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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Boletim diario do cafe Hencorp

Boletim diario do cafe Hencorp

O fechamento do café arábica BMF para o vencimento Set/11 foi a US$ 345,00 com 2,40 de alta, totalizando um volume de 1.885 contratos. Saiu spread Set/Dez de -2,00 a -0,50. Observamos arbitragem de Set/Set de -10,50 a –9,00; Set/Dez -13,50 a -11,00. O mercado de Café na BMF operou o dia em alta, mas trabalhando nos níveis de oscilação dos últimos dias. A melhora no cenário financeiro internacional acabou sustentandoos preços, mas não sendo suficientes para impulsionar o mercado a procurar outros níveis. Mesmo com a alta maior no mercado de NY, aqui na BMF acabou não acompanhando devido ao baixo nível no diferencial que estamos tendo entre NY e BMF, deixando os exportadores fora do mercado.
O Mercado físico de café trabalhou tendo uma melhora nas ofertas, e mantendo maior procura por cafés novos. Para cafés Safra 10/11 de R$ 520,00 a R$ 530,00, com 10% a 15% de catação, e para cafés com 15% a 20% de catação R$ 510,00 a 520,00. Cafés safra 11/12 tendo ofertas de R$ 475,00 a R$ 485,00 para café com 15% de catação, e ofertas de R$ 465,00 a R$ 475,00 para cafés com 20% de catação.
O mercado de café para o vencimento Julho/11 encerrou cotado a 266,80, com 295 pontos de alta, e range entre 264,40 e 268,70.Dando continuidade as duas últimas sessões, a cotação do café nesta quinta-feira trabalhou predominantemente em tendência de alta. Fazendo sua mínima do dia ao mesmo nível do fechamento anterior, a 264,40, compras em escala deram fôlego para o grão objetivar sem muita dificuldade sua primeira máxima do dia a 266,00. Após a abertura das opções, ativações de stops de compras aliado a compras de specs e fundos, alimentaram o mercado para quebrar tal máxima, onde então buscou seu strike de 267,50, e posteriormente, num novo movimento vazio, marcou a máxima do dia a 268,70. Comum incremento na escala de vendas, a commodity iniciou um moderado movimento de depreciação, voltando timidamente a trabalhar pertode seu então suporte de 267,50, mostrando forte consolidação. Sem movimentos mais bruscos, o café fechou o dia cotado a 266,80. O volume da rolagem Jul/Set nesta sessão representou 30% do volume total, oscilando num range de -3,15 a -2,50, fechando o dia cotado a -3,10. Vale lembrar que nesta próxima sexta-feira vencerá as opções de julho, podendo deixar como de costume o mercado um tanto mais volátil. As médias móveis de 40, 100 e 200 dias estão compreendidas em 278,50 / 270,00 e 236,20 respectivamente. De acordo com a Cecafé, os embarques de junho (entre os dias01e 08) somam 345.178 sacas, uma variação negativa de 30,1% em relação ao mesmo período do mês anterior. O café Londres Julho/11 encerrou cotado a 2461, com 17 pontos de alta, num range de 2423 e 2470.

MILHO: USDA INDICA SAFRA MUNDIAL 2011/12 DE 866,18 MILHÕES DE TONELADAS

MILHO: USDA INDICA SAFRA MUNDIAL 2011/12 DE 866,18 MILHÕES DE TONELADAS
O relatório de junho de oferta e demanda do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou uma produção mundial de milho de
866,18 milhões de toneladas na safra 2011/12, aquém das 867,73 milhões de
toneladas indicadas no mês passado. São estimados estoques de passagem de
111,89 milhões de toneladas, abaixo dos 129,14 milhões de toneladas previstos
em maio. As exportações foram elevadas de 92,50 milhões de toneladas para
93,20 milhões de toneladas.
O Departamento reduziu a produção dos Estados Unidos de 343,04 milhões
de toneladas para 335,30 milhões de toneladas. As exportações foram mantidas
em 45,72 milhões de toneladas e os estoques de passagem foram diminuídos de
22,85 milhões de toneladas para 17,65 milhões de toneladas.
A China deverá colher 178 milhões de toneladas, 6 milhões de toneladas a
mais que o volume indicado em maio, exportando 200 mil toneladas. Os estoques
de passagem devem ficar em 51,01 milhões de toneladas, aquém das 63,01
milhões de toneladas previstas no mês passado.
A safra da Argentina não teve mudanças, sendo estimada em 26,00 milhões
de toneladas, com exportações de 18 milhões de toneladas. Os estoques de
passagem foram previstos em 1,51 milhão de toneladas.
A estimativa de produção da África do Sul foi mantida em 12,5 milhões
de toneladas e a exportação em 2 milhões de toneladas. Os estoques de
passagem subiram um pouco, de 4,28 milhões de toneladas para 4,32 milhões de
toneladas.
O Brasil teve a safra estimada em 55 milhões de toneladas e a exportação
em 8 milhões de toneladas, com estoques de passagem de 6,19 milhões de
toneladas, mesmo volume projetado no mês passado.
A safra de milho da União Europeia também não teve mudanças ante maio,
indicada em 59,29 milhões de toneladas, com exportações de 1 milhão de
toneladas e estoques de passagem de 4 milhões de toneladas.
Safra 2010/11
Para a safra mundial 2010/11, o USDA elevou a estimativa de safra mundial
de 815,35 milhões de toneladas para 820,62 milhões de toneladas. Os estoques
de passagem foram reduzidos de 122,19 milhões de toneladas para 117,44 milhões
de toneladas. Já as exportações foram mantidas em 90,64 milhões de
toneladas.
O Departamento manteve a estimativa de produção dos Estados Unidos em
316,17 milhões de toneladas. As exportações foram estimadas em 48,26 milhões
de toneladas e os estoques de passagem em 18,53 milhões de toneladas, mesmos
volumes indicados em maio.
A China deverá colher 173 milhões de toneladas, cinco milhões de
toneladas a mais que o volume indicado no relatório passado. A exportação
teve sua estimativa mantida em 100 mil toneladas e os estoques de passagem foram
reduzidos de 58,71 milhões de toneladas para 53,71 milhões de toneladas.
A safra da Argentina foi estimada em 22 milhões de toneladas, mesmo volume
do relatório passado. As exportações foram estimadas novamente em 14,5
milhões de toneladas. Os estoques de passagem seguiram previstos em 1 milhão
de toneladas.
A estimativa de produção da África do Sul seguiu em 12 milhões de
toneladas em 2010/11 e a exportação em 2,00 milhões de toneladas. Os estoques
de passagem foram elevados de 4,56 milhões de toneladas para 4,59 milhões de
toneladas.
O Brasil teve a safra estimada em 55 milhões de toneladas. A exportação
foi prevista em 8,5 milhões de toneladas, mesmo volume indicado em maio. Os
estoques de passagem foram mantidos em 8,69 milhões de toneladas.
A safra de milho da União Europeia foi indicada em 55,47 milhões de
toneladas, sem alterações ante maio. As exportações foram mantidas em 1
milhão de toneladas e os estoques de passagem em 4,91 milhões de toneladas.

Cooperativas do Paraná promovem retorno da cultura do café, com mecanização total

Cooperativas do Paraná promovem retorno da cultura do café, com mecanização total

O café foi o motor da colonização do norte do Paraná e motivou a criação da maior parte das cooperativas agrícolas da região. Mas a partir dos anos 60, a pecuária, a soja, o milho e a cana-de-açúcar tomaram o lugar de destaque dos cafezais, abandonados após sequência de geadas e queda na produtividade. A atividade pioneira estava nos nomes da Cooperativa de Cafeicultores de Maringá (Cocamar) e da Cooperativa de Cafeicultores de Mandaguari (Cocari). Mais de quatro décadas depois de criadas, o desafio desses grupos é promover o renascimento do café.

Rebatizadas de Cocamar Cooperativa Agroindustrial de Maringá e Cocari Cooperativa Agroindustrial e Industrial, ambas investem em projetos de fomento à cafeicultura. O preço favorece: entre 2010 e 2011, o preço da saca com 60 kg praticamente dobrou, passando de R$ 260 para R$ 500. Na Cocari, são 2 mil produtores dedicados à cultura. O grande desafio é fazer com que troquem o manejo manual pelo mecanizado, já que a escassez de mão de obra provou ser um obstáculo permanente para o avanço dos cafezais. A Cocari foi precursora da mecanização, trazendo uma máquina colheitadeira há 3 anos e estimulando seu uso entre os cooperados. Na cultura que é bienal, o próximo ano, de safra alta, deverá se de crescimento na mecanização. "Todos os especialistas estão aconselhando a adequação às máquinas e não precisa ser equipamento grande", diz o engenheiro agrônomo Roberval Simões Rodrigues, do departamento de café da cooperativa Cocari. Colheitadeiras manuais, chamadas de derriçadeiras, custam menos de R$ 1 mil. Já grandes colheitadeiras de café têm valor entre R$ 300 mil e R$ 400 mil.

A soja, o milho e o trigo representam uma fatia maior que a do café na estrutura de receita da Cocari, mas os recentes ganhos de produtividade obtidos pela mecanização podem virar esse jogo. De 5 a 10 anos, Rodrigues projeta que 50% dos cooperados que atuam na cafeicultura vai aderir à mecanização, abandonando o processo totalmente manual. Além das colheitadeiras e derriçadeiras, a mecanização envolve o plantio mecânico, pulverização, irrigação e secagem com o uso de equipamentos próprios. Para que isso seja possível, a cooperativa orienta os produtores a adaptar suas lavouras, aumentando o espaçamento entre as plantas, para que o equipamento possa entrar e trabalhar. "O problema é que na nossa região o café foi plantado em terras caídas. Com a cultura do adensamento, as plantas foram plantadas próximas uma das outras", explica Rodrigues.

