Dólar reverte tendência e café consegue ter altas na ICE Futures
Os contratos futuros de café arábica encerraram esta quinta-feira na ICE Futures US com altas modestas, com compras especulativas ligadas à fraqueza do dólar, com os preços, no entanto, não conseguindo transpor importantes resistências. No encerramento do dia, o maio teve alta de 65 pontos, com 134,50 centavos de dólar por libra peso, com a mínima em 133,50 e a máxima em 134,80 centavos por libra, com o julho tendo valorização de 70 pontos, com a libra a 134,60 centavos, sendo a máxima em 135,00 e a mínima em 133,20 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição maio teve alta de 22 dólares, com 1.266 dólares por tonelada, ao passo que o julho teve oscilação positiva de 23 dólares, com 1.308 dólares por tonelada. A fraqueza do dólar permitiu o acionamento de compras especulativos no segmento de commodities, atraindo traders que apostam em mercados de maior risco. Os ganhos do dia foram muito menos pronunciados após o rally produzido na quarta-feira, com o mercado conseguindo ter batido na resistência gráfica principal do momento, no nível de 135,00 centavos por libra para o intervalo julho. O café continuou seus rallies, após ter batido nesta semana os seus menores níveis em oito semanas, no entanto, os avanços estão limitados por fortes resistências, sendo que abaixo desses níveis se verificam fundamentos bearish (baixistas), principalmente por conta da nova safra brasileira, que poderá ser recorde, disse. Alguns traders continuam afirmando que a nova safra brasileira, cujas colheitas se inicia em breve, poderá ser bastante grande, atingindo até 60 milhões de sacas. Os altistas, no entanto, apontam que o problema central do mercado de café é a pobre qualidade dos grãos da safra brasileira, sendo que ainda há uma forte possibilidade de os produtores do país armazenarem grande parte de seus cafés, no aguardo de preços melhores. Outros comentários de mercado ressaltam que os melhores cafés do Brasil já estariam comercializados, sendo que outros seriam utilizados no consumo doméstico. Na Colômbia, maior produtor mundial de cafés lavados suaves, o clima seco também preocupa. As áreas produtoras do país sofreram com chuvas bastante escassas em fevereiro, segundo apontou o Centro Nacional de Pesquisas do Café da Colômbia, que confirmou a verificação de produtores, que anteriormente apontavam que o clima negativo afetou a formação final dos grãos da safra de meio de ano, denominada de mitaca. A seca pode causar um enchimento irregular dos grãos, assim como a formação de "pretos", que reduzem a qualidade e também diminuem a produção. Tecnicamente, o julho de café pode buscar a resistência de 138,00 centavos de dólar e, posteriormente, os 141,00 centavos, apontou Spencer Patton, analista e chefe de investimentos do Steel Vine Investiments, em Chicafo. Ele acredita que o café tenha uma força adicional para ficar longe do seu principal suporte, em 130,00 centavos. Segundo Terry Gabriel, estrategista técnico da Ideaglobal, o mercado pode se mover acima das médias móveis de 100 e 200 dias, situando-se entre 137,10 e 137,20 centavos. "Essa convergência de duas médias móveis na linha de resistência faria com que houvesse muita dificuldade de se ter um direcionamento para baixo, sendo que esperamos que o mercado busque novos níveis de alta, em torno do patamar de 137,00 centavos", disse Gabriel. As exportações de café do Brasil em abril, até o dia 28, somaram 1.790.410 sacas, contra 1.673.649 sacas do mesmo período de março, de acordo com o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa nova-iorquina tiveram alta de 5.824 sacas, totalizando 2.411.273. Os contratos em aberto na bolsa nova-iorquina tiveram uma queda de 3.357 contratos, indo para 135.058. O maio ainda tem 619 posições em aberto, antes da expiração definitiva no próximo dia 18. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 14.497 lotes, com as opções tendo 5.814 calls e 2.437 puts. Tecnicamente, o maio tem uma resistência no patamar de 135,00, 135,50, 136,00 e 137,00 centavos por libra peso, com o suporte se localizando em 133,20, 133,00, 131,50, 131,00, 130,00 e 129,50 centavos.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Pesquisa identifica fungo associado ao café de boa qualidade
Pesquisa identifica fungo associado ao café de boa qualidade
Uma pesquisa coordenada pela pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a agrônoma Sara Maria Chalfoun, verificou que um dos micro-organismos encontrados no café, ao contrário dos demais, está associado a bebidas de boa qualidade. Trata-se do fungo Cladosporium cladosporioides, que ganhou o "apelido" de "fungo do bem".
