Recompras na segunda metade da sessão fazem café ficar estável na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira próximos da estabilidade, em uma sessão em que o dezembro chegou a buscar "devolver" integralmente os ganhos amealhados ao longo do pregão passado. No entanto, na segunda metade do dia, o que se observou foi um quadro de recompras e, pouco a pouco, os preços voltaram a gravitar em um patamar próximo do referencial de 120,00 centavos, sem oscilações mais efetivas.
O dia foi caracterizado por uma mobilização meramente técnica: depois de ter conseguido romper o range anterior, o dezembro conseguiu se posicionar, na quarta-feira, acima do patamar de 120,00 centavos, nesta quinta, os baixistas se arvoraram, conseguiram flutuar o contrato dentro do patamar de 117,00 centavos, mas não tiveram uma continuidade vendedora. Com isso, o resultado foi um retorno aos patamares trabalhados na sessão passada e o fechamento com quedas modestíssimas.
As ações desta semana estão focadas em características técnicas, ao passo que o mercado continua, no campo fundamental, a viver em função da especulação acerca da disponibilidade, que pode ser ampla, diante da safra forte do Brasil, da recomposição da Colômbia e também do volume alto a ser colocado nas mesas de comercialização por parte dos vietnamitas. Para muitos traders, esses montantes consideráveis conseguem compensar a quebra acentuada da América Central, que vive um ataque sem precedentes de ferrugem do colmo.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve queda de 20 pontos, com 120,60 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 121,05 centavos e a mínima de 117,85 centavos, com o março registrando baixa de 25 pontos, com 123,55 centavos por libra, com a máxima em 124,00 centavos e a mínima em 120,85 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve retração de 16 dólares, com 1.753 dólares por tonelada, com o janeiro tendo perda de 18 dólares, no nível de 1.748 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por uma movimentação técnica na bolsa norte-americana, com os fatores externos não pressionando as cotações para cima ou para baixo. O dólar não teve um comportamento mais efetivo e ficou estável em relação a uma cesta de moedas internacionais. Em confronto com o real brasileiro, o dólar teve ligeira perda ao longo do dia. As commodities não apresentaram direcionamento coordenado, com algumas, como o petróleo, tendo bons ganhos, ao passo que o ouro teve uma retração das mais consideráveis, de quase 2,5%.
"Chegamos a ter algumas realizações de lucro, mas o mercado conseguiu equacionar esse quadro e encerramos os negócios no campo da estabilidade. Os leilões de opções no Brasil saem do papel nesta sexta-feira e alguns operadores avaliam que a adesão não será total e irrestrita. Esse fato pode ocorrer diante da questão da qualidade alta exigida para os cafés participantes, algo que já ocorreu em negociações desse tipo no passado. Esse leilão pode ser um bom termômetro sobre o programa, que contempla 3 milhões de sacas", disse um trader.
Ao subir para a marca de 958 toneladas neste ano, as importações de café torrado e moído de qualidade do Brasil correspondem a 2.395 sacas por mês. O mercado nacional consome 1,75 milhão de sacas por mês. Nesse patamar, a importação ainda é insignificante e ajuda a educar o consumidor brasileiro, de acordo com o Escritório Carvalhaes. Essa empresa avalia que problema é se essas importações subirem para percentuais acima de 5% do consumo nacional, o que poderia desestabilizar o campo de oferta local.
As exportações brasileiras no mês de setembro, até o dia 10, totalizaram 368.715 sacas de café, contra 375.654 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 2.000 sacas, indo para 2.783.547 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 24.156 lotes, com as opções tendo 2.274 calls e 1.449 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 121,05-121,10, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20, 122,50, 122,75, 123,00, 123,50, 124,00, 124,50-124,60, 124,90-125,00, 125,50 e 125,90-126,00 centavos de dólar, com o suporte em 117,85, 117,50, 117,00, 116,70, 116,50, 116,00, 115,70, 115,50, 115,25, 115,10-115,00, 114,50, 114,00, 113,50, 113,00, 112,50, 112,00, 111,50, 111,00, 110,50, 110,10-110,00, 109,50 e 109,00 centavos.
Café em Londres reverte grande parte dos ganhos da sessão anterior
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta quinta-feira com quedas, em uma sessão na qual praticamente todos os ganhos da quarta-feira foram devolvidos e, mais uma vez, a posição novembro passou a flutuar em um nível próximo do patamar de 1.750 dólares. O volume negociado foi apenas modesto, dentro da média recente da bolsa britânica.
Se na quarta-feira as ações de arbitragem contra Nova Iorque deram alguma suporte para valorizações em Londres, nesta quinta o quadro foi o oposto. Analistas internacionais ressaltaram que o mercado se concentrou em um viés técnico e que, diante de uma nova retração dos arábica do outro lado do Atlântico, voltou a experimentar perdas, ainda que mantendo o quadro anterior.