A Cocamar possui atualmente 5 mil hectares com cafezais no noroeste. A cooperativa foi fundada por 46 produtores de café, em 1963, mas a cultura perdeu espaço nas décadas seguintes. De acordo com o jornalista e pesquisador Rogério Recco, os produtores estavam endividados devido as grandes safras que deprimiam os preços e também a ação dos intermediários que aviltavam ainda mais as cotações. "O surgimento da cooperativa, portanto, por meio do Banco do Brasil, foi uma maneira de organizar a produção e, ao mesmo tempo, abrir perspectiva de os produtores conseguirem beneficiar e padronizar o café, além de fazer a venda ao mercado sem passar pelos atravessadores", explica Recco. O avanço das culturas mecanizadas e outros fatores levaram ao declínio do café, que teve seu golpe de misericórdia com a geada de 1975.

Nos anos 80, o que restou da cafeicultura foi sumindo rapidamente da região de Maringá. A Cocamar começou a resgatar a cultura do café em 1992, quando introduziu na região o sistema adensado e superadensado, pouco praticada no Brasil na época. A técnica envolve a redução do espaçamento entre os pés de café, ampliando a quantidade de plantas por hectare, com o objetivo de aumentar a produtividade em até três vezes. A década de 90 não teve preços favoráveis e a produtividade foi baixa. Os preços altos em 2011 mudaram a tendência. Neste mês, a cooperativa trouxe uma máquina de colher café, fruto de um acordo com empresa prestadora de serviços de Araguari (MG). A máquina reduz o custo da mão de obra em 40% e em uma semana faz o trabalho que demoraria 3 meses.

JM Smucker Co preve fortes aumento vendas de café para este ano

JM Smucker Co preve fortes aumento vendas de café para este ano

JM Smucker Co, fabricante do café marca Folgers e da manteiga de amendoim Jif, preve fortes aumento vendas para este ano, como o amor americano pelo café está resistindo a vários aumentos de preços provocada pela rápida subida dos custos do café verde. Smucker, que licencia a marca Dunkin 'Donuts e também vende café Millstone, elevou os preços do seu café embalado por mais de um terço desde maio do ano passado. Nos últimos dois trimestres, a fabricante de alimentos diversificados, que decorre quase metade das suas vendas de café, também aumentou os preços da sua geléia, farinhas e produtos de óleos. Orrville, Smucker Ohio, espera que preços mais elevados e sua recente aquisição da empresa de café expresso Rowland Coffee Roasters resulta em um aumento de vendas de 20 por cento em 2012 fiscal, isto implica vendas em 2012 de cerca de US $ 5,8 bilhões, bem acima da estimativa dos analistas de US $ 5,16 bilhões. No entanto, Smucker, que tem um valor de mercado de mais de US $ 9 bilhões, a previsão de um aumento de 25 por cento em 2012, o custo dos produtos. Como resultado, apesar da previsão de fortes vendas, a empresa espera um lucro fiscal de 2012 em grande parte dentro das estimativas dos analistas.

COLHEITA ATINGE 25% NA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS

COLHEITA ATINGE 25% NA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS
Os trabalhos de colheita avançam na região de atuação da
Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Caratinga (Coopercafé), na Zona da
Mata de Minas Gerais. No total, estima-se que 25% da safra 2011 já foi colhida.
Segundo o gerente de comercialização da cooperativa, Paulo Tavares, o
café tem mostrado bom rendimento e a qualidade é boa até o momento. Apesar de
um ano de baixa na produção, dentro do ciclo de bienalidade da cultura no
país, a expectativa é de safra praticamente 100% superior a do ano passado,
que foi decepcionante na região. Para Tavares, a safra será de melhor
produção e melhor qualidade, para somar aos bons preços. A estimativa é de
colheita de 700 mil sacas para a região.
No mercado físico, os negócios ainda estão muito lentos. "A maioria dos
produtores que estão descapitalizados precisam vender alguma coisa para fazer
frente às despesas de colheita. Mas, as vendas são muito tímidas ainda",
concluiu Tavares.

Market International coffee Today

Market International coffee Today

Colombians, UGQ, were offered FOB, for July/Aug. shipment from 18¢ to 21¢ over Sept. “C,” and offered FOB, for July through Nov. equal shipment from 24¢ to 26¢ over the relevant months “C.”
Colombian supremos, screen 17/18, were offered FOB, for July through Nov. equal shipment from 30¢ over the relevant months “C.”
Semi washed Brazils, 2/3s, 15/16 were offered FOB for July through Dec. equal shipment from equal to the relevant months “C.”
Santos 2s, screen 17/18, fine cup, were offered FOB for July through Dec. equal shipment from 11¢ under the relevant months “C.”
Santos 2/3s, medium to good bean, fine cup, were offered FOB for July through Dec. equal shipment from 15¢ under the relevant months “C.”
Santos 3/4s were offered FOB for July through Dec. equal shipment from 26¢ to 23¢ under the relevant months “C.”
Brazil conillon robustas, 5/6s, screen 13, were offered FOB for July shipment from 3¢ to 5¢ over Sept. London. Prime Mexicans were offered FOB Laredo for June/July crossing from 8¢ over Sept. “C.”
Prime Mexicans, were offered FOB Veracruz for July/Aug. shipment from 6¢ over Sept. “C.” High grown Mexicans, European preparation, were offered FOB Veracruz for July/Aug. shipment from 10¢ over Sept. “C.” Prime Guatemalas were offered FOB, per 46 kilos, July/Aug. shipment from $8 over Sept. “C.”
Hard bean Guatemalas, European preparation, were offered FOB for July/Aug./Sept. equal shipment from $9 to $11 over, per 46 kilos, the relevant months “C,” and strictly hard beans, European preparation, were offered FOB, per 46 kilos, for July/Aug./Sept. equal shipment from $15 to $18 over the relevant months “C.”
Hard bean Costa Ricas, European preparation, were offered FOB for July/Aug. shipment from $21 to $22 over, per 46 kilos, Sept. “C,” and strictly hard beans, European preparation, were offered FOB, per 46 kilos, for July/Aug. shipment from $30 over Sept. “C.”
Central standard Salvadors were offered FOB per 46 kilos, for July/Aug. shipment from $7 over Sept. “C.” High grown Salvadors, European preparation, were offered FOB for July/Aug./Sept. equal shipment from $10 to $11 over per 46 kilos, the relevant months “C.”
Strictly high grown Salvadors, European preparation, were offered FOB for July/Aug./Sept. equal shipment from $14 to $15 over, per 46 kilos, the relevant months “C.”
Strictly high grown Nicaraguas, European preparation, for July/Aug. shipment were offered FOB from $15 over Sept. “C.”
High grown Hondurans, European preparation, were offered FOB, per 46 kilos, for July/Aug./Sept. equal shipment from $2 over the relevant months “C.”
Strictly high grown Hondurans, European preparation, were offered FOB, per 46 kilos, for July/Aug./Sept. equal shipment from $7 over the relevant months “C.”
Uganda robustas, screen 15, were offered exdock for June/July shipment from 15¢ over Sept. London. Vietnam robustas, grade 1, were offered exdock for June/July shipment from 10¢ over Sept. London.
Vietnam robustas, grade 2, were offered exdock for June/July shipment from 8¢ over Sept. London. Indonesian robustas, grade 4, 80 defects, were offered exdock for June/July shipment from 10¢ over Sept. London.

Commodities Agrícolas

Commodities Agrícolas

Teto em oito semanas.
Os contratos futuros do açúcar atingiram ontem seu maior
valor em oito semanas, mais uma vez impulsionados pela expectativa de escassez
do produto no Brasil, maior produtor do mundo. A agência Bloomberg informou
que, segundo a Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, a produção no
Centro-Sul do país deverá totalizar 33 milhões de toneladas na safra atual, um
volume abaixo das expectativas. A Unica, entidade que representa as usinas,
trabalha com 34,6 milhões. "A produção no Brasil é a grande notícia do
momento", disse Jimmy Tintle, analista da Transworld Futures. No mercado
doméstico, o indicador Cepea/Esalq para a saca de 50 quilos do açúcar cristal
subiu 0,35% e alcançou R$ 53,90. No mês, há queda de 1,62%.

Produção americana.
As especulações de que o governo americano vai elevar a sua
projeção para a produção de laranja nos Estados Unidos fizeram a cotação da
commodity recuar pelo segundo dia consecutivo ontem na bolsa de Nova York. Os
contratos com entrega em setembro encerraram o dia a US$ 1,7795 por libra-peso,
recuo diário de 220 pontos. A expectativa é que a Flórida colha nesta safra 140
milhões de caixas de laranja. Se confirmado, seria um incremento de 4,7% em
relação ao ano anterior. O Estado americano é o segundo maior polo produtor de
laranjas do mundo, depois de São Paulo. Já no mercado doméstico, o indicador
Cepea/Esalq para a caixa com 40,8 quilos da laranja pêra in natura, para mesa,
ficou em R$ 12,60, com variação negativa de 2,02%.

No embalo do milho.
Puxados pelo movimento do milho, os futuros de soja também
subiram ontem na bolsa de Chicago. Os papéis com vencimento em agosto
encerraram o pregão com alta de 6,25 centavos de dólar com o bushel valendo US$
13,9425. Analistas ouvidos pela agência Dow Jones Newswires explicaram que a
expectativa de demanda maior para etanol nos EUA deram suporte ao milho. Os
produtores, dizem os especialistas, não param de comprar o grão a preços altos
para fazer o biocombustível. A produção de etanol subiu para 915 mil barris por
dia na semana passada, alta de 0,7% na comparação com a semana anterior e 9%
maior do que o realizado um ano antes. No mercado interno, a saca de 60 quilos
da oleaginosa fechou em alta de 0,76% em Primavera do Leste (MT), cotada a R$
39,80, segundo o Imea/Famato.