Na ocasião da descoberta, Chalfoun, em parceria com o professor Carlos José Pimenta, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), e com o então doutorando Marcelo Cláudio Pereira, atualmente bolsista de pós-doutorado do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café), identificou que a antibiose é um dos mecanismos de atuação do C. cladosporioides. "Ele impede o desenvolvimento de outros micro-organismos pela capacidade de parasitá-los e de produzir metabólitos tóxicos. Além disso, o "fungo do bem" não promove fermentações lática e butírica típicas de outros fungos que prejudicam a qualidade final do produto", explica.
Os pesquisadores também descobriram que em plantações de café que recebiam tratamentos fitossanitários (uso de defensivos agrícolas para combate de pragas), o C. cladosporioides sofria redução drástica ou deixava de existir, não exercendo, assim, seu papel de bioprotetor. "Com isso, sentimos a necessidade de desenvolver uma formulação contendo o fungo, visando reintroduzi-lo ou equilibrar a sua população nas áreas cafeeiras", explica Chalfoun.
O primeiro passo foi isolar o C. cladosporioides, que, segundo a pesquisadora, possui o status de GRAS (Generaly Regarded Air Safe), isto é, não causa mal nem à planta nem ao homem. Em seguida, a equipe trabalhou no desenvolvimento e teste de formulações com o agente biológico, prolongando a sua vida sob condições de armazenamento e seu estabelecimento no campo.
O desenvolvimento da fórmula poderá atender a uma grande demanda de produtores que perdem qualidade no café, com problemas graves em diferentes regiões do país. "Ele pode ser uma ferramenta única, capaz de substituir o uso de produtos químicos que têm um apelo extremamente negativo", argumenta.
A fazenda Santa Helena, em Alfenas, testou o produto em março do ano passado. Margeada pela represa de Furnas, a lavoura sofria com alto teor de umidade e, consequentemente, com a proliferação de pragas. O uso de defensivos agrícolas acabou levando à extinção do C. cladosporioides. "Depois da aplicação do produto em 50 plantas verificamos a multiplicação do fungo, já ajudando no combate dos micro-organismos prejudiciais à qualidade do café e na melhora do gosto da bebida", relata o técnico em Agropecuária da fazenda, Paulo Sérgio da Silva.
O produto ainda não está à venda. A invenção foi patenteada em 2004 e está disponível como uma tecnologia em fase de transferência. Mediante pagamento de royalties para as instituições criadoras, empresas podem adquirir o direito de exploração e comercializá-lo. "Nossa expectativa é que o produto já esteja no mercado pronto para ser utilizado na safra de café de 2011", diz.
O agente bioprotetor surge como uma alternativa de tratamento. "Não existe produto similar, com possibilidade de proteger continuamente a qualidade do café", diz. De acordo com a pesquisadora, em 1,4 mil fungicidas (produtos que destroem fungos) registrados no país, apenas 16 são biológicos - 1,1% do total de defensivos. Para ela, a tendência é a redução cada vez maior do uso de fungicidas sintéticos, o que vem ao encontro de relevantes preocupações com a saúde e com o meio ambiente.
Uma fábrica de inovações
Para a manipulação e seleção do fungo, foi instalada, em 2007, uma biofábrica no Sistema de Incubadoras da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Sua função é gerar produtos inovadores para serem empregados na agropecuária, na indústria alimentícia e no meio ambiente. Existem outras biofábricas em Itapetininga (SP) e em Vitória da Conquista (BA) que trabalham, principalmente, com produtos derivados do fungo Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana.
Na de Minas Gerais, já foram identificados micro-organismos capazes de garantir a proteção de cultivos, o controle de doenças e pragas, a absorção de metais existentes no solo, a solubilização do fosfato, a produção de enzimas e até a purificação da água utilizada na agricultura. "Estamos empenhados no desenvolvimento de métodos sustentáveis de melhoria de processos e produtos, com preocupações prioritárias como a segurança alimentar e preservação do meio ambiente", ressalta Chalfoun.
Para a implantação, os pesquisadores contaram com recursos provindos do Programa de Incentivo à Inovação da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), além da assessoria do Instituto Inovação. Também apoiaram a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Prefeitura Municipal de Lavras. Recentemente, a biofábrica recebeu aporte de recursos provenientes INCT Café e do Programa Prime - Primeira Empresa Inovadora, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Uma pesquisa coordenada pela pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a agrônoma Sara Maria Chalfoun, verificou que um dos micro-organismos encontrados no café, ao contrário dos demais, está associado a bebidas de boa qualidade. Trata-se do fungo Cladosporium cladosporioides, que ganhou o "apelido" de "fungo do bem".
