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terça-feira, 5 de julho de 2011

FRIO E FOTOS ASSUSTAM O MERCADO

O parlamento grego aprovou novas medidas de cortes de gastos e aumentos de impostos, conforme prometido pelo seu primeiro-ministro, e com isso assegurou acesso a mais recursos do pacote de ajuda desenhado pelo FMI e pelo Banco Central Europeu. O resultado foi a recuperação das bolsas nos últimos cinco dias, assim como o enfraquecimento do dólar, com o investidor demonstrando menor receio com a região do Euro (pelo menos por enquanto...)

Índices de produção de manufaturados nos Estados Unidos também animaram o mercado acionário na sexta-feira, o que foi um bom começo para a segunda metade do ano depois de um primeiro semestre volátil onde os ganhos se concentraram nas bolsas das economias mais ricas do planeta.

Os três principais índices de commodities tiveram resultados diferentes de janeiro a junho, com o GSCI subindo5.86%, seguido pelos ganhos de 1.17% do CRB, e perda de 3.41% para o DJAIG. Individualmente a gasolina teve a maior alta, 23.58%, seguida pelo mercado de suíno-magro que subiu 18.37% e em terceiro o óleo de aquecimento com ganhos de 15.29%. Do lado de baixo o maior perdedor foi o trigo com queda de 26.38%, o açúcar com baixa acumulada de 11.71% e a soja com perdas de 6.28%.

O café futuro em Nova Iorque subiu 10.43% nos seis primeiros meses de 2011, 17.82% em Londres, e 17.39% em São Paulo, sendo que apenas nos últimos cinco dias a recuperação foi de 5.25%, 6.60% e 4.33% respectivamente.

Como mencionamos no comentário da semana passada, o mercado estava dando sinais de que poderia reverter parcialmente as baixas em função dos fundos estarem com uma posição vendida estimada em 12 mil contratos, e também por causa da figura técnica ter demonstrado um suporte mais confiante. Entretanto o que mais ajudou a puxada dos preços na semana foi o frio no Brasil, que andou queimando algumas poucas lavouras (segundo nossas fontes), mas que as fotos tiradas de algumas árvores que foram atingidas se multiplicaram rapidamente pela internet.

O fato é que nenhum instituto de meteorologia tinha previsto isto, e há mais uma frente fria para a semana que vem. Com o feriado em Nova Iorque na segunda-feira dia 4 de julho (em comemoração do Dia da Independência dos Estados Unidos), os vendidos ficaram desconfortáveis com suas posições e resolveram cobrir parcialmente seu risco. Outros especuladores decidiram ficar comprados, e isto em um ambiente em que as vendas de origens foram retraídas ou canceladas, permitindo uma alta significativa.

O volume de negociação foi na verdade abaixo da média, mas os preços melhores dos terminais permitiram uma boa movimentação do mercado físico, com os diferenciais cedendo levemente. Mesmo assim a arbitragem entre BM&F e ICE continua em apenas um dígito negativo, e vendas no FOB ainda encontram compradores com interesse longe dos níveis de preço que se alinhem com o custo de reposição – fato que os altistas usam como argumento para apostar na continuação da alta.

Tecnicamente Nova Iorque pode subir um pouco mais, para provavelmente encontrar novas resistências próximas a US$ 270 centavos por libra peso, que creio ser o topo do intervalo que veremos o café negociando por algum tempo 240 / 270). Mas não custa lembrar que se a alta foi puramente provocada pelo receio de riscos de perda de produção no Brasil por causa do frio, e caso isto não venha se confirmar na terça-feira com boletins climáticos indicando temperaturas mais quentes, os compradores que estão apostando em novos ganhos virarão vendedores novamente.

Para os produtores que precisam gerar caixa no curto-prazo é bom aproveitar a oportunidade.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

*Rodrigo Corrêa da Costa

Fundos cortam aposta nas commodities

VALOR ECONOMICO


05/07/2011


Gerson Freitas Jr. | De São Paulo

Os grandes fundos de investimento intensificaram os sinais de cautela em relação às commodities agrícolas. Dados divulgados na sexta-feira pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) dos EUA mostram que os fundos liquidaram contratos de compra, papéis com os quais apostam na alta dos preços, em praticamente todos os produtos da cesta entre os dias 21 e 28 de junho.

Os números ainda não capturam as saídas relatadas no fim da semana passada, em reação às novas estimativas de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), consideradas baixistas.

