparação com a alíquota aplicada ao consumo geral das famílias e empresas. O Supremo deve analisar com cautela a Adin n 3973, proposta pelo DEMAinda assim, os Estados resolveram tributar os valores subvencionados. O que isso quer dizer, na prática, é que os fiscos estaduais buscam tributar os valores que são pagos pela União às concessionárias, em uma relação de natureza puramente administrativa que visa compensar o que deixou de ser pago pelos consumidores de baixa renda na tarifa final. Quem pagará a conta será, mais uma vez, o consumidor final, inclusive o da subclasse baixa renda, justamente aquele que deveria ser beneficiado pelo programa Luz para Todos, instituído há anos pelo governo federal. A subvenção não é favor. É, de um lado, política pública em prol dos mais necessitados, e de outro decorrência do princípio constitucional do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Por conta disso a União, através da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), inclui na tarifa um encargo destinado a manter a chamada Conta de Desenvolvimento Econômico (CDE), encargo esse que integra a base de cálculo do ICMS. Com os recursos daí advindos, a União compensa as concessionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica da parcela do custo não suportado pelo preço pago pelos consumidores de baixa renda. Se for adicionado um novo custo, o ICMS, o equilíbrio precisará ser reposto, com acréscimo dos repasses e, via de consequência, aumento do encargo da Conta de Desenvolvimento Econômico e, por decorrência, mais aumento do ICMS, já que, como dito, tal encargo integra sua base de cálculo.Portanto, o Supremo deverá ser cauteloso ao apreciar a Adin n 3973 que será agora levada a julgamento, certo de que o seu exame poderá significar mais do que a mera validação ou a mera rejeição de um convênio do Confaz, mas sim a validação ou a rejeição de uma política fiscal que pretende ignorar a matriz Constitucional, atingindo em cheio - e com um custo elevadíssimo - o projeto de universalização de energia elétrica iniciado há dez anos pelo governo federal, quando a atual presidente Dilma Roussef era ministra de Minas e Energia e uma das maiores defensoras do Programa Luz para Todos, hoje ainda em plena implementação, considerado prioritário em razão da sua busca pela inclusão social, crescimento sustentado e qualidade de vida. Alexandre Schiller é advogado do escritório Paulo Cezar Pinheiro Carneiro - Advogados Associados.
BC impõe restrição maior a posição vendida no mercado cambial
BC impõe restrição maior a posição vendida no mercado cambial
O Banco Central (BC) voltou a tomar medidas para tentar restringir a especulação contra a moeda brasileira, mas o efeito, segundo especialistas, deve ser momentâneo e se diluir no médio prazo.Ao impor uma redução drástica na posição vendida dos bancos em dólar no mercado à vista, com o limite para recolhimento compulsório passando de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão (ou o patrimônio de referência de nível 1, o que for menor), o BC pretende reduzir o raio de ação de investidores estrangeiros e mesmo dos bancos nacionais em suas apostas na valorização do real frente ao dólar - 60% do que superar o teto ficará retido no BC, sem remuneração.A medida, segundo analistas de mercado, deve ter efeitos imediatos, mas não sustentáveis no tempo. As instituições terão cinco dias para reduzir suas posições vendidas, comprando dólares no mercado e pressionando a cotação. O sistema financeiro deve recuar de uma posição vendida consolidada de US$ 15 bilhões para algo próximo a US$ 10 bilhões, segundo estimativa do próprio BC.A necessidade de compra da ordem de US$ 5 bilhões no mercado à vista em cinco dias deve fazer também com que o juro em dólar no mercado interno, conhecido como cupom cambial, apresente forte elevação. Os bancos operam de forma casada entre os segmentos à vista e futuro e, dessa forma, terão que vender um volume da mesma ordem de grandeza em contratos futuros, como forma de manter a exposição zerada.O cupom cambial chegou a subir quase cinco vezes durante o período de ajuste de posições no início do ano, quando o BC criou esse recolhimento compulsório. Quando o cupom cambial aumenta, as operações de arbitragem perdem atratividade, já que o preço da moeda no mercado futuro, palco das especulações dos investidores nacionais e estrangeiros, é formada pelo preço à vista mais a diferença entre o juro interno e externo.O BC terá de atuar também para oferecer novamente os contratos de swap reverso, como forma de dar liquidez aos agentes no mercado futuro - na sexta-feira o BC já realizou ofertas de swap reverso, sem grande interesse dos agentes. É preciso lembrar que a liquidez de dólares no mercado à vista, no mês passado, estava abaixo da média anual. O fluxo de recursos ficou negativo pela primeira vez desde dezembro, com saída líquida de US$ 2,5 bilhões, o que pode dificultar a tarefa dos bancos de adquirir dólares.Essas movimentações de recursos terão efeito na taxa de câmbio, mas que deve se diluir ao longo do tempo, conforme ocorreu quando o compulsório foi criado, no início do ano, segundo um especialista no assunto. Na época, a taxa pulou de R$ 1,65 para R$ 1,69, mas recentemente a cotação voltou a registrar recordes de baixa, atingindo R$ 1,56 no início deste mês. O cupom cambial, que na ocasião saltou de 2% para até 10%, retomou o patamar anterior às medidas."Essa parece ser daquelas medidas do tipo: faz alguma coisa para o ministro poder dormir", disse uma fonte, em referência a uma fala recente do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a valorização do real estava tirando seu sono.Outros efeitos colaterais podem ser a abertura do spread entre as taxas de compra e venda, já que o limite de US$ 1 bilhão é muito pequeno para fazer frente às operações dos bancos com as empresas, e o surgimento dos bancos "barriga de aluguel". Pode ainda criar problemas de fluxo e de cotação das operações, já que as transações terão que ser feitas aos poucos.As operações do tipo "barriga de aluguel" foram comuns nos anos 90, quando o BC criou restrições às posições compradas dos bancos, numa medida exatamente inversa a de agora. As instituições mais atuantes do mercado, na época, alugavam as margens de bancos de menor porte e lhes remunerava com um prêmio que era, de imediato, repassado ao tomador final.De acordo com fontes do BC, "é possível" que haja algum efeito na taxa de câmbio, mas o discurso oficial, expresso em nota divulgada no início da noite da última sexta-feira, é de que a medida tem caráter estritamente prudencial.
