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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Americana Sara Lee compra paranaense Café Damasco

Sara Lee compra paranaense Café Damasco
SÃO PAULO - A americana Sara Lee fechou acordo para comprar a brasileira Café
Damasco, que tem sede em Curitiba. Embora não tenha revelado especificamente o
preço da oferta, a compradora informou que vai pagar um valor próximo ao que a
empresa registra em receita anual. Em 2009, segundo a Sara Lee, a Café Damasco
teve receita líquida de cerca de R$ 100 milhões. A transação, que deve ser
fechada amanhã, ainda precisa da aprovação das autoridades antitruste.
"A aquisição da Café Damasco vai criar uma posição forte para a Sara Lee no
território brasileiro, dada sua presença na região Sul", comentou, em nota, o
diretor da divisão internacional de bebidas e panificação da companhia
americana, Frank van Oers. "A transação também proporcionará sinergias
industriais para nossa planta em São Paulo, assim como melhorar a
competitividade no Nordeste, graças à excelente fábrica da Damasco naquela
área."
A Café Damasco foi fundada em 1960 e é uma das sete maiores empresas de
torrefação de café do país, com capacidade de produção de 5,6 milhões de quilos
por mês, segundo o site da companhia. Tem uma fábrica com mais de 200
funcionários em Curitiba e um complexo industrial em Salvador. Entre suas
marcas estão Bom Taí, Maracanã, Palheta e Copacabana (esta para exportação). A
Sara Lee já é líder do mercado brasileiro de café, com as marcas Pilão,
Caboclo, Café do Ponto, Moka e Seleto.aranaense Café Damasco

Já faltam mudas para o plantio de café

Já faltam mudas para o plantio de café

Há tempos que os fundamentos do mercado de café não criavam um ambiente tão
favorável para a valorização dos preços da commodity. O aumento do consumo
internacional e doméstico, mesmo após um cenário de crise global, e a oferta
mais apertada, depois da redução da safra colombiana e dos países da América
Central, já fizeram com que as cotações subissem 47,3% na bolsa de Nova York em
2010, apesar da queda de 1,29% em novembro, como mostram cálculos do Valor Data
até o dia 26.
A conjuntura para o café é tão favorável que no Brasil, maior produtor e
exportador do planeta, já está difícil encontrar até mudas para serem
adquiridas. A valorização dos preços nos últimos meses foi tão intensa que os
viveiristas - como são chamados os produtores de mudas - de alguns dos
principais polos do país não conseguiram atender à demanda de quem deixou a
decisão de comprar as novas plantas para a última a hora.
Em Minas Gerais, responsável por 52,3% da oferta nacional de café, não há mais
mudas disponíveis. Dono do maior parque cafeeiro do país, com 3,11 bilhões de
pés em produção e outros 473,7 milhões em formação, o Estado tem necessidade
média de 155 milhões de mudas novas por ano, considerando-se uma taxa de
renovação de 5%. "Em Minas Gerais não existe mais muda para comprar. Pague o
preço que for, hoje já não é mais possível encontrar quem tenha mudas para
vender", afirma Antônio Carlos Paulino, presidente da Cooxupé, maior
cooperativa de café do mundo.
Segundo Paulino, o preço médio do milheiro de mudas no início do ano estava em
R$ 250, mas apenas para quem fechava contratos de compras naquele momento e
para entrega entre outubro e novembro. Para quem optou por fazer as compras no
mercado disponível, apenas no momento do plantio, o preço médio do lote de mil
mudas subiu de 30% a 50%, dependendo do período de compra.
"O valor das mudas acompanha o preço da saca. Quem acertou a compra antes pagou
menos do que quem deixou para a última hora. O fato é que quem quer comprar
agora não consegue mais", afirma Paulino.
Em São Paulo, segundo maior produtor de café arábica do Brasil, com um parque
cafeeiro total de 446,2 milhões de pés, a situação não é diferente. De acordo
com dados da Secretaria de Agricultura do Estado, a disponibilidade de mudas
este foi inferior que em 2009. A expectativa dos viveiristas para a oferta de
mudas para 2010 é também menor que a do ano passado. O plano anual dos
viveiristas paulistas de 2009 previa a oferta de 21,3 milhões de mudas,
enquanto para este ano a disponibilidade de mudas foi reduzida para 21,3
milhões, quase 35% a menos.
O desestímulo dos produtores de mudas está relacionado com os preços. Em
novembro do ano passado, o valor médio da saca de café, segundo o Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), era de R$ 272,55. Em maio,
quando a produção de mudas começa, a saca de café já valia R$ 289. O preço
chegou a R$ 355 em novembro, 30% mais do que no mesmo período do ano passado.
"Ainda não conseguimos quantificar exatamente, mas já é possível sentir uma
migração de áreas de pastagem e grãos para o café. Foi esse efeito manada que
pegou os viveiristas no contrapé e fez com que a disponibilidade de mudas
ficasse mais ajustada", diz Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia
Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura paulista.
Há 12 anos no negócio de mudas, o produtor Walter Garcia Bronzi vendeu neste
ano 1,5 milhão de mudas a partir dos dois viveiros que tem no interior
paulista, em Batatais e Altinópolis. A disponibilidade do produtor acabou há
dois meses, apesar de o período de plantio do café durar de dezembro a
fevereiro.
"E se eu tivesse mais um milhão teria para quem vender. Nunca vi uma demanda
tão grande quanto a desse ano, tanto que consegui vender a unidade por entre R$
0,35 e R$ 0,40 este ano, sendo que o preço historicamente varia de R$ 0,20 a R$
0,25", afirma Bronzi.

