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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mercado em alta tensão

Mercado em alta tensão
O mercado do café apesar de estar fazendo algo que de certa forma era esperado, mas a forma que esta trabalhando deixa qualquer trader sem respiração, esta de prender o fôlego.
O fechamento com 920 pontos de alta e ultimo ticker com 1015 pontos mostra a alta tensão deste mercado.
Na semana passada o mercado pagou o preço pelo dia do vencimento das opções e fez um belíssimo rally , parando na máxima de 218,70 no dia 10/11/2010 maior preço dos últimos 13 anos,e depois caiu violentamente fazendo teste do ultimo fundo deixado do gráfico de 60 minutos do dia 3/11/2010 na casa de 192,80 , após respeitar este valor ontem sai em busca do teste do topo sem olhar para trás e com o mercado sabendo que os vendidos terão que recomprar e ou rolar suas posições alimento a fome de lucro dos fundos e dos comprados .
Ontem quando vi este teste de fundo e o seu não rompimento não acreditei sinceramente que o mercado pudesse chegar no topo novamente, mas agora depois do dia de hoje realmente não duvido de nada , o mercado esta aberto e só para quem tem um coração muitíssimo forte para atuar contra esta tendência.
No lado fundamental não existe novidades, os estoques continuam caindo apesar do tamanho da safra brasileira e seus recordes de exportação,o consumo segundos últimos relatórios irão aumentar acima do esperado, comprar mercadoria de qualidade continua mais difícil que nascer cabelo em ovo e o ágio continua sendo pago pelo mercado físico, e pra ajudar o desesperado do governo americano com a intenção de aumentar o consumo e melhorar sua economia jogou mais uma avalanche de dólar no mercado o que certamente ira aumentar a inflação e aumentar os preços das comodities, a tentativa do governo americano de sobre taxar as aplicações certamente não ira dar em nada,e depois do balanço e dos lucros que estes fundos tem com suas operações irão certamente a continuar aplicando.
Na reunião do g-20 a única certeza que temos que o mercado continua o mesmo, cada um por si e Deus por todos e quem pode mais certamente chora menos.
Amanha dia 19/11/2010 será o dia da primeira chamada para os que estão vendidos para a entrega e certificação dos cafés vendidos e pelo mercado de hoje parece previsível o que veremos novo topo .
Com indicadores tendo muito ainda para caminhar com medias virada pra cima com a força do mercado com uma volatilidade em high voltage o alvo da projeção de Fibomacci esta aberta e esperando para ser rompido.
Próxima resistência em 214,2 e topo anterior em 218,7 o rompimento joga para o alvo em 133,80.
O mercado realmente não esta para amador e quem realmente tiver coração entre no lado certo e ajude alimentar a tensão dos vendidos. Suporte nas medias em 205,5.
Vamos esperar amanha para ver o desfecho.
Wagner Pimentel
WWW.cafezinhocomamigos.blogspot.com

Café: ABIC divulga avaliação dos 10 lotes finalistas do Concurso Nacional de Qualidade

O 7º Concurso Nacional ABIC de Qualidade dos Cafés do Brasil, que este ano está repleto de novidades, entra em sua reta final. A primeira fase foi a da seleção dos melhores lotes, realizada pelas instituições de cada Estado produtor por meio de certames estaduais. Os respectivos lotes vencedores foram inscritos no Concurso Nacional e passaram por avaliação sensorial da Qualidade Global na xícara.

A avaliação dos lotes, novidade desta edição, seguiu as metodologias da SCAA – Specialty Coffee of America e do PQC – Programa de Qualidade do Café da ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café, entidade responsável pelo concurso nacional. Os cafés foram provados às cegas por uma comissão de especialistas, coordenada por Ensei Neto, juiz certificado da SCAA. Foram seguidos os quesitos de cada uma das metodologias, com as notas da SCAA sendo dadas em uma escala de 0 a 100 e as do PQC numa escala de 0 a 10. “As duas metodologias apontaram resultados muito semelhantes e calibrados e as notas mostram que este concurso está sendo disputado por cafés que vão de Muito Bons a Excepcionais”, diz Nathan Herszkowicz, diretor executivo da ABIC.