O mercado de milho de Chicago foi o mais castigado. Em apenas uma semana, fundos se desfizeram de 94,9 mil posições compradas, o que corresponde a mais de 12 milhões de toneladas do grão - praticamente a produção anual do Paraná.

A liquidação foi a maior desde junho de 2009. O saldo líquido de compra dos fundos em milho caiu 18,1%, para 226,1 mil contratos, em apenas uma semana. É o menor patamar desde agosto do ano passado, próximo da metade dos 408 mil registrados em meados de janeiro. Os mercados de soja e derivados, trigo e café também sofreram com a fuga de capitais. Neste último, a posição líquida comprada pelos fundos caiu de quase 40 mil contratos, no início do ano, para menos de 4,9 mil há uma semana.

A perspectiva de aumento na área plantada com milho nos EUA e o início da colheita de café no Brasil têm influenciado negativamente os preços dessas mercadorias. No entanto, os fundamentos explicam apenas em parte a perda de apetite pelas commodities agrícolas.

As preocupações com o cenário econômico global parecem se sobrepor em todo o conjunto das matérias-primas. Na visão de muitos analistas, a desaceleração da atividade industrial em países como China, Índia, Alemanha e Reino Unido sugere uma menor demanda por metais, alimentos e combustíveis.

Ao todo, apontam dados da CFTC compilados pela Bloomberg, os fundos cortaram em 15% sua posição líquida de compra nas 18 commodities (agrícolas e minerais) negociadas nos EUA na semana terminada na última terça-feira. O volume apurado naquele dia, de 958,3 mil contratos, foi o menor desde julho do ano passado.

A postura dos fundos começou a mudar em maio. Segundo levantamento do Barclays Capital, investidores institucionais retiraram quase US$ 7 bilhões desses mercados naquele mês -- o maior saque mensal desde outubro de 2008, início da crise financeira global.

Com a queda dos preços, o valor total movimentado por fundos e especuladores nas commodities caiu ainda mais, US$ 26 bilhões ou 5,7%, para US$ 425 bilhões. Essa foi a primeira queda desde agosto de 2010, e a maior desde outubro de 2008. Só nas agrícolas, o volume de capitais especulativos caiu 7,9%, para US$ 104 bilhões. Ainda assim, é 9,4% maior do que o registrado no fim de 2010. O investimento em commodities explodiu na última década. No início dos anos 2000, não passavam de US$ 15 bilhões. Em abril, bateu recorde ao atingir US$ 451 bilhões.

Embarques de café do Vietnã podem cair em julho; prêmios sobem

Reuters


HANÓI, 5 de julho (Reuters) - O Vietnã deve exportar entre 45 mil toneladas e 70 mil toneladas, ou de 750 mil a 1,17 milhão de sacas, de café este mês, abaixo das 80 mil toneladas estimadas em junho, puxando os prêmios mais para cima, disseram traders nesta terça-feira.

Isso pode estimular compradores a buscarem fontes alternativas na Europa, onde a quantidade de café estocado é grande, enquanto as esperanças também dependem da liberação de volumes no Vietnã, quando os preços atingirem um nível suficientemente alto, disseram operadores do mercado.

"A oferta (doméstica) está secando, então os compradores podem trocar para comprar grãos direto dos estoques na Europa", disse um trader de companhia estrangeira na cidade de Ho Chi Minh.

As exportações de café do Vietnã seguem tendência de queda desde a última colheita, que terminou em dezembro, duas semanas antes do normal, e um aumento dos preços encorajou os exportadores e produtores a correrem para vender e exportar no primeiro semestre de 2011, deixando poucas exportações para o segundo semestre.

As exportações de café do país entre outubro de 2010 e junho aumentaram 25 por cento ante o ano passado, para 19,47 milhões de sacas de 60 kg, segundo dados do governo, deixando cerca de 2,5 milhões de sacas no país, com base na safra de 22 milhões de sacas estimadas por traders.

Exportadores atrasaram as entregas dos contratos totalizando cerca de 100 mil toneladas desde maio por causa da escassez nos estoques, disse uma autoridade do setor no mês passado.

O Vietnã embarcou 89 mil toneladas da commodity em julho de 2010, abaixo das 94.900 toneladas no mês passado, de acordo com estatísticas do governo.

"A demanda externa por entregas de café vietnamita é de cera de 60 mil toneladas (1 milhão de sacas) por mês", disse um trader, acrescentando que agora é mais barato comprar grãos do Vietnã na Europa do que no país do sudeste asiático.

