Café volta a ser pressionado e atinge nova mínima na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta segunda-feira com ligeiras quedas, após a primeira posição, mais uma vez, marcar a mínima de mais de 23 meses, num quadro consolidativo da fraqueza que vem regendo os negócios de café há mais de um ano. Em um dia com um volume de negócios altos, as compras foram bastante limitadas e sem conseguir buscar nenhuma resistência mais efetiva, o mercado abril espaço para novas vendas. Com isso, o julho rompeu a mínima recente, em 154,60 centavos, em mais uma demonstração da fraqueza dos fundamentos. No entanto, não houve o acionamento de novos stops de venda, o que permitiu que o fechamento se desse em níveis relativamente modestos de perdas. Tecnicamente, o mercado não apresenta novidades. A tendência de curto, médio e longo prazo se mostra baixista. Mesmo com a avaliação de gráficos de que a situação é de sobrevenda, não há "fôlego" para se efetuar correções básicas e resistências primárias, como o nível de 160,00 centavos, não conseguem ser buscadas. No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve queda de 50 pontos, com 155,10 centavos, sendo a máxima em 157,90 e a mínima em 153,70 centavos por libra, com o setembro tendo desvalorização de 70 pontos, com a libra a 156,70 centavos, sendo a máxima em 159,60 e a mínima em 155,20 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, julho teve queda de 12 dólares com 2.062 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 7 dólares, com 2.071 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por novas vendas especulativas. O julho teve o nível de 154,60 centavos rompido e, com isso, uma nova mínima de quase dois anos foi experimentada, em 153,70 centavos. No entanto, indicaram os analistas, nas mínimas, algumas compras especulativas e de comerciais puderam ser notadas, o que permitiu que as perdas do dia fossem minimizadas, ainda que o clima baixistas se mantenha efetivo. "Boa parte das quedas vieram também como reflexo dos mercados externos. A questão da ajuda econômica a Espanha não foi muito bem 'digerida' e as bolsas nos Estados Unidos caíram. O complexo de commodities também recuou, com o petróleo, café, ouro, entre outros produtos tendo perdas", sustentou um trader, que lembrou que as quedas do dia foram mais consistentes no after-hours, que teve o julho encerrando a 154,10 centavos por libra para o julho. "Ninguém se arrisca em investir suas fichas nesse mercado, já que existe o temor com o cenário macroeconômico", disse um dealer, ao ressaltar que fatores como a crise na Europa tem um valor muito alto para a composição das perdas do café. "A tendência de baixa que temos acompanhado dos diferenciais para o 'C', que hoje estão mais próximos de seus níveis históricos como não víamos há três anos, é um fator que assombra aqueles que continuam crendo em uma recuperação rápida do terminal. Parece que só mesmo os fundos vendidos em Nova Iorque, com uma possível cobertura de suas posições, é que trarão algum alento para os que estão apostando na alta. Ou então uma onda de frio que assuste os baixistas. A tendência de baixa continua intacta, tecnicamente falando", indicou Rodrigo Corrêa da Costa, da Archer Consulting, que, no entanto, acredita na preservação do nível de 150,00 centavos por libra. As exportações de café do Brasil em junho, até o dia 8, somaram 108.132 sacas, contra 165.422 sacas registradas no mesmo período de maio, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 400 sacas, indo para 1.563.742 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 46.739 lotes, com as opções tendo 493 calls e 425 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 157,90-158,00, 158,50, 158,90-159,00, 159,35, 159,50, 159,90-160,00, 160,50, 161,00, 161,25, 161,50, 162,00, 162,50, 163,00, 163,50, 164,00, 164,50 e 164,90-165,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 153,70, 153,50, 153,00, 152,50, 152,30, 152,00, 151,50, 151,00, 150,50 e 150,10-150,00 centavos por libra.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Roubini: "Desta vez a Europa está mesmo à beira do precipício"
Roubini: "Desta vez a Europa está mesmo à beira do precipício"
“Parece extraordinário que seja a Alemanha, precisamente, o país que parece não ter aprendido com a história. Obcecada com a ameaça inexistente da inflação, parece que a Alemanha actual dá mais importância ao ano 1923 (o ano da hiperinflação) que a 1933 (ano em que morreu a democracia)”, afirmam o economista Nouriel Roubini e o historiador Niall Ferguson em artigo de opinião no El País.
Os autores criticam o papel da Alemanha no desenrolar da crise da zona euro, consideram que o país foi o principal beneficiado da introdução da moeda única e que será o maior prejudicado se a recessão não for resolvida.