O Banco Central (BC) voltou a tomar medidas para tentar restringir a especulação contra a moeda brasileira, mas o efeito, segundo especialistas, deve ser momentâneo e se diluir no médio prazo.Ao impor uma redução drástica na posição vendida dos bancos em dólar no mercado à vista, com o limite para recolhimento compulsório passando de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão (ou o patrimônio de referência de nível 1, o que for menor), o BC pretende reduzir o raio de ação de investidores estrangeiros e mesmo dos bancos nacionais em suas apostas na valorização do real frente ao dólar - 60% do que superar o teto ficará retido no BC, sem remuneração.A medida, segundo analistas de mercado, deve ter efeitos imediatos, mas não sustentáveis no tempo. As instituições terão cinco dias para reduzir suas posições vendidas, comprando dólares no mercado e pressionando a cotação. O sistema financeiro deve recuar de uma posição vendida consolidada de US$ 15 bilhões para algo próximo a US$ 10 bilhões, segundo estimativa do próprio BC.A necessidade de compra da ordem de US$ 5 bilhões no mercado à vista em cinco dias deve fazer também com que o juro em dólar no mercado interno, conhecido como cupom cambial, apresente forte elevação. Os bancos operam de forma casada entre os segmentos à vista e futuro e, dessa forma, terão que vender um volume da mesma ordem de grandeza em contratos futuros, como forma de manter a exposição zerada.O cupom cambial chegou a subir quase cinco vezes durante o período de ajuste de posições no início do ano, quando o BC criou esse recolhimento compulsório. Quando o cupom cambial aumenta, as operações de arbitragem perdem atratividade, já que o preço da moeda no mercado futuro, palco das especulações dos investidores nacionais e estrangeiros, é formada pelo preço à vista mais a diferença entre o juro interno e externo.O BC terá de atuar também para oferecer novamente os contratos de swap reverso, como forma de dar liquidez aos agentes no mercado futuro - na sexta-feira o BC já realizou ofertas de swap reverso, sem grande interesse dos agentes. É preciso lembrar que a liquidez de dólares no mercado à vista, no mês passado, estava abaixo da média anual. O fluxo de recursos ficou negativo pela primeira vez desde dezembro, com saída líquida de US$ 2,5 bilhões, o que pode dificultar a tarefa dos bancos de adquirir dólares.Essas movimentações de recursos terão efeito na taxa de câmbio, mas que deve se diluir ao longo do tempo, conforme ocorreu quando o compulsório foi criado, no início do ano, segundo um especialista no assunto. Na época, a taxa pulou de R$ 1,65 para R$ 1,69, mas recentemente a cotação voltou a registrar recordes de baixa, atingindo R$ 1,56 no início deste mês. O cupom cambial, que na ocasião saltou de 2% para até 10%, retomou o patamar anterior às medidas."Essa parece ser daquelas medidas do tipo: faz alguma coisa para o ministro poder dormir", disse uma fonte, em referência a uma fala recente do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a valorização do real estava tirando seu sono.Outros efeitos colaterais podem ser a abertura do spread entre as taxas de compra e venda, já que o limite de US$ 1 bilhão é muito pequeno para fazer frente às operações dos bancos com as empresas, e o surgimento dos bancos "barriga de aluguel". Pode ainda criar problemas de fluxo e de cotação das operações, já que as transações terão que ser feitas aos poucos.As operações do tipo "barriga de aluguel" foram comuns nos anos 90, quando o BC criou restrições às posições compradas dos bancos, numa medida exatamente inversa a de agora. As instituições mais atuantes do mercado, na época, alugavam as margens de bancos de menor porte e lhes remunerava com um prêmio que era, de imediato, repassado ao tomador final.De acordo com fontes do BC, "é possível" que haja algum efeito na taxa de câmbio, mas o discurso oficial, expresso em nota divulgada no início da noite da última sexta-feira, é de que a medida tem caráter estritamente prudencial.