Na Europa, os estoques de café na Liffe subiram de 404.510 toneladas em 13 de junho para 412.380 toneladas em 27 de junho.

Cosan Alimentos deve promover o renascimento da marca Café União

Cosan Alimentos deve promover o renascimento da marca Café União OESP
A Cosan Alimentos quer reduzir a participação do açúcar de sua receita de atuais 100% para perto de 40% nos próximos quatro anos. A afirmação é do presidente da empresa, Colin Butterfield. O caminho para a diversificação das operações da Cosan Alimentos já vem sendo construído há alguns anos mas agora, com a separação da empresa do Grupo Cosan, a partir de primeiro de julho, essa estratégia deverá ser acelerada. Butterfield explica que a Cosan Alimentos pretende se diversificar procurando oportunidades no setor de bens de consumo alimentícios não perecíveis, principalmente aqueles que fazem parte da cesta básica. Entre os setores mais visados para a Cosan estão a cadeia de trigo, através de bolos e biscoitos e massas, e o setor de café, com o renascimento da marca Café União. Atualmente, o carro chefe da empresa é o varejo de açúcar refinado, com marcas como Açúcar União e Da Barra que, juntas, possuem mais de 30% de participação do mercado. Segundo ele, os setores de café e trigo possuem nichos e produtos ainda não explorados no mercado brasileiro. "Existem muitas áreas no setor de alimentos que não estão sendo atendidas no Brasil e queremos aproveitar essas oportunidades existentes", disse ele, que preferiu não detalhar quais seriam estes nichos. O executivo afirmou, contudo, que para atingir a meta de diversificação da empresa, a Cosan Alimentos pode procurar parcerias com outras companhias já consolidadas nos mercados onde pretende entrar. Potencial. Com a criação da Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, as usinas produtoras de açúcar ficaram concentradas na Raízen, o que torna a Cosan Alimentos uma potencial cliente da Raízen. "Mas a independência da empresa do Grupo Cosan também dá liberdade para a empresa de ir buscar as matérias-primas no mercado e não apenas na Raízen", afirma ele. Até a criação da Raízen, a originação de açúcar da Cosan Alimentos era praticamente realizada com produto da própria Cosan. O executivo afirma que a Cosan Alimentos já está conversando com várias empresas para possíveis parcerias. "É mais viável se associar a uma empresa já existente do que criar tudo a partir do zero. Existem empresas muito boas nas áreas que queremos entrar e que criariam uma boa sinergia", disse. O objetivo, segundo ele, é replicar nessas novas áreas a liderança vertical que a Cosan Alimentos possui no mercado de açúcares. O faturamento da Cosan Alimentos ultrapassou o R$ 1 bilhão no último ano fiscal. Mesmo no setor de açúcar, a Cosan Alimentos está fortalecendo sua posição em produtos diferenciados, como o União Light, um açúcar que possui a metade das calorias existentes no açúcar normal. Segundo Butterfield, trata-se de um açúcar de poder adoçante maior, o que requer o uso da metade do volume normal, por isso a redução de calorias. Retorno. Vendido para a empresa Sarah Lee em 2000, a marca Café União deve voltar às prateleiras, depois que o período de 10 anos que a Sarah Lee tinha para utilizar a marca expirou. O executivo disse que a Cosan Alimentos pode voltar a investir também no mercado de achocolatados e outros itens, mas o foco seria, em um primeiro momento, nos produtos componentes da cesta básica. No início do ano, a empresa vendeu sua linha de achocolatados, gelatinas e mistura para bolos com a marca Da Barra para a Coroa Participações por R$ 25 milhões

