Fair trade
A copa do mundo 1.994 nos trouxe não só titulo de campeão, mas também um novo e poderoso jargão o fair-play.
Agora no século 21 algumas empresas estão preocupadas com seu lucro absurdo e lançaram o FAIR TRADE. O fair trade seria hoje um mercado mais justo onde todos poderiam ter seus lucros respeitados.
NO nosso setor existem algumas empresas que estão dando incentivos para os produtores que seguirem algumas normas.
1-Respeito ao meio ambiente
2-Respeito às leis trabalhistas
3-Fazer um café com mais qualidade etc.
Se o produtor alcançar todas as exigências pré-estabelecidas ele consegue um premio no preço do café que hoje estaria em torno de R$10,00 a R$20,00 por saca recebendo com esse ágio um valor em torno de R$270,00.
Fazendo conta agora:
O consumidor paga por uma xícara de café em torno de R$2, 50, um kg de café gera em torno de 100 xícaras de café fechando a conta 1 saco de café torrado produz em torno de 45 kg chegamos à razão de R$11.250,00 de faturamento por saca.
Assim estamos sendo bem remunerados, pelo nosso esforço e nossa produção a altura do preço final, mostrando o fair trade mais justo que já vi.
Wagner Pimentel
www.cafezinhocomamigos.blogspot.com
Manhuaçu MG 23/09/09
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Modos de adubação na zona da mata mineira
Ubiratan V. Barros, Roberto Santinato, José Braz Matiello e outros
Resumo — A cafeicultura da Zona da Mata de Minas Gerais é caracterizada pelo plantio em terrenos declivosos (montanhas), o que oferece dificuldade na operacionalização dos tratos culturais, entre eles a adubação, a qual é realizada manualmente; dessa forma, os produtores procuram adaptar modos diferenciados na sua execução. Assim, é comum observar produtores que enterram os adubos em covetas, ou sulcos, localizando-os, ou não, mais próximos ou longe dos caules das plantas, enquanto outros aplicam os fertilizantes em cobertura, a diferentes distâncias do tronco ou saia do cafeeiro. No intuito de avaliar o melhor modo de adubar o cafeeiro plantado em áreas montanhosas, instalou-se, no Centro Experimental de Café Eloy Carlos Heringer, em Martins Soares - MG, o presente trabalho. O ensaio foi montado em solo LVAh, com declividade de 20%, em lavouras de Catuaí 99, plantadas em fev/95, no espaçamento de 2,5 x 0,7 m, a 740 m de altitude, no delineamento em blocos ao acaso com três repetições, com parcelas de 12 plantas, sendo úteis as oito centrais. Verificou-se ligeira superioridade no modo de adubação em cobertura sobre o enterrado (42,75 contra 40,33 scs/ha); também apresentou superioridade a adubação dos dois lados da planta, em relação apenas ao lado de cima (46,02 contra 40,42 scs/ha), sendo o tratamento que localizou o adubo junto ao tronco o que resultou no pior desempenho, e isto mostra que a maior distribuição do adubo é vantajosa. Quanto ao local, a adubação na projeção da saia foi superior àquela sob a saia (47,71 contra 41,62 scs/ha). Portanto, pode-se concluir que mesmo em regiões montanhosas, como a Zona da Mata de Minas Gerais, o melhor modo de adubar o cafeeiro é a aplicação em cobertura, na projeção da saia em ambos os lados da planta, isto até a declividade de 20%, como no caso do ensaio.
Introdução — As lavouras de café instaladas em terrenos declivosos (montanhas) oferecem dificuldades na operacionalização dos tratos culturais, nutricionais e fitossanitários; dessa forma, os produtores procuram adaptar modos diferenciados na execução das operações, notadamente para as adubações químicas. Assim, é comum observar produtores que enterram adubos em covetas, ou sulcos, localizando-os, ou não, mais próximos ou longe do caule das plantas, enquanto outros aplicam os fertilizantes em cobertura, a diferentes distâncias do tronco ou saia do cafeeiro. Com o objetivo de avaliar o melhor modo de adubar o cafeeiro plantado em áreas montanhosas, instalou-se, no Centro Experimental de Café Eloy Carlos Heringer, em Martins Soares - MG, o presente trabalho.