Os cafés que mais se destacaram na avaliação são de São Paulo. Na categoria Café Natural, a melhor nota foi obtida pelo lote do produtor Márcio Luiz Bergamo Favaro, de Sarutaiá: 85,25 pontos na SCAA e 8,15 no PQC. Na categoria Cereja Descascado, a melhor nota foi dada ao lote do produtor João Antônio Garrote, de Itaí: 89,00 pontos na SCAA e 8,66 pontos no PQC. Na categoria Microlote – novidade deste certame – houve empate entre os lotes dos produtores Zaldenir Gonçalves, do Paraná, e João Emílio Lisboa, de São Paulo. Essa categoria foi criada para permitir a participação de pequenos produtores. O lote é de apenas 2 sacas, enquanto nas demais é de 10 sacas.

Leilão aberto a pessoas físicas

Com base nas notas obtidas, serão fixados os preços de abertura do leilão, o que será anunciado dia 29 de novembro. O pregão é aberto a indústrias, cafeterias, hotéis e pela primeira vez a pessoas físicas. Os lances poderão ser dados para aquisição de 1 saca ou de todo o lote, ou de sacas de diferentes lotes. As empresas podem participar individualmente ou em consórcio. O mesmo para as pessoas físicas, que podem reunir amigos ou a própria família para comprar o seu café.

Amostras de 100 gramas dos cafés finalistas podem ser solicitadas na ABIC, pelo email abic@abic.com.br até dia 30 de novembro, bastando preencher a Ficha de Inscrição do Comprador que está no site da entidade (www.abic.com.br) e a ficha para o lance. Nesta edição, o envio do lance poderá ser feito pela internet, por meio da Ficha de Lance Comprador, também à disposição do site. Os lances deverão ser feitos no período de 29 de novembro a 8 de dezembro, quando encerra o pregão. No dia 10 de novembro será divulgado o resultado. Todo o regulamento também está disponível no site.

Lotes Finalistas



CATEGORIA CAFÉ NATURAL

Produtor
UF
Cidade
Nota SCAA
Nota PQC

Márcio Luiz Bergamo Favaro
SP
Sarutaiá
Nota SCAA 85,25
Nota PQC 8,15

Maria José Junqueira Ceglia
MG
São Lourenço
Nota SCAA 79,00
Nota PQC 7,68

Agrifirma Campo Aberto Agrop.
BA
Luis Eduardo Magalhães
Nota SCAA 76,25
Nota PQC 7,60

Valdir Rodrigues de Souza¹
PR
Jandaia do Sul
Nota SCAA 74,25
Nota PQC 7,34

Obs.: O lote de Jandaia do Sul/PR não participará do leilão por não ter atingido a nota mínima de 75 pontos, conforme Artigo 20º do Regulamento.


CATEGORIA CAFÉ CEREJA DESCASCADA

Produtor
UF
Cidade
Nota SCAA
Nota PQC

João Antonio Garrote
SP
Itaí
Nota SCAA 89,00
Nota PQC 8,66

Lessivan Marcos de Oliveira Pacheco
BA
Brejões
Nota SCAA 84,75
Nota PQC 8,25

Hilda Stein Krohling
ES
Marechal Floriano
Nota SCAA 83,75
Nota PQC 8,10

Luiz Roberto Saldanha Rodrigues
PR
Jacarezinho
Nota SCAA 80,25
Nota PQC 7,93

Ralph de Castro Junqueira
MG
Carmo de Minas
Nota SCAA 79,00
Nota PQC 8,08


CATEGORIA MICROLOTE

Produtor
UF
Cidade
Nota SCAA
Nota PQC

João Emílio Lisboa
SP
Piraju
Nota SCAA 78,75
Nota PQC 8,00

Zaldenir Gonçalves
PR
Londrina
Nota SCAA 78,75
Nota PQC 7,83








CATEGORIA CAFÉ NATURAL - AVALIAÇÃO



Produtor: Márcio Luiz Bérgamo Fávaro - Município: Sarutaiá /SP

Nota SCAA: 85,25 – Nota PQC: 8,15

Descrição: Aroma intenso com presença de notas florais a jasmim, adocicadas como batata doce e fundo a mel. Sabor intenso com notas florais, frutas cítricas, mel e batata doce. Grande acidez licorosa. Encorpado, quase aveludado. Finalização de média-longa persistência agradável, adocicada e cítrica, com discreta adstringência. Apresenta muito bom equilíbrio entre os atributos Sabor- Acidez-Corpo.