Banco aposta no crescimento de América Latina

Banco aposta no crescimento de América Latina e outros emergentes, puxado por "commodities" e expansão da classe médiaEm breve Brasil terá menos pobres que os EUA, diz Santander MADRI.
O desenvolvimento econômico e a expansão da classe média colocarão o Brasil em um estágio social próximo ao das grandes potências mundiais, e em breve o país terá menos pobres que os Estados Unidos, afirmou ontem Marcial Portela, presidente do Banco Santander do Brasil, em entrevista coletiva realizada em Santander, no interior da Espanha, onde o banco promove um seminário sobre o desenvolvimento da América Latina.- Em poucos anos, o Brasil terá menos pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza que os Estados Unidos - disse Portela, com base nos estudos do Departamento Econômico do banco, que estimam o crescimento do Brasil para este ano em 3,7% e, para 2012, em 4%.O Santander projeta que, nesse período, a inflação estará sob controle, atingindo 6,2% em 2011 e recuando para 5,1% no ano que vem.- As taxas de crescimento no Brasil devem garantir o fortalecimento da classe C. O fenômeno da classe média brasileira é impressionante. O Brasil deve ter um ingresso de 25 milhões de pessoas no sistema bancário nos próximos quatro anos, e nosso grande desafio será conquistar essas camadas mais baixas, para dar sequência à expansão de nosso banco no Brasil - explicou Portela, lembrando que o banco já entrou no microcrédito brasileiro, com oferta de R$1 bilhão em empréstimos.O bom desempenho da economia brasileira, ao mesmo tempo em que a Europa enfrenta uma séria crise, revela o surgimento de uma nova ordem mundial. Segundo diretores do Santander, os países emergentes deverão superar os desenvolvidos já em 2015, e o Brasil se tornará a sexta maior economia mundial até 2025, ano em que deverá ter um Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) de US$4,9 trilhões.Essa estimativa foi feita na sexta-feira por José Juan Ruiz, diretor do Santander para a América, a um grupo de jornalistas latino-americanos.- Um novo mundo está nascendo diante dos nossos olhos -- disse Juan Ruiz, que citou projeções feitas com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e que apontam que até 2025 a China ocupará o primeiro lugar na economia mundial com um PIB de US$48,9 trilhões, seguida pelos Estados Unidos com US$27,3 trilhões, Índia com US$16,4 trilhões, Japão com US$6,7 trilhões e Rússia com US$5,2 trilhões. O Brasil, segundo o diretor do Santander, terá o sexto maior PIB e superará a Alemanha, que deverá ter um PIB de US$4,8 trilhões.Ele disse que o novo cenário mundial ficou mais claro após a recessão de 2008, da qual a América Latina saiu mais forte e mais rica. No período, segundo ele, o PIB per capita da região passou de US$10.840 a US$12.270, graças à alta dos preços das commodities e à expansão da classe média.- Estamos muito otimistas com a América Latina e especialmente com o Brasil - disse o diretor-geral do banco, José Antonio Alvarez.