Um viva àqueles que veem o meio copo vazio o tempo todo
Um viva àqueles que veem o meio copo vazio o tempo todo
Nos negócios, o otimismo é bom e o pessimismo é ruim. O otimismo tem o monopólio do sucesso, da felicidade e até mesmo sobre a longevidade. Os pessimistas, com seus rostos longos e pensamentos obscuros, são párias, não servem para nada no entusiasmado mundo corporativo, exceto talvez para fazer carreira no jornalismo (onde notícias ruins são notícias boas). De outro modo, eles podem escolher entre a poltrona, o banheiro ou o circuito de comédia.Mas agora o pessimismo pode estar voltando ao "mainstream". A reviravolta ocorreu recentemente, quando o guru da administração Tom Peters comentou entusiasticamente no Twitter sobre um livro que enaltece o pensamento negativo. Trata-se de algo extraordinário para um homem cujo lema é um colorido ponto de exclamação e que, por décadas, vem se mostrando otimista da forma inflexível e cansativa. O fato do inventor do "Wow!" e do "Brand Me" estar agora se interessando pela negatividade é a coisa mais emocionante que tomei conhecimento em muito tempo.Ao contrário de Peters, eu nasci pessimista. Sempre espero que um temporal súbito venha a estragar todas as festas de verão; sempre acho que toda iniciativa acabará em fracasso; pelo menos metade dos vestidos do meu guarda-roupa é da cor cinza. Não fosse pelo fato de que nunca comemoro nada antecipadamente, para o caso de não acontecer, eu estaria pulando de alegria com a ideia de que pessoas como eu serão reabilitadas.Fui correndo averiguar o livro recomendado por Peters, escrito por Julie Norem, uma professora de psicologia do Wellesley College. Ela passou 18 anos fazendo uma pesquisa cuidadosa apenas para chegar à conclusão lógica - ainda que um tabu -, de que é uma boa ideia pensar em tudo o que pode dar errado antes de embarcar em qualquer coisa. Infelizmente, ela limitou seu alcance a pessoas que são ansiosas. Mas me parece que ela deu de cara com uma verdade com aplicação universal.Numa infelicidade ainda maior, os editores disfarçaram a mensagem ligeiramente subversiva com um título estupidamente otimista: "The Positive Power of Negative Thinking: Use Defensive Pessimism to Harness Anxiety & Perform at Your Peak" (algo como "O Poder Positivo do Pensamento Negativo: Use o Pessimismo Defensivo para Controlar a Ansiedade & Melhore seu Desempenho"). Mesmo assim, Roma não foi destruída em um dia, e talvez a professora Norem tenha preparado o mercado o suficiente para a negatividade para o livro que eu mesma gostaria de escrever (se Peters não chegar lá primeiro). Eu poderia intitulá-lo: "Por que as Coisas Sempre Dão Errado no Trabalho e o que Fazer Quando Isso Acontece".O problema com os otimistas é que eles não se saem bem num mundo complicado. Nos campos de prisioneiros de guerra do Vietnã, os que morriam primeiro eram os que tinham pensamento positivo: eles realmente esperavam estar em casa no Natal e desmoronavam quando isso não acontecia. É claro que o mundo dos negócios não é exatamente como um campo de prisioneiros de guerra, uma vez que você pode sair para tomar um cafezinho e depois dormir no conforto de sua cama à noite. Mas ele pode ser cruel e impiedoso e uma coisa ruim pode acontecer após a outra. Estar sempre preparado para o pior me parece ser o único curso de ação inteligente. Woody Allen explica melhor: "Confiança é o que você tem antes de entender o problema".Muito embora uma reabilitação dos pessimistas seja bem-vinda, não há muito sentido em forçar a barra nos livros de autoajuda. Otimistas e pessimistas nasceram desse jeito; não há mudança que possa ser feita com uma ou duas dicas de um livro. A única mudança vem com o tempo, que tende a amenizar todos os extremos. Acho que sou um pouco menos pessimista do que há 30 anos, pois descobri que, de vez em quando, podemos muito bem ignorar as coisas. Os otimistas eventualmente descobrem o inverso - e talvez uma versão drástica disso tudo é o que está acontecendo com Tom Peters (que também deu para fazer comentários infelizes sobre Madre Teresa de Calcutá no Twitter, o que não é um bom sinal).Em todo caso, é estupidez discutir qual é a melhor visão de mundo quando ambas claramente são necessárias o tempo todo. Toda organização e toda parceria deveria ser cuidadosamente balanceada para incluir os otimistas e os pessimistas. Um casamento também precisa dos dois - minha própria experiência me ensinou que é bom ter um otimista que apareça com intermináveis planos para passeios, e um pessimista para descartar as ideias mais malucas e temperar o resto com paracetamol e guarda-chuvas.As empresas precisam dos dois ainda mais, para obter a mistura certa de ousadia e cautela. A diversidade de otimistas e pessimistas é a mais importante que existe e deveria ser ativamente perseguida nos conselhos e em todos os níveis inferiores. Os pessimistas corporativos deveriam ser desestigmatizados e chamados para fora do armário. Acima de tudo, eles deveriam parar de fingir que veem o copo meio cheio apenas para se enquadrar. Eles deveriam se orgulhar de declarar que, para eles, o copo estava meio vazio o tempo todo. Lucy Kellaway é colunista do "Financial Times".