SE ESFORÇANDO PARA SUBIR MAIS

SE ESFORÇANDO PARA SUBIR MAIS

Quase 2 trilhões de dólares evaporaram no mercado mundial de ações nas últimas 3 semanas, inicialmente por causa da nova onda de turbulência na zona do euro, depois em função da expectativa de retração monetária da China e recentemente com a tensão/ataque entre as Coreias.

Como consequência os investidores correram para a moeda americana, e fizeram com que o índice do dólar (cesta que é composta por seis moedas) subisse 2.41% nos últimos cinco dias, sendo que apenas o Euro desvalorizou 3.15% contra o dólar.

A crise na Europa está brava, e depois do pacote de ajuda da Grécia – que correspondeu a cerca de 47% do PIB do país – e do atual pacote à Irlanda – que pode chegar a quase 60% de seu PIB – o mercado especula sobre a próxima vítima, sendo que Portugal é o mais cotado no momento. O risco é de uma contaminação ainda maior na comunidade europeia, e a catástrofe seria ter Espanha no olho do furacão, já que sua economia é maior do que a soma dos três países acima.

As commodities por sua vez continuam voláteis. Inclusive nesta semana foi publicado um artigo no Wall Street Journal apontando que a volatilidade de um dos índices de commodities, o DJ-UBS (antigo AIG index) está no maior nível desde setembro de 2009, ou em 25% (30 dias). Isto é bem acima da volatilidade do índice de ações S&P, que está em 12.5%. Nossos leitores, e principalmente aqueles que operam commodities, têm sentido isto na pele, e a notícia serve para mostrar que não estão sozinhos na dor, o que não serve muito de consolo, mas... – tem uma frase em inglês que diz que “a angústia (misery) aprecia companhia”.

Seguindo o “novo-padrão” de oscilação, o café em Nova Iorque negociou entre US$ 201.45 e US$ 213.25 centavos por libra nas últimas quatro sessões, sendo que na terça-feira entre mínima e máxima o intervalo foi de US$ 10.15 centavos. Quando tudo dava a impressão que os preços poderiam afundar mais, o mercado recuperou em simpatia com praticamente todas as outras commodities, e encerrou o dia nas altas. Na quarta-feira e na sexta-feira (quinta foi feriado), os preços escorregaram de novo, porém os dois pregões tiveram volumes bem abaixo da média.

O mercado londrino, que no meio de outubro ajudou o arábica na ICE a subir, agora pode ser o vilão e levar o contrato americano para baixo. O aumento de disponibilidade de grãos no Vietnã, e o interesse dos produtores locais em garantir os preços atuais, tem sido responsáveis pela falta da capacidade do mercado futuro em sair das mínimas. Nova Iorque tem uma figura técnica negativa também, o chamado “ombro-cabeça-ombro” (head-and-shoulders), que aponta para uma queda dos preços para US$ 175.15 centavos caso o contrato de março de 2011 rompa US$ 198.30 centavos. É mercado de gente grande!!

Olhando para o mercado físico podemos notar que a entrada da safra dos cafés suaves da Colômbia e América Central trouxeram os diferenciais para patamares mais próximos dos níveis históricos, e com isso o lavado brasileiro cai nominalmente para diferenciais de apenas um dígito positivo. Cafés brasileiros naturais foram vendidos com diferenciais largos, com negócios reportados até o final de 2011 – nada em volume muito grande.

Para finalizar vale notar que o volume de dinheiro investido nos mercados de commodities subiu de 321 bilhões de dólares para 344 bilhões em outubro. Considerando o ano de 2010 o incremento é de 7.2 bilhões até agora, em comparação com o mesmo período em 2009. Resta saber quanto mais será investido neste tipo de ativo, ou pior (baixista), como se comportará o investidor caso o dólar continue a valorizar.

Com o ano acabando, parece que o Brasil apenas aparecerá para vender a bolsa caso ela venha a subir novamente, ou caso o real desvalorize. Entretanto outras origens ainda precisam vender, e para complicar um pouco, da mesma forma que os fundos de investimento ajudaram a levar o mercado para cima, uma liquidação parcial deles pode causar fraqueza no curto-prazo. Para quem precisa vender, é bom aproveitar, pois como sempre escreve o consultor que abriga estes comentários: “lucro não quebra ninguém”.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos.
Rodrigo Corrêa da Costa