Demanda forte?.
Os contratos futuros do milho encerraram o pregão de ontem com
a maior alta em três semanas na bolsa de Chicago. A guinada se deu em virtude
das perspectivas de forte demanda par
a a produção americana de etanol, a serem confirmadas em relatório divulgado na
manhã de hoje pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Os papéis para
setembro encerraram o dia a US$ 7,36 por bushel, com alta diária de 19,00
centavos de dólar. "A produção de etanol cresceu e os estoques caíram. Isso é
sinal de demanda", disse Jerrod Kitt, analista de mercado da Linn Group, em
entrevista à Bloomberg. No mercado doméstico, o indicador Esalq/BM&FBovespa
para a saca de 60 quilos do milho ficou em R$ 31,02, com alta de 0,49%. No mês,
o milho já acumula valorização de 4,09%.

Cotações da commodity caem em NY
A continuidade de um movimento de rolagem de posições resultou no quarto dia
seguido de queda dos contratos futuros de algodão com vencimentos mais próximos
ontem na bolsa de Nova York. Os papéis para entrega em julho registraram queda
de 2,4% e fecharam a US$ 1,4505 por libra-peso, ao passo que dezembro, novo
alvo das apostas dos investidores, subiu 0,2% e encerrou a sessão cotado a US$
1,3015.
Analistas destacaram que o mercado estava à espera da divulgação, na manhã de
hoje, do novo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA) com dados sobre oferta e demanda da commodity no país e no mundo. A
expectativa é que o órgão reduza a previsão para a produção americana por conta
de problemas climáticos.


Algodão puxa safra recorde de grãos no país
A cada mês que passa, as novas estimativas indicam que o país terá uma safra de grãos como poucas até agora. Para um crescimento de apenas 3,8% na área plantada, o volume produzido deverá subir 8,2%. Previsões de ontem da Conab indicam que o país obterá cerca de 161,5 milhões de toneladas.
Os dados do IBGE, também de ontem, apontam para um cenário semelhante, com a produção estimada em 161,2 milhões de toneladas em 2010/11. A anterior havia ficado em 149,3 milhões.
A boa evolução da safra começou com o avanço das principais culturas do país. Soja, milho e arroz, que representam 90% do total produzido, tiveram alta de 3,1% na área conjunta, mas aumento de 6,7% no volume.
O grande destaque do ano foi o algodão. Bons preços nos mercados externo e interno, os maiores em 140 anos, puxaram a área de plantio, que cresceu 66% neste ano em relação ao anterior. O resultado foi uma safra 74% maior.
A Conab prevê produções de 2,1 milhões de toneladas de algodão em pluma e de 3,2 milhões de algodão em caroço. O IBGE tem dados semelhantes aos da Conab.
Entre as três principais culturas do país, o arroz foi o que obteve a maior evolução da produção: mais 18% no ano. Soja veio a seguir, com alta de 9,2%, enquanto a colheita de milho deverá avançar apenas 1,3% em volume.
Os dados da Conab indicam que o país obteve produção recorde de 75 milhões de toneladas de soja. Já a de milho sobe de 56 milhões para apenas 56,7 milhões.
O fraco desempenho do milho foi porque os produtores apostaram mais na safrinha, reduzindo a área de plantio no verão.
A safra de trigo deverá atingir 5,4 milhões de toneladas, segundo o IBGE, volume que registra recuo de 11% em relação à produção de 2010.

O que conta
A produção de grãos do Brasil começa a se consolidar em regiões que antes eram apenas promessa. A produtividade da safra 2010/11 do Nordeste supera em 21% a de 2009/10. A do Norte cresce 8%.

Estável
O Centro-Oeste, que já obteve boa evolução nos últimos anos, mantém alta de 0,9%. A produtividade cresce 6,1% no Sul, mas cai 0,4% no Sudeste. Os dados são da Conab.

Combustíveis
A Raízen, empresa resultante da união Cosan-Shell, investiu R$ 20 milhões em um terminal de distribuição de combustíveis em Alto Taquari (MT). Localizado na fronteira de MT, GO e MS, o terminal pode armazenar 11 milhões de litros.

Escoamento
O terminal, que será inaugurado hoje, pode movimentar 1 milhão de litros por dia e terá integração rodoviária e ferroviária para facilitar a logística de escoamento de combustíveis e biocombustíveis para o Centro-Oeste.

Feijão
A área com feijão cresce 7,1% na safra 2010/11, e a produção sobe para 3,8 milhões de toneladas, 14% mais do que no ano passado. Os dados se referem às três safras acompanhadas pela Conab.

Recuperação
A soja voltou a superar US$ 14 por bushel ontem na Bolsa de Chicago, com alta de 0,54%. O milho, que liderou as altas na Bolsa, subiu 3,7%.




Brasil faz sua 1 ª colheita de algodão `verde`

O Brasil se prepara para colher a primeira safra de algodão seguindo os padrões
do "better cotton", que visam colocar no mercado fibras produzidas de acordo
com critérios de sustentabilidade. O projeto-piloto iniciado em quatro Estados
do país deverá gerar 42 mil toneladas - volume ínfimo diante da expectativa de
2 milhões de toneladas da fibra este ano. Mas é um começo.
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa),
responsável pela implementação do projeto no país, neste primeiro momento 10
grandes propriedades aderiram ao projeto - quatro em Mato Grosso, quatro em
Goiás e duas na Bahia - além de 37 produtores familiares em Minas Gerais,
totalizando 27 mil hectares.
"Começamos com poucos produtores, mas eles serão o fermento para outros
aderirem", explica Andréa Aragón, coordenadora de sustentabilidade da Abrapa.
Apesar de essas propriedades já terem passado pelo crivo de uma terceira parte
independente e, portanto, estarem aptas para colocar no mercado esse novo
algodão, a comercialização do BC só deverá ocorrer em 2011/12. Isso porque a
maioria da safra de algodão atual já está vendida.
Conhecido internacionalmente pela sigla BCI, de Better Cotton Initiative, a
ideia desse algodão foi concebida em 2006 pela organização não governamental de
mesmo nome que reúne entre seus membros produtores, indústria, traders e outras
ONGs. Atualmente ele é adotado no Brasil, Paquistão, Mali e India, com planos
de expansão para a China a partir do ano que vem - estratégia compreensível já
que o país é o maior produtor e consumidor mundial de algodão.
O BCI determina, por exemplo, a utilização de menos água e pesticidas no
plantio e implementa uma colheita rotativa que melhora a qualidade do solo.
Além disso, preza relações justas de trabalho e a preservação da natureza.
Parece pouco, mas em muitos países em desenvolvimento - onde está uma parte
considerável da produção global de algodão - essas recomendações passam longe
da realidade.
"Para o Brasil, atender as exigências foi fácil porque a legislação já nos
obriga a fazer tudo isso", diz Andréa, alegando que o país tem vantagem
competitiva em relação aos concorrentes.
Em 2010/11, a iniciativa global abrangeu 85 mil produtores da India, 50 mil do
Paquistão, 16 mil em Mali. A ideia é dobrar esse número para 2011/12. No
Brasil, foram apenas 10, mas tratam-se de grandes áreas. Por isso, o país é
considerado crucial para o sucesso do BCI. "Os outros países não conseguem
volume para atender a demanda", afirma Andréa.
"O Brasil certamente puxará esse movimento", diz o trader de algodão Marco
Antônio Aluísio, da Interagrícola, do grupo Ecom. Ele diz já ter recebido
telefonemas de Bangladesh e da China para encomendas, mas não pode atendê-las
já que a fibra que começa a ser colhida no Brasil está praticamente toda
contratada.
Segundo ele, a demanda tem aumentado porque os varejistas começam a exigir a
inclusão da matéria-prima na composição de seus produtos. A Adidas, por
exemplo, anunciou que até 2015 deverá usar algodão BC em 40% de sua produção.
Até 2018, a expectativa é que esse material seja usado em 100% dos produtos da
marca. Nike, Levi's e Ikea anunciaram medidas semelhantes.
Para a WWF Paquistão, parceira do projeto no país, a dificuldade de plantio do
algodão orgânico deve incentivar a migração das encomendas das empresas para o
BC. O orgânico não permite a aplicação de defensivos, e por isso é mais
suscetível a pragas.
Daniel Franciosi, produtor de algodão em Luis Eduardo Magalhães, no oeste da
Bahia, diz já ter sido sondado a respeito do BC. "Já teve algumas traders
interessadas em comprar da gente, mas eles ainda não querem pagar mais", conta.
Com 3,7 mil hectares plantados nesta safra - área de que deve repetir em
2011/12 - e uma média de 300 arrobas por hectare, ele espera receber um
diferencial pelo produto.
A questão também pode determinar o ritmo de adesão dos produtores.
Oficialmente, o programa BCI não defende o prêmio. O raciocínio é que a
sustentabilidade no campo será uma condição básica no comércio, e todos deverão
se adequar cedo ou tarde. "Daremos a garantia de compra", defende Aluísio, da
Interagrícola, sem mencionar que o mercado de algodão está altamente aquecido -
e, portanto, garantia de compra não é mais um benefício.
Nas fazendas, a situação é outra. Neste ano, as associações de produtores de
algodão estaduais se responsabilizaram pelos custos de verificação das
propriedades rurais, que chega a R$ 3 mil. Na próxima safra, os produtores
terão de pagar do próprio bolso.



