Café mantém viés baixista, mas fecha sexta em alta na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta sexta-feira com altas modestas, o que permitiu fazer com que uma recuperação pudesse ser observada após a mínima de dois anos ter sido testada. Algumas recompras especulativas deram sustentação aos ganhos, em um dia em que os mercados externos se mostraram de neutros a positivos, com altas para as bolsas internacionais, estabilidade para o complexo de commodities e queda do dólar em relação a uma cesta de moedas internacionais. No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve alta de 85 pontos, com 150,05 centavos, sendo a máxima em 151,20 e a mínima em 149,25 centavos por libra, com o setembro tendo valorização de 95 pontos, com a libra a 152,00 centavos, sendo a máxima em 153,15 e a mínima em 151,00 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, julho teve alta de 2 dólares, com 2.095 dólares por tonelada, com o setembro tendo valorização de 2 dólares, com 2.106 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, os futuros de café continuam em uma espiral de queda, com os bears (baixistas) tranqüilamente no controle das tendências técnicos. Nesta semana, o café atingiu seu menor nível desde julho de 2010, com o padrão de preço continuando bastante negativo. Esses analistas sustentaram que ao longo das últimas semanas as perdas se tornaram mais efetivas. Em 21 de maio, o setembro era negociado no nível de 183,50 centavos até atingir nesta sexta-feira o nível de 150,70 centavos. O índice de força relativa de nove dias, que é um indicador importante para avaliar o "momentum" do mercado mostra níveis profundamente sobrevendidos, com 12% nesta semana. Qualquer patamar abaixo de 30% é considerado sobrevendido e, em geral, abre espaço para que o mercado se torne mais vulnerável para um rally corretivo. Paul Hare, vice-presidente executivo do Linn Group, disse que o "setembro continua a fazer constantes novas mínimas, estendendo as ações baixistas", disse. Hare sustentou que o gráfico semanal identificou um congestionamento na zona de suporte. "Há uma grande zona de congestionamento entre 150,00 e 130,00 centavos. Geralmente, quando verificamos essas áreas elas abrem espaço para identificarmos novos suportes para o mercado", explicou. Numa continuidade das análises do comportamento do gráfico semanal, na primeira metade de 2010 a ICE viu um movimento consolidativo também entre níveis de 150,00 e 130,00 centavos. "Parece que o café deve continuar a escalada de quedas, sendo que estamos acelerando as perdas nas últimas semanas. Um patamar entre 145,00 e 150,00 centavos para o setembro no curto prazo parece bem plausível", complementou Hare. E se pudesse orientar os traders, o que recomendaria? "Ainda estaria vendedor nos rallies", finalizou. "A descontrolada queda das cotações do café, que não encontra justificativa quando se olha para os fundamentos do mercado, exige uma rápida e forte ação do governo brasileiro. Só assim evitaremos uma grande transferência de renda dos cafeicultores brasileiros para o exterior. A situação estatística nunca foi tão clara e favorável ao Brasil, que está “com a faca e o queijo na mão” para defender os interesses da cafeicultura e do país", indicou o Escritório Carvalhaes, em seu comentário semanal. Os estoques de café nos Estados Unidos tiveram alta de 49.441 sacas no final de maio, totalizando 4.521.337 sacas, informou a GCA (Green Coffee Association). No final de abril, os estoques do país eram de 4.521.377 sacas. A maior alta de estoques foi verificada no armazém de Nova Orleans, com aumento de 57.549 e maior baixa foi em Seatlle/Tacoma, com queda de 51.568 sacas. As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 14, somaram 400.948 sacas, contra 409.700 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 2.425 sacas, indo para 1.573.148 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 22.898 lotes, com as opções tendo 718 calls e 874 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 151,20, 151,50, 152,00, 152,30, 152,50, 153,00, 153,50, 154,00, 154,15, 155,45-155,50, 156,00, 156,50, 157,00, 157,50, 157,90-158,00, 158,50, 158,90-159,00, 159,35, 159,50, 159,90-160,00, 160,50, 161,00 e 161,25 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 149,25, 149,00, 148,50, 148,00, 147,50, 147,00, 146,50, 146,00, 145,50, 145,10-145,00, 144,50, 144,00 e 143,50 centavos por libra.
