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domingo, 28 de março de 2010

CAFÉ: GESTÃO COM CONGESTÃO E INDIGESTÃO

CAFÉ: GESTÃO COM CONGESTÃO E INDIGESTÃO
Terça, 23 Março 2010 13:20 |



Estamos nos aproximando de mais uma colheita de café que deverá ser expressiva em volume, mas, depressiva economicamente aos cafeicultores. No entanto até o momento não vemos nenhuma sinalização com relação a um planejamento estratégico em prol dos cafeicultores. Todos os elos da cadeia estão na espera da colheita para provocarem mais uma sangria aos cafeicultores e uma verdadeira carnificina econômica como vem sendo a tônica dos últimos anos amparados pelo gestor público que é o Ministério da Agricultura através de seu secretário Sr. Manoel Vicente Bertoni.


Temos a previsão de safra 2010/2011, de 46 milhões de sacas, realizado pela CONAB, mas não temos os estoques das cooperativas e do comércio em geral. Portanto, não temos praticamente nada. Como podemos fazer um planejamento se nem sabemos da nossa disponibilidade? Quais são os reais estoques das cooperativas com relação à quantidade e qualidade? E do comércio em geral? Isso é uma tática dessa gestão da cafeicultura em manter os números e a real situação a sete chaves, pois quanto maior o desconhecimento dos cafeicultores facilita o conluio dos demais elos da cadeia. Isso amparado pelo Ministério da Agricultura através do Sr. Bertoni.


O Sr. Bertoni esteve (Des)representando a cafeicultura brasileira no simpósio internacional de café, na Guatemala, no mês de fevereiro passado e, teve a desfaçatez de afirmar que a cafeicultura brasileira praticamente não tem dificuldades e que tudo corre dentro da normalidade. Mas, ele esqueceu (?) de falar que o cafeicultor está sob uma servidão econômica vendendo seu café abaixo do custo de produção em benefício aos demais elos da cadeia e que o preço mínimo de R$ 261,69, estabelecido pelo Ministério da Agricultura, está abaixo do custo de produção com vendas predatórias e praticando dumping. Ele também omitiu que o Brasil vem conseguindo bater recordes de exportação com recordes de prejuízos aos cafeicultores. O Sr. Bertoni omitiu que, hoje, temos 50% de markte share (Participação de Mercado) na exportação mundial de arábica e que estamos vendendo praticamente por volta de 40% mais barato que nossos principais concorrentes mostrando a total falta de gestão pública e deixando vazar pelo ralo da incompetência, bilhões de reais que deveriam irrigar a economia do setor produtivo dando saúde econômica e deixaríamos as bengalas dos empréstimos do FUNCAFÉ e outros. A SINCAL pergunta - Qual a firma ou qualquer ramo de atividade comercial que detém 50% de participação de mercado vende seu produto com 40% de desconto? Parece brincadeira, mas na cafeicultura isso é verdadeiro. Portanto inacreditável, estupidez, ignorância e outros demais adjetivos de desqualificação que podemos pensar.


Com relação ao FUNCAFÉ, o Sr. Bertoni, omitiu que vem servindo para ancoragem de preço e estoques nas cooperativas e essas repassam para os exportadores ou exportam diretamente ou repassam para a ABIC e ABICS. Sendo assim, o FUNCAFÉ está á mercê do comércio de café em detrimento aos produtores, que são os possuidores legítimos do fundo, inclusive financiando as indústrias de torrefação, algumas multinacionais, tirando do produtor para financiar corporações multimilionárias na retórica do aumento do consumo interno. Pura balela da ABIC que empurra “goela abaixo” um café de péssima qualidade no pobre povo brasileiro que na composição média do nosso café torrado e moído temos por volta de 43% de robusta; 22% de PVA (Preto, Verde e Ardido) que deveria ser descartado como fonte de biodiesel ou orgânico para adubar as próprias lavouras de café; sobrando assim 35% para o arábica. Portanto, estamos bebendo um café que outros países, ajuizados, se indispõe em beber. No próprio PVA cabe uma análise mais criteriosa por parte dos órgãos fiscalizadores da saúde. Mas, isso é um outro tema.