Material e métodos — O ensaio foi montado em lavoura do cultivar Catuaí Vermelho (linhagem H 2077-2-5-99) no espaçamento de 2,5 x 0,7 m, plantado em fev/95, a 740 m de altitude, em LVA h distróficos, com 20% de declividade. Os tratamentos foram os modos de adubação a lanço, por cima das plantas; enterrado, na projeção da saia do cafeeiro, apenas no lado de cima da planta, e também dos dois lados da planta; a lanço, na projeção da saia do cafeeiro, somente no lado de cima da planta e também dos dois lados desta; a lanço, sob a saia (entre o tronco e a projeção da saia) do cafeeiro, somente no lado de cima da planta e também dos dois lados desta; e localizado, no tronco do cafeeiro. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com três repetições, em parcelas com plantas, sendo úteis as oito centrais.
O plantio foi efetuado com 200 g da fórmula 00-18-00, mais Zn, B e Cu, e 150 g de calcário dolomítico por cova. As adubações de formação e produção foram realizadas em número de 4 - parcelamento no 1o ano e 3 do 2o ao 6o ano, utilizando a fórmula 20-05-20, nas doses de 625 kg/ha no 1o ano, 1.250 kg/ha no 2o ano e 2.000 kg/ha do 3o ao 6o ano, sendo os modos de aplicação dos adubos descritos nos tratamentos. Os demais tratos foram aqueles usualmente indicados pelo MA/PROCAFÉ para a Zona da Mata de Minas Gerais.
Resultados e discussão — Segundo SIVEIRA et al. (1979), na adubação do cafezal em cobertura (seja à máquina ou manual) apresenta melhor resultado a adubação enterrada. Nas condições do ensaio, a adubação em cobertura apresentou ligeira superioridade sobre a adubação enterrada (Quadro 2), sendo 42,75 scs/ha contra 40,33 scs/ha, respectivamente. Embora possa haver um pouco de perda por volatilização, principalmente do nitrogênio, na adubação em cobertura, em relação à adubação enterrada, o efeito depressivo no desenvolvimento do cafeeiro resultante do corte das raízes da planta para se proceder ao enterro do adubo, é superior ao benefício da menor perda por volatilização.
A adubação na projeção da saia do cafeeiro apresentou produção superior à adubação sob a saia (Quadro 4), sendo 47,71 scs/ha contra 41,62 scs/ha, respectivamente. Provavelmente, na adubação sob a saia do cafeeiro, por estar o adubo mais protegido da incidência dos raios solares (redundando em menor temperatura), a volatilização é menor, e, também por estar mais embaixo da planta, a absorção da amônia volatilizada tende a ser maior; no entanto, mesmo a adubação na projeção da saia apresentando, provavelmente, maior perda por volatilização que a adubação sob a saia, a primeira forma apresentou melhor resultado que a segunda, pelo fato de o sistema radicular do cafeeiro possui, normalmente, mais raízes absorventes (radicelas) na projeção da saia, o que promove melhor aproveitamento do adubo da solução do solo. Portanto, diante dos resultados do trabalho, pode-se afirmar que, provavelmente, o fato de a adubação na projeção da saia produzir mais que a adubação sob a saia é decorrente da maior perda por percolação dos nutrientes na segunda maneira de se adubar a planta, em relação à primeira, a qual é mais significativa que a perda por volatilização.
NEPTUNE et al. (1974), efetuando pesquisa com fósforo radioativo (P 32), concluíram que, em cafeeiros de 3 a 5 anos, a zona de maior absorção está situada até 30 cm lateral e 15 cm de profundidade e 60 cm lateral à profundidade de 30 cm; para cafeeiros de 7 anos, a absorção maior se da até 60 cm lateral à profundidade de 15 cm; já para cafeeiros de 9 anos, vai desde a profundidade de 5 cm até 30 cm e distância lateral de até 60 cm.
SANTINATO et al. (1984), estudando o modo de adubação de potássio, concluíram pela superioridade da adubação em ambos os lados do cafeeiros na projeção dos ramos laterais, em relação à adubação sob a saia em toda a volta da planta, e enterrada a 15 cm na projeção dos ramos.
VIANA et al. (1989) não encontraram diferença estatística em relação aos diferentes locais onde o adubo foi aplicado, notando apenas ligeira superioridade na adubação entre as plantas de café. A explicação do autor para o fato foi a montagem do ensaio em lavouras já adultas, as quais já haviam recebidos várias adubações anteriores.