"Foi uma sessão de mudanças pouco efetivas. Continuamos embalados em uma tendência técnica e não verificamos mudanças mais efetivas nas cotações. Os ganhos anteriores foram anulados e parece que o novembro se mostra confortável em flutuar próximo do nível de 1.750 dólares, dentro de um range informal que vem sendo 'trabalhado' há semanas", disse um trader.
O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 5,42 mil contratos, contra 1,44 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 5 dólares. No encerramento do dia, o novembro teve retração de 16 dólares, com 1.753 dólares por tonelada, com o janeiro tendo perda de 18 dólares, no nível de 1.748 dólares por tonelada.
Cepea: Físico brasileiro de arábica tem baixa liquidez e preços cedem
Na atual temporada, a disponibilidade de café de maior qualidade está limitada, visto que houve seca no início do ano em parte das regiões e chuvas durante a colheita. Assim, no geral, boa parte dos produtores e cooperativas que optar por participar do leilão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), programado para amanhã, deve preparar o café, por meio de maquinação, para conseguir entregá-lo. Segundo pesquisadores do Cepea, o impacto dos leilões de opções de venda no mercado físico, ainda é incerto. Caso os leilões previstos envolvam três milhões de sacas de café arábica de alta qualidade, produtores que aderirem podem se retrair, aguardando preços acima dos R$ 343,00/saca negociar no físico. Em relação às negociações do arábica no mercado brasileiro, estas seguem lentas e os preços, em queda. O principal fator que limitou o avanço foi a forte valorização do Real frente ao dólar nos últimos dias. Nessa quarta-feira, 11, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 281,77/saca de 60 kg, baixa de 1,14% em relação à quarta anterior, 4.
Ameaça a sustentabilidade da cafeicultura no mundo
Os preços internacionais do café, que na média mensal de agosto atingiram o nível mais baixo em quatro anos, ameaçam a sustentabilidade da cafeicultura no mundo. A afirmação é do diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro Robério Silva, que participa nesta semana da Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte, comemorativa ao cinquentenário da instituição. Em entrevista hoje à tarde ao Broadcast, Silva afirmou que a situação é gravíssima em algumas regiões, principalmente as montanhosas, onde o custo de produção é maior, por causa da colheita manual do café. Silva disse que a OIC tem um mecanismo de “consertação”, que proporciona o diálogo entre países produtores e consumidores, visando a saber em quais níveis é possível atuar para evitar a volatilidade do mercado. Ele citou como exemplo o intercâmbio com países africanos para levar a experiência brasileira de organização do setor, como as associações e cooperativas, para criar mecanismos de financiamento que possam contribuir para o ordenamento da oferta e menor pressão sobre os preços. “Os países estão interessados em conhecer os instrumentos da política agrícola brasileira, para melhorar ordenamento do fluxo de safra”, diz ele. Em relação às divergências sobre as estatísticas relativas ao mercado cafeeiro, Silva afirmou que foi criado dentro da OIC um grupo composto pelos técnicos da instituição e principais analistas de mercado cafeeiro “para discutir as discrepâncias de números nos principais países”. Ele disse que as discussões estão avançando a passos largos. A primeira reunião foi realizada em agosto e a próxima está prevista para 30 de janeiro, a fim eliminar as discrepâncias que dão margens às especulações no mercado sobre o quadro de oferta e demanda mundial de café. O diretor da OIC citou como outra iniciativa importante o desafio feito pelas quatro maiores empresas torrefadoras do mundo (a suíça Nestlé, a norte-americana Kraft Foods, a alemã Tchibo e a holandesa Master Blenders) de ampliar a participação do mercado de cafés com certificados de sustentabilidade, dos atuais 8% para 25% em 2015. Silva disse que existe uma preocupação da OIC em relação a esta questão, tanto que já discutiu o assunto em seminário com as principais certificadoras e torrefadoras, “para que os produtores não sejam os únicos a pagar pelo custo da certificação”. Ele defende que o prêmio obtido na venda do grão seja equivalente aos investimentos, lembrando que as melhoras feitas na condução das lavouras para conseguir a certificação geram ganhos de produtividade e da qualidade do café. Na entrevista, Robério Silva destacou a preocupação da OIC com a disseminação da ferrugem que põe em risco a cafeicultura na América Central. Ele lembra que em abril deste ano visitou lavouras na Costa Rica, Guatemala, Honduras e El Salvador, quando constatou in loco os sérios prejuízos provocados pela doença. As estimativas da OIC indicam que as perdas na região na safra 2012/13 devem atingir 2,7 milhões de sacas, que representam uma queda de 17,1% em relação à anterior. A América Central (excluindo o México) produziu na safra passada 15,8 milhões de sacas de café, respondendo por cerca de 12% da produção mundial. Ele afirmou que a OIC tem dado apoio institucional aos países, na busca de recursos de instituições multilaterais para financiar as ações de controle da doença.