Produtor: Maria José Junqueira - Município: São Lourenço / MG

Nota SCAA: 79,00 – Nota PQC: 7,68

Descrição: Aroma de média intensidade com toques herbáceos e leve caramelo ao fundo. Sabor adocicado, cítrico; notas a amêndoas e fundo herbáceo. Acidez adocicada de média intensidade. Corpo de médio a encorpado, aveludado. Finalização de longa persistência com leve adstringência. Apresenta bebida equilibrada entre os atributos Sabor -Acidez- Corpo.



Produtor: Agrifirma Campo Aberto Agropecuária - Município: Luiz Eduardo Magalhães/BA

Nota SCAA: 76,25 – Nota PQC: 7,60

Descrição: Aroma de média intensidade com presença de notas básicas como nozes e caramelo, além de fundo oleoso. Sabor medianamente intenso com notas como nozes, leve adocicado e presença oleosa. Acidez de baixa intensidade e corpo mediano. Finalização de média -longa persistência com adstringência e notas oleosas.





CATEGORIA CAFÉ CEREJA DESCASCADA – AVALIAÇÃO



Produtor: João Antônio Garrote - Município: Itaí/SP

Nota SCAA: 89,00 – Nota PQC: 8,66

Descrição: Aroma intenso a flores brancas e fundo a caramelo. Intenso sabor adocicado com notas de amplo espectro como florais a jasmim, frutas cítricas, amêndoas, caramelo, batata doce e mel. Grande acidez licorosa, por vezes borbulhante. Encorpado, aveludado. Finalização de média- longa persistência de caráter licoroso e fundo cítrico elegante. Excelente equilíbrio entre os atributos Sabor- Acidez- Corpo.



Produtor: Lessivan Marcos de Oliveira Pacheco - Município: Brejões/ BA

Nota SCAA: 84,75 – Nota PQC: 8,25

Descrição: Aroma intenso com notas predominantes de amêndoas e caramelo Sabor de grande intensidade com notas iniciais a amêndoas, seguido de frutas cítricas frescas e fundo a caramelo e chocolate ao leite. Acidez cítrica adocicada de média -alta intensidade. Encorpado delicadamente licoroso. Finalização de média -longa persistência. Muito bom equilíbrio entre os atributos Sabor- Acidez-Corpo



Produtor: Hilda Stein Krohling - Município: Marechal Floriano/ ES

Nota SCAA: 83,75 – Nota PQC: 8,10

Descrição: Intenso aroma com notas florais, a caramelo e delicado resinoso como xarope de maple. Aroma de amplo espectro contemplando notas florais como jasmim, caramelo, xarope de maple e fundo resinoso-herbáceo. Acidez cítrica de média-alta intensidade, adocicada. Bebida encorpada, quase licorosa. Finalização de média -longa persistência com leve adstringência. Café de muito bom equilíbrio entre Sabor- Acidez-Corpo.



Produtor: Luiz Roberto Saldanha Rodrigues - Município: Jacarezinho/ PR

Nota SCAA: 80,25 – Nota PQC: 7,93

Descrição: Aroma medianamente intenso, apresentando delicadas notas florais e fundo a frutas. Sabor de média intensidade com bom espectro de notas como floral, frutas cítricas, frutas vermelhas e leve aspereza. Acidez cítrica média a baixa. Corpo medianamente intenso, elegante. Finalização de média persistência com presença de leve adstringência. Bom equilíbrio entre Sabor -Acidez-Corpo.



Produtor: Ralf de Castro Junqueira - Município: Carmo de Minas/ MG

Nota SCAA: 79,00 – Nota PQC: 8,08

Descrição: Café com aroma apresentando notas básicas a caramelo e leve herbáceo ao fundo. Sabor de média intensidade, adocicado, com notas a caramelo, citros e leve herbáceo. Acidez mediana adocicada. Corpo de média -alta intensidade, \"redondo\". Finalização de média persistência com presença de caramelo, leve toque picante e adstringência. Bom equilíbrio entre os atributos Sabor- Acidez-Corpo.





CATEGORIA MICROLOTE - AVALIAÇÃO



Produtor: José Emílio Lisboa - Município: Piraju/SP

Nota SCAA: 78,75 – Nota PQC: 8,00

Descrição: Aroma de média intensidade com presença de notas a caramelo. Sabor de média intensidade com predominância de notas cítricas, leve frutado e fundo a caramelo. Acidez adocicada de média intensidade. Pouco encorpado, apresentando finalização de média-longa persistência, leve aspereza. Equilíbrio mediano entre os atributos Sabor- Acidez-Corpo.