AMARAL et al. (2000) concluíram que houve tendência de quanto mais localizado o adubo fosfatado na cova de plantio, menor seu efeito benéfico na formação do cafeeiro e, conseqüentemente, menores foram as primeiras produções desses tratamentos.
No ensaio, a adubação com 20-05-20, dos dois lados da planta apresentou melhor resultado que a adubação apenas do lado de cima - 46,02 contra 40,42 scs/ha (Quadro 3). A explicação para o fato está no clássico trabalho de FRANCO (1983), o qual plantou mudas de café com raízes bifurcadas, sendo colocada uma raiz em cada um dos lados dos vasos de 2,0 L dividido ao meio; depois disso, o autor adubou com N, P e K apenas um dos lados dos vasos e analisou o teor destes elementos nas folhas de ambos os lados da planta. Os resultados mostraram que há translocação lateral dos nutrientes N, P e K no cafeeiro, porém esta não é perfeita, e as folhas do lado da planta que não receberam nutrientes apresentaram apenas 45, 52 e 68% de N, P e K, respectivamente, em relação ao lado adubado.Portanto, quanto maior a distribuição do adubo, mais uniforme é o teor dos nutrientes nas folhas da planta e, conseqüentemente, maior será sua produção.
Conclusões
* Todos os modos de adubação em que se colocaram os adubos mais localizados, seja junto ao tronco ou enterrados em sulcos, reduzem a produtividade, em relação à adubação em cobertura com o adubo espalhado.
* Modo de adubação mais eficiente, técnica e economicamente, para a região da Zona da Mata de Minas Gerais, em locais com declividade até 20%, é a aplicação em cobertura, na projeção da saia e em ambos os lados do cafeeiro.
Referências bibliográficas
AMARAL, A.S.; BARROS, U.V.; BARBOSA, C.M. & MATIELLO, J.B. Modo de aplicação e granulometria do superfosfato simples usado na cova de plantio do cafeeiro. In: CBPC, 26, Marília-SP, 2000. p.63-64.
BARROS, U.V.; SANTINATO, R.; MATIELLO, J.B. & BARBOSA, C.M. Comparação de modos de adubação do cafeeiro nas regiões montanhosas da Zona da Mata de Minas Gerais. In: CBPC, 26, Marília-SP, 2000. p.41-43.
FRANCO, C.M. Translocação lateral de N, P e K no cafeeiro. In: CBPC, 10, Poços de Caldas-MG, 1983. p.1-2.
NEPTUNE, A.M.L.; MURAOKA, T. & LOURENÇO, S. Distribuição do sistema radical do cafeeiro utilizando 32 P. In: CBPC, 2, Poços de Caldas-MG, 1974. p.303-304.
SANTINATO, R.; BARROS, U.V.; GUEREIRO, J.P.F.; 7 SILVA, O.A. Modo de adubação e fornecimento de potássio ao cafeeiro em produção. In: CBPC, 11, Londrina-PR, 1984. p.83-85.
SILVEIRA, G.M.; FUJIWARA, M. & FENZ, E. Métodos de aplicação de adubos em cafezal. In: CBPC, 7, Araxá-MG, 1979. p.130-132.
VIANA, A.S.; FLORENCE, M.L.; & GARCIA, W.R. Modo e local de adubação para cafeeiros em solo Led. In: CBPC, 15 Maringá-PR, 1989. p.134-137.
Ubiratan Vasconcelos Barros é pesquisador do Centro Experimental de Café "Eloy Carlos Heringer", Roberto Santinato e José Braz Matiello são pesquisadores do Procafé do Ministério da Agricultura.
Fonte: II Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil - Setembro de 2001.