Linha do BB em testes libera R$ 875 milhões

Em seus planos para ganhar espaço em todos os segmentos econômicos da cadeia do
agronegócio, o Banco do Brasil anunciou a criação de uma linha de crédito tanto
para agroindústrias fornecedoras quanto para compradoras de produtores rurais.
Em fase de teste nos últimos 60 dias, a linha "Flex Agro" já emprestou R$ 875
milhões para micro e pequenas empresas com negócios ligados ao setor rural até
agora. "Essa linha é uma forma de trazer ajuda indireta aos produtores e
fortalecer nossas operações na agroindústria. Detectamos uma demanda reprimida
muito forte", afirma o vice-presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas
Empresas do Banco do Brasil, Osmar Dias.
Nos próximos dias, o banco projete superar R$ 1 bilhão em empréstimos nessa
modalidade. O atrativo principal da linha, além da forte disposição do banco em
alavancar esses créditos, está na taxa de juros próxima a 1% ao mês - no
mercado, essas taxas superam 2,5%. Isso é possível porque a fonte de recursos
da linha está dividida entre a poupança rural (com juros subsidiados) e os
recursos próprios do BB, emprestados a taxas livres.
A "Flex Agro" segue, segundo Osmar Dias, uma "política de Estado" de amparo a
empresas com até R$ 1 milhão de faturamento anual. Mesmo em pouco tempo de
operação, esses empréstimos já respondem por 2% da carteira total de crédito do
Banco do Brasil. Diante da boa repercussão, o vice-presidente do BB anuncia a
estratégia da instituição para esse novo nicho. "Vamos entrar com força para
elevar nossa participação nas micro e pequenas empresas e ser o principal
agente financeiro desse segmento", afirma Dias.
A agressividade do BB nessas operações justifica-se, afirma o executivo, pela
força das micro e pequenas empresas na economia, cujo peso nas variadas
atividades ligadas ao agronegócio também são relevantes. Ex-senador e duas
vezes secretário de Agricultura do Paraná, Osmar Dias defende que a decisão do
BB está lastreada na importância dessas agroindústrias.
"Queremos alavancar qualidade e quantidade da participação das micro e pequenas
na economia", diz. No total, as MPEs respondem, segundo ele, por mais de 80%
dos empregos no país, mas detêm apenas 21% do PIB nacional. "É um mercado ainda
reprimido", resume o diretor de Micro e Pequenas Empresas, Clênio Severio
Teribele.
A estratégia do BB no segmento é complementada por uma nova linha dedicada a
empresas fornecedoras de licitações públicas. A recém-criada linha "Flex
Fornecedor", ainda em fase experimental no banco, busca agregar à carteira de
clientes as micro e pequenas empresas ganhadoras de licitações com União,
Estados e municípios. Sem limites orçamentários, crédito mínimo de R$ 10 mil
por operação e prazo de pagamento atrelado ao contrato de fornecimento, a linha
pode atender, em tese, aos 16 Estados cujas folhas de pagamento são
administradas pelo BB.
"A linha otimiza os resultados porque o banco alcança esse público", afirma
Osmar Dias. Lançada na terça-feira, a "Flex Fornecedor" operava em testes em
São Paulo e Minas Gerais. "Está girando rápido, é impressionante. Em Tocantins,
por exemplo, já tivemos demanda logo no primeiro dia".




Brasil torna-se o 10º exportador de trigo

Além de segundo maior importador mundial de trigo, o Brasil passou também a
figurar na lista dos dez maiores exportadores do cereal, segundo levantamento
da Safras & Mercado. Os subsídios concedidos pelo governo brasileiro para a
comercialização do cereal e a saída da Rússia do mercado exportador em 2010
deram condição aos produtores brasileiros de acessarem o mercado externo. O
principal destino foi a África, com 69,5% do total dos embarques.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Safras
& Mercado, entre agosto de 2010 (início da safra brasileira do cereal) e maio
deste ano, o Brasil embarcou 2,4 milhões de toneladas de trigo ao exterior, um
volume recorde. Desse total, 1,17 milhão de toneladas foram embarcados com
subsídio governamental, via Prêmio para Escoamento da Produção (PEP).
Em torno de 700 mil toneladas entraram no mercado externo sem subsídio, destaca
Élcio Bento, da Safras & Mercado. "Com o mercado doméstico operando com
lentidão e preços em baixa se comparados aos do mercado internacional, o cereal
brasileiro passou a ser uma alternativa interessante aos compradores
internacionais", avaliou Bento.
Com sua forte quebra de safra, a Rússia teve que se retirar do mercado no ano
passado. Abriu, portanto, espaço aos produtores brasileiros, sobretudo os do
Rio Grande do Sul, que produzem trigo com características semelhantes às do
cereal russo, diz o analista. "No entanto, com a Rússia voltando neste ano,
pode ser mais complicado manter essa participação", avisa.
Em todo o agronegócio, a tendência é de aumento das exportações. Ontem, o
ministro da Agricultura, Wagner Rossi, anunciou embarques de US$ 81 bilhões no
período de doze meses entre maio do ano passado e abril deste ano. O desempenho
fez o ministro prever números recordes para este ano. "Como a safra continua
bem e a demanda internacional mantém-se firme este ano, esperamos superar, por
larga margem, os US$ 60 bilhões do ano passado", afirmou Rossi.




Nova rede de informações debate o campo

Para debater questões ligadas aos aspectos econômico, social e ambiental do
campo, será lançada hoje, em São Paulo, a RedeAgro, uma rede de conhecimento do
"agro" brasileiro que se propõe a disseminar informações e discutir os rumos do
setor. Coordenada pelo Instituto de Estudos de Comércio e Negociações
Internacionais (Icone), a partir de uma iniciativa de empresas e entidades
ligadas ao agronegócio, a rede pretende atuar a partir da produção de estudos,
pesquisas e artigos, "organizando e abrindo espaços para especialistas e
acadêmicos interessados nas temáticas do agro e fornecendo informação para
pesquisadores, estudantes, imprensa, sociedade civil e demais formadores de
opinião".
Conforme Andre Nassar, diretor geral do Icone, a rede terá foco técnico,
contará com a parceria do Programa de Estudos dos Negócios do sistema
Agroindustrial (PENSA/USP) e estará baseada em um site na internet com três
frentes básicas: informações/notícias, artigos assinados e "papers" técnicos de
colaboradores. "O plano é atrair um corpo forte de acadêmicos, daí a
importância da parceria com o PENSA". A rede não tem relação direta com a
iniciativa liderada pelo ex-ministro Roberto Rodrigues de criação de uma
campanha na mídia em defesa da imagem do agronegócio brasileiro. Mas são
projetos que podem ser considerados complementares.




Mais um ajuste para cima na safra recorde de grãos

Ainda há riscos climáticos para as lavouras de milho "safrinha" e de trigo, mas
os produtores brasileiros devem mesmo colher a maior safra da história neste
ciclo 2010/11, chegando a 161,5 milhões de toneladas.
A 9 projeção de safra, divulgada ontem pela Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), mostra um resultado 8,2% superior aos 149,3 milhões de
toneladas de 2009/10. A produção cresceu, segundo o estudo, embalada por uma
expressiva elevação de 4% na produtividade média das lavouras em todas as
regiões, sobretudo no Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia, Maranhão e Rondônia.
A soja segue sendo a principal geradora de riqueza no campo. O grão responde
por 46,5% de toda a safra nacional, com 74,99 milhões de toneladas, quase 10%
acima da última safra. O milho fechou com 56,73 milhões de toneladas na safra
de verão, mas a safrinha deve apresentar perdas. Agora, a Conab estimou em 21,7
milhões de toneladas. Mas isso pode mudar.
Em Mato Grosso, há um recuo expressivo de 8,5% e a produtividade total no país
teve queda, até aqui, de 9%. Isso deixa em alerta as indústrias processadoras
de carne de frango e de suínos, que têm no milho o principal insumo.
"Perderemos três ou quatro milhões de toneladas", previu o diretor de Política
Agrícola da Conab, Silvio Porto. "Isso é porque temos trabalhado com
produtividades mais reais e conservadoras". Mas a expansão da produção no
Nordeste, disse ele, deve ajudar no balanço final.
A nova estimativa reacendeu a disputa de bastidores no governo pela
"paternidade" das projeções. Desde sempre, Conab e IBGE fazem todo mês uma
disputa, com dados conflitantes, para estabelecer quem tem mais influência
sobre as estatísticas. Ontem, porém, o ministro da Agricultura Wagner Rossi
deixou a política de boa vizinhança de lado e escancarou a briga, em defesa da
Conab. "Somos mais realistas e eles, mais conservadores". Rossi defendeu que o
IBGE faça um "quadro anual" para o registro estatístico nas contas nacionais. E
a Conab cuidaria da previsão a partir da realidade do campo.




Temer pede prazo à Rússia para que frigoríficos sanem problemas

O vice-presidente Michel Temer entrou na discussão sobre o embargo da Rússia a 89 frigoríficos brasileiros. Segundo o ministro Wagner Rossi (Agricultura), Temer pediu ao primeiro-ministro Vladimir Putin prorrogação do prazo para a suspensão das exportações de carne brasileira.
O prazo terminaria na semana que vem, mas o Brasil quer tempo para as indústrias poderem sanar falhas fitossanitários verificadas pelos russos.
Segundo Rossi, o governo se comprometeu a realizar uma auditoria em todas as indústrias embargadas pelos russos. Essa fiscalização deve começar na próxima semana.
O Brasil é um dos principais provedores de carne à Rússia, com 35% das importações de carne de porco e 45% da bovina. Em 2010, o Brasil exportou US$ 4,064 bilhões para a Rússia; desses, US$ 1,999 bilhão é em carne e derivados.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, uma missão brasileira irá à Rússia neste mês para apresentar um relatório e rebater os argumentos de Moscou.