Nos negócios, o otimismo é bom e o pessimismo é ruim. O otimismo tem o monopólio do sucesso, da felicidade e até mesmo sobre a longevidade. Os pessimistas, com seus rostos longos e pensamentos obscuros, são párias, não servem para nada no entusiasmado mundo corporativo, exceto talvez para fazer carreira no jornalismo (onde notícias ruins são notícias boas). De outro modo, eles podem escolher entre a poltrona, o banheiro ou o circuito de comédia.Mas agora o pessimismo pode estar voltando ao "mainstream". A reviravolta ocorreu recentemente, quando o guru da administração Tom Peters comentou entusiasticamente no Twitter sobre um livro que enaltece o pensamento negativo. Trata-se de algo extraordinário para um homem cujo lema é um colorido ponto de exclamação e que, por décadas, vem se mostrando otimista da forma inflexível e cansativa. O fato do inventor do "Wow!" e do "Brand Me" estar agora se interessando pela negatividade é a coisa mais emocionante que tomei conhecimento em muito tempo.Ao contrário de Peters, eu nasci pessimista. Sempre espero que um temporal súbito venha a estragar todas as festas de verão; sempre acho que toda iniciativa acabará em fracasso; pelo menos metade dos vestidos do meu guarda-roupa é da cor cinza. Não fosse pelo fato de que nunca comemoro nada antecipadamente, para o caso de não acontecer, eu estaria pulando de alegria com a ideia de que pessoas como eu serão reabilitadas.Fui correndo averiguar o livro recomendado por Peters, escrito por Julie Norem, uma professora de psicologia do Wellesley College. Ela passou 18 anos fazendo uma pesquisa cuidadosa apenas para chegar à conclusão lógica - ainda que um tabu -, de que é uma boa ideia pensar em tudo o que pode dar errado antes de embarcar em qualquer coisa. Infelizmente, ela limitou seu alcance a pessoas que são ansiosas. Mas me parece que ela deu de cara com uma verdade com aplicação universal.Numa infelicidade ainda maior, os editores disfarçaram a mensagem ligeiramente subversiva com um título estupidamente otimista: "The Positive Power of Negative Thinking: Use Defensive Pessimism to Harness Anxiety & Perform at Your Peak" (algo como "O Poder Positivo do Pensamento Negativo: Use o Pessimismo Defensivo para Controlar a Ansiedade & Melhore seu Desempenho"). Mesmo assim, Roma não foi destruída em um dia, e talvez a professora Norem tenha preparado o mercado o suficiente para a negatividade para o livro que eu mesma gostaria de escrever (se Peters não chegar lá primeiro). Eu poderia intitulá-lo: "Por que as Coisas Sempre Dão Errado no Trabalho e o que Fazer Quando Isso Acontece".O problema com os otimistas é que eles não se saem bem num mundo complicado. Nos campos de prisioneiros de guerra do Vietnã, os que morriam primeiro eram os que tinham pensamento positivo: eles realmente esperavam estar em casa no Natal e desmoronavam quando isso não acontecia. É claro que o mundo dos negócios não é exatamente como um campo de prisioneiros de guerra, uma vez que você pode sair para tomar um cafezinho e depois dormir no conforto de sua cama à noite. Mas ele pode ser cruel e impiedoso e uma coisa ruim pode acontecer após a outra. Estar sempre preparado para o pior me parece ser o único curso de ação inteligente. Woody Allen explica melhor: "Confiança é o que você tem antes de entender o problema".Muito embora uma reabilitação dos pessimistas seja bem-vinda, não há muito sentido em forçar a barra nos livros de autoajuda. Otimistas e pessimistas nasceram desse jeito; não há mudança que possa ser feita com uma ou duas dicas de um livro. A única mudança vem com o tempo, que tende a amenizar todos os extremos. Acho que sou um pouco menos pessimista do que há 30 anos, pois descobri que, de vez em quando, podemos muito bem ignorar as coisas. Os otimistas eventualmente descobrem o inverso - e talvez uma versão drástica disso tudo é o que está acontecendo com Tom Peters (que também deu para fazer comentários infelizes sobre Madre Teresa de Calcutá no Twitter, o que não é um bom sinal).Em todo caso, é estupidez discutir qual é a melhor visão de mundo quando ambas claramente são necessárias o tempo todo. Toda organização e toda parceria deveria ser cuidadosamente balanceada para incluir os otimistas e os pessimistas. Um casamento também precisa dos dois - minha própria experiência me ensinou que é bom ter um otimista que apareça com intermináveis planos para passeios, e um pessimista para descartar as ideias mais malucas e temperar o resto com paracetamol e guarda-chuvas.As empresas precisam dos dois ainda mais, para obter a mistura certa de ousadia e cautela. A diversidade de otimistas e pessimistas é a mais importante que existe e deveria ser ativamente perseguida nos conselhos e em todos os níveis inferiores. Os pessimistas corporativos deveriam ser desestigmatizados e chamados para fora do armário. Acima de tudo, eles deveriam parar de fingir que veem o copo meio cheio apenas para se enquadrar. Eles deveriam se orgulhar de declarar que, para eles, o copo estava meio vazio o tempo todo. Lucy Kellaway é colunista do "Financial Times".