QUADRO 1 — Produção média anual de cinco safras em cafeeiros sob diferentes modos de adubação. Martins Soares-MG. 2001
Tratamentos
(modos de adubação) Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Projeção da saia dos dois lados da linha 52,58 A * 123
A lanço, por cima da planta 43,57 A B 102
Sob a saia, dos dois lados da linha 43,44 A B 101
Projeção da saia,apenas do lado de cima dalinha 42,84 A B 100
Enterrado em sulco, dos dois lados da linha 42,03 A B 98
Sob a saia, apenas do lado de cima da linha 39,79 A B 93
Enterrado, apenas do lado de cima da linha 38,64 A B 90
Localizado, no tronco 34,29 B 80
* Médias seguidas de mesma letra não se diferenciam entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
QUADRO 2 — Comparação entre os tratamentos enterrados e aqueles em cobertura
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação em cobertura 42,75 106
Aplicação enterrada 40,33
100
QUADRO 3 — Comparação entre os tratamentos onde o adubo foi aplicado dos dois lados da planta e onde foi apenas do lado de cima
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação 1 lado 46,02 114
Aplicação 2 lados 40,42 100
QUADRO 4 — Comparação entre o local de aplicação do adubo
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação na projeção da saia 47,71 115
Aplicação sob a saia 41,62 100
fonte www.cafezinhocomamigos.blogspot.com
Ubiratan V. Barros, Roberto Santinato, José Braz Matiello e outros
Resumo — A cafeicultura da Zona da Mata de Minas Gerais é caracterizada pelo plantio em terrenos declivosos (montanhas), o que oferece dificuldade na operacionalização dos tratos culturais, entre eles a adubação, a qual é realizada manualmente; dessa forma, os produtores procuram adaptar modos diferenciados na sua execução. Assim, é comum observar produtores que enterram os adubos em covetas, ou sulcos, localizando-os, ou não, mais próximos ou longe dos caules das plantas, enquanto outros aplicam os fertilizantes em cobertura, a diferentes distâncias do tronco ou saia do cafeeiro. No intuito de avaliar o melhor modo de adubar o cafeeiro plantado em áreas montanhosas, instalou-se, no Centro Experimental de Café Eloy Carlos Heringer, em Martins Soares - MG, o presente trabalho. O ensaio foi montado em solo LVAh, com declividade de 20%, em lavouras de Catuaí 99, plantadas em fev/95, no espaçamento de 2,5 x 0,7 m, a 740 m de altitude, no delineamento em blocos ao acaso com três repetições, com parcelas de 12 plantas, sendo úteis as oito centrais. Verificou-se ligeira superioridade no modo de adubação em cobertura sobre o enterrado (42,75 contra 40,33 scs/ha); também apresentou superioridade a adubação dos dois lados da planta, em relação apenas ao lado de cima (46,02 contra 40,42 scs/ha), sendo o tratamento que localizou o adubo junto ao tronco o que resultou no pior desempenho, e isto mostra que a maior distribuição do adubo é vantajosa. Quanto ao local, a adubação na projeção da saia foi superior àquela sob a saia (47,71 contra 41,62 scs/ha). Portanto, pode-se concluir que mesmo em regiões montanhosas, como a Zona da Mata de Minas Gerais, o melhor modo de adubar o cafeeiro é a aplicação em cobertura, na projeção da saia em ambos os lados da planta, isto até a declividade de 20%, como no caso do ensaio.
Introdução — As lavouras de café instaladas em terrenos declivosos (montanhas) oferecem dificuldades na operacionalização dos tratos culturais, nutricionais e fitossanitários; dessa forma, os produtores procuram adaptar modos diferenciados na execução das operações, notadamente para as adubações químicas. Assim, é comum observar produtores que enterram adubos em covetas, ou sulcos, localizando-os, ou não, mais próximos ou longe do caule das plantas, enquanto outros aplicam os fertilizantes em cobertura, a diferentes distâncias do tronco ou saia do cafeeiro. Com o objetivo de avaliar o melhor modo de adubar o cafeeiro plantado em áreas montanhosas, instalou-se, no Centro Experimental de Café Eloy Carlos Heringer, em Martins Soares - MG, o presente trabalho.
Material e métodos — O ensaio foi montado em lavoura do cultivar Catuaí Vermelho (linhagem H 2077-2-5-99) no espaçamento de 2,5 x 0,7 m, plantado em fev/95, a 740 m de altitude, em LVA h distróficos, com 20% de declividade. Os tratamentos foram os modos de adubação a lanço, por cima das plantas; enterrado, na projeção da saia do cafeeiro, apenas no lado de cima da planta, e também dos dois lados da planta; a lanço, na projeção da saia do cafeeiro, somente no lado de cima da planta e também dos dois lados desta; a lanço, sob a saia (entre o tronco e a projeção da saia) do cafeeiro, somente no lado de cima da planta e também dos dois lados desta; e localizado, no tronco do cafeeiro. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com três repetições, em parcelas com plantas, sendo úteis as oito centrais.