Embargo russo foi `atropelo`, diz Rossi
Em meio à crise gerada pelo anunciado embargo russo às carnes brasileiras a
partir de 16 de junho, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, elevou ontem o
tom da reclamação contra Moscou ao classificar a medida sanitária como
"atropelo" nas negociações bilaterais e fruto de "descompasso" na burocracia
das instituições do parceiro comercial.
Ao confirmar o envio de uma carta do vice-presidente Michel Temer ao
primeiro-ministro russo Vladimir Putin cobrando o cumprimento de um acordo
firmado em meados de maio, Rossi deixou de lado o tom diplomático usado após
reunião, na segunda-feira, com industriais exportadores de carne. "O relatório
atropelou o processo. Há um descompasso entre os órgãos lá [Rússia] e eles,
como não estão na OMC, têm regras muito próprias, algumas inaplicáveis. Não há
necessidade de fazer alguns exames [laboratoriais]", afirmou.
Em várias reuniões com Temer, os russos deixaram claro que esperavam uma
posição mais proativa do Brasil nas negociações para acesso da Rússia à
Organização Mundial do Comércio (OMC). E condicionaram a alteração no sistema
de cotas para as carnes ao auxílio brasileiro nas tratativas sobre a OMC.
Em seu desabafo em relação à conduta dos russos, que combinaram procedimentos
com Michel Temer em Moscou, mas resolveram aplicar sanções prévias contra o
Brasil, o ministro insinuou que o relatório da missão veterinária russa já
tinha sido decidido antes mesmo da chegada dos especialistas ao país.
"Houve uma circunstância peculiar. Alguns técnicos nossos informaram que o
relatório tinha um caráter pré-determinado", disse ele, ao lembrar que as
carnes significam 18% das vendas externas do agronegócio. "Agora, pedimos um
'waiver' [prazo] e espero que os russos aceitem porque vamos fazer uma
explicação detalhada lá".
O ministro Wagner Rossi anunciou o início de auditorias do Ministério da
Agricultura em todas as unidades exportadoras de carne e afirmou que tentará,
durante audiência com a presidente Dilma Rousseff, recursos adicionais para
elevar o orçamento "pequeníssimo" de atualização da rede de laboratórios
agropecuários.
Mesmo em tom mais duro com os russos, o ministro Rossi voltou a cobrar mais
ação interna no governo brasileiro e uma postura mais proativa dos
exportadores. "Nossa reunião não foi de flores, foi de trabalho. Não adianta
brigar, temos que fazer uma autocrítica. Cada um assumiu sua responsabilidade e
vamos retomar essas vendas", disse.
O ministro afirmou que o governo "não dotou os laboratórios" para atender às
exigências russas. "Mesmo que sejam absurdas", disse ele. Os russos chegaram a
apontar, em relatório, a ausência de testes para materiais radioativos nas
carnes brasileiras. Rossi disse que é "desagradável, não razoável" uma missão
estrangeira apontar "desconformidades" nos frigoríficos brasileiros. "Temos que
fazer a lição de casa e o setor produtivo, um pente fino nas instalações",
afirmou. "Não podemos usar como desculpa. Isso não nos isenta de cumprir todas
as exigências. E não adianta jogar a culpa nos outros", concluiu.



Embargo russo poderá causar sérios danos ao setor de carnes
JOSÉ VICENTE FERRAZ

No dia 2 deste mês, a Rússia anunciou embargo às exportações brasileiras de carnes provenientes de três Estados (Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso) e que atingiu 85 frigoríficos.
Com a importância que as exportações brasileiras de carnes alcançaram nos últimos anos -quando passaram a representar parcela muito considerável de toda a produção-, qualquer perturbação mais acentuada nas mesmas pode trazer sérios problemas ao setor.
É que, nesse caso, os volumes que seriam destinados ao exterior acabam sendo desviados para o mercado interno. Esse excesso de oferta acaba derrubando os preços.
É fato que os resultados das exportações -exceto para a carne bovina- ainda não podem ser considerados ruins. Entretanto, se o embargo russo for mantido por tempo considerável, infelizmente os resultados tendem a piorar.
A carne de frango é a que menos preocupa. As exportações ainda registram desempenho muito bom, mesmo que se considere que, em maio, o volume embarcado de carne "in natura", por dia útil, tenha recuado em relação ao de abril.
O embargo, inclusive para o Paraná, o Estado mais importante em termos de produção, prejudica, mas não é tão significativo, visto que as exportações para a Rússia são relativamente pequenas. No caso da carne bovina, a situação é mais complicada.
As exportações totais em volume declinaram em todos os meses de 2011 quando comparadas com os mesmos meses de 2010. Com isso, já acumulam queda de quase 20% neste ano em relação ao ano passado.
Ou seja, o desempenho já é negativo, e pode piorar, se observarmos que as condições de competitividade das exportações não devem melhorar no curto prazo e também que a Rússia é importante importador do produto brasileiro.
As exportações de carne suína, mesmo considerando a abertura do mercado chinês, que, entretanto, não se sabe ainda quanto trará de resultados concretos, geram preocupações quando o maior importador do produto (mais de 40% do total), a Rússia, cria dificuldades.
É evidente que o embargo pode ser revertido no curto prazo, o que, aliás, não é nada incomum no caso russo.
Mas já é uma das causas alegadas no mercado para a queda nos preços pagos aos produtores e, especulativa ou não, pode afetar negativamente o equilíbrio no mercado interno.
Num contexto em que fatores como câmbio, crise econômica de importadores, matérias-primas caras, entre outros, não favorecem nossas exportações, o embargo pode contribuir ainda mais para ameaçar a participação no mercado internacional duramente conquistada.

JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro-agrônomo e diretor técnico da Informa Economics FNP.




Justiça determina delimitação de área

O embate que há anos envolve madeireiros e indígenas da região de Nova Olinda
I, próxima a Santarém, no Pará, ganhou ontem novo elemento jurídico. A Justiça
Federal em Santarém determinou à Fundação Nacional do Indio (Funai) que
publique em até 30 dias o relatório de identificação e delimitação da Terra
Indígena Maró, localizada no rio Arapiuns. A região, que fica dentro de Nova
Olinda 1, tem sido palco de conflitos entre indígenas e madeireiros. Se
descumprir a ordem, a Funai fica sujeito a pagar uma multa diária.
Segundo Carolina Alves, assessora jurídica da organização de direitos humanos
Terra de Direitos, 81 famílias indígenas vivem na região. A área pretendida é
de 42 mil hectares, onde estão as aldeias de Novo Lugar, Cachoeira do Maró e
São José 3. Apesar da decisão da Justiça, Carolina acredita que a Funai deverá
recorrer da decisão, sob alegação de que o prazo é curto e de que não tem
estrutura para executar a demarcação.
A demarcação definitiva da área é aguardada desde 2004. A decisão da Justiça
foi motivada por ação movida pelo Ministério Público Federal em Santarém.
Carolina afirma que o cacique da aldeia de Novo Lugar, Dadá Borari, tem sido
alvo frequente de ameaças de morte por parte dos madeireiros. Atualmente,
Borari tem proteção policial oferecida pelo Programa Estadual de Proteção aos
Defensores de Direitos Humanos do Pará.
Em Brasília, o Congresso se movimenta para tentar barrar os atos de violência
que atingem a região. No Senado, uma comissão foi criada para investigar os
conflitos rurais. Os parlamentares deverão visitar os Estados do Pará,
Amazonas, Acre e Rondônia. Desde ontem, integrantes da Comissão de Direitos
Humanos e Minorias da Câmara realizam encontro em Belém para discutir o combate
à violência no campo. O objetivo é acompanhar as investigações dos crimes
contra ambientalistas e trabalhadores rurais.
Em Altamira, o governo federal promete uma ampla ação coordenada com empresas,
associações, sindicatos e prefeituras para aplacar riscos de conflito social.
Johaness Eck, líder do comitê gestor do plano de desenvolvimento para as áreas
atingidas por Belo Monte, diz que o governo está aberto a dialogar com todas as
etnias indígenas para debater Belo Monte.
"Nós reiteramos o compromisso de ouvir todas as partes. Há dois anos, quando
ocorreram consultas públicas em Altamira, todos os movimentos foram convidados,
mas alguns não quiseram vir. Então nós fomos até eles para conversar", diz Eck.




Preços do álcool caem e vendas se recuperam

Alta foi de 43% em maio, com 400 milhões de litros, segundo o Sindicom
Apesar do aumento em maio, vendas estão bem abaixo dos 430 mi de litros de março e dos 680 mi de fevereiro

Depois de registrarem em abril o menor volume desde outubro de 2006, as vendas de álcool voltaram a crescer no mês passado, embaladas pela queda nos preços do combustível.
Dados preliminares do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) mostram retomada das vendas nas últimas semanas, ao mesmo tempo em que a gasolina abriu espaço, e teve leve queda.
O Sindicom reúne as principais empresas do setor, entre elas BR Distribuidora, Cosan, Ipiranga e Shell. Juntas, representam 79% do mercado de combustíveis.
As vendas de álcool das associadas ao sindicato cresceram 43% em maio, chegando a 400 milhões de litros, ante 280 milhões em abril. Mas, em comparação a abril de 2010, houve queda de 60%.
Em abril deste ano, o combustível custava, em média, R$ 2,345 em todo o país. Em maio, caiu para R$ 2,117, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo).
"As vendas de álcool chegaram ao fundo do poço em abril. A tendência de maio mostra que isso ficou para trás", afirmou o presidente do Sindicom, Alísio Vaz.
Ainda assim, as vendas estão abaixo de níveis observados em meses anteriores -em março foram vendidos 430 milhões de litros; em fevereiro, 680 milhões.
Vaz disse que ainda é cedo para prever se o álcool vai retomar os níveis de vendas anteriores. "O preço na usina se estabilizou, ainda não dá para dizer que o álcool vai voltar a todo o vapor."
Ao mesmo tempo em que a demanda por álcool caiu, as empresas do Sindicom registraram recorde histórico nas vendas de gasolina, com 2,4 bilhões de litros comercializados em abril.
Gasolina e álcool mais caros foram determinantes para o crescimento mais tímido nas vendas de todos os combustíveis no início deste ano. De janeiro a abril, houve alta de 3,1% ante igual período do ano passado, segundo a ANP (que reúne todo o mercado).
Em 2010, o mercado de combustíveis havia apresentado expansão de 9,3% no primeiro trimestre, também na comparação com o ano anterior.
Para todo o ano de 2011, o Sindicom projeta crescimento em torno de 5% para o mercado de combustíveis. No ano passado, as vendas no país subiram 8,7%.