Um Norte para a América do Sul
Um Norte para a América do Sul
No final de junho foi realizada no Paraguai a 41. Reunião de Cúpula do Mercosul. A julgar pela mínima densidade e repercussão do evento, ainda mais diante do retorno da exigência pelo Brasil de licenças prévias de importação em resposta às escaramuças protecionistas da Argentina, fica a sensação de que o bloco completou vinte anos de criação aquém da estaca zero.Interessante é que de 1991 para cá, o padrão de competitividade dos países sul-americanos mudou radicalmente, fazendo da integração econômica do sub-continente um projeto estrategicamente ainda mais importante. Na medida em que as mudanças institucionais liberalizantes, indistintamente adotadas em todo o sub-continente, foram produzindo seus efeitos, viu-se, de modo geral, um significativo recuo da produção industrial com o aumento da dependência dessas economias à renda e divisas geradas por atividades ligadas à recursos naturais tradicionais, como foi o caso do petróleo na Venezuela ou novos, como foi o caso da fruticultura ou da criação de pescados no Chile. A exceção foi, ou vinha sendo, o Brasil. Diferentemente do que ocorreu nos vizinhos, que fizeram seus movimentos de abertura sob a égide de regimes militares, no Brasil os primeiros passos do processo de liberalização econômica coincidiram com a redemocratização do país. A nova constituição de 1988, chamada de cidadã pelas forças políticas que a concretizaram, teve como característica consagrar direitos que fizeram do Brasil uma nação com um grau de proteção social incomparavelmente superior aos países de igual nível de desenvolvimento. As inevitáveis tensões e contradições entre o projeto econômico neoliberal em ascensão e o novo pacto social consagrado na Lei Maior limitaram a amplitude e a profundidade do receituário de liberalização comercial - liberalização financeira - desregulamentação - privatização praticado no país, propiciando que a indústria brasileira conseguisse sobreviver, mantendo um grau significativo de integridade e diversificação. Depois da 41 reunião, fica a sensação de que o Mercosul completou vinte anos de criação aquém da estaca zeroPorém, nem por isso o processo de liberalização da economia brasileira deixou de trazer impactos bastante visíveis sobre a economia nacional. De acordo com os dados da Secex, entre 1989 e 2010, os valores exportados pelo país multiplicaram-se por seis, indo de US$ 26,3 bilhões para US$ 157,5 bilhões enquanto as importações tornaram-se 12,3 vezes maiores (US$ 12,3 bi e US$ 151,7 bi, respectivamente). Assim, a corrente de comércio, a soma das exportações e das importações (um indicador de grau de abertura da economia) em 2010 foi oito vezes maior do que em 1989 enquanto o saldo comercial, a diferença entre exportações e importações (um indicador de competitividade) foi somente 42% do obtido no ano inicial do período mencionado. Dois anos são marcantes na trajetória do saldo comercial, ambos relacionados à evolução da taxa de câmbio: primeiro, o ano de 1998, o último em que vigorou o regime de câmbio fixo apreciado da primeira fase do Plano Real, no qual o resultado comercial foi negativo em US$ 6 bilhões; segundo, o ano de 2005, quando reinicia o processo de apreciação cambial que perdura até hoje, que apresentou um saldo comercial de US$ 40,1 bilhões. Mesmo sem querer onerar o leitor com mais números, vale a pena olhar essa evolução de um ângulo mais estrutural. No que respeita às commodities agroindustriais, viu-se um contínuo crescimento das exportações e uma quase manutenção dos montantes importados. Com isso, o saldo que era de US$ 4,2 bilhões em 1989 foi para US$ 41,6 bilhões em 2010. Parecida, mas não igual, foi a evolução das commodities industriais. Para um saldo de US$ 4,6 bilhões em 1989, chegou-se em 2010 com US$ 18,9 bilhões, mas não sem antes ter se verificado um recuo para apenas US$ 1,9 bilhão em 1998, sugerindo que mesmo essa família de produtos não é insensível ao câmbio. A diferença é explicada pela elevação dos preços desses bens que vem ocorrendo nos últimos anos. Completamente distinto é o quadro exibido pelas indústrias manufatureiras, sejam os setores tradicionais, sejam os setores de maior conteúdo tecnológico. Ambos chegaram a 2010 em posição deficitária, os primeiros com saldo negativo de US$ 3,9 bilhões, os segundos, igualmente negativos, de US$ 50,7 bilhões ante saldos de US$ 3,5 e US$ 1,5 bilhões em 1989, respectivamente. Cabe observar que as indústrias tradicionais haviam conseguido não entrar em déficit na rodada de apreciação cambial do final da década de 1990, sugerindo que deve-se acrescer o efeito China para explicar a perda de competitividade mais intensa observada no período recente. É exatamente em função desse quadro que o Mercosul e a América do Sul ganham relevância para a economia brasileira. Além de preservar o importante papel que a região desempenha como escoadouro da produção de bens de maior conteúdo tecnológico do Brasil, objetivo semelhante precisará ser buscado para os bens produzidos pela indústria tradicional. Para isso, a agenda de negociações entre os países sul-americanos precisa superar a fase das medidas restritas à regulação do fluxo de bens intra e extra-bloco. É necessário incluir com o mesmo peso a dimensão dos fluxos de serviços e investimentos, da energia e da infraestrutura dentre outras requeridas para o aprofundamento da integração produtiva desses países. Considerando-se o que se conseguiu avançar em 20 anos, os sócios do Mercosul, fundadores e novatos, precisam acordar para essa realidade e dar um Norte para tão importante iniciativa. David Kupfer é professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do Grupo de Indústria e Competitividade (GIC-IE/UFRJ.
