Café tem retração na ICE, mas março continua próximo de referencial
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira com oscilações apenas relativas, com o março conseguindo, dentro de uma feição consolidativa, se manter muito perto do nível psicológico de 120,00 centavos de dólar. Ao longo do dia, a primeira posição chegou a aferir alguns ganhos, entretanto, não conseguiu superar a máxima do pregão passado. Não obtendo êxito nessa tentativa básica, o que se verificou foi o acionamento de algumas ordens de venda, quer proporcionaram algumas retrações, ainda que se mantendo os intervalos atuais. Ao final do dia, os vendedores imprimiram um ritmo mais forte, no entanto, o março conseguiu se manter dentro do patamar de 119 cents.
A questão da produção do Brasil continua em pauta entre os participantes e agora parece haver um consenso maior de que o país deverá realmente ter uma produção menos intensa que a registrada nas duas últimas temporadas, ainda que 2014 seja considerado um ano de safra alta. Apesar do otimismo momentâneo causado pelas últimas previsões de safra do Brasil, organismos importantes e respeitados, como é o caso da Organização Internacional do Café, não demonstram tanto entusiasmo. Essa entidade revelou que a recuperação dos preços do grão não deverá ser algo imediato, ressaltando que a forte onda vendedora observada ao longo do ano passado deverá ter continuidade em 2014. Para a Organização, o Brasil deverá ter uma safra apenas 3% menor que a da temporada passada e, além disso, outras origens poderão continuar a ofertar forte. Diante do quadro, a entidade entende que, no curto prazo, a tendência baixista se mantém, mas uma mudança pode ser identificada no longo prazo, principalmente por conta da queda constante dos estoques certificados e da manutenção da alta da demanda pelo grão.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição março teve queda de 155 pontos, com 118,75 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 121,50 centavos e a mínima de 118,30 centavos, com o maio registrando baixa de 150 pontos, com 121,50 centavos por libra, com a máxima em 123,55 centavos e a mínima em 120,70 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, março teve alta de 15 dólares, com 1.727 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 15 dólares, para o nível de 1.691 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia na bolsa norte-americana foi técnico e o que se viu foi um processo de feição consolidativa, com o março buscando se posicionar, ao longo da maior parte do pregão, próximo do nível de 120,00 centavos. O café, na segunda metade do dia, seguiu o pessimismo de outros mercados. Pessimismo moderado, diga-se de passagem. As bolsas de valores nos Estados Unidos recuaram modestamente e o dólar apresentou ligeira baixa em relação a uma cesta de moedas internacionais. Nas commodities, queda para ouro, petróleo e vários grãos, ao passo que nos softs, apenas café e cacau ficaram no lado negativo da escala.
"Tivemos um pregão aqui em Nova Iorque que pode ser qualificado de caráter consolidativo, já que parece que o março está confortável próximo dos 120,00 centavos. Mais uma vez, o tema oferta está na pauta dos operadores. Nesta quinta, o governo brasileiro lançou sua previsão de safra e os números estão próximos daqueles trabalhados pela Volcafé, o que significa que, efetivamente, o Brasil não deverá ter um ano de safra tão consistente quanto aquela que era apregoada até há bem pouco tempo", disse um trader.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou que neste ano a produção de café do Brasil deve ficar entre 46,53 a 50,15 milhões de sacas. É o que aponta o primeiro levantamento da safra 2014. O resultado pode representar entre 5,4% de redução até 2% de crescimento, se comparado aos 49,15 milhões da safra anterior, considerados arábica e conillon. Segundo a empresa, a produção de arábica deve variar entre 35,08 e 37,53 milhões de sacas, o que corresponde a 75,1% do volume de café produzido no país. Já a produção do conillon, contabilizada entre 11,5 e 12,6 milhões de sacas, representa 24,9% do total nacional.
As exportações brasileiras no mês de janeiro, até o dia 8, totalizaram 316.363 sacas de café, queda de 27% em relação às 433.622 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 2.010 sacas, indo para 2.703.813 sacas. Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem resistência 121,50, 122,00, 122,50, 122,60, 123,00, 123,50, 124,00, 124,50, 125,00, 125,50, 126,00, 126,50, 127,00, 127,50, 128,00, 128,50 e 129,00 centavos de dólar, com o suporte em 118,30, 118,00, 117,55-117,50, 117,00, 116,65, 116,50, 116,00, 115,70, 115,50, 115,10-115,00, 114,95, 114,50, 114,00, 113,50, 113,00 e 112,50 centavos.
Café na bolsa de Londres tem dia de alta e mantém intervalos
Os contratos futuros de café arábica negociados na Euronext/Liffe encerraram esta quinta-feira com altas, em uma sessão que foi novamente caracterizada pela tranquilidade e por preços gravitando próximo ao nível psicológico de 1.700 dólares. Algumas rolagens entre maio e março também foram verificadas, ainda que em volumes relativamente baixos.
De acordo com analistas internacionais, a sessão desta quinta foi marcada, na primeira parte, pela predominância dos vendedores. O março chegou a tocar no nível de 1.693 dólares. Entretanto, assim como já verificado em outras sessões, as origens estão sendo consideravelmente reticentes em suas liquidações abaixo dos 1.700 dólares. Depois de tocar a mínima, o mercado viu uma retomada compradora e as altas se consolidaram.
"Ainda existe o temor de quanto será o volume a ser liquidado pelos vietnamitas até o início do ano novo lunar. Tradicionalmente, os produtores do país liquidam nessa fase em busca de terem caixa para o período de festa. Desse modo, a expectativa é que as cotações não tenham fôlego para avançar muito, já que teriam as vendas segurando as rédeas. Entretanto, parece que há alguma consistência para que o mercado se mantenha em níveis mais firmes, ao contrário da opinião de alguns players mais catastrofistas", disse um trader.
O março teve uma movimentação ao longo do dia de 8,19 mil contratos, contra 4,60 mil do maio. O spread entre as posições março e maio ficou em 36 dólares. No encerramento do dia, o março teve alta de 15 dólares, com 1.727 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 15 dólares, para o nível de 1.691 dólares por tonelada.