Estudo prevê década de redenção do café conilon

Estudo prevê década de redenção do café conilon
Venda do fruto, principalmente tipo robusta, será intensificada nos países produtores

Uma boa notícia para os cafeicultores capixabas e brasileiros: o consumo mundial de café, principalmente dos robustas, entre eles o conilon, vai crescer muito na próxima década. Isso significa que o mercado estará aquecido e são muito boas para os produtores as perspectivas de bons lucros.

"Os analistas avaliam que os próximos dez anos poderão se confirmar como a década do grupo robusta (conilon)", destaca o secretário estadual de Agricultura, Enio Bergoli. Ele participou do 4º Fórum Coffee & Dinner, realizado em São Paulo, na última semana, e contou que os estudos apresentados no evento apontam para crescimento acentuado do consumo de café nos países produtores.

De acordo com estudo apresentado pela Olam International Limited, nos três cenários projetados, haverá crescimento do mercado. No cenário negativo de nenhuma ação para incentivar o consumo de café, seriam necessários mais 10,3 milhões de sacas de café conilon para atender à demanda do mercado mundial em 2020.

No cenário intermediário, com uma ou outra ação de estimulo ao consumo de café o mercado demandaria mais 15,3 milhões de sacas de café. E no cenário positivo com a implementação de estratégias de marketing voltadas para o consumo haveria necessidade de mais 23,1 milhões de sacas de café para atender o mercado mundial.

O café robusta (conilon) é a matéria principal do solúvel, que é o primeiro tipo de café que induz a população ao consumo. É também a porta de entrada para o mercado consumidor dos países asiáticos, que ainda tem baixo consumo, mas que tem mercado crescente e com grande potencial, explica Bergoli.

O Brasil, lembra o secretário, tem sido um exemplo para os demais países consumidores, Além de grande produtor é também grande consumidor e tem potencial para se transformar no maior mercado consumidor do mundo. Hoje, os Estados Unidos estão no topo dos países consumidores.

Os analistas que participaram do fórum mostraram que no período de 2006 a 2010 o consumo de café no Brasil teve crescimento de 5% ao ano. No Vietnã, o percentual de crescimento foi de 15%, e chegou a 9% ao ano na Indonésia. No México, o consumo cresceu 7% e na Índia, foi de 5%.

A grande diferença está no consumo per capita, que no Brasil é de 6 quilos por habitante/ano, disparadamente é o maior consumo de café por pessoa. A Índia, embora com 300 milhões de consumidores potenciais o consumo anual per capita é de apenas 90 gramas. Na Indonésia o consumo anual per capita é de 830 gramas e no Vietnã, de 830 gramas. No México, o consumo por pessoa é de 1,22 quilo.

Consumo de café em 2020

Cenário negativo: mais 10,3 milhões de sacas

Cenário intermediário: mais 15,3 milhões de sacas

A magia do dinheiro

A magia do dinheiro

O crescimento econômico nos Estados Unidos parece ter voltado a se desacelerar.
Isso pode ser reflexo de fatores temporários, como o tsunami no Japão, que
rompeu cadeias de fornecimento e provocou a interrupção de algumas fábricas. Ou
como os preços elevados do petróleo, que impactaram a renda disponível e
inibiram o crescimento da demanda dos consumidores. Esses fatores levaram ao
aumento dos estoques - e, portanto, a cortes na produção.
As recuperações raramente chegam desacompanhadas de percalços ao longo do
caminho, especialmente quando são tão frágeis quanto esta. Independente de os
fatores por trás desta última desaceleração serem passageiros ou duradouros,
haverá pressões para o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) fazer algo.
Alguns americanos veem o presidente do Fed, Ben Bernanke, como um mágico dos
dias modernos, capaz de reanimar a economia com um movimento de sua varinha
mágica monetária - primeiro, taxas de juros ultrabaixas, depois, flexibilização
quantitativa e, então, talvez, impressão de dinheiro. Se a inflação estiver
baixa, querem que o Fed use todos os encantos conhecidos para recuperar a
economia. Assim como os generais da primeira Guerra Mundial, que reagiam a cada
massacre de seus homens enviando ainda mais tropas para as trincheiras na vã
tentativa de superar o inimigo, os sujeitos do "dinheiro grátis", quando suas
políticas parecem não estar funcionando, reagem bradando: "Mais!".
Mais do que qualquer outra ação política, a política monetária sofre da
sensação de que há almoços grátis. As taxas de juros, contudo, são um preço
sobre a poupança que é transferido aos gastadores. Quando o Fed reduz esse
preço (e alguns economistas contestarão sua capacidade para empurrar qualquer
taxa de juros significativa para baixo), tributa os que produzem a poupança e
subsidia os que gastam essa poupança.
Os altos preços atuais do petróleo, que restringem o crescimento nos EUA, são
consequência da política monetária atual. Existem muitas coisas que os EUA
precisam fazer para criar um crescimento sustentável, e tornar o dinheiro
ainda mais fácil não é uma delas.
Uma forma de ver é que os investimentos das empresas são contidos pela rigidez
dos mercados de trabalho (os salários estão teimosamente altos). Além disso,
benefícios significativos para a sociedade - por exemplo, famílias e
comunidades mais coesas - decorrem dos investimentos que criam empregos, então,
uma taxa de juros mais baixa dará às empresas o subsídio necessário para
investir.
Há, entretanto, evidências escassas de que o verdadeiro problema restringindo
os investimentos sejam salários demasiado altos (muitas empresas reduziram as
horas extras e os benefícios e até cortaram salários durante a recessão). Além
disso, com as taxas de juros para as grandes empresas em seus níveis mais
baixos em décadas (em termos reais, as taxas são negativas para as grandes
empresas, portanto, os poupadores estão na prática pagando às empresas para
captar seu dinheiro), o custo do capital provavelmente não é o principal motivo
para não investirem mais nos EUA. Subsídios enormes certamente induziriam as
empresas a reconsiderar, mas não deveríamos nos perguntar se há formas mais
eficientes de consertar os problemas que vêm limitando as empresas?
Uma segunda forma de ver a questão é que as famílias estão assustadas e
poupando em excesso -precisam ser empurradas de volta ao consumo, por meio da
redução do retorno que recebem pelo dinheiro poupado. É difícil imaginar,
contudo, que estejam poupando demais, uma vez que o índice de poupança do
consumidor nos EUA está em cerca de 5% e as famílias continuam profundamente
endividadas.
Uma terceira forma é impulsionando o valor dos ativos, como ações, bônus e
imóveis residenciais, o que faria as pessoas se sentirem mais ricas - e,
portanto, mais propensas a gastar. Para que esse canal seja sustentável, no
entanto, os ganhos no patrimônio das pessoas precisam ser permanentes. De outra
forma, tudo o que aumentar vai recuar, deixando as famílias ainda mais
temerosas dos mercados financeiros.
Por fim, e quanto à própria inflação? Embora a inflação dos salários nos EUA
esteja contida, a política monetária mundial provavelmente está excessivamente
frouxa - um motivo para os preços dos petróleo terem decolado. O Fed culpa
(acertadamente) os bancos centrais estrangeiros de manter as taxas de juros
baixas demais, para evitar a valorização de suas moedas em relação ao dólar;
mas o Fed não pode guiar suas políticas presumindo que os demais reagirão com o
ideal teórico. Os altos preços atuais do petróleo, que agora restringem o
crescimento nos EUA, são em parte uma consequência involuntária da política
monetária atual.
Há muitas outras coisas que os EUA precisam fazer para criar um crescimento
sustentável, incluindo melhorar a qualidade de sua força de trabalho e
infraestrutura. Tornar o dinheiro ainda mais fácil não é uma delas.
Raghuram Rajan é professor de Finanças na Booth School of Business, da
Universidade de Chicago, e autor de "Fault Lines: How Hidden Fractures Still
Threaten the World Economy".

Uma inflação de 6,5% é alta para o Brasil?

Uma inflação de 6,5% é alta para o Brasil?