No final de junho foi realizada no Paraguai a 41. Reunião de Cúpula do Mercosul. A julgar pela mínima densidade e repercussão do evento, ainda mais diante do retorno da exigência pelo Brasil de licenças prévias de importação em resposta às escaramuças protecionistas da Argentina, fica a sensação de que o bloco completou vinte anos de criação aquém da estaca zero.Interessante é que de 1991 para cá, o padrão de competitividade dos países sul-americanos mudou radicalmente, fazendo da integração econômica do sub-continente um projeto estrategicamente ainda mais importante. Na medida em que as mudanças institucionais liberalizantes, indistintamente adotadas em todo o sub-continente, foram produzindo seus efeitos, viu-se, de modo geral, um significativo recuo da produção industrial com o aumento da dependência dessas economias à renda e divisas geradas por atividades ligadas à recursos naturais tradicionais, como foi o caso do petróleo na Venezuela ou novos, como foi o caso da fruticultura ou da criação de pescados no Chile. A exceção foi, ou vinha sendo, o Brasil. Diferentemente do que ocorreu nos vizinhos, que fizeram seus movimentos de abertura sob a égide de regimes militares, no Brasil os primeiros passos do processo de liberalização econômica coincidiram com a redemocratização do país. A nova constituição de 1988, chamada de cidadã pelas forças políticas que a concretizaram, teve como característica consagrar direitos que fizeram do Brasil uma nação com um grau de proteção social incomparavelmente superior aos países de igual nível de desenvolvimento. As inevitáveis tensões e contradições entre o projeto econômico neoliberal em ascensão e o novo pacto social consagrado na Lei Maior limitaram a amplitude e a profundidade do receituário de liberalização comercial - liberalização financeira - desregulamentação - privatização praticado no país, propiciando que a indústria brasileira conseguisse sobreviver, mantendo um grau significativo de integridade e diversificação. Depois da 41 reunião, fica a sensação de que o Mercosul completou vinte anos de criação aquém da estaca zeroPorém, nem por isso o processo de liberalização da economia brasileira deixou de trazer impactos bastante visíveis sobre a economia nacional. De acordo com os dados da Secex, entre 1989 e 2010, os valores exportados pelo país multiplicaram-se por seis, indo de US$ 26,3 bilhões para US$ 157,5 bilhões enquanto as importações tornaram-se 12,3 vezes maiores (US$ 12,3 bi e US$ 151,7 bi, respectivamente). Assim, a corrente de comércio, a soma das exportações e das importações (um indicador de grau de abertura da economia) em 2010 foi oito vezes maior do que em 1989 enquanto o saldo comercial, a diferença entre exportações e importações (um indicador de competitividade) foi somente 42% do obtido no ano inicial do período mencionado. Dois anos são marcantes na trajetória do saldo comercial, ambos relacionados à evolução da taxa de câmbio: primeiro, o ano de 1998, o último em que vigorou o regime de câmbio fixo apreciado da primeira fase do Plano Real, no qual o resultado comercial foi negativo em US$ 6 bilhões; segundo, o ano de 2005, quando reinicia o processo de apreciação cambial que perdura até hoje, que apresentou um saldo comercial de US$ 40,1 bilhões. Mesmo sem querer onerar o leitor com mais números, vale a pena olhar essa evolução de um ângulo mais estrutural. No que respeita às commodities agroindustriais, viu-se um contínuo crescimento das exportações e uma quase manutenção dos montantes importados. Com isso, o saldo que era de US$ 4,2 bilhões em 1989 foi para US$ 41,6 bilhões em 2010. Parecida, mas não igual, foi a evolução das commodities industriais. Para um saldo de US$ 4,6 bilhões em 1989, chegou-se em 2010 com US$ 18,9 bilhões, mas não sem antes ter se verificado um recuo para apenas US$ 1,9 bilhão em 1998, sugerindo que mesmo essa família de produtos não é insensível ao câmbio. A diferença é explicada pela elevação dos preços desses bens que vem ocorrendo nos últimos anos. Completamente distinto é o quadro exibido pelas indústrias manufatureiras, sejam os setores tradicionais, sejam os setores de maior conteúdo tecnológico. Ambos chegaram a 2010 em posição deficitária, os primeiros com saldo negativo de US$ 3,9 bilhões, os segundos, igualmente negativos, de US$ 50,7 bilhões ante saldos de US$ 3,5 e US$ 1,5 bilhões em 1989, respectivamente. Cabe observar que as indústrias tradicionais haviam conseguido não entrar em déficit na rodada de apreciação cambial do final da década de 1990, sugerindo que deve-se acrescer o efeito China para explicar a perda de competitividade mais intensa observada no período recente. É exatamente em função desse quadro que o Mercosul e a América do Sul ganham relevância para a economia brasileira. Além de preservar o importante papel que a região desempenha como escoadouro da produção de bens de maior conteúdo tecnológico do Brasil, objetivo semelhante precisará ser buscado para os bens produzidos pela indústria tradicional. Para isso, a agenda de negociações entre os países sul-americanos precisa superar a fase das medidas restritas à regulação do fluxo de bens intra e extra-bloco. É necessário incluir com o mesmo peso a dimensão dos fluxos de serviços e investimentos, da energia e da infraestrutura dentre outras requeridas para o aprofundamento da integração produtiva desses países. Considerando-se o que se conseguiu avançar em 20 anos, os sócios do Mercosul, fundadores e novatos, precisam acordar para essa realidade e dar um Norte para tão importante iniciativa. David Kupfer é professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do Grupo de Indústria e Competitividade (GIC-IE/UFRJ.