Produtor: Zaldenir Gonçalves - Município: Londrina/ PR

Nota SCAA: 78,75 – Nota PQC: 7,83

Descrição: Aroma de média intensidade com notas como frutas amarelas e vermelhas, leve fundo a caramelo. Sabor de média intensidade com presença de notas a compotas de frutas e

leve aspereza. Medianamente encorpado. Acidez adocicada de média intensidade. Finalização de média longa persistência com leve adstringência. Café equilibrado em Sabor- Acidez-Corpo.

Boletim Diario do Mercado de Café - 17 Novembro 2010

Hencorp Commcor


O fechamento do café arábica BMF para o vencimento Dez/10 foi a US$ 236,60 com 1,50 de alta, totalizando um volume de 3.389 contratos. Saiu Spread de Dez/Mar de 3,30 a 3,80; Dez/Set -1,50 a -0,50; Mar/Set de -5,05 a -4,00 . Observamos arbitragem Dez/Dez com -19,80 a -21,00; Dez/Mar de -22,50 a -24,20; Mar/Mar de -20,50 a 21,00; Set/Set de -20,25 a -21,00. O mercado de café BMF abriu em baixa atingindo a mínima de 231,50,porem o mercado consegui inverter a tendência de baixa depois de muita oscilação e acomodação de preços intra diários e fechando com leve alta .

O Mercado físico de café trabalhou o dia com uma melhora de preços com negócios pra Cafes finos a R$ 360,00. Para cafés Safra 10/11 de R$ 350,00 a R$ 355,00, com 15% de catação, e para cafés com 20% de catação R$ 345,00 a 350,00.

O mercado de café para o vencimento Março encerrou cotado a 202,85, com 235 pontos de alta, e range entre 198,30 e 203,80. Após sessão onde o contrato de café terminou o dia cotado a 200,50, com uma retração de 675 pontos, onde segundo a Dow Jones Newswires, analistas disseram que houve uma fuga das commodities para o dólar por conta das preocupações em relação ao endividamento de países europeus e da possibilidade de a China tomar medidas para controlar sua inflação, a cotação do café trabalhou no dia de hoje com bastante volatilidade e muita oscilação em um range de 550 pontos.

Iniciando o dia ainda com os sintomas da ultima sessão a commodity buscou marcar a mínima do dia a 198,30, onde observamos certo suporte. Sentindo algum volume de compras o grão voltou para o campo positivo e se apoiando em fatores externos, principalmente na perda de valor do dolar frente ao euro, buscou rapidamente a máxima diária a 203,80.

Na mesma velocidade em que observamos o café buscar a máxima do dia, vimos voltar para níveis perto do inalterado, onde mais uma vez se apoiando no cambio, lentamente observamos uma apreciação até encerrar odia cotado a 202,85. Vale lembrar que cerca de 28% do volume diário foram representados pelo spread Dec10/Mar11, uma vez que entregas de café dezembro iniciam neste próximo dia 19, e atuou na sessão de hoje num range de -3,15 a -2,55, fechando cotado a -3,15. As médias móveis de 40, 100 e 200dias estão compreendidas em 194,80 / 182,80 e 162,40 respectivamente.

De acordo com a Cecafé, os embarques de Novembro (entre os dias 01e 17) somam 1.175.644 sacas, uma variação negativa de 23,5% em relação ao mesmo período do mês anterior. O café Londres Janeiro/11 encerrou cotado a 1858, com 2 pontos de alta, num range de 1815 e 1869.