A meta de inflação é de 4,5% no Brasil, com desvio de dois pontos percentuais
para cima e para baixo. Em maio de 2011, a inflação acumulada em doze meses foi
de 6,55%; e, em abril, de 6,51%. Ultrapassou-se, assim, o teto da meta. O
Brasil está em apuros? 6,5% é uma inflação alta? O problema não é tanto o
número em si, mas a natureza da inflação e as ações do governo no tocante ao
seu combate.
O sistema de metas de inflação, adotado em 1999, sustenta-se na credibilidade
da sociedade de que a meta será cumprida ou, caso não seja, que será fortemente
perseguida. Entre 2001 e 2003, por exemplo, a inflação permaneceu acima do teto
da meta, mas já em 2003 acreditava-se que o Banco Central (BC) seria capaz de
reduzi-la, como de fato o fez. Em 2006 ela era de 3,14% e em 2007, de 4,46%.
Em 2008/9, com a crise, o governo se antecipou e atuou rapidamente, dando
estímulos fiscais e monetários. Em 2010, por outro lado, em vez de aproveitar a
boa maré e fazer as necessárias reformas estruturais, como a fiscal, o governo
preferiu manter aqueles estímulos para eleger a pouco conhecida candidata do
PT.
Só em 2011, depois da vitória de Dilma, a política econômica começou a ser
alterada. Infelizmente, porém, era tarde e o governo passou a correr atrás do
prejuízo. O BC, composto majoritariamente por funcionários de carreira, passou
a trazer mais uma incerteza: será que seguiria sendo independente na condução
da política monetária? Nesse cenário de dúvidas, os preços das commodities, que
já vinham aumentando no mercado internacional, começaram a afetar a inflação
interna.
Foi aí que o governo vacilou e a sua credibilidade foi afetada adversamente,
tanto no que concerne ao seu diagnóstico sobre as causas da inflação, quanto à
sua disposição em combatê-la. Impossível ignorar o efeito na inflação devido à
elevação dos preços das commodities, mas tampouco era questionável a forte
inflação de demanda interna que passara a vigorar.
Superávit primário elevado não basta, se resulta de aumento de impostos e
diminuição de investimentos
Ao invés de agir rapidamente, como na crise de 2008, ficou explícito que isso
não aconteceria (tanto pela ata da primeira reunião do Copom de 2011, quanto
pelo relatório de inflação de março). BC, Fazenda e a presidência passaram a
afirmar que a inflação "só vinha de fora" e que para combatê-la era suficiente
aumentar o depósito compulsório e introduzir medidas de contenção de crédito,
ditas macroprudenciais. É inegável que instrumentos adicionais na guerra contra
a inflação são bem-vindos, principalmente quando há pressão de commodities,
porém, concomitantemente à política monetária clássica (alta de juro) e não
alternativamente. Para piorar, a Fazenda foi explícita em dizer que fomentar
investimento não afetaria a demanda agregada. Como não? Não só afeta, como há
seu efeito multiplicador na economia. O ponto, vale esclarecer, não é que seja
ruim estimular investimentos, pelo contrário, mas fazer um pronunciamento desse
tipo. Gera dúvidas se o governo está fazendo a conta certa.
Embora tardiamente, mas com alívio, veio a ata do Copom (28/04), que mostrou
preocupação do BC com a inflação de demanda e que a combateria, também, com
política monetária tradicional. O lado ruim, no entanto, é que esta seria feita
de forma gradual. Será que o BC não estaria subestimando a situação? Querer
convergir para a meta somente em 2012, ainda que seja uma escolha legítima de
um BC, pode gerar um crescimento baixo não só em 2011, mas também em 2012. O
custo para a sociedade, assim, pode vir a ser ainda maior.
Vale lembrar que, pela definição usual, inflação ocorre quando há aumento
persistente e generalizado dos preços. Com aumento de 14% do salário mínimo em
2012 (Lei 12.382), com o início dos dissídios salariais, sendo a economia
brasileira bastante indexada e tendo que iniciar investimentos hoje para
eventos como os da Copa e da Olimpíada, além dos relativos à "Minha casa, Minha
vida" e aos setores de infraestrutura; pensar em arrefecimento da inflação em
2011 e convergência para 4,5% em 2012 é ser otimista. A inflação menor entre
junho e agosto já era esperada, por isso não há razão para relaxar. Afinal, a
acumulada em 12 meses segue alta.
Por outro lado, desde uma perspectiva da história econômica brasileira, é pelo
menos interessante ver: 1) o Brasil discutindo inflação de 7% ao ano em vez de
2.477% (1993) ou de 1.973% (1989); 2) os agentes questionando metas de
superávit primário do setor público; 3) empresários e governo formando um
comitê para melhorar a gestão pública; 4) o rating do Brasil melhorando, assim
como o aumento da entrada de divisas e, por último, 5) os países desenvolvidos
em crise e os subdesenvolvidos sendo reverenciados.
Por isso, apesar de tudo, há razões para acreditar que o Brasil pode continuar
sendo referência dentre os emergentes. Inflação de 6,5% não é um problema em
si. A forma como o governo tem conduzido o tema é que a torna um número
preocupante. É fato que a inflação (principalmente por ser de demanda) gera
enorme desafio para o governo. Talvez, por isso mesmo, fosse o momento oportuno
para ele atuar de forma mais contundente, revertendo definitivamente as
expectativas dos agentes quanto à sua firmeza no combate a inflação. Ter
superávit primário elevado não basta, se o mesmo resulta de aumento de impostos
e diminuição de investimentos.
A sociedade quer reformas estruturais. Afinal, todos querem continuar vivendo
em um país com estabilidade monetária. Há 15 anos (exceto o ano de 2002) tem-se
inflação de menos de dois dígitos e certamente nenhum brasileiro deseja perder
esse enorme ganho conquistado.
Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt é doutora em Economia pela EPGE/FGV,
ex-secretária-adjunta da Seae/MF e professora da FGV.

A nova desindustrialização

A nova desindustrialização

A estrutura da economia mundial se altera rapidamente desde a virada do século
XX. Países asiáticos assumem cada vez maior participação relativa na produção
global. Sem contabilizar o Japão, o conjunto das economias asiáticas responde
por quase 43% da produção global, enquanto em 1973 representava apenas 16,4%.
Em contrapartida, nações como os Estados Unidos e a Inglaterra, que juntas
respondiam por 26,3% do produto global em 1973, representam atualmente 21,5%.
Essa inversão no sentido da composição da produção mundial sinaliza a
conformação de uma nova Divisão Internacional do Trabalho assentada no
movimento combinado e desigual da desindustrialização do velho centro
manufatureiro global com a industrialização acelerada de países periféricos,
sobretudo asiáticos.
O curso atual do enfraquecimento das antigas economias manufatureiras está
longe de expressar a desindustrialização regressiva verificada no século 19,
quando o avanço na internalização das bases do capitalismo industrial
inicialmente na Inglaterra e, posteriormente, nos Estados Unidos e outros
poucos países, foi acompanhada pelo retrocesso na base produtiva artesanal
existente em outras regiões. Em 1913, por exemplo, a Ásia sem o Japão respondia
por 22,3% da produção global, contra 56,4% em 1820.
Enquanto Europa se desindustrializa, os países periféricos vivem movimento
acelerado de industrialização
A Inglaterra e os Estados Unidos, que, por outro lado, representavam juntos
somente 7% da produção mundial de 1820, passaram a responder por 27,1% no ano
de 1913. Em grande medida, o ciclo de industrialização original e retardatária
na Inglaterra e nos Estados Unidos, respectivamente, se fortaleceu na medida em
que a globalização liberal do século XIX destravou o livre comércio e, com
isso, ocasionou o esvaziamento da base produtiva artesanal em antigas regiões
com elevados excedentes exportadores.
Em síntese, o século XIX possibilitou que o avanço do capitalismo industrial em
alguns poucos países ocorresse simultaneamente ao esvaziamento da
desindustrialização da produção artesanal até então existente. A India, por
exemplo, que era a grande exportadora de produtos têxteis no início do século
XIX (sedas e artesanato), conviveu com a destruição de sua base produtiva
diante do comércio livre com a Inglaterra produtora e exportadora de
manufaturados têxteis oriundos da mecanização (tear mecânico), da logística
ferroviária e da reorganização do trabalho industrial.
Assim, no final do século XIX, três quartos do consumo têxtil indiano eram
abastecidos por importações inglesas. Em compensação, o artesanato foi sendo
substituído pela produção de algodão, juta e índigo. A especialização da
produção de mercadorias primárias não se mostrou suficiente nem mesmo para
oferecer segurança alimentar, considerando-se problemas de fome constatados na
India.
A Inglaterra exportava manufatura e importava matéria-prima e alimentos dos
países sem indústria moderna. Dessa forma, a India, que abandonou sua produção
local para atender ao consumo interno por meio da importação da Inglaterra, não
tinha a garantia de que os ingleses fariam a mesma coisa. Ou seja, a Inglaterra
vendia manufatura para a India, mas não importava o trigo e outras culturas de
subsistência da própria India, pois as adquiria dos Estados Unidos.
Também para os chineses, a liberação dos entraves ao comércio externo, como o
Tratado de Nanquim, em 1842, encerrou a "Guerra do Ópio" em favor dos ingleses.
Com o ingresso do ópio na China, seus efeitos se mostraram desastrosos sobre a
estrutura produtiva total. O mesmo poder-se-ia dizer a respeito da situação do
Ceilão, que, ao aceitar os pressupostos da globalização liberal do século XIX,
perdeu a sua base produtiva artesanal em favor da dependência das importações
manufaturadas em troca da exportação de chás.
Pela globalização neoliberal da virada do século XX, o antigo centro produtivo
mundial tornou-se crescentemente oco, com o esvaziamento do parque
manufatureiro. Indústrias centenárias como siderurgia, têxtil e vestuário,
estaleiros, entre outras, são esvaziadas por força da pujança da produção
manufaturada dos países que rapidamente se industrializam. A defesa da
liberalização comercial nos dias de hoje parte do pressuposto de que o setor
terciário (serviços) poderia ocupar mais satisfatoriamente o espaço vazio
deixado pela desindustrialização. Ainda que o avanço da tecnologia nos serviços
possa ajudar a minorar os problemas das finanças desindustrializantes, o
comércio mundial assentado nos bens manufaturados tende a reorganizar a
produção global em poucas localidades, sobretudo na Ásia.
A relação entre países deficitários e superavitários no comércio global não
revela necessariamente a força da nova Divisão Internacional do Trabalho. Tal
como no século XIX, o Brasil cresceu sua participação relativa na produção
global à taxa média anual de 0,6%, passando de 0,4% para 0,7% entre 1820 e
1913, enquanto a sociedade agrária era atrasada e exportava bens primários. No
período de sua industrialização, o peso crescente da manufatura permitiu que a
presença brasileira na produção global crescesse 2,5% ao ano (de 0,75%, em
1930, para 2,6%, em 1980). O dinamismo do seu mercado interno e a modernização
da sociedade foram seus principais trunfos. Na virada do século XX, a aceitação
da globalização neoliberal fez com que a sua base manufatureira regredisse,
reduzindo a participação relativa na produção global não fosse o aumento da
exportação primária. Na década de 2000, o peso relativo do Brasil no produto
industrial mundial foi de apenas 1,9%, ante 2,9% da década de 1980.
Sem ter passado pela velha desindustrialização do século XIX, o Brasil não está
condenado a ter que participar da nova desindustrialização. O cenário atual de
moeda nacional valorizada, combinada com taxas de juros elevadas, faz avançar a
reprimarização da pauta exportadora e a geração interna de manufatura com alto
conteúdo importado. Com taxa de investimento inferior a 20% do produto,
prevalece a contenção da inovação tecnológica, geralmente suprida pelas compras
externas. Os esforços em educação seguem importantes, ainda que doutores e
mestres em profusão sigam mais ativos na docência do que na pesquisa aplicada
no sistema produtivo.
A negativa à nova desindustrialização requer reafirmar a macroeconomia do
desenvolvimento sustentada pelo maior valor agregado industrial e conhecimento.
A impulsão dos investimentos é estratégica, seja pela agregação de valor às
cadeias produtivas e às exportações, seja pela ampliação da inovação
tecnológica e educacional exigida. Assim, o novo desenvolvimento brasileiro
pode convergir com as estruturas produtiva e ocupacional de qualidade, capazes
de romper com o atraso secular da condição subordinada do Brasil no mundo.
Marcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos
Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp).