“Nós acreditamos que a política do Governo alemão de fazer algo que serve já de pouco e chega demasiado tarde, corre o risco de provocar precisamente uma repetição da crise da primeira metade do século XX, algo que a integração europeia pretendia evitar”, afirmam.
Para os membros do Conselho para o Futuro da Europa do Instituto Nicolas Berggruen, não seria mal para os alemães recordarem que “uma crise bancária ocorrida dois anos antes de 1933, contribuiu de forma directa à descomposição da democracia, não só no seu próprio país, mas em todo o continente”.
Como sair da crise?
“Em primeiro lugar”, escrevem, “é preciso estabelecer um programa de recapitalização – mediante acções preferenciais sem direito a voto – dos bancos da zona euro, tanto na periferia como no centro, directamente através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do seu sucessor, o Mecanismo de Estabilidade Financeira (MEE).
Para Roubini e Ferguson, a “estratégia actual de recapitalizar os bancos através de pedir emprestado aos mercados de dívida soberana, ou ao FEEF, foi desastrosa na Irlanda e na Grécia” porque provocou uma “explosão de dívida pública” e fez com que o Estado se tornasse mais insolvente, a tempo que os bancos se convertam num risco maior na medida em que mais dívida pública está “nas suas mãos”.
“Segundo, para evitar o pânico dos bancos da zona euro – um fenómeno que irá acontecer se a Grécia sair do euro e muito provavelmente em qualquer caso – é necessário criar um sistema europeu de garantia de depósitos”.
Prosperidade alemã
“A prosperidade actual da Alemanha é em grande parte uma consequência da união monetária", dizem Roubini e Ferguson. "O euro deu aos exportadores alemães um tipo de câmbio muito mais competitivo do que o velho marco. E o restdo da zona euro continua a ser o destino de 42% das exportações alemãs. Matar metade desse mercado numa recessão não pode ser benéfico para a Alemanha”.
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“Parece extraordinário que seja a Alemanha, precisamente, o país que parece não ter aprendido com a história. Obcecada com a ameaça inexistente da inflação, parece que a Alemanha actual dá mais importância ao ano 1923 (o ano da hiperinflação) que a 1933 (ano em que morreu a democracia)”, afirmam o economista Nouriel Roubini e o historiador Niall Ferguson em artigo de opinião no El País.
Os autores criticam o papel da Alemanha no desenrolar da crise da zona euro, consideram que o país foi o principal beneficiado da introdução da moeda única e que será o maior prejudicado se a recessão não for resolvida.
“Nós acreditamos que a política do Governo alemão de fazer algo que serve já de pouco e chega demasiado tarde, corre o risco de provocar precisamente uma repetição da crise da primeira metade do século XX, algo que a integração europeia pretendia evitar”, afirmam.
Para os membros do Conselho para o Futuro da Europa do Instituto Nicolas Berggruen, não seria mal para os alemães recordarem que “uma crise bancária ocorrida dois anos antes de 1933, contribuiu de forma directa à descomposição da democracia, não só no seu próprio país, mas em todo o continente”.
Como sair da crise?
“Em primeiro lugar”, escrevem, “é preciso estabelecer um programa de recapitalização – mediante acções preferenciais sem direito a voto – dos bancos da zona euro, tanto na periferia como no centro, directamente através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do seu sucessor, o Mecanismo de Estabilidade Financeira (MEE).
Para Roubini e Ferguson, a “estratégia actual de recapitalizar os bancos através de pedir emprestado aos mercados de dívida soberana, ou ao FEEF, foi desastrosa na Irlanda e na Grécia” porque provocou uma “explosão de dívida pública” e fez com que o Estado se tornasse mais insolvente, a tempo que os bancos se convertam num risco maior na medida em que mais dívida pública está “nas suas mãos”.
“Segundo, para evitar o pânico dos bancos da zona euro – um fenómeno que irá acontecer se a Grécia sair do euro e muito provavelmente em qualquer caso – é necessário criar um sistema europeu de garantia de depósitos”.
Prosperidade alemã
“A prosperidade actual da Alemanha é em grande parte uma consequência da união monetária", dizem Roubini e Ferguson. "O euro deu aos exportadores alemães um tipo de câmbio muito mais competitivo do que o velho marco. E o restdo da zona euro continua a ser o destino de 42% das exportações alemãs. Matar metade desse mercado numa recessão não pode ser benéfico para a Alemanha”.
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