Lei pune empresas em todo o mundo
Lei pune empresas em todo o mundo
A prática de suborno é o flagelo do comércio internacional nos dias de hoje. Em uma época em que tantas pessoas lutam em meio à crise econômica, o suborno é uma doença bastante real a ameaçar a nossa prosperidade. Representa um desafio grave ao desenvolvimento das economias e contribui para a falha dos mercados. Distorce a concorrência, prejudica a livre iniciativa e arruína os negócios. Sufoca o talento e a inovação e mata o empreendedorismo.Para os negócios, a corrupção é uma ameaça que precisa ser enfrentada de forma proativa, assim como a fraude ou a apropriação indevida. A corrupção é responsável por 10 % do custo de todos os negócios realizados no mundo e de até 25% do custo de contratos de intermediação de compra dos países em desenvolvimento.Sabe-se que fazer negócios em mercados corruptos gera um custo equivalente a 20% de impostos pagos pelo setor privado. Entre 2008 e 2010, cerca de um quinto dos executivos entrevistados em pesquisa relataram que já receberam pedidos para pagamento de propina. Uma proporção similar afirmou ter perdido empreendimentos para competidores que aceitaram pagar suborno. Os custos sociais invariavelmente acompanham os custos econômicos, tendo efeitos prejudiciais sobre empregos, saúde, educação e contribuindo para o esgotamento desnecessário dos recursos naturais. A lei de combate à corrupção do Reino Unido - UK Bribery Act-, que entrou em vigor no último 1 de julho, representa um passo importante nos esforços britânicos de combate ao problema. Ela irá equipar as cortes britânicas com uma das legislações anticorrupção mais robustas do mundo, consolidando e atualizando a legislação anterior e introduzindo dois novos delitos gerais no ato de pagar e no de receber propina: o crime de suborno de funcionários públicos em outros países por razões comerciais passa a ser punido e organizações comerciais passam a ser responsabilizadas criminalmente se fracassarem em impedir que corrupção seja cometida em seu nome ou a seu favor.A UK Bribery Act é uma legislação anticorrupção que tornou crime o suborno de funcionários públicos em outros países por razões comerciais e também criminaliza as empresas que não impedirem que a corrupção seja cometida em seu nome ou a seu favor.A adoção de medidas substanciais contra a corrupção não apenas enfrentará esse mal, como também servirá de estímulo aos negócios. Medidas robustas contra a corrupção fortalecerão as forças do livre mercado, irão estimular a competição e garantir que os consumidores e o público em geral sejam beneficiados com negócios melhores e mais justos. Os preços caem, os serviços melhoram e as empresas crescem. E o mais importante, uma abordagem mais dura em relação à corrupção irá atrair mais negócios e investimento, ao invés de desestimulá-los. O setor empresarial concorda conosco. Empresas também desejam ver o flagelo da propina eliminado das transações comerciais. O setor privado também deseja ver regras justas e oportunidades iguais para todos. Todas as empresas líderes e organizações comerciais no Reino Unido deixaram claro que desejam que este problema tenha um ponto final e seja resolvido de uma vez por todas. E esse não é somente um problema para o Ocidente ou para as principais economias do mundo. A corrupção causa ainda mais danos aos países em desenvolvimento, que têm menos recursos para arcar com os prejuízos causados pelo pagamento de propinas. Os países em desenvolvimento passam por dificuldades para construir suas economias, criar um sistema formal de impostos, garantir o fornecimento de serviços públicos como saúde e educação e estimular o crescimento. A corrupção gera custos, engana o sistema, rouba dinheiro e aprisiona pessoas e países à pobreza. Peço aos outros países que deem uma olhada em suas leis e regulamentos sobre o assunto e adotem medidas sérias e duras contra a corrupção. Quanto mais países se unirem a nós para lutar contra esse mal, mais rápido o derrotaremos. Muitos países já têm leis severas, mas não há dúvida de que ainda mais pode ser feito para torná-las mais fortes e eficazes. A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) vêm liderando os esforços Internacionais de combate à propina no mundo e deve ser elogiada por seus esforços. A Convenção da ONU Contra a Corrupção é outro acordo internacional importante na luta para construir economias e sociedades mais fortes. Há muitas outras organizações, tais como o G-20, unindo-se aos esforços de combate à corrupção e o Reino Unido está mais do que disposto a trabalhar com todas elas. Eu acredito firmemente que a lei britânica de combate à corrupção será de grande ajuda para as nossas empresas e irá beneficiar nosso comércio com o resto do mundo. Porém, o Reino Unido não pode alcançar o sucesso sozinho. Somente por meio de uma ação global e lideranças determinadas, somente por meio de ação governamental no Brasil e em outros países e somente com o apoio do setor privado seremos capazes de chegar ao futuro próspero que todos desejamos ver. William Hague é ministro de Relações Exteriores do Reino Unido