Financiamento e responsabilidade ambiental

Financiamento e responsabilidade ambiental

Não é nova no Brasil a discussão sobre a responsabilidade de agentes
financiadores por danos ambientais decorrentes das atividades financiadas. A
questão está intimamente ligada à interpretação - subjetiva - do conceito de
poluidor indireto no âmbito da responsabilidade civil ambiental (Lei n 6.938,
de 1981). A matéria não tem regulamentação específica, estando sujeita,
portanto, à interpretação do Judiciário.
O contexto atual brasileiro, de intenso investimento nacional e estrangeiro,
notadamente relacionado às obras de infraestrutura em andamento e/ou
programadas para os próximos anos, aliado à orientação que vem sendo
recentemente adotada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), torna relevante
uma nova reflexão sobre a questão.
Em precedentes recentes - não diretamente ligados à matéria -, o STJ tem
entendido que, para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano
urbanístico-ambiental e de eventual solidariedade passiva, equiparam-se quem
faz, quem não faz quando deveria fazer, quem não se importa que façam, quem
cala quando lhe cabe denunciar, quem financia para que façam e quem se
beneficia quando outros fazem.
O tribunal sugere, nessa linha, que, ao financiar atividades que venham causar
danos, os agentes financiadores se enquadrariam no conceito de "poluidor
indireto", entendendo-se que, sem o crédito concedido, a atividade - e,
consequentemente, o dano - sequer teria existido, aplicando-se, em relação a
esses, as regras de responsabilidade civil ambiental objetiva (ou sem culpa)
como forma de garantir a reparação integral dos danos.
Financiadores figurariam, então, como responsáveis "solidários" pela
recuperação ambiental, em aplicação conjunta da legislação ambiental e das
regras de solidariedade do Código Civil, podendo responder perante o
Estado/sociedade pela totalidade dos custos de reparação, restando-lhes
regressar contra os ditos poluidores diretos - responsáveis pelas atividades
financiadas, por exemplo.
O agente financiador não deve responder por danos ambientais
Note-se que, ao contrário do que se verificava nas poucas decisões judiciais
anteriores, o STJ não analisa o fato de ter ou não o agente financiador
observado os requisitos legais aplicáveis à sua atividade, ou, ainda, de ser ou
não, ao menos indiretamente, responsável pela condução da atividade degradadora.
Sabe-se que, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos, a responsabilização
indiscriminada de agentes financiadores por danos ambientais tem, em regra,
efeito significativamente redutor - ou ao menos "encarecedor" - sobre a oferta
de crédito e que tal impacto, em última análise, afeta a sociedade como um
todo.
Nos Estados Unidos, antes do paradigmático caso United States versus Fleet
Factors Corp., havia certeza de que aquele financiador que não se envolvesse no
dia a dia da atividade financiada não seria responsabilizado. Depois da citada
decisão, passou-se a considerar responsável aquele que, mesmo que apenas em
teoria, tivesse condições de influenciar decisões relativas ao gerenciamento de
produtos/substâncias perigosos. Diante do quase desaparecimento do crédito, tal
cenário foi novamente modificado e pacificado com a edição de lei que
formalizou critérios objetivos para definir o grau de envolvimento do
financiador capaz de ensejar sua responsabilização.
Nesse contexto, permitindo-nos discordar da ampla interpretação do conceito
presente nos últimos precedentes do STJ, não nos parece adequado classificar
como "responsável por atividade degradadora" o agente financiador que se limite
a, licitamente, liberar recursos para o seu desenvolvimento, sem deter qualquer
controle da operação, especialmente no que diz respeito à gestão ambiental da
atividade.
Ao admitir-se o contrário, estaríamos forçados a questionar, por exemplo, o
porquê, então, de não se responsabilizar também os fabricantes das máquinas e
equipamentos utilizados pela atividade degradadora (e, quem sabe, os
responsáveis pela produção das matérias-primas de tais equipamentos), seus
empregados e até mesmo os consumidores dos produtos decorrentes de tais
atividades.
Tal hipótese estaria associada à enorme insegurança jurídica que, em última
análise, prejudica o crescimento do país e o próprio combate à degradação
ambiental, na medida em que a escassez de recursos é, como se sabe,
justificativa frequente entre nossos governantes para a ausência de
investimento em preservação ambiental.
Outra é a situação em que o agente financiador deixa de observar os requisitos
estabelecidos na legislação vigente para concessão do crédito, situação em que,
em tese, poderia ser considerado, ele próprio, infrator e, assim, responsável
pelo dano ambiental - ainda que indiretamente -, nos termos da legislação
vigente.
Diversas normas e padrões ambientais foram e continuam sendo impostos aos
agentes financiadores - destacam-se, além da própria Lei n 6.938, de 1991, e
das normas do Conselho Nacional de Meio Ambiente, os Princípios do Equador, o
Protocolo Verde, o Protocolo de Intenções pela Responsabilidade Socioambiental
e normas do Banco Central. É inegável, também, que tais normas e padrões têm
influenciado significativamente o nível de exigência dos agentes financiadores,
públicos e privados. Nada impede, ainda, que tais normas e padrões sigam
evoluindo de forma a abranger os aspectos considerados fundamentais pela
sociedade - certamente mutantes no tempo.
De uma forma ou de outra, a análise da variável (do risco) ambiental deve estar
cada vez mais presente no dia a dia de agentes financiadores. Instrumentos como
a auditoria ambiental, análise de riscos ambientais, entre outros, são cada vez
mais indispensáveis ao fechamento e monitoramento de qualquer contrato de
financiamento.
Antonio Augusto Rebello Reis é professor de direito ambiental e sócio
responsável pela área de direito ambiental de Bichara, Barata, Costa & Rocha
Advogados

Sem surpresas, Copom eleva Selic para 12,25% e indica que aperto continuará

Sem surpresas, Copom eleva Selic para 12,25% e indica que aperto continuará

Em linha as expectativas do mercado, o Banco Central (BC) decidiu ontem, por
unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
Foi a quarta alta consecutiva realizada pelo Comitê de Política Monetária
(Copom) sob o comando do presidente do BC, Alexandre Tombini. Desde o começo do
ano, os juros subiram 1,5 ponto percentual. O texto do comunicado também foi
bastante similar ao da reunião anterior, sinalizando novas altas dos juros.
"Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de
moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o
ambiente internacional, o Comitê entende que a implementação de ajustes das
condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a
estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta
em 2012."
O movimento não surpreende. Desde o último encontro do Copom, em abril, quando
o BC afirmou que o ajuste demandaria tempo "suficientemente prolongado", o
mercado esperava por novas altas dos juros de mesma intensidade. Havia dúvida
apenas no tamanho do ciclo de alta dos juros. Ao manter a palavra "prolongado"
no comunicado, o BC sinaliza que permanece a necessidade de um aperto monetário
longo, com chance de nova alta da Selic na reunião de julho.
A única diferença foi a inclusão da palavra "gradual" no início do comunicado.
"Dando seguimento ao processo de ajuste gradual das condições monetárias, o
Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 12,25% a.a., sem viés."
Nos próximos meses, o mercado ficará atento aos primeiros sinais de
arrefecimento dos preços que começam a aparecer, o que poderia abrir espaço
para questionamentos sobre a continuidade do aperto dentro do governo. A
inflação, de fato, deve dar uma trégua. São esperados números bastante
comportados do IPCA entre os meses de junho e agosto, com possibilidade até de
deflação. Esse refresco, no entanto, será apenas temporário, de acordo com
economistas, com o indicador retomando um nível entre 0,4% e 0,5% ao mês, a
partir de setembro, segundo projeções coletadas junto ao mercado pelo Boletim
Focus, do Banco Central.