Exportar é possível, mesmo com real forte

Exportar é possível, mesmo com real forte
Do ramo automobilístico à produção de cachaça, passando por roupas e calçados, empresas ampliam vendas ao exterior A despeito das dificuldades que o dólar baixo impõe aos exportadores, há um grupo de empresas que tem conseguido ampliar suas vendas ao exterior. Redução de margens, mudanças na estrutura produtiva, entrada em novos mercados, aposta em produtos de maior valor agregado e a importação de matérias-primas são algumas das receitas para amenizar a influência negativa da moeda americana.No Grupo PSA Peugeot Citroën, as vendas de veículos cresceram 31% nos cinco primeiros meses de 2011, para 10.300 unidades, frente a igual período de 2010, enquanto as exportações de motores subiram 14,7% , para 32.110, na mesma base de comparação. O diretor financeiro para a América Latina da empresa, Philippe de Rovira, aponta que o lançamento de novos modelos e o forte crescimento do mercado argentino - que responde por 80% das exportações - são os principais fatores que explicam a expansão no mercado externo. Além disso, lembra ele, há uma preocupação constante de melhoria da eficiência industrial.- É verdade que a taxa de câmbio faz com que exportar com rentabilidade seja mais difícil, mas o lançamento de novos produtos tem ajudado.Margens de lucro reduzidas ou quase nulasA fabricante cearense de cachaça Ypióca tem investido para levar seus produtos, principalmente os da linha premium, para novos países e com isso conseguiu aumentar em 8% o faturamento com exportação nos primeiros quatro meses de 2011, frente a igual período do ano passado. Outra alternativa foi o lançamento de novas linhas, além de investimento em divulgação da marca e participação em feiras. Apesar das margens reduzidas, a companhia mantém seu investimento no mercado externo por seu papel estratégico.- Contratamos um gerente na Europa, nosso principal mercado, trabalhando de perto com os clientes. Além disso, há um embaixador da marca, cuja função é promover a Ypióca. Temos conquistado quatro novos mercados a cada ano também focado na linha de maior valor, como a superpremium e de cachaças com sabor - diz a diretora de Exportação Heloísa Telles.Também é a aposta estratégica que motiva a atuação no exterior do Grupo Selmi - fabricante das massas e biscoitos Renata, da marca Galo e de outros produtos. E isso significa até manter operações com margens de lucro praticamente nulas.- Com o dólar desfavorável, temos dificuldades de custos. Não estamos ganhando dinheiro (com exportação), mas as vendas ajudam a diluir custos - diz o presidente Ricardo Selmi.A empresa acaba de iniciar exportações para os Estados Unidos, ampliando para 14 o número de países para os quais vende. As exportações têm acompanhado o crescimento de 20% do mercado interno, o que permite a manutenção da fatia de 3% que têm no faturamento.A estilista Alessa Migani, da grife Alessa, duplicou o faturamento com exportação no verão de 2011, frente ao anterior. Ela passou a participar de duas feiras internacionais - em vez de uma - e reduziu a margem de lucro para manter o preço:- Quero que o cliente se sinta confortável e tenha certeza do preço final, por isso preferi diminuir um pouco a margem.Aumento da produtividade para manter competitividadeJá a fabricante de motores elétricos Weg procurou importar matérias-primas e aumentar a produtividade nas unidades brasileiras para permanecer competitiva. Ainda assim, teve de sacrificar margens para manter o crescimento das exportações. No primeiro trimestre do ano, a empresa faturou R$480 milhões no exterior, um crescimento de 45% em relação ao mesmo período de 2010. Dois terços desse aumento de vendas se devem a exportações a partir do Brasil.- Graças à maior produtividade não perdemos tanta margem, mas mesmo assim tivemos de fazer algum sacrifício - diz o presidente Harry Schmelzer Jr.A Piccadilly, de calçados femininos, investiu na marca para manter as vendas em alta no exterior. O trabalho se dá a partir dos representantes comerciais nos países para os quais exporta, que cuidam para que os preços não fiquem nem tão acima do valor de mercado, nem tão baixos a ponto de influir na percepção de qualidade. Desde 2006 a empresa investe na concessão da marca para lojas próprias nos países para os quais vende. A fórmula rendeu um crescimento de 9% no volume e de 17% no valor exportado em 2010.- Consigo repassar para o sapato exportado a valorização do real, porque trabalho a minha marca - diz o diretor-presidente da Piccadilly, Paulo Grings.No primeiro semestre, a empresa já contabiliza um aumento de 29% no volume exportado, em comparação a igual período de 2010. O ritmo deve se manter graças à recente entrada no mercado americano, com a abertura de uma loja em Miami em abril.Na Feitiços Aromáticos, pequena empresa que produz aromatizantes, essências e sais para banhos, cortou os gastos com transporte pela metade para compensar a valorização do real. Para isso, concentrou as remessas de produtos para os clientes que atende em Portugal e Espanha. Em vez de seis envios anuais, passou a fazer três. Também ofereceu a possibilidade de parcelar pagamento. Com isso, as exportações em 2010 representaram 5% do faturamento de R$1,2 milhão. A proprietária Raquel Cruz espera que as exportações cresçam 20% este ano. Em 2012, a meta é ampliar as exportações, com o lançamento de uma nova linha, de olho no mercado americano.- A linha vai se chamar Brasil Aromáticos, para aproveitar a marca Brasil, em alta na Europa e nos EUA - diz Robério Viana, marido e sócio de Raquel.O ganho de eficiência logística também entrou no radar da fabricante de papel e celulose Fibria, que investiu numa frota de 20 navios e em produtividade no setor florestal. Os custos da empresa cresceram 1,8% no ano passado, ante uma inflação geral de 5,91%. No primeiro trimestre do ano, a Fibria faturou R$1,3 bilhão com exportações.- O corte de custos permitiu que mantivéssemos as nossas margens praticamente inalteradas - diz o diretor de Relações com Investidores, João Elek.A Marcopolo transferiu parte da produção de ônibus para o exterior como forma de não perder mercado. Isso foi crucial para a expansão de 14% nas vendas externas do primeiro trimestre, que chegaram a 2.293 ônibus. A exportação a partir do Brasil, que respondeu por 23% desse total, passou por uma simplificação da linha de montagem, diz o diretor de RI Carlos Zignani.