Incompetência monetária

Incompetência monetária

Trata-se de aproveitar a crise dos parceiros desenvolvidos para criar um
ambiente de maturidade econômica
Poucas vezes na história econômica, uma única medida monetária teve um objetivo
tão errado e um efeito tão adverso quanto a decisão do Federal Reserve (Fed,
banco central americano) de injetar liquidez da ordem de US$ 600 bilhões por
meio de operação de recompra de papéis do próprio Tesouro dos EUA.
Qualquer que seja o ângulo pelo qual se analise a decisão, nenhum ajuda a
redimir o Fed da incompetência monetária.
Primeiro: falha no objetivo a que se propôs de estimular a economia interna com
a farta distribuição de liquidez. O motivo da inoperância da medida tem a ver
com a racionalidade dos americanos que, diante de taxas de desemprego ainda
muito elevadas e sem a perspectiva de que dias melhores virão no curto e médio
prazos, têm se esquivado de tomar empréstimo. Os bancos, por seu lado,
temerosos de micarem com credores inadimplentes, preferem manter o dinheiro em
caixa. A economia, no geral, não se move e o dinheiro tende a circular menos.
Não é algo que possa ser resolvido com liquidez. Há um forte elemento
psicológico envolvido no cenário da recessão dos Estados Unidos. Afinal, de que
serve ter dólares se não há confiança nem mesmo daqueles que têm emprego quanto
ao futuro da sua renda?
O gráfico abaixo, elaborado pela Consultoria Tendências, mostra bem a nulidade
daquela medida de expansão monetária. Os dados são do próprio Fed e mostram a
evolução do multiplicador monetário nos Estados Unidos. Desde setembro do ano
passado, o indicador tem se mantido abaixo de um, considerando a razão entre o
M1 (meios de pagamento no conceito mais simples) e a base monetária, que é a
emissão primária de moeda. Significa que o sistema bancário não tem sido capaz
de girar os dólares em ritmo suficiente para colocar a economia em andamento.
Segundo, o dólar é a moeda mais conversível do mundo. Isso dá ao seu emissor um
enorme poder de influência nos mercados de moedas em geral. Ao injetar soma
altíssima de moeda no circuito bancário dos Estados Unidos, e em não havendo
demanda interna para tanto dinheiro, os dólares acabam tomando outras direções.
Vão ajudar a irrigar outras economias que, a rigor, não precisam de mais
liquidez.
Terceiro, todo o movimento do dólar a partir da decisão do Fed tem o efeito de
contribuir para as chamadas operações de "carry-over", estimuladas pelos ganhos
pelo diferencial de taxas de juros entre os Estados Unidos e os países em
desenvolvimento que não conseguiram até aqui se desvincularem da rigidez
monetária do passado, contribuindo assim para alimentar os problemas criados
com o excesso de dólares no mercado.
Enquanto isso, os bancos europeus (em especial os alemães e belgas, mais
carregados de ativos duvidosos) se afundam com as perspectivas de insolvência
da dívida soberana de países como a Irlanda, Espanha, Portugal e etc..., a
ponto das pessoas começarem a colocar em dúvida o futuro do euro. É mais um
petardo complicado de mastigar no cenário global que não mostra sinais
positivos no horizonte.
Isso sem falar na China, que começa a se preocupar com os efeitos da crise e
que não pode de jeito nenhum passar por uma recessão do tipo da que assola os
Estados Unidos. Lá, ainda há milhões de bocas para serem alimentadas, de um
lado, e uma classe média que se acostumou com um padrão de vida elevado.
Politicamente, para o partido comunista chinês, seria uma situação difícil de
gerenciar. O sudeste asiático se mantém à mercê dos ventos que sopram na China;
e, no Japão, a economia continua sem ir para frente e nem para trás.
Na América Latina, tudo parece andar dentro do esperado na medida daquilo que
pode ser esperado, tendo em vista as circunstâncias.
O Brasil aflora na região como se fosse o verdadeiro pedaço do paraíso na
terra, mas tende a não ficar imune aos efeitos da crise internacional. Como já
se disse aqui, não há nenhum motivo no momento para maiores preocupações com o
déficit em conta corrente do país, mas há sim com os efeitos que a enxurrada de
dólares promovida pelo Fed poderá ter sobre a economia do país.
Não se trata apenas da valorização do real. O que está em jogo, em meio à
confusão generalizada, é a capacidade do próximo governo em desenvolver uma
política econômica que possa manter a estabilidade da inflação independente da
política cambial e praticar juros que realmente tenham a ver com o valor
aquisitivo da moeda nacional e não com a preocupação de atrair capital
externo. Enfim, trata-se de aproveitar a crise dos parceiros desenvolvidos para
criar um ambiente de maturidade econômica interna, enquanto há tempo.

Maria Clara R. M. do Prado, jornalista, é sócia diretora da Cin - Comunicação
Inteligente e autora do livro "A Real História do Real".