O plantio foi efetuado com 200 g da fórmula 00-18-00, mais Zn, B e Cu, e 150 g de calcário dolomítico por cova. As adubações de formação e produção foram realizadas em número de 4 - parcelamento no 1o ano e 3 do 2o ao 6o ano, utilizando a fórmula 20-05-20, nas doses de 625 kg/ha no 1o ano, 1.250 kg/ha no 2o ano e 2.000 kg/ha do 3o ao 6o ano, sendo os modos de aplicação dos adubos descritos nos tratamentos. Os demais tratos foram aqueles usualmente indicados pelo MA/PROCAFÉ para a Zona da Mata de Minas Gerais.
Resultados e discussão — Segundo SIVEIRA et al. (1979), na adubação do cafezal em cobertura (seja à máquina ou manual) apresenta melhor resultado a adubação enterrada. Nas condições do ensaio, a adubação em cobertura apresentou ligeira superioridade sobre a adubação enterrada (Quadro 2), sendo 42,75 scs/ha contra 40,33 scs/ha, respectivamente. Embora possa haver um pouco de perda por volatilização, principalmente do nitrogênio, na adubação em cobertura, em relação à adubação enterrada, o efeito depressivo no desenvolvimento do cafeeiro resultante do corte das raízes da planta para se proceder ao enterro do adubo, é superior ao benefício da menor perda por volatilização.
A adubação na projeção da saia do cafeeiro apresentou produção superior à adubação sob a saia (Quadro 4), sendo 47,71 scs/ha contra 41,62 scs/ha, respectivamente. Provavelmente, na adubação sob a saia do cafeeiro, por estar o adubo mais protegido da incidência dos raios solares (redundando em menor temperatura), a volatilização é menor, e, também por estar mais embaixo da planta, a absorção da amônia volatilizada tende a ser maior; no entanto, mesmo a adubação na projeção da saia apresentando, provavelmente, maior perda por volatilização que a adubação sob a saia, a primeira forma apresentou melhor resultado que a segunda, pelo fato de o sistema radicular do cafeeiro possui, normalmente, mais raízes absorventes (radicelas) na projeção da saia, o que promove melhor aproveitamento do adubo da solução do solo. Portanto, diante dos resultados do trabalho, pode-se afirmar que, provavelmente, o fato de a adubação na projeção da saia produzir mais que a adubação sob a saia é decorrente da maior perda por percolação dos nutrientes na segunda maneira de se adubar a planta, em relação à primeira, a qual é mais significativa que a perda por volatilização.
NEPTUNE et al. (1974), efetuando pesquisa com fósforo radioativo (P 32), concluíram que, em cafeeiros de 3 a 5 anos, a zona de maior absorção está situada até 30 cm lateral e 15 cm de profundidade e 60 cm lateral à profundidade de 30 cm; para cafeeiros de 7 anos, a absorção maior se da até 60 cm lateral à profundidade de 15 cm; já para cafeeiros de 9 anos, vai desde a profundidade de 5 cm até 30 cm e distância lateral de até 60 cm.
SANTINATO et al. (1984), estudando o modo de adubação de potássio, concluíram pela superioridade da adubação em ambos os lados do cafeeiros na projeção dos ramos laterais, em relação à adubação sob a saia em toda a volta da planta, e enterrada a 15 cm na projeção dos ramos.
VIANA et al. (1989) não encontraram diferença estatística em relação aos diferentes locais onde o adubo foi aplicado, notando apenas ligeira superioridade na adubação entre as plantas de café. A explicação do autor para o fato foi a montagem do ensaio em lavouras já adultas, as quais já haviam recebidos várias adubações anteriores.
AMARAL et al. (2000) concluíram que houve tendência de quanto mais localizado o adubo fosfatado na cova de plantio, menor seu efeito benéfico na formação do cafeeiro e, conseqüentemente, menores foram as primeiras produções desses tratamentos.