Em dia mais calmo, Londres fecha com ligeiros ganhos
Os contratos futuro de café robusta negociados na Euronext/Liffe tiveram uma sessão tranqüila nesta sexta-feira, com ligeiros avanços para as posições mais imediatas e pequenas retrações para as mais a futuro. As rolagens de posição continuam, sendo que o setembro possui hoje um volume muito mais expressivos de contratos em aberto que o julho. De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por um comportamento semelhante àquele observado na sessão anterior. Ao longo de parte do dia, os vendedores tentaram fazer o setembro flutuar abaixo dos 2.100 dólares, mas encontrou justamente nessa marca uma barreira, o que abriu espaço para algumas recompras. Ao longo do dia, essa posição chegou a bater em 2.118 dólares, mas nesse patamar o que se observou foram realizações modestas, suficientes para desacelerar os ganhos. "Foi quase uma repetição da sessão de quinta-feira, porém com um volume de negócios muito menor. Os parâmetros foram mantidos e o setembro mostrou consistência ao conseguir impedir que o nível de 2.100 dólares fosse rompido", disse um trader. O julho na bolsa londrina tem 19,4 mil contratos em aberto, contra 51,6 mil do setembro. O dia na bolsa de Londres teve o contrato de café de julho com uma movimentação de 3,58 mil lotes, com o setembro tendo 4,49 mil lotes negociados. O spread entre as posições julho e setembro ficou em 11 dólares. No encerramento da sessão na Euronext/Liffe, a posição julho teve alta de 2 dólares, com 2.095 dólares por tonelada, com o setembro tendo valorização de 2 dólares, com 2.106 dólares por tonelada.
Boletim semanal - ano 79 - n° 24
Santos, sexta-feira, 15 de junho de 2012
Os contratos de café com vencimento no próximo mês de julho (inverno no Brasil, maior produtor de café do mundo) na ICE Futures US, em Nova Iorque, fecharam ontem abaixo de US$ 1,50 por libra peso e hoje a US$ 1,5005, em mais uma semana de queda generalizada nas cotações do café. A crise na zona do euro, que se agrava a cada semana e agora começa a atingir até a credibilidade de bancos suíços (ontem o banco central suíço alertou que o Credit Suisse e o UBS, os dois maiores bancos do país, precisariam promover um aumento de capital para enfrentar a crise europeia – fonte: OESP de hoje, pág. B-8), é a maior razão para a queda contínua das cotações do café, mas o pessimismo dos operadores - que devido ao quadro trabalham apenas com metas de curtíssimo prazo - começa a abalar até as análises sobre os fundamentos do mercado de café. As exportações brasileiras de café neste período de entressafra (janeiro a junho) estão dentro do esperado para um ano de safra baixa, e ao final deste mês de junho, deveremos fechar o ano-safra 2011/2012 com exportações ao redor de 30 milhões de sacas! Um ótimo desempenho para o Brasil. Um ano atrás, no início da safra, ninguém esperava números acima do que estamos alcançando. Obviamente o total embarcado ficará abaixo do que conseguimos em 2010/2011, que foi ano de safra cheia, dentro da bianualidade da produção brasileira de café. Alguns analistas, contagiados com o pessimismo sobre a economia europeia, começam a explicar a queda dos embarques brasileiros, quando comparados ao mesmo período de 2011, como reflexo de uma possível queda de consumo na Europa e não da safra de ciclo baixo no Brasil. Estes embarques estão dentro do esperado e já eram projetados um ano atrás, no auge da euforia com os preços do café. Em nossa opinião, a descontrolada queda das cotações do café, que não encontra justificativa quando se olha para os fundamentos do mercado, exige uma rápida e forte ação do governo brasileiro. Só assim evitaremos uma grande transferência de renda dos cafeicultores brasileiros para o exterior. A situação estatística nunca foi tão clara e favorável ao Brasil, que está “com a faca e o queijo na mão” para defender os interesses da cafeicultura e do país. As cotações nas bolsas de futuro estão pressionadas pela crise financeira na zona do euro e não refletem a realidade do mercado físico de café. Com este quadro, é o preço nas bolsas de futuro que faz o preço a vista no mercado físico e não o contrário, como seria o esperado. Neste período de crise, é necessário criarmos um indexador temporário que reflita a real situação do café. Em 2011 ficou claro que mesmo acima de dois dólares por libra peso não houve corrida para plantio nos principais países produtores de café. A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 4.570.778 em 31 de maio de 2012. Uma alta de 49.441 sacas em relação às 4.521.337 sacas existentes em 30 de abril de 2012. Até o dia 14, os embarques de junho estavam em 294.872 sacas de café arábica e 63.825 sacas de café conillon, somando 358.697 sacas de café verde, mais 42.251 sacas de café solúvel, contra 409.700 sacas no mesmo dia de maio. Até o dia 14, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 913.020 sacas, contra 888.046 sacas no mesmo dia do mês anterior. A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 8, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 15, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo, 540 pontos ou US$ 7,15 (R$ 14,58) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 8 a R$ 422,46/saca e hoje, dia 15, a R$ 410,17/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 95 pontos.
Escritório Carvalhaes