Dólar não tem piso, mas teto seria de R$ 1,60O

Dólar não tem piso, mas teto seria de R$ 1,60
Dólar comercial completou sexto pregão seguido de baixa, maior sequência de queda desde setembro do ano passado e segue em cotações não registradas em 12 anos, na casa de R$ 1,55.Nesses seis pregões, o preço caiu 3,18%, saindo de R$ 1,604 na sexta-feira 24 de junho, para R$ 1,553 ontem, com queda no dia de 0,32%. No mercado futuro, o dólar para agosto recuava 0,38%, a R$ 1,561 antes do ajuste final.A pergunta que fica é: tem espaço para cair mais? Espaço sempre existe. Pela análise técnica, o contrato futuro poderia cair a R$ 1,548 no curto prazo.No entanto, não se sabe qual a disposição dos agentes em seguir ampliando a "aposta" de valorização com o real a esse preço. "Nesse preço eu não sou vendedor", disse um tesoureiro.Estrangeiro tem aposta de US$ 23,5 bilhões no realO que parece claro é que o preço pode até não cair muito, mas também não deve subir com força. Como bem disse um operador, o estrangeiro segue com uma posição vendida (que ganha com a queda do dólar) monstruosa e não parece disposto a se desfazer disso.Segundo os dados da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o investidor não residente abriu o mês vendido em US$ 23,548 bilhões, novo recorde histórico.Outra pergunta que surge com o dólar nas mínimas desde janeiro de 1999 é: será que o governo tomará novas medidas restritivas? Por ora, nenhum sinal do Ministério da Fazenda, que sempre capitaneou as ameaças de intervenção em outros episódios de baixa. Para parte do mercado, esse silêncio do governo é reflexo da intricada conjuntura brasileira. Se o governo apertar a mão e o dólar subir com força, pode ganhar um problema no lado da inflação. Parte dos arbitradores sabe que o governo está encilhado nisso. Então tira proveito. De fato, esse binômio inflação/juros ajuda a explicar parte da valorização recente da moeda. Segundo o diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, desde a semana passada vem aumentando a percepção de que o Banco Central (BC) pode subir os juros por um período superior ao esperado. No mercado de juros futuros, a probabilidade de alta da Selic no encontro de agosto já está em 50%. Para a reunião do mês de julho, o ajuste de 0,25 ponto percentual, que traria o juro básico de 12,25% para 12,50%, já é dado como certo.Tal percepção reforça uma dinâmica bastante conhecida. Quanto maior o juro doméstico, mais interessante fica a operação de arbitragem de taxa de juros. O investidor toma dinheiro a juro baixo no mercado externo, vende os dólares no Brasil e investe em papéis brasileiros que pagam prêmio maior. Vale lembrar que também há opção de operar real sem nunca ter visto uma cédula da moeda. Basta lançar mão do NDF (non-deliverable forward, contrato a termo de moeda sem entrega física). Depois de um período de baixa atratividade em função da disparada do cupom cambial (juro em dólar) no fim de abril, esse tipo de operação voltou a chamar investidores. O BC luta contra a inflação e, entre os custos, tem de lidar com um câmbio mais apreciado. No momento atual, essa questão pode ganhar mais importância, tendo em vista que, caso os Estados Unidos engatem recuperação e a Europa não produza nenhum história de horror nos próximos dias, fica aberto o caminho para uma retomada no preço das matérias-primas. Se os preços externos sobem e o real não se aprecia, há uma "importação" de inflação. Cabe lembrar que alguns agentes apontam que boa parte da inflação de commodities que o país amargou no começo de 2011 pode ser atribuída à relativa baixa flexibilidade cambial do ano passado e começo deste. Em função das intervenções e ameaças do governo, o dólar pareceu encontrar um "piso" não oficial.Neste momento, ninguém arrisca um "piso" para a taxa de câmbio, mas muitos têm como "teto" a linha de R$ 1,60. Acima disso, a questão inflacionária poderia ganhar vulto, pois o preço considerado em alguns modelos do BC é justamente o R$ 1,60 e, ainda assim, a inflação fica acima do centro da meta de 4,5%.Outro impeditivo a uma alta muito acentuada são os exportadores. Recentemente, quando o dólar se aproximou de R$ 1,65, foi observada firme movimentação para ingresso de moeda. Claro que todo esse raciocínio é válido salvo alguma catástrofe no cenário externo. No quadro externo, quem pode estragar essa retomada das commodities é a China, que dá sinais de que segue desacelerando sua economia, reflexo de uma série de alta de juros e aumento de compulsório bancário. Em função da defasagem das ações de política monetária, o efeito máximo dessas medidas ainda estaria por vir.