Na ocasião da descoberta, Chalfoun, em parceria com o professor Carlos José Pimenta, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), e com o então doutorando Marcelo Cláudio Pereira, atualmente bolsista de pós-doutorado do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT Café), identificou que a antibiose é um dos mecanismos de atuação do C. cladosporioides. "Ele impede o desenvolvimento de outros micro-organismos pela capacidade de parasitá-los e de produzir metabólitos tóxicos. Além disso, o "fungo do bem" não promove fermentações lática e butírica típicas de outros fungos que prejudicam a qualidade final do produto", explica.
Os pesquisadores também descobriram que em plantações de café que recebiam tratamentos fitossanitários (uso de defensivos agrícolas para combate de pragas), o C. cladosporioides sofria redução drástica ou deixava de existir, não exercendo, assim, seu papel de bioprotetor. "Com isso, sentimos a necessidade de desenvolver uma formulação contendo o fungo, visando reintroduzi-lo ou equilibrar a sua população nas áreas cafeeiras", explica Chalfoun.
O primeiro passo foi isolar o C. cladosporioides, que, segundo a pesquisadora, possui o status de GRAS (Generaly Regarded Air Safe), isto é, não causa mal nem à planta nem ao homem. Em seguida, a equipe trabalhou no desenvolvimento e teste de formulações com o agente biológico, prolongando a sua vida sob condições de armazenamento e seu estabelecimento no campo.
O desenvolvimento da fórmula poderá atender a uma grande demanda de produtores que perdem qualidade no café, com problemas graves em diferentes regiões do país. "Ele pode ser uma ferramenta única, capaz de substituir o uso de produtos químicos que têm um apelo extremamente negativo", argumenta.
A fazenda Santa Helena, em Alfenas, testou o produto em março do ano passado. Margeada pela represa de Furnas, a lavoura sofria com alto teor de umidade e, consequentemente, com a proliferação de pragas. O uso de defensivos agrícolas acabou levando à extinção do C. cladosporioides. "Depois da aplicação do produto em 50 plantas verificamos a multiplicação do fungo, já ajudando no combate dos micro-organismos prejudiciais à qualidade do café e na melhora do gosto da bebida", relata o técnico em Agropecuária da fazenda, Paulo Sérgio da Silva.
O produto ainda não está à venda. A invenção foi patenteada em 2004 e está disponível como uma tecnologia em fase de transferência. Mediante pagamento de royalties para as instituições criadoras, empresas podem adquirir o direito de exploração e comercializá-lo. "Nossa expectativa é que o produto já esteja no mercado pronto para ser utilizado na safra de café de 2011", diz.
O agente bioprotetor surge como uma alternativa de tratamento. "Não existe produto similar, com possibilidade de proteger continuamente a qualidade do café", diz. De acordo com a pesquisadora, em 1,4 mil fungicidas (produtos que destroem fungos) registrados no país, apenas 16 são biológicos - 1,1% do total de defensivos. Para ela, a tendência é a redução cada vez maior do uso de fungicidas sintéticos, o que vem ao encontro de relevantes preocupações com a saúde e com o meio ambiente.
Uma fábrica de inovações
Para a manipulação e seleção do fungo, foi instalada, em 2007, uma biofábrica no Sistema de Incubadoras da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Sua função é gerar produtos inovadores para serem empregados na agropecuária, na indústria alimentícia e no meio ambiente. Existem outras biofábricas em Itapetininga (SP) e em Vitória da Conquista (BA) que trabalham, principalmente, com produtos derivados do fungo Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana.
Na de Minas Gerais, já foram identificados micro-organismos capazes de garantir a proteção de cultivos, o controle de doenças e pragas, a absorção de metais existentes no solo, a solubilização do fosfato, a produção de enzimas e até a purificação da água utilizada na agricultura. "Estamos empenhados no desenvolvimento de métodos sustentáveis de melhoria de processos e produtos, com preocupações prioritárias como a segurança alimentar e preservação do meio ambiente", ressalta Chalfoun.
Para a implantação, os pesquisadores contaram com recursos provindos do Programa de Incentivo à Inovação da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), além da assessoria do Instituto Inovação. Também apoiaram a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Prefeitura Municipal de Lavras. Recentemente, a biofábrica recebeu aporte de recursos provenientes INCT Café e do Programa Prime - Primeira Empresa Inovadora, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
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