A prática de suborno é o flagelo do comércio internacional nos dias de hoje. Em uma época em que tantas pessoas lutam em meio à crise econômica, o suborno é uma doença bastante real a ameaçar a nossa prosperidade. Representa um desafio grave ao desenvolvimento das economias e contribui para a falha dos mercados. Distorce a concorrência, prejudica a livre iniciativa e arruína os negócios. Sufoca o talento e a inovação e mata o empreendedorismo.Para os negócios, a corrupção é uma ameaça que precisa ser enfrentada de forma proativa, assim como a fraude ou a apropriação indevida. A corrupção é responsável por 10 % do custo de todos os negócios realizados no mundo e de até 25% do custo de contratos de intermediação de compra dos países em desenvolvimento.Sabe-se que fazer negócios em mercados corruptos gera um custo equivalente a 20% de impostos pagos pelo setor privado. Entre 2008 e 2010, cerca de um quinto dos executivos entrevistados em pesquisa relataram que já receberam pedidos para pagamento de propina. Uma proporção similar afirmou ter perdido empreendimentos para competidores que aceitaram pagar suborno. Os custos sociais invariavelmente acompanham os custos econômicos, tendo efeitos prejudiciais sobre empregos, saúde, educação e contribuindo para o esgotamento desnecessário dos recursos naturais. A lei de combate à corrupção do Reino Unido - UK Bribery Act-, que entrou em vigor no último 1 de julho, representa um passo importante nos esforços britânicos de combate ao problema. Ela irá equipar as cortes britânicas com uma das legislações anticorrupção mais robustas do mundo, consolidando e atualizando a legislação anterior e introduzindo dois novos delitos gerais no ato de pagar e no de receber propina: o crime de suborno de funcionários públicos em outros países por razões comerciais passa a ser punido e organizações comerciais passam a ser responsabilizadas criminalmente se fracassarem em impedir que corrupção seja cometida em seu nome ou a seu favor.A UK Bribery Act é uma legislação anticorrupção que tornou crime o suborno de funcionários públicos em outros países por razões comerciais e também criminaliza as empresas que não impedirem que a corrupção seja cometida em seu nome ou a seu favor.A adoção de medidas substanciais contra a corrupção não apenas enfrentará esse mal, como também servirá de estímulo aos negócios. Medidas robustas contra a corrupção fortalecerão as forças do livre mercado, irão estimular a competição e garantir que os consumidores e o público em geral sejam beneficiados com negócios melhores e mais justos. Os preços caem, os serviços melhoram e as empresas crescem. E o mais importante, uma abordagem mais dura em relação à corrupção irá atrair mais negócios e investimento, ao invés de desestimulá-los. O setor empresarial concorda conosco. Empresas também desejam ver o flagelo da propina eliminado das transações comerciais. O setor privado também deseja ver regras justas e oportunidades iguais para todos. Todas as empresas líderes e organizações comerciais no Reino Unido deixaram claro que desejam que este problema tenha um ponto final e seja resolvido de uma vez por todas. E esse não é somente um problema para o Ocidente ou para as principais economias do mundo. A corrupção causa ainda mais danos aos países em desenvolvimento, que têm menos recursos para arcar com os prejuízos causados pelo pagamento de propinas. Os países em desenvolvimento passam por dificuldades para construir suas economias, criar um sistema formal de impostos, garantir o fornecimento de serviços públicos como saúde e educação e estimular o crescimento. A corrupção gera custos, engana o sistema, rouba dinheiro e aprisiona pessoas e países à pobreza. Peço aos outros países que deem uma olhada em suas leis e regulamentos sobre o assunto e adotem medidas sérias e duras contra a corrupção. Quanto mais países se unirem a nós para lutar contra esse mal, mais rápido o derrotaremos. Muitos países já têm leis severas, mas não há dúvida de que ainda mais pode ser feito para torná-las mais fortes e eficazes. A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) vêm liderando os esforços Internacionais de combate à propina no mundo e deve ser elogiada por seus esforços. A Convenção da ONU Contra a Corrupção é outro acordo internacional importante na luta para construir economias e sociedades mais fortes. Há muitas outras organizações, tais como o G-20, unindo-se aos esforços de combate à corrupção e o Reino Unido está mais do que disposto a trabalhar com todas elas. Eu acredito firmemente que a lei britânica de combate à corrupção será de grande ajuda para as nossas empresas e irá beneficiar nosso comércio com o resto do mundo. Porém, o Reino Unido não pode alcançar o sucesso sozinho. Somente por meio de uma ação global e lideranças determinadas, somente por meio de ação governamental no Brasil e em outros países e somente com o apoio do setor privado seremos capazes de chegar ao futuro próspero que todos desejamos ver. William Hague é ministro de Relações Exteriores do Reino Unido
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