No ensaio, a adubação com 20-05-20, dos dois lados da planta apresentou melhor resultado que a adubação apenas do lado de cima - 46,02 contra 40,42 scs/ha (Quadro 3). A explicação para o fato está no clássico trabalho de FRANCO (1983), o qual plantou mudas de café com raízes bifurcadas, sendo colocada uma raiz em cada um dos lados dos vasos de 2,0 L dividido ao meio; depois disso, o autor adubou com N, P e K apenas um dos lados dos vasos e analisou o teor destes elementos nas folhas de ambos os lados da planta. Os resultados mostraram que há translocação lateral dos nutrientes N, P e K no cafeeiro, porém esta não é perfeita, e as folhas do lado da planta que não receberam nutrientes apresentaram apenas 45, 52 e 68% de N, P e K, respectivamente, em relação ao lado adubado.Portanto, quanto maior a distribuição do adubo, mais uniforme é o teor dos nutrientes nas folhas da planta e, conseqüentemente, maior será sua produção.
Conclusões
* Todos os modos de adubação em que se colocaram os adubos mais localizados, seja junto ao tronco ou enterrados em sulcos, reduzem a produtividade, em relação à adubação em cobertura com o adubo espalhado.
* Modo de adubação mais eficiente, técnica e economicamente, para a região da Zona da Mata de Minas Gerais, em locais com declividade até 20%, é a aplicação em cobertura, na projeção da saia e em ambos os lados do cafeeiro.
Referências bibliográficas
AMARAL, A.S.; BARROS, U.V.; BARBOSA, C.M. & MATIELLO, J.B. Modo de aplicação e granulometria do superfosfato simples usado na cova de plantio do cafeeiro. In: CBPC, 26, Marília-SP, 2000. p.63-64.
BARROS, U.V.; SANTINATO, R.; MATIELLO, J.B. & BARBOSA, C.M. Comparação de modos de adubação do cafeeiro nas regiões montanhosas da Zona da Mata de Minas Gerais. In: CBPC, 26, Marília-SP, 2000. p.41-43.
FRANCO, C.M. Translocação lateral de N, P e K no cafeeiro. In: CBPC, 10, Poços de Caldas-MG, 1983. p.1-2.
NEPTUNE, A.M.L.; MURAOKA, T. & LOURENÇO, S. Distribuição do sistema radical do cafeeiro utilizando 32 P. In: CBPC, 2, Poços de Caldas-MG, 1974. p.303-304.
SANTINATO, R.; BARROS, U.V.; GUEREIRO, J.P.F.; 7 SILVA, O.A. Modo de adubação e fornecimento de potássio ao cafeeiro em produção. In: CBPC, 11, Londrina-PR, 1984. p.83-85.
SILVEIRA, G.M.; FUJIWARA, M. & FENZ, E. Métodos de aplicação de adubos em cafezal. In: CBPC, 7, Araxá-MG, 1979. p.130-132.
VIANA, A.S.; FLORENCE, M.L.; & GARCIA, W.R. Modo e local de adubação para cafeeiros em solo Led. In: CBPC, 15 Maringá-PR, 1989. p.134-137.
Ubiratan Vasconcelos Barros é pesquisador do Centro Experimental de Café "Eloy Carlos Heringer", Roberto Santinato e José Braz Matiello são pesquisadores do Procafé do Ministério da Agricultura.
Fonte: II Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil - Setembro de 2001.
QUADRO 1 — Produção média anual de cinco safras em cafeeiros sob diferentes modos de adubação. Martins Soares-MG. 2001
Tratamentos
(modos de adubação) Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Projeção da saia dos dois lados da linha 52,58 A * 123
A lanço, por cima da planta 43,57 A B 102
Sob a saia, dos dois lados da linha 43,44 A B 101
Projeção da saia,apenas do lado de cima dalinha 42,84 A B 100
Enterrado em sulco, dos dois lados da linha 42,03 A B 98
Sob a saia, apenas do lado de cima da linha 39,79 A B 93
Enterrado, apenas do lado de cima da linha 38,64 A B 90
Localizado, no tronco 34,29 B 80
* Médias seguidas de mesma letra não se diferenciam entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
QUADRO 2 — Comparação entre os tratamentos enterrados e aqueles em cobertura
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação em cobertura 42,75 106
Aplicação enterrada 40,33
100
QUADRO 3 — Comparação entre os tratamentos onde o adubo foi aplicado dos dois lados da planta e onde foi apenas do lado de cima
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação 1 lado 46,02 114
Aplicação 2 lados 40,42 100
QUADRO 4 — Comparação entre o local de aplicação do adubo
Modo de adubação Média de 5 safras (scs/ha) Rel. %
Aplicação na projeção da saia 47,71 115
Aplicação sob a saia 41,62 100
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