Além do exposto inicialmente, com a proximidade da safra, não vemos nenhum movimento das nossas cooperativas para socorrer os cafeicultores, pois, sabemos que perante uma safra alta os preços tendem a cair mais ainda. Porque as cooperativas não brigam? Será que algumas estão apertadas precisando repor os estoques a preços baratos? Ou estão em conluio com os exportadores e ABIC/ABICS para continuar oferecendo cafés baratos visando markte-share (Participação de Mercado)? Será que algumas tem problema de caixa e precisam continuar pedalando? Não sabemos o real fato, mas a SINCAL está instruindo os cafeicultores a exigir o warrant e os recibos de depósitos dos cafés depositados, com isso as cooperativas não poderão vender e manipular o café da maneira que bem entender, pois, o desvio do café da forma original é crime, amparados por lei através do warrant e recibo de depósito. Ainda temos as opções de colocar os cafés em Armazéns Gerais e também pegar o warrant e recibo de depósito. Dentro dessa sistemática estaremos descentralizando das cooperativas que, hoje, deveriam nos tratar como mães, mas não passam de amargas madrastas. Como as cooperativas estão trabalhando a sete chaves nas informações, principalmente dos estoques, trazendo-nos dúvidas e aí, passaremos a criticar essas atuais sistemáticas. Queremos transparência e clareza nas ações das nossas cooperativas inclusive necessitamos que as mesmas passem a brigar realmente pelos cooperados. Além do que, os instrumentos como o PEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) instrumento muito importante aos cafeicultores, para a melhoria dos preços, foi detonado por algumas de nossas cooperativas inclusive com processos junto ao TCU (Tribunal de Conta da União) com alegação de deturpação do processo do PEPRO, inclusive não repassando a verba aos cooperados. Um absurdo. Perdemos um excelente instrumento para a correção dos preços por culpa proposital de algumas cooperativas. Esperamos que as opções de vendas não venham cair na mesma sistemática pois, até o momento as opções não estão fluindo convenientemente.


Com relação aos políticos, especialmente os deputados, não vemos nenhuma ação de luta em prol ao setor produtivo. O que estamos vendo é um verdadeiro anacronismo dos nossos deputados apoiando esse conluio através desse CDPC (Conselho Deliberativo de Política Cafeeira) a mais de uma década e sempre a mesma conversa eleitoreira e demagoga e, ainda fomos obrigados a conviver com verdadeiro desfiladeiro de notícias de acusações severíssimas contra alguns deputados numa demonstração de conluio com os demais elos da cadeia em detrimento aos cafeicultores. Esperamos uma reação rápida dos nossos deputados antes da entrada da safra para alcançarmos preços condizentes, mas, não poderemos suportar a inércia e na época das eleições nos assediarem no encalço dos votos dos cafeicultores.


Para a SINCAL “A legítima representante dos cafeicultores”, na cafeicultura não existe gestão, mas sim, congestão e indigestão.




SINCAL – O Cafeicultor é o Principal


Associação Nacional dos Sindicatos Rurais


das Regiões Produtoras de Café e Leite.

Comercialização da safra nova no Cerrado Mineiro está em 30%

Comercialização da safra nova no Cerrado Mineiro está em 30%


Agência Safras


25/03/2010

Lessandro Carvalho

O ritmo dos negócios é lento para o café no cerrado mineiro, às vésperas da colheita da safra nova. Mas a estimativa é que cerca de 30% da safra 2010 da região já tenha sido negociada antecipadamente, via troca-troca por insumos, CPRs (Cédula de Produto Rural) e outras negociações para entrega futura. É o que indica o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sérgio de Assis.

Quanto à safra 2009 remanescente, Francisco de Assis acredita que ainda resta de 5% a 10% da produção a negociar. Ele falou à Agência SAFRAS durante a Fenicafé 2010, que se realiza de 24 a 26 de março em Araguari, no cerrado mineiro.

Francisco de Assis acredita que as cotações no mercado brasileiro vão cair na entrada da safra, como tradicionalmente ocorre. Entretanto, o anúncio de R$ 2,1 bilhão para financiamentos da colheita, estocagem e custeio deverão dar fôlego para o produtor se capitalizar e assim o escoamento da oferta da safra nova não deve trazer tanta pressão sobre as cotações. \"Os preços vão ceder, mas vão ceder menos com as medidas de financiamento\", afirmou.

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Boletim semanal Carvalhaes

Boletim semanal Carvalhaes - Esta semana o mercado físico mostrou-se mais ativo para os cafés de boa qualidade





Boletim semanal - ano 77 - n° 12

Santos, sexta-feira, 26 de março de 2010

Escritório Carvalhaes

Esta semana o mercado físico mostrou-se mais ativo para os cafés de boa qualidade e médios, bastante procurados pelos compradores. Os claros e os de bebida mais fraca continuaram com fortes deságios.

A ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café, divulgou, esta semana, a pesquisa “Tendência do Consumo de Café – 2009”. Realizada anualmente desde 2003, a pesquisa indica que o consumo brasileiro de café em 2009 foi de 18,4 milhões de sacas de 60 kgs. Para 2010, a ABIC projeta um crescimento de 5% ou 1 milhão de sacas. Segundo o trabalho, 97% dos entrevistados, homens e mulheres com mais de 15 anos de idade, declararam que haviam consumido café no dia da pesquisa e também no anterior, mesmo porcentual de 2008. O consumo cresce em todas as classes sociais, com destaque na classe C (4 a 10 salários mínimos). No período entre 2003 e 2009, a participação da classe C passou de 37 para 42%, crescendo também no consumo fora de casa, onde avançou de 14 para 48%.

Apesar dos bons números de nosso consumo interno, a ABIC alertou para o empobrecimento do setor, onde os preços subiram em média 35% em 15 anos, para um aumento, no período, da cesta básica de aproximadamente 300%. Segundo Nathan Herszkowicz, diretor executivo da ABIC, este quadro cria um ambiente favorável para uma aceleração no processo de fusões e aquisições no setor.

Foi divulgado esta semana na 15ª Fenicafé – Feira de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, que a irrigação na cafeicultura brasileira passou de 10 mil para 240 mil hectares em 12 anos. Ela representa 9% do parque cafeeiro e responde por 25% da produção nacional.

O MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou que o governo vai liberar em 2010, através do FUNCAFÉ – Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, R$ 2,1 bilhões para apoiar a cafeicultura. Segundo Lucas Tadeu Ferreira, diretor do Departamento de Café do MAPA, os recursos devem começar a ser liberados em abril.

A queda na produção da Colômbia, América Central, Vietnã e alguns países da África, não se deve apenas a fatores climáticos. O atual patamar de preços não estimula o investimento e impede a renovação de boa parte do parque cafeeiro desses produtores. O consumo mundial cresce a cada ano e não se enxerga de onde vai sair a produção para atender este aumento de demanda, que deve chegar a 20 milhões de sacas em 10 anos.

Até o dia 25, os embarques de março estavam em 1.547.125 sacas de café arábica, 17.003 sacas de café conillon, somando 1.564.128 sacas de café verde, e 177.014 sacas de solúvel, contra 2.104.611 sacas no mesmo dia do mês anterior. Até o dia 25, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 2.256.467 sacas, contra 2.467.156 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 19, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 26, subiu nos contratos para entrega em maio próximo, 335 pontos ou US$4,44 (R$8,13) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 19, a R$315,49 e hoje, dia 26, a R$328,68/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 115 pontos.

Stephanes apoia reivindicação do setor de café sobre drawback

Stephanes apoia reivindicação do setor de café sobre drawback





Agência Estado

São Paulo, 26 - O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse hoje que os baixos custos de mão de obra no Vietnã podem desestimular o investimento da indústria de café solúvel no Brasil, se nada for feito. Em reunião ontem, em Brasília, os representantes do setor voltaram a pedir ao governo a inclusão do produto na política de drawback, limitado a 20% do volume de café solúvel exportado por ano, o equivalente a 600 mil sacas.

\"Ou encontramos solução, ou a indústria de café solúvel vai ter que deixar o País em busca de custos menores de produção\", disse Stephanes em entrevista a jornalistas, após receber o título de sócio honorário da Sociedade Rural Brasileira (SRB), pelo trabalho desenvolvido à frente do ministério.

Ministério da Fazenda

Em referência às dificuldades para liberação, pelo Ministério da Fazenda, de recursos para apoio à comercialização de produtos agrícolas, Stephanes defendeu mais agilidade no processo de decisão. \"Existem opiniões divergentes. Está havendo uma demora porque muitos órgãos participam do debate\", disse. \"A agricultura tem ciclos - plantio, colheita e comercialização - e não pode esperar a burocracia pública\", acrescentou.

Por fim, o ministro defendeu a manutenção de preços mínimos para o milho, em função da enorme variedade de produtos derivados e do peso na alimentação de aves, suínos e gado confinado. \"Só há milho em estoque para 60 dias. Tem que haver a previsibilidade de que o agricultor continue plantando, no mínimo, a área atual.\"