Café tem dia tranquilo e março gira ao redor dos 105,00 cents
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira com ligeira retração, em uma sessão caracterizada por um viés consolidativo, sem maiores oscilações, com os preços não apresentando volatilidade considerável. O março "vagou" a maior parte do pregão próximo do nível de 105,00 centavos, dentro de um range de 200 pontos. As rolagens de posições foram bastante efetivas, sendo que o dezembro, rapidamente, vem diminuindo o montante de posições em aberto, em contrapartida ao aumento da liquidez do março. Na próxima quarta-feira tem início o período de notificação do primeiro contrato na casa de comercialização norte-americana. A sessão desta quinta foi marcada principalmente por vendas especulativas, sem nem sequer ter uma tentativa de ganhos, tal qual observado nos pregões recentes. Diante disso, as ações foram técnicas e o março conseguiu se posicionar, ao final do processo, próximo do patamar psicológico atual.
O mercado continua focado na questão da disponibilidade. Como indicado por um recente levantamento da Swiss Volcafé, na temporada 2012/2013, o excedente de grãos no mercado internacional chegou a 7,4 milhões de sacas, contra 800 mil sacas do ano anterior. Para a temporada 2013/2014, por sua vez, o superávit deverá gravitar entre 2 e 3 milhões de sacas, na esteira de fortes safras do Brasil, Vietnã e também da Colômbia. Diante desse quadro, muitos players se sentem estimulados a continuar limitando suas aquisições, focados em garantir preços mais convidativos. Para alguns operadores, os preços deprimidos levarão a uma diminuição nos tratos culturais das lavouras, entretanto, o reflexo disso só será sentida nas próximas safras.
Segundo divulgado pelo Conselho Nacional do Café, nesta semana, o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, informou que comunicará a prorrogação, por 120 dias, do pagamento dos débitos referentes à cafeicultura, a partir de 1º de novembro, incluindo as parcelas vencidas e vincendas. Assim, os produtores teriam um alívio até março de 2014, mesmo período em que terá início o pagamento dos leilões de opções.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve queda de 45 pontos, com 102,60 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 104,45 centavos e a mínima de 102,15 centavos, com o março registrando baixa de 30 pontos, com 105,65 centavos por libra, com a máxima em 107,30 centavos e a mínima em 105,30 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição janeiro teve queda de 18 dólares, com 1.447 dólares por tonelada, com o março tendo desvalorização de 19 dólares, para o nível de 1.444 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia na bolsa nova-iorquina foi técnico e de poucas oscilações, assim como os mercados externos também não esboçaram maiores evoluções. As bolsas de valores norte-americanas se mantiveram estáveis, ao passo que o dólar conseguiu ter um ligeiro avanço em relação a uma cesta de moedas internacionais, ao passo que as commodities não registraram uma tendência clara, ficando entre altas para segmentos como petróleo, ouro e prata, ao passo que milho e algodão aferiram perdas.
"Tivemos uma tentativa de recuperação na semana, mas não avançamos de forma efetiva e tivemos até um contra golpe na quarta-feira, com quedas mais firmes. A tendência parece ser consolidativa, no curtíssimo prazo, com o março se aproximando dos 105,00 centavos. Entretanto, no curto e médio prazo temos um viés baixista e é possível que o nível de 100,00 centavos seja buscado", disse um trader.
A renda do produtor brasileiro continuará crescendo em 2014, mas em ritmo menor em relação aos anos anteriores. É o que mostram os novos dados do VBP (Valor Bruto da Produção) do Ministério da Agricultura. O café, cujo valor de produção já registrou queda neste ano, cairá ainda mais em 2014, para 12 bilhões de reais. Apesar da produção maior no setor, os produtores não conseguem obter o mesmo patamar de renda registrado nos últimos anos. Em 2011, por exemplo, a cafeicultura obteve uma produção no valor recorde de 22 bilhões de reais.
As exportações brasileiras no mês de novembro, até o dia 13, totalizaram 567.773 sacas de café, queda de 6,79% em relação às 609.155 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 2.580 sacas, indo para 2.701.910 sacas. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 104,45-104,50, 104,90-105,00, 105,50, 106,00, 106,35, 106,50, 106,95-107,00, 107,30, 107,50, 107,80-107,85, 108,00, 108,50 e 109,00 centavos de dólar, com o suporte em 102,15, 102,00, 101,50, 101,00, 100,95, 100,50, 100,10-100,00, 99,50, 99,00, 98,50, 98,00, 97,50, 97,00, 96,50 e 96,00 centavos.
Londres mantém ação vendedora: janeiro fica abaixo de US$ 1.450
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Lifee ampliaram as perdas nesta quinta-feira, em um dia caracterizado por um volume modesto de papéis comercializados. a posição janeiro, mais uma vez, testou o suporte de 1.450 dólares e conseguiu, ao final do pregão, se posicionar abaixo desse nível psicológico. Segundo analistas internacionais, os robustas voltam a registrar uma movimentação preponderantemente vendedora. Vários desses especialistas sustentam que, ao contrário do verificado no segmento de arábicas, haveria ainda alguma "gordura" para ser queimada nas cotações dos robustas, fruto da demanda efetiva que o grão teve ao longo das últimas temporadas e também da retração vendedora de alguns players. Para esses analistas, um nível próximo de 1.300 dólares pode, efetivamente, ser testado em Londres.
"Tivemos uma sessão morosa, de poucos negócios, mas com os vendedores na linha de frente. Chegamos a tocar na mínima de 1.441 dólares, sendo que nesse nível conseguimos detectar algumas aquisições de comerciais que, no entanto, foram apenas pontuais, sem força para mudar o direcionamento das cotações", disse um trader.
O janeiro teve uma movimentação ao longo do dia de 4,18 mil contratos, contra 2,04 mil do março. O spread entre as posições janeiro e março ficou em 3 dólares. No encerramento do dia, o janeiro teve queda de 18 dólares, com 1.447 dólares por tonelada, com o março tendo desvalorização de 19 dólares, para o nível de 1.